sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Secretaria das Mulheres pede explicações sobre trote humilhante em calouras da UnB


Agência Brasil

BRASÍLIA - A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República pediu explicações à Universidade de Brasília (UnB) sobre um trote aplicado em alunas calouras da Faculdade Agronomia e Veterinária.

A secretaria recebeu uma denúncia de que as estudantes "foram submetidas a uma encenação que incita ao sexo oral, ridicularizando e desrespeitando as mulheres", segundo a representação encaminhada à reitoria da UnB e ao Ministério Público Federal.

De acordo com a UnB, o documento encaminhado pela SPM inclui fotografias que mostram as calouras lambendo uma linguiça lambuzada com leite condensado. O reitor da instituição, José Geraldo Júnior, encaminhou o documento ao diretor da faculdade e pediu mais detalhes sobre o ocorrido.

A UnB é contra a prática do trote e orienta os alunos sobre os problemas dessa prática, mas não há previsão de sanção aos que participam de tais atividades ou mesmo para o que a promovem.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Universidade Livre foi Atacada:

quiseram nos destruir ... novamente.

Mas resistimos

blocudo-2Por quase duas semanas o portal de notícias da Universidade Livre Feminista ficou fora do ar. Fomos atacadas por um cracker (nome que se dá a um hacker - quem invade computadores alheios - que quer fazer o mal, quer prejudicar alguém). Ele foi meticuloso. Preparou o ataque com um mês de antecedência. Conseguiu invadir nosso servidor e instalou programas que começaram a funcionar somente um mês depois. Isso paralisou nosso sistema. A equipe de informática ficou trabalhando no período de festas de final de ano. O site foi liberado hoje, mas mesmo assim, estamos fazendo um monitoramento rigoroso, pois é possível que algumas áreas ainda estejam contaminadas e exista a possibilidade do cracker ter deixado outras armadilhas.

As informações que temos, nos dão conta de que os sites mais atacados no mundo são justamente aqueles com o perfil semelhande ao nosso. São os sites que tratam dos direitos das mulheres, de lésbicas, de gays e de negras(os) Os países que mais originam ataques contra esses sites são a Rússia, a China e o Brasil. Isso não significa que os programadores chamados de crackers são desses países (podem ser dos EUA, França ou Israel, por exemplo). Usam servidores do mundo todo para esconder a origem do ataque. Na verdade, só mesmo sistemas avançados como os que há no governo norte-americano e em sistemas internacionais de polícia é que conseguem rastrear esses ataques. Mas eles não são usados para preteger direitos humanos, são usados para sustentar os privilégios de poderosos ou mesmo para promover alguns ataques, como os vistos no caso da WikiLeaks (o site que divulgou os segredos da diplomacia internacional).

Nosso site de cursos (www.nota10.org.br) não foi afetado, mas como muitas de nossas companheiras usam o site principal para poder chegar nele, ficaram pensando que tudo estava fora do ar.

É o segundo ataque que sofremos. No ano passado, chegamos a perder todos os documentos da Biblioteca Feminista (www.bibliotecafeminista.org.br). Isso nos ajudou a escolher uma outra forma de armazenamento dos documentos e, desde então, estamos reconstruindo a Biblioteca Feminista. Hoje ela já conta com grande parte do acervo recomposto e com outras novidades importantes. Por isso, é todos os dias visitada. Quando tivermos recursos, vamos migrar a Biblioteca para um servidor especializado com um software mais seguro.

Perdemos quinze dias de notícias e informações. Assim como perdemos muitos dias de trabalho de uma equipe que poderia estar fazendo outras coisas mais construtivas. O que inclui a cobertura da posse da primeira mulher a assumir a presidência da República.

Vamos tentar recompor tudo e não vamos desistir. Continuaremos a incomodar essas pessoas que atacam mulheres, lésbicas, negras e minorias.

Ajude-nos a combater o fundamentalismo machista e racista. Divulgue o nosso site e faça com que mais pessoas nos visitem todos os dias. Façam que notícias sobre movimentos de mulheres nos sejam encaminhadas, que artigos feministas venham para que possamos publicar ...


Fonte: LBL

http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=2856:universidade-atacada-quiseram-nos-destruir-novamente&catid=109:atencao


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

BOICOTE ao filme de Julio Medem

* por Marian Pessah

Um quarto em Roma, uma visão patriarcal-mente irritante de uma história entre duas mulheres.

Fomos empolgadíssimas assistir ao filme Um quarto em Roma, do diretor Julio Medem, também responsável pelo roteiro e por dois filmes anteriores : “Os amantes do circulo Polar” e “Lucia e o sexo”.

Neste, a história conta uma noite de amor entre duas jovens, uma russa e uma espanhola, que se encontram acidentalmente em Roma e passam uma noite de sexo e descobertas mútuas, num belo quarto de hotel. Se a história parece atraente a realização não é nada disso. Pelo contrário, foi com muito esforço que conseguimos chegar até o fim. A decepção e a indignação foram crescendo. Pagar para ver – mais uma vez – as fantasias que um cara faz conosco, é patriarcal-mente irritante.

Imaginem só, quando primeiro uma das meninas conta fascinada para a outra que um milionário árabe, marido da sua mãe, a preferiu em troca de luxo. E ela adorou viver no harém!!
Logo depois, a outra conta quando um dia acorda e percebe que sua irmã gêmea está na cama com o pai. Sua primeira reação é se sentir rejeitada, desvalorizada por não ter sido a escolhida. Escolhida para ser abusada sexualmente!!!!!!! E depois, relata que se excitava com a situação e que se masturbava enquanto a irmã era abusada pelo pai!! HORROR

Os diálogos são tão inconsistentes, as interpretações tão inexpressiva (pobres atrizes, expressar o que??) e o roteiro tão pobre, que o filme é horrivelmente tedioso.
É evidentemente uma história comercial a partir de uma visão de “lésbica lindas” – ou seja - magérrimas, brancas, européias e bem sucedidas.

Mais uma vez que o mercado tenta domesticar a lesbianidade, controlar a rebeldia ajustando-a a uma sexualidade normativa, mostrando-a desde um ponto de vista masculino e deixando ver o quanto rende ainda ás fantasias a os homes.

É por isso que as Mulheres Rebeldes nos levantamos iradas a dizer essa realidade que mostra Julio Medem é uma merda, uma mentira, e além do mais, faz apologia do abuso sexual.

Por tudo isto, estamos convocando todxs a boicotar esse filme. Chega de botar palavras e fantasias nas bocas das mulheres. Queremos incitar a que as próprias mulheres nos manifestemos para mostrar quem somos, como pensamos, como sentimos, qual o nosso erotismo.
Vamos colocar mensagens nas redes sociais, nas listas, nas blogas!

Mulheres em ação contra o mercado machista e capitalista. CHEGA de nos utilizarem como o seu objeto de fantasias.


* Marian Pessah é feminista argentina, fotógrafa jornalítica, integrante do grupo Mulheres Rebeldes, que vive em Porto Alegre desde 2001.
http://radicaldesdelaraiz.blogspot.com/2011/01/boicote-ao-filme-de-julio-medem.html

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O feminismo engajado da Marcha Mundial das Mulheres


Um dos fenômenos mais relevantes da globalização foi o da internacionalização dos movimentos sociais. Algo similar ocorreu após a revolução russa em 1916, mas de uma forma centralizada, muitas vezes desrespeitando as condições e características de cada país.

Desta vez, no bojo do Fórum Social Mundial, proliferaram inúmeras organizações adaptadas aos novos tempos, em que a influência da Internet, do chamado trabalho em rede, abriram espaço para as chamadas organizações horizontais - no máximo sob uma coordenação geral, mas sem a centralização dos velhos movimentos.

Um desses movimentos é a Marcha Mundial das Mulheres, responsável por alguns eventos de repercussão no país, e que se tornou a face mais legítima do movimento feminista – porque voltado para trabalho efetivo contra a exclusão das mulheres, mas sem perder de vista as lutas gerais por inclusão social.

Atualmente, a MMM está organizado em 55 países, com ações regionais em 76.

Foi criado em 1995 em Quebec, Canadá, como uma reação ao acordo da ALCA e quando se percebeu que seria difícil manter conquistas sociais restritas a cada país isoladamente. O tiro de partida foi dado pela Federação das Mulheres de Quebec.

Gradativamente o movimento se espalhou por outros países, estruturando-se em torno de três pontos específicos.

Primeiro, atuar sob coordenações nacionais, de forma horizontal, sem comandos centralizados e tomando decisões por consenso.

Segunda, ser integrante da grande frente do Fórum Social Mundial.

Terceiro, a cada cinco anos montar ações próprias mundiais da Marcha em torno de quatro bandeiras específicas:

1. Autonomia econômica das mulheres;

2. contra a violência;

3. pela paz e desmilitarização;

4. pelo bem comum e contra privatização da natureza e dos serviços públicos.

A evolução das bandeiras

No primeiro encontro em Montreal, em 1998, o movimento estruturou uma marcha mundial das mulheres contra a pobreza. Em 2000, outra manifestação global contra o estupro na guerra da Bósnia, quando conseguiram mais de 5 milhões de assinaturas de apoio. Depois, manifestação em Nova York, solicitando audiência no Banco Mundial e no FMI, entregando as assinaturas à ONU (Organização das Nações Unidas).

A partir das bandeiras de paz e desmilitarização, passou a olhar outros ângulos da globalização, como o deslocamento de populações afetando a autonomia econômica das mulheres. E também os efeitos diretos da guerra, como a prostituição no entorno das bases militares.

Em protesto, montaram ações na base militar dos Estados Unidos nas Filipinas. Também montaram visitas de solidariedades às comunidades mais afetadas por conflitos armados, como movimentos de camponeses e de afro descendentes.

O movimento atua de forma horizontal, com cada unidade tendo ação autônoma e sendo representada em um Comitê Internacional, composto por duas representantes por região: Ásia, Paquistão, Filipinas, África, Europa, Américas. O Secretariado Internacional é coordenado por uma brasileira.

Em cada país, pessoas de referência mandam informações. As decisões precisam ser tomadas por consenso. Se alguma região do mundo votar contra, a decisão é suspensa.

O feminismo includente

A MMM começou no Brasil em um encontro preliminar em 1998 e um encontro nacional em 1999.

A Coordenação Executiva tem representantes de várias organizações feministas, como a SempreViva Organização Feminista, Centro Feminista 8 de Março, Secretaria de Mulheres da CUT e da CONTAG, representação de jovens da Marcha.,

Assim como em nível mundial, por aqui funciona com comitês estaduais e desenvolvendo uma agenda própria, paralela à agenda internacional, com informações captadas de estados e municípios e decisões sendo por consenso.

Em 8 de março de 2005 juntaram 30 mil mulheres para o lançamento da Segunda Ação Internacional da Marcha. Na terceira ação, no ano passado, colocaram 3 mil mulheres em dez dias de caminhada entre Campinas e São Paulo, com estrutura de cozinha, segurança na estrada, relações com meios de comunicação, atividades de formação política.

Não se trata de um feminismo deslocado dos demais grupos oprimidos, ao contrário do que ocorre com facções feministas mais ligadas à área acadêmica.

Defendem diversidade de mulheres: jovens, lésbicas, negras, urbanas, rurais, sindicalistas, indígenas. É um feminismo de resultado, onde cabem todas as mulheres e preservam-se as diferenças culturais entre os diversos países.

Por exemplo, em um primeiro momento a legalização do aborto não aparecia na pauta comum. Depois, o tema foi tirado das discussões preliminares, mas mantido em suspenso at~e se chegar a um consenso. Isso porque o acordo precisaria ser firmado entre países de culturas distintas.

Nas discussões, evitam colocar uma agenda feminista priporitária. As discussões conduzem a acordos e campos de ação, para evitar que uma prioridade seja colocada na frente de outra.

O campo de atuação também não se restringe ao movimento feminista. Há alianças estratégicas n apenas com o Fórum Social Mundial, mas com a Assembléia dos Movimentos Sociais (agenda comum) e Agenda de Trabalho com Via Campesina e Amigos da Terra Internacional.

Por conta disso, acabam sofrendo discriminações no próprio meio, especialmente de facções feministas que se consideram mais elitizadas.

Foi o caso de uma transmissão de movimentos sociais pela Internet, na qual os organizadores receberam pedido do blogueiro Idelber Avelar , um dos feministas de salão, para excluir a MMM, por serem consideradas por ele como “intelectualmente toscas”.

Enviado por luisnassif, qui, 06/01/2011 - 14:01 - Disponível em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-feminismo-engajado-da-marcha-mundial-das-mulheres?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Violência contra mulher será enfrentada de forma decisiva, diz nova ministra


Brasília – A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, deputada Iriny Lopes (PT-ES), afirmou hoje (3) que vai continuar a dar “tratamento decisivo” no enfrentamento da violência contra a mulher. Durante a cerimônia de transmissão de cargo, ela elogiou o mandato da antecessora Nilcéa Freire e destacou a importância do engajamento do órgão com os movimentos sociais.

“Não estamos começando nada novo, estamos dando continuidade, em um momento em que precisamos aprofundar e em um momento especial em que temos a primeira presidenta do Brasil”, disse.

A ministra lembrou o compromisso do governo de Dilma Rousseff com o combate à miséria e citou o que chama de “feminização” da pobreza no Brasil. Segundo ela, erradicar a miséria significa falar na inclusão econômica da mulher. “É dar a ela a independência e a autonomia que precisa. A presidenta espera de nós esse enfrentamento”, afirmou.

Iriny nasceu na cidade de Lima Duarte, em Minas Gerais, mas fez carreira política no Espírito Santo. Filiada ao PT desde 1984, ela integra a corrente Articulação de Esquerda e cumpre o seu segundo mandato como deputada federal. Em outubro, foi eleita para o terceiro mandato. Na Câmara, Iriny teve atuação de destaque nas áreas de direitos humanos, políticas para as mulheres e minorias.

Ainda durante a cerimônia de transmissão de cargo, a ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres Nilcéa Freire elogiou a atuação do Conselho Nacional de Direitos da Mulher e de organizações da sociedade civil que, segundo ela, sempre mantiveram uma relação de respeito e autonomia com o órgão.

“Tivemos, nesses anos, uma relação fraterna de colaboração, que nos permitiu entrar na história com a Lei Maria da Penha, aprovada com o consenso e com a colaboração da ministra Iriny, que relatou a lei na Comissão de Constituição e Justiça”, destacou.

Edição: Graça Adjuto
fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

“Verás que uma filha tua não foge a luta!”

“Verás que uma filha tua não foge a luta!”

http://www.brasilautogestionario.org/wp-content/uploads/2011/01/Foto-2-feministas.jpg
(foto: Analine Specht)

Por Analine Specht

Brasília ficou pequena para tantas sensações, manifestações e calor humano de gente militante, homens e mulheres que debaixo de muita chuva saudaram a presidenta Dilma com bandeiras de partidos, movimentos sociais e muitas guardadas da campanha, assim como os adesivos que brotaram na maioria dos peitos orgulhosos e aliviados.

A combinação entre muita gente correndo ao mesmo tempo, debaixo de chuva com um gramado totalmente embarrado provocou cenas engraçadas. A descontração era geral e o banho de chuva coletivo virou festa com direito a ciranda e tudo. As grades de contenção até resistiram a alguns pulos, mas vieram abaixo facilitando a passagem e a corrida afoita em direção ao Congresso Nacional. Pode-se dizer que rolou muita criatividade ou tecnologias sociais aplicadas à urgência que o momento pedia.

Ouvia-se de tudo, quem queria ver o Lula, quem queria ver Dilma, e quem queria tudo ao mesmo tempo. Um emocionado militante dizia no meio da multidão “eu vinha aqui pra apanhar, agora pra comemorar”, essa frase consciente ou inconscientemente proferida ilustra perfeitamente a as conquistas democráticas protagonizadas por trabalhadores e trabalhadoras nas últimas décadas. Ouvi do super gente boa cabo Francelino da PMDF, a seguinte afirmativa “hoje tem mais ‘milico’ do que gente aqui” referido-se ao forte contingente repressivo que tomou conta de Brasília e prejudicava a visão do público.

A forte participação dos movimentos sociais com destaque ao sindical, GLBT e de mulheres, garantiu além do conteúdo político expresso em faixas, camisetas e cartazes o colorido que chamava atenção mesmo à distância pelos tons, vermelho e lilás principalmente.

Em meio a toda a festa e a boa confusão do dia, uma forte e diferente sensação insistia em surgir discretamente e sem convite, um misto de nostalgia prévia e saudade de quem não tinha ido ainda. Visível nos rostos de muitos e muitas e expresso em faixas de “Valeu Lula” o insuperável e único Luís Inácio era esperado pela multidão que lhe ofereceu o carinho mais espontâneo e a solidariedade mais despretensiosa, que somente a identidade popular permite. Mas, a sabedoria popular mediou entre os sentimentos extremos de alegria pela posse de Dilma e saudade antecipada de Lula.

A imagem de Dilma tomou conta da esplanada dos ministérios pra onde se olhava uma variação da imagem da guerrilheira que superou a tortura, venceu a direita conservadora e enfrentou a imprensa golpista. O “avatar” de Dilma, criado e difundido no mundo virtual da internet pela blogsfera e twitteiras e twitteiros, ganhou as ruas já na campanha eleitoral e hoje estampava milhares de camisetas de todas as cores, tamanhos e formas.

Grandes emoções e forte energia marcaram a troca de faixa, saudando a presidenta Dilma e se despedindo do ex-presidente Lula (estranho escrever esse termo). Todo sucesso ao governo da 1ª mulher presidenta do Brasil e vida longa à militância do 1º ex-presidente mais querido e aprovado da história deste país.

P.S: tenho que registrar que foi ótimo assistir os machistas das forças armadas e policiais batendo continência e correndo literalmente atrás do carro que carregava Dilma. Destaque: muitas mulheres coordenaram os diferentes momentos da posse, desde a segurança até as cerimônias protocolares. É a vez da(s) mulher(es)….

Fonte: http://www.brasilautogestionario.org/2011/01/02/veras-que-uma-filha-tua-nao-foge-a-luta-por-analine-specht/