terça-feira, 14 de junho de 2011

NOTA DE REPÚDIO A TRUCULÊNCIA DO DCE DA PUC COM A CONIVÊNCIA DA PUC/RS


Nós, da Marcha Mundial das Mulheres RS, repudiamos veementemente a violência praticada pelo patriarcado, por meio de seus representantes no DCE da PUC/RS e todo conservadorismo da Pontifícia Universidade Católica, onde, mais uma vez, as mulheres foram vítimas. Machismo, abuso de poder, constrangimento ilegal e conivência de toda a instituição marcaram os fatos ocorridos ao longo das duas últimas semanas, em especial na noite de ontem (13/6). O DCE da PUC/RS é reincidente nestas práticas nos processos de eleição, que constantemente terminam assim, em violência. Desta vez as vítimas foram duas militantes do movimento estudantil, que estavam lá para garantir a democracia e transparência do processo eleitoral do Congresso da União Nacional dos Estudantes. Em outros momentos, já foram presenciados, inclusive, casos de morte. Todo processo de eleição vai parar na justiça, pois há fraudes, mas a conivência da Reitoria mantém o sistema. Não vamos mais tolerar estas práticas, que sempre acabam em violência, perseguição da oposição, preconceito, falta de transparência e suspeita de fraudes. Toda a nossa solidariedade às companheiras que foram vítimas de violência física por parte dos integrantes do DCE da PUC/RS. Sabemos que um dia essa história vai mudar e que isto só acontecerá com a nossa luta!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
Marcha Mundial das Mulheres-RS

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Lacunas e Inverdades

Claudia dos Santos*

Se o objetivo da edição de junho da Superinteressante era explicar o que está acontecendo com os sexos e quais são as nossas diferenças, deixou muito a desejar. Compreender que existem diferenças biológicas pode ser o começo, mas não podemos ignorar as questões sociais envolvidas.

Já afirmar que os homens estão perdendo terreno nas empresas é uma maldade. Ainda que, conforme a reportagem, as meninas tenham melhor desempenho na escola e na chegada à universidade a "desvantagem" dos meninos seja clara, não existe igualdade salarial em relação aos homens. As mulheres tiveram um aumento da sua presença no mercado de trabalho, mas nas tarefas reprodutivas (calçadistas, montadoras de componentes eletrônicos, bancos, tecelagens, etc.) que apresentam salários mais baixos e precariedade nas relações trabalhistas.

É sabido que as mulheres são minoria nos postos de trabalho de maior valorização profissional e financeira. E isso não se deve ao fato delas preferirem historicamente profissões que pagam mal nem ao fato das meninas não pedirem aumento, conforme levianamente é apontado na revista. Deve-se ao valor mensurado de forma diferenciada do seu trabalho em relação ao trabalho masculino. Deve-se a construção do estereótipo da mulher como trabalhadora "secundária" ou "incapaz", forjado a partir de uma idéia de superioridade masculina e uma divisão sexual do trabalho desde os tempos remotos.

No imaginário social a presença da mulher no mundo do trabalho é marcada pela compreensão de transitoriedade, pois o mundo do trabalho pertence ao homem. A mulher pertence à esfera privada e é talhada para ter filhos e cuidar das atividades domésticas. No imaginário da sociedade a mulher entraria no mercado de trabalho por uma "falha" do homem no cumprimento do seu papel de provedor. Por tanto, tenderia a abandonar a atividade econômica assim que possível. Já que o seu lugar é na família, em casa, no universo doméstico. A renda que a mulher produziria pelo seu trabalho também seria, por tanto, complementar, secundária e insuficiente.

A idéia da transitoriedade da mulher devido a responsabilidade pelos cuidados com os filhos e o lar teria como consequência altos custos. Nesse ponto as diferenças biológicas começam a contar para a explicação das desigualdades entre os sexos. Pois sendo a mulher capaz de conceber e parir outros seres humanos, necessita de cuidados especiais durante a gestação.

Cuidados que pesam para as empresas no que tange à licença maternidade e aos cuidados infantis. Associa-se essa responsabilidade pela família com um comportamento de baixo comprometimento com a empresa, impossibilidade para fazer horas extras, trabalhos noturnos e viagens, justificando dessa forma a exclusão das mulheres de determinados postos e funções.

É, vida de espermatozóide não é fácil, mas de mulher é mais difícil ainda. Seria ótimo ver a balança equilibrada em breve. Para isso é preciso superar o estereótipo das mulheres como força de trabalho transitório, secundário e incapaz. Alterar as relações privadas por meio do compartilhamento das responsabilidades, para então construir novas relações de trabalho.



* Claudinha é Delegada Sindical - Caixa Econômica Federal-RS


Leia também:

http://terribili.blogspot.com/2011/03/culpa-e-das-mulheres.html