domingo, 30 de setembro de 2012

Legalizar o Aborto - é pela vida das mulheres!

Flashmob  o Brique da Redenção, dia 30 de setembro, para marcar o Dia Internacional pela Descriminalização do Aborto, organizado Rede Feminista de Saúde e Marcha Mundial das Mulheres RS.
Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. Nenhuma mulher deve ser obrigada a ser mãe. Nenhuma mulher deve ser presa, humilhada ou maltratada por ter feito um aborto. Direito ao nosso corpo, Legalizar o Aborto
Veja fotos aqui: http://www.flickr.com/photos/cintiabarenho/8040451629/in/photostream

Revista Galileu: [...]E não adianta torcer o nariz para a pornografia??…

Acabei de escrever a minha opinião, ou melhor, a minha posição sobre a “pesquisa”: “Masturbação uma mão para a evolução” postagem de hoje 18/08/20 na página da Revista Galileu, porém não publicaram, argumentos frágeis são assim mesmo, facilmente desmontáveis, principalmente quando não possuem consistência. Será que ainda há jornalistas que acham que são donos da palavra; será fato isto  Galastri?
Lu Galastri publicou um “artigo” sobre esta pesquisa altamente importante, e que aliás, devido a sua profundidade, com certeza tal descoberta vai resolver todos os problemas sociais mundiais deste  mundo de não sei quem…
Você poderia ter sido mais feliz se tivesse delimitado o artigo somente com a temática da masturbação, certamente você iria pesquisar e buscar mais informações para enriquecer o texto. Mas não, então, lamento dizer que acabastes de dar um “tiro no próprio pé” vamos lá,  mas antes, se me recordo, e para constar, lá no final desta postagem havia uma frase que definitivamente serve somente de ornamento, enfeite para a página e  que anuncia algo como:  “E você, o que pensa sobre o assunto? Deixe sua opinião nos comentários.”… rsrsrs… Estou esperando até agora. Já que nada ainda, vou colocar  via blog mesmo.
Eu pessoalmente nada tenho contra a masturbação, e aliás, vale salientar e acrescentar, que mulheres também se masturbam, e, como sempre, historicamente homens falam e contam a história que somente lhes favoreçam a manter o paternalismo hegemônico. Um tanto reacionário este pesquisador; e algo é fato historicamente comprovado; o machismo há milênios quer sufocar a mulher colocando-a em uma posição servil, assujeitando-a através da prostituição, da pornografia,  da violência, do poder e da exploração…
E por  ser isto um fato, continuaremos sempre a lutar por liberdade, igualdade e principalmente, respeito. Estamos sempre atentas a tudo o  que envolve o universo feminino, atualmente, estamos nos movimentando contra a mídia machista que se revela cada dia mais intensa.
Agora inicio reformulando  um fragmento do artigo acima  de: [...] E não adianta torcer o nariz para a pornografia… para uma pergunta: Como não adianta torcer o nariz quando se fala em pornografia de modo tão superficial? Banal mesmo. O que denomino o cúmulo da falta de conhecimento… e quer saber? Ignorância. Mas em algo tenho que vir a concordar com você, somente torcer o nariz não nos levará a lugar algum, mas conhecimento e criticidade sim, e talvez.
E  digo mais, não só torço meu nariz para a pornografia, como  o Ministério Público (Vara da Infância e da Juventude) também torce, e bate o martelo minha cara. Um jornalista deve ter responsabilidade com o conteúdo que publica na internet.
Qualquer sujeito pensante, que pesquisa além da sua pequena área de conhecimento (deveria), ou quem escreveu este artigo analisar outras áreas de conhecimento para não escrever sobre algo que é a chaga da nossa sociedade, do mundo. Deveriam ter o conhecimento de que a Globalização neoliberal é hoje fator dominante na decolagem da prostituição e do tráfico de mulheres e crianças para esse mesmo fim.
O que aumenta a desigualdades e explora o desiquilíbrio entre homens e mulheres, aos quais fortalece singularmente. Está encarnada na mercantilização do corpo feminino, na exploração; na violência contra seres humanos.
A prostituição adquiriu um caráter de massa e se espalhou pelo mundo inteiro. A pornografia está amplamente difundida nas sociedades sim, e as cifras dessas industrias são colossais.  Por isto chamo atenção para que não falem deste assunto com tanta superficialidade (ingenuidade),  e enfatizo, com IGNORÂNCIA! Como se este flagelo social fosse uma festa, uma conquista, e fosse algo que  nós homens “evoluídos” tenhamos que nos orgulhar; pois uma sociedade que explora,  vive e enriquece explorando o corpo de mulheres e crianças; não tem nada de evoluída, é uma sociedade retrógrada; machista, desumana, anacrônica e perversa!
E só para maiores esclarecimentos, estima-se que, em 2002, a prostituição gerou lucros de 60 bilhões de euros e a pornografia, 52 bilhões (Dusch, 2002, 109 e 101) a cifra dos negócios das agências de turismo sexual operando pela Web é avaliada em 1 bilhão de euros por ano; os lucros do tráfico para prostituição são avaliados entre 7,8 e 13,5 bilhões de euros por ano (Konrad, 2002).
Vejam bem, são dezenas de milhões de seres humanos, principalmente as mulheres, adolescentes e as crianças, submetidos, assujeitados à alienação do comércio de seu sexo.
Resumindo a globalização e a industrialização do comércio do sexo são dois fenômenos estreitamente imbricados. Estas mulheres, meninas, crianças, foram retiradas de suas famílias. E o que vc tem com isso não é mesmo?
Você não paga imposto para que crianças tenham mais oportunidades do que este lixo de vida. Vai ver, estão lá porque querem. Não é sua irmã ou sua filha, e nossos políticos estão fazendo a sua parte.  Viva a Revista Galileu, viva Brasil!!!
Masturbação pode até vir a “dar uma mão”; até duas rsrs… e contribuir com a evolução, nao sei, não li esta maravilhosa pesquisa ainda para emitir uma opinião; mas adianto, e afirmo: pornografia, que gera exploração, violência, que “alimenta” as mentes doentias, pervertidas (sentido clínico mesmo) de pedófilos, tarados … Definitivamente  em nada contribui para a evolução do homem, ao contrário, é um retrocesso; o retorno a “Horda Primeva”.
Leiam mais Richard Poulin (Quinze teses sobre o Capitalismo e o sistema Mundial de prostituição).
Este escárnio anti-social é tão complexo que necessitou 15 teses para ser entendido e desmistificado amplamente.
E a propósito,  quando sua filha, sobrinha…de 12 anos aparecer nua na Webcam, ou em algum vídeo do youtube via Internet, redes sociais, em poses de deixar qualquer atriz de filme pornô no “chinelo”,e, ainda achar isto super normal, você talvez entenda  o quanto a nossa cultura, a mídia e mentes deformadas vem pervertendo e banalizando a sexualidade humana quando deveriam desmistificá-la.
Aqui fica um alerta, este comportamento está se tornando cada vez mais comum entre meninas de classe média alta,  e na sua grande maioria; as famílias completamente ausentes; são as últimas a saber.
Resumindo; Somos Mulheres e não Mercadoria!
E então, ainda achas mesmo que não adianta torcer o nariz para a pornografia?
Boa crítica!
Abraço

Prof. Ilza Lacassagne(Especialista em Educação/Psicanálise e Educação/Psicopedagoga Inst. e Clínica)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

NOTA PÚBLICA: O ABORTO NÃO DEVE SER CRIME!

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FRENTE NACIONAL PELO FIM DA CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES E PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
 
Semana de mobilização mundial 
28 de setembro de 2012.
Nota pública

O ABORTO NÃO DEVE SER CRIME!
 
Este ano as mobilizações em torno do dia 28 de setembro - Dia Latino-Americano de Luta pela Despenalização do Aborto – ganham dimensão internacional em todo o mundo organizações e movimentos sociais democráticos estão chamados a posicionarem-se.
No Brasil, às vésperas das eleições municipais e no contexto do processo de reforma do Código Penal, vimos a público repudiar a ação de grupos políticos conservadores que, em nome da defesa da vida, tratam a problemática do aborto de forma irresponsável com os direitos humanos e a vida e saúde das mulheres brasileiras.
Na revisão do Código Penal brasileiro, em curso no Congresso Nacional, reconhecemos a valiosa tentativa de se ampliar os permissivos para a prática do aborto proposta pela Comissão de Juristas. No entanto, prevalece no momento tendência de recrudescimento da criminalização, presente em grande parte das propostas de revisão. Há fortes riscos de que tenhamos um novo código penal com fortalecimento do Estado policial em detrimento do Estado democrático.
Nas eleições, não é de hoje que questões da reprodução são tomadas como estratégia eleitoreira. Em anos passados assistimos a práticas condenáveis da troca de votos por ligadura de trompas. Na esteira da ausência de políticas que efetivem direitos, na impossibilidade de controlar a própria fertilidade de maneira segura e autônoma, milhares de mulheres já se viram obrigadas a receber este tipo de ajuda de candidatos e candidatas conservadores.
No presente, não são poucos os candidatos e candidatas que se apressam em condenar o aborto e as mulheres e divulgam amplamente sua posição como estratégia para conferir uma pseudo seriedade e idoneidade a suas campanhas.
QUEM CONDENA O ABORTO PARA TENTAR ELEGER-SE NÃO MERECE SEU VOTO.
Certamente as mulheres gostariam de nunca precisar abortar, mas sabemos que nenhuma mulher está livre de um dia precisar abortar. Como demonstram inúmeros estudos e pesquisas e conforme anunciam e denunciam os movimentos de mulheres, a gravidez indesejada é resultante de muitas situações sociais: violência sexual, abuso e exploração sexual, recusa de uso de método contraceptivo por parte dos homens, falhas nos métodos de contracepção, limite de informação e de acesso aos métodos para as mulheres jovens e solteiras, bloqueios diversos a laqueadura de trompas, gestação de fetos anencéfalos, risco de morte para a gestante.
Os mesmos atores que lideram o processo de criminalização do aborto condenam e tentam impedir iniciativas de educação sexual para adolescentes, pretendem proibir e criminalizar a venda e distribuição da contracepção de emergência, que evita que uma gravidez indesejada se instale, pretendem impedir o acesso das mulheres a informações científicas e seguras sobre métodos de aborto, fecham os olhos para os limites dos serviços públicos na oferta de métodos contraceptivos, negam a diversidade de situações enfrentadas por mulheres quando precisam abortar e querem retirar os permissivos de aborto em caso de estupro e risco de morte que estão previsto no código penal brasileiro desde 1940.
NÃO À CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES!
A simples criminalização do aborto não resolve esta problemática. Ao contrário, a criminalização promove sofrimento, adoecimento e até morte das mulheres, seja por maus tratos nos serviços de saúde, seja por abandono e discriminação de familiares e da vizinhança, seja por colocar as mulheres na clandestinidade, recorrendo a serviços precários de abortamento.
Por isto, neste 28 de setembro, conclamamos a todos e todas se posicionarem por uma reforma democrática do Código Penal que amplie direitos e cidadania.
O aborto praticado por decisão da mulher não deve ser tratado como assunto policial, mas deve ser regulamentado no âmbito da política publica de saúde cumprindo a necessidade de sua legalização e respeito à decisão soberana das mulheres sobre suas vidas.
NENHUMA MULHER DEVE PRESA, PUNIDA OU MALTRATADA POR TER FEITO UM ABORTO!

http://frentenacionalabortolegal.blogspot.com.br/

28S: pelo direito ao aborto, em todo o mundo

*Por: Tica Moreno
O dia latino-americano e caribenho de luta pela legalização do aborto virou um dia de ação no mundo todo. Não foi porque o movimento de mulheres de todo o mundo lançou uma forte campanha de solidariedade com a luta pelo direito ao aborto nos países que ainda criminalizam as mulheres, e sim porque o bicho tá pegando inclusive onde as mulheres já conquistaram esse direito.
A criminalização das mulheres é uma realidade em muitos países que ainda não permitem que suas cidadãs possam decidir sobre a maternidade. De acordo com este mapa, de 2011, o aborto é totalmente proibido, ou permitido apenas em caso de estupro e risco de vida da mulher (como no Brasil), em 69 países do mundo. Nos outros países, o aborto é permitido, embora haja algumas diferenças de acordo com cada legislação.
Mas, nestes países em que o aborto é permitido em lei, a vida das mulheres também está cada vez mais dura, porque tem forças conservadoras querendo tirar esse direito das mulheres.

Neste dia 28, em várias partes do Estado Espanhol, por exemplo, manifestações feministas estão sendo feitas para que o aborto se mantenha fora do código penal. As feministas de lá estão em um movimento simultâneo para resistir à recomposição do poder econômico que se dá com políticas de ajuste que aumentam o desemprego e diminuem a presença do Estado na sua função de garantidor de direitos, ao mesmo tempo em que há uma ofensiva sobre os direitos das mulheres – com o ministro da Justiça (Alberto Gallardón), soltando declarações que concretizam a orientação de seu partido, o direitoso PP, de restringir o direito ao aborto na Espanha.
Ou seja: ao mesmo tempo que as tais políticas “anti-crise” ampliam as demandas de trabalho doméstico e de cuidados (não remunerado) sobre as costas das mulheres, as forças ideológicas reforçam, uma vez mais, a função das mulheres como mães, num modelo de família que desde a guerra civil espanhola já tinha feminista anticapitalista criticando.
Mas aí, os nossos vizinhos, uruguaios, aprovam um projeto que suspende a criminalização do aborto se este for feito seguindo alguns procedimentos estabelecidos na lei.
Massa. Já ficamos empolgadas porque, em algum lugar, tátendo algum avanço, né?
Só que daí nós vamos atrás das notícias e vemos que esse projeto não é exatamente o que se espera de uma boa lei relativa ao direito ao aborto. O principal motivo é que o aborto deixar de ser crime apenas se a mulher que o fizer passar por um processo ultramegaburocrático que, além de ser burocrático no sentido estrito do termo, depende também da inclinação ideológica dos profissionais da saúde que atenderem esta mulher. Isso porque, de acordo com o atual projeto, a mulher que decidir interromper uma gravidez indesejada terá que comparecer ao tribunal médico e explicar por que quer fazer isso.
Para nós, a razão pode ser expressa, simplesmente, em um “porque eu quero”, “porque eu decidi”, porque sim”. Mas, nesse tribunal médico, parece que vai valer a máxima que aprendemos no Castalo Rá Tim Bum: “porque sim não é resposta”. Isso porque a cidadã uruguaia tem que convencer uma equipe com 3 integrantes (sendo que pelo menos 1 é contrário ao aborto) de por que quer realizar o aborto.
#Cejura? Juro.
Daí a moça tem alguns dias para pensar no assunto e voltar pra ver se mantem sua decisão.
Ou seja, de acordo com essa lei uruguaia, você até pode fazer um aborto. Você não será uma criminosa. Mas, nós vamos dificultar a sua vida, porque nós discordamos da sua decisão. Ou melhor, nós (Estado e poder médico) achamos que você não tem condições de decidir sobre sua vida, então seguimos a lógica do vestibular. Primeira e segunda fase.
Se você for persistente, tudo bem. Consegue fazer, tranquilamente, um aborto.
***
Na boa, além da hipocrisia que gera hemorragia, ou do fato de que todo mundo conhece uma mulher que fez aborto porque decidiu interromper uma gravidez indesejada, o que deveria nos deixar beeeem irracional é o fato de que toda a ofensiva de crimininalização do aborto aqui no Brasil ou em países vizinhos, bem como os retrocessos em países que já legalizaram o aborto, como na Espanha, é baseada numa visão misógina e machista das mulheres como seres moralmente incapazes de tomar uma decisão consciente sobre um processo central em suas vidas.
Tem gente que diz que decidir pelo aborto é sinal de irresponsabilidade das mulheres. Nós achamos justamente o contrário. Decidir de forma autônoma sobre a maternidade é um sinal de responsabilidade das mulheres. É muito mais do que o “Eu aceito”, do casamento, porque existe divórcio. Ou é muito mais do que a carreira que você escolhe no vestibular, porque você pode se formar em educação física e se realizar trabalhando em um restaurante. Mas ser mãe é diferente. Ser mãe tem que ser uma decisão consciente, porque vai fazer parte da sua vida até o final dela. E tem mulher que já é mãe e não quer outro filho.
O direito ao aborto é parte do reconhecimento das mulheres como sujeitos das suas próprias vidas. Tem a ver com romper o controle imposto sobre o corpo e a vida das mulheres, e significa também separar sexualidade de reprodução. Nós defendemos, hoje e todos os dias, o direito ao aborto, por defender a vida das mulheres, mas não só uma vida baseada no ciclo vital que aprendemos na aula de biologia: nasce – cresce – reproduz – morre.
Estamos em luta pelo direito ao aborto como um direito das mulheres nesse mundo capitalista, mas nossa luta em defesa de uma vida que vale a pena viver passa por transformar esse mundo, pra gente ter direito a uma vida livre de verdade, com tempo livre, sem violência, com igualdade e com prazer.

*Tica Moreno é militante da Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Uruguai descriminaliza aborto até a 12ª semana

Em caso de estupro, o aborto poderá ser feito até a 14.ª semana de gestação

Matt Rubens/Wikimedia Commons


Aborto: o projeto volta ao Senado uruguaio, onde não deve ter problemas para sua aprovação final

Buenos Aires - Por 50 votos a 49, a Câmara do Uruguai aprovou, no fim da noite de terça-feira (25), um projeto de lei que descriminaliza o aborto até a 12.ª semana de gestação. Em caso de estupro, o aborto poderá ser feito até a 14.ª semana; em caso de risco para a mãe, não haverá prazo limite. Para fazer o procedimento, a mulher terá de explicar sua decisão para um tribunal.

O texto muda a proposta que havia sido aprovada pelo Senado em dezembro. Por isso, o projeto volta ao Senado, onde não deve ter problemas para sua aprovação final, já que o partido governista da Frente Ampla tem maioria absoluta. Se o projeto for ratificado, o Uruguai será o primeiro país da América do Sul a descriminalizar o aborto.

A proposta do partido do governo foi rejeitada duas vezes. A última delas, a denominada Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva, foi vetada pelo então presidente Tabaré Vázquez, em 2008, que citou a justificativa razões filosóficas e biológicas”, provocando uma crise partidária. O presidente José Pepe Mujica já anunciou que não vetará o projeto.

A Frente Ampla teve o apoio de um dos deputados do Partido Independiente (PI, de centro), Iván Posada, que compensou a perda do voto de um deputado governista, Andrés Lima, autorizado pelo partido a votar contra a matéria. Tanto a Frente Ampla quanto o Partido Colorado (de centro-direita) decidiram aplicar a disciplina partidária para o tratamento da matéria.

A medida fez com que vários deputados declarassem, antecipadamente, a decisão de se retirar do plenário na hora da votação, para serem substituídos por suplentes.

Para seus defensores, a lei dará à mulher as maiores garantias para realizar o aborto, como afirmou Posada. Já os contrários, como o Partido Nacional, evocaram o direito à vida e a defesa dos direitos humanos. O texto estabelece que toda mulher terá direito a decidir sobre a interrupção voluntária de sua gravidez durante as primeiras 12 semanas da gestação.

De acordo com o deputado governista Juan Carlos Souza, o projeto não legaliza o aborto, mas abre uma instância importante para que as mulheres decidam livremente se vão abortar, com adequado apoio médico e legal, sem que sejam consideradas criminosas.

28 de setembro é o dia Latino Americano de luta pela legalização do aborto

Neste dia como em todos os outros reafirmamos: ABORTO NÃO É CRIME.
Na última semana, a OPAS (Organização Panamericana de Saude) premiou a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) realizada pela Universidade de Brasília em parceria com ANIS. 

Esta pesquisa revelou a magnitude do aborto no Brasil urbano: 15% das mulheres declararam que já fizeram aborto, ou seja, 1 em cada 5 mulheres brasileiras de 18 a 40 anos já fizeram aborto.  Também  conhecemos a realidade das mulheres do campo e sabemos que o aborto clandestino é uma realidade também na vida destas mulheres. 

Temos que perguntar: vocês acham que uma em cada cinco mulheres brasileiras deve ir para a cadeia?

Outros estudos indicam que são principalmente as mulheres pobres e negras que sofrem as piores conseqüências da ilegalidade do aborto, enquanto quem tem dinheiro consegue realizar o aborto de forma segura.
Neste momento, está em curso no Brasil um processo de reforma do código penal. No capitulo dos crimes contra a vida há uma proposta em relação ao aborto que, embora avance se considerarmos o atual código, ainda mantém a possibilidade de criminalização. Há outros pontos desta proposta de reforma que também são problemáticos, como em relação à lei Maria da Penha e a criminalização do infanticídio. Com relação a este último ponto, acreditamos que esta questão de saúde deve ser tratada de maneira séria, já que na maioria dos casos está diretamente ligado a gravidez indesejada e a depressão pós–parto.

Sabemos que os setores conservadores do congresso não irão admitir nenhum avanço em relação a questão do aborto. Portanto, como discutimos na nossa reunião nacional, temos que tensionar nesta reforma para que o congresso e a sociedade entendam que o aborto não é crime e, por isso, não deve estar no código penal, mas deve ser regulamento no âmbito do SUS.

Neste dia 28 de setembro, queremos aproveitar para dar visibilidade às nossas denúncias em torno da criminalização do aborto, ao mesmo tempo em que devemos afirmar nossa luta pela autonomia das mulheres, pela legalização do aborto.
Enviamos em anexo a nota da Frente Nacional pelo Fim da Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto para circular em nossas listas e ser reproduzida nos estados neste 28 de setembro. Tambem podemos coletar assinaturas para a nota.

Enviamos também modelos de lambe-lambe, pois as jovens da UNE e da MMM farão colagens pelo Brasil afora.
Mandem fotos das atividades nos estados. E compartilhem as informações pelas listas e redes sociais.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres

intervenção em Porto Alegre, 27 de setembro







terça-feira, 25 de setembro de 2012

MMM participa de seminário de formação rumo ao Fórum Social Mundial Palestina Livre




Porto Alegre - A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) participou nesta segunda-feira, 24 de setembro, do seminário de formação promovido pela Coordenação de Movimentos Sociais de preparação rumo ao Fórum Social Mundial Palestina Livre, que contou com a participação da professora Analucia Pereira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da deputada Haneen Zoabi, deputada palestina no Knesset (parlamento israelense).

Analucia recuperou como a intervenção imperialista européia na região do Oriente Médio, promovida principalmente pela Grã-Bretanha e a França, levou à situação atual. Alguns marcos nessa história foram o acordo Sykes-Picot, em 1916, e a criação da organização sionista mundial, em 1897, com objetivo de criar um estado judeu. “O sionismo começou tímido porque os judeus estavam espalhados por vários países da Europa, mas conquistou apoio importante dos banqueiros e estabeleceu um fundo nacional judaico, que permitiu compra de terras na Palestina. A combinação entre os interesses britânicos e os do movimento sionista se aprofundou e, em 1948, logo após a 2ª Guerra Mundial, resultou na partilha do território para a criação de dois estados, na qual se previa que 57% das terras seriam destinadas aos judeus e o restante para os palestinos, cuja população era infinitamente maior, além do estabelecimento das nações árabes como se conhece hoje”.
Formado já em 1948, o Estado de Israel inicia nesse mesmo ano uma série de guerras que avançaram sobre a área destinada ao estado Palestino (não reconhecido até hoje). A partir da Nakba (como é reconhecido esse primeiro período de limpeza étnica promovida pelos sionistas), os palestinos se viram envolvidos em um abraço mortal por parte de Israel que continuou a avançar com várias guerras, como a Guerra dos 6 dias, em 1967, a guerra do Yom Kipur, em 1973, e a guerra do Líbano, em 1982 (quando ocorreu o massacre de palestinos nos campos de Shabra e Shatila – clique para ver imagens em: http://www.youtube.com/watch?v=XXab_tNjj4I)
A Palestina saiu da pauta das grandes discussões internacionais mas a partir da maturação do movimento político dos palestinos, com a criação da OLP – Organização pela Libertação da Palestina, as intifadas (revoltas populares na Cisjordania e em Gaza) e em função da primavera árabe, palestinos tomaram iniciativa de retomar a criação do Estado Palestino, tema que estará novamente na agenda da ONU na assembléia que se realiza a partir do dia 25 de setembro.

Unir esforços para denunciar o estado racista de Israel
“Mais terras para os judeus e menos palestinos”: assim a deputada Haneen Zoabi sintetiza o que é a política racista e colonialista promovida pelo estado de Israel em relação aos palestinos, seja em Israel, seja nos territórios ocupados. Ela faz parte da geração de palestinos que nasceu no território ocupado em 1948 e chama atenção que só será possível acabar com a impunidade trazendo a público os detalhes de como Israel se organiza em termos legais essa contínua opressão.
“Israel se autoafirma como um estado democrático e diz que promove a ocupação e constrói um muro para isolar a Palestina do restante de Israel por questões de auto-defesa”. A realidade, no entanto, é bem diferente. Há um conjunto de 33 leis que regulam todos os aspectos da vida – educação, planejamento urbano, legislação, partidos políticos etc. – que excluem, ignoram e discriminam os cidadãos de origem palestina e que caracterizam o racismo praticado pelo estado de Israel. Para conhecê-las visite o site www.adalah.org (somente em inglês e árabe).
Tais leis proíbem, por exemplo, que as crianças palestinas que estudam em escolas árabes conheçam sua história e o que acontecia antes de 1948; que qualquer oganização ou entidade que receba recursos públicos fale sobre a ocupação da Palestina; e retira a cidadania de israelenses que casem com palestinos que vivem fora de Israel, por exemplo na Cisjordânia, Brasil ou qualquer outra parte do mundo. “Israel quer nos apagar da história, e para isso renomeia cidades palestinas com nomes judeus e nos identifica como árabes-israelenses, muçulmanos ou não-judeus, nunca como palestinos, buscando desconectar-nos de nossa história”. Além disso, Israel impede nosso acesso ao mercado de trabalho: somos 18% da população em Israel, mas pouco mais de 7% no funcionalismo público e apenas 1% no setor privado”. Ela destacou que o bom árabe frente ao estado israelense é aquele que perdeu sua identidade, esqueceu sua história e dá legitimidade ao estado judeu.
Haneen criticou os acordos assinados em Oslo, em 2000, que desconsideram os direitos dos palestinos que vivem nos territórios ocupados em 1948. Ela fez um chamado para que se unifique a luta em solidariedade aos palestinos, não apenas em torno ao fim da ocupação como também em relação ao direito de retorno dos palestinos. Destacou que o mundo inteiro se uniu para derrubar o apartheid na África do Sul com boicotes ao país africano, traduzidos em impedimentos de participação em eventos internacionais e rompimentos diplomáticos e comerciais. Ela destacou que Israel busca legitimar suas políticas pressionando para que a ONU o reconheça como estado judeu, e afirmou que essa é uma estratégia para legitimar sua política racista.
A deputada ressaltou que antes de lutar pelos direitos palestinos, os movimentos sociais brasileiros devem lutar pelo seu próprio direito à informação e pela democratização dos meios de comunicação como a Rede Globo, que é controlada pelo lobby sionista e impede a sociedade de ter acesso a esse conjunto de informações. Por fim, Haneen chamou atenção para os acordos militares e comerciais assinados entre o governo brasileiro e o governo de Israel: “se somos a favor dos palestinos, é preciso dizer não a tais acordos. Sua assinatura apenas dificulta ainda mais a luta palestina”.

A luta das mulheres palestinas
A Marcha Mundial das Mulheres é integrante ativa do Comitê de Organização do FSMPL e também da secretaria nacional. Perguntamos à deputada qual a participação das mulheres na luta de resistência palestina e ela nos explicou que, em que pese sua maior escolarização, as mulheres vêem seu espaço reduzido pois têm que lidar com a sobrecarga de trabalho diário,  resultado da completa destruição da infra estrutura em decorrência das ocupações promovidas por Israel. Pessoalmente, por ser mulher, ela sente que sua opinião é menos escutada em seu partido e no parlamento. “Como em vários outros países do mundo, as mulheres participam das lutas, mas não as lideram”. Por isso, "A luta pela emancipação do povo palestino não é separada da luta feminista", completa a Haneen.

Tarso Genro afirma compromisso do governo brasileiro com direitos do povo palestino
Em coletiva de imprensa realizada na manhã do dia 24, o governo do estado do Rio Grande do Sul ressaltou que o governo brasileiro defende o direito de existência de um estado palestino nos patamares mínimos instituídos a partir dos acordos de Oslo. “A luta é muito dura, contra determinações econômicas, financeiras, globais. O povo brasileiro também não é estranho a essas pressões. À medida em que começamos a mudar o modelo de desenvolvimento e nos libertamos da tutela do capital financeiro internacional, recebemos da mídia vinculada a esse sistema toda sorte de ataques. Estamos formando uma nação democrática e soberana, e esse é um processo muito difícil. Felizmente, graças à sabedoria do povo brasileiro de saber escolher seus dirigentes, está em implementação uma revolução democrática hoje em nosso país, social, dentro de estado de direito. Que o povo palestino recupere seu estado, instaure plenitude do direito democrático.Mais informações:

O Fórum Social Mundial Palestina Livre acontece de 28 de novembro a 1º de dezembro de 2012, Porto Alegre - RS (Brasil)

Os organizadores:
O comitê preparatório no Brasil constitui-se de uma grande coalizão de 36 movimentos, sindicatos, ONGs e etc., além de comunidades palestinas no Brasil. A CUT e a Marcha Mundial de Mulheres atuam como secretaria e ponto de contato do evento.
O Comitê Nacional Palestino une forças políticas da Palestina, em sua maioria da sociedade civil. É formado por palestinos na Faixa de Gaza e da Cisjordânia, cidadãos e cidadãs palestinos (as) em Israel e refugiados (as).
O Comitê Internacional foi articulado no Conselho Internacional do FSM. Reúne organizações de varias regiões do mundo e é responsável pela mobilização internacional para o evento.
Site: www.wsfpalestine.net



Fonte: Marcha Mundial das Mulheres - RS

sábado, 22 de setembro de 2012

Legalizar o Aborto, um direito de todas as mulheres!


Neste 28 de setembro, mais uma vez estaremos nas ruas, para afirmar nossa luta em defesa dos direitos das mulheres decidirem sobre seu corpo e suas vidas.
Todos os dias, dezenas de mulheres são perseguidas, humilhadas e maltratadas por recorrerem ao aborto. Por termos uma legislação do século passado – de 1940 – que criminaliza a mulher e quem a ajudar - a mulher é  presa e condenada.
O aborto não é crime em muitos países, como nos Estados Unidos, Canadá, Tunísia, Cuba,  e países da Europa como Portugal, França, Inglaterra e Espanha
.
Mas os rigores da nossa legislação não impede que os abortos sejam realizados clandestinamente.

Por isto estamos convocando a todas as militantes da Marcha Mundial das Mulheres a estarem nas ruas neste dia. Vamos levar nossa batucada, nossas bandeiras, vestidas com nossas camisetas e nossa energia. Estaremos panfleteando nossos materiais pelo fim da criminalização das mulheres e pela defesa da legalização do aborto no Brasil e na América Latina.

Em Porto Alegre, estaremos mobilizadas no dia 30 de setembro, das 10 às 13h  no Brique da Redenção para marcar o Dia Internacional pela Descriminalização do Aborto.

Trata-se de uma Ação impulsionada pela Rede Feminista de Saúde em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres e outros movimentos que estão se somando. Será muito importante a adesão do maior número possível de mulheres de todas as organizações, entidades e centrais sindicais, partidos políticos.

 

Nenhuma mulher deve ser perseguida, humilhada, condenada ou presa pela prática do aborto.

 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Não, a culpa não é delas!


“A leitura – mãe e filha”, pintura de George Dunlop-Leslie.
por: Raquel Duarte*
Chama a atenção como nos espaços de discussão de gênero, frequentemente aparecem falas de responsabilização das mulheres pela reprodução do machismo. Falas do tipo “se o homem não ajuda em casa, a culpa é da mãe que não o educou para isso” ou “são as mulheres que criam os futuros machistas”, são muito comuns.
Está intrínseco no pensamento das próprias mulheres que se os meninos crescem machistas, a culpa é das mães, afinal, são elas as responsáveis pela educação das crianças.
É importantíssimo analisar dois elementos dessa afirmação. O primeiro refere-se à tarefa do cuidado, pois ao afirmarmos que as mães são as responsáveis por seus filhos se tornarem machistas, estamos reafirmando também a divisão sexual do trabalho que imputa a responsabilidade do cuidado e da educação unicamente às mulheres. É preciso desconstruir esse pensamento e afirmar cada vez mais, que a responsabilidade pelo cuidado e pela educação não é só das mães, mas também de toda a família e do Estado.
É responsabilidade do Estado uma vez que este deve garantir que todas as crianças tenham acesso à escola de educação infantil e aos demais níveis de ensino. Também é dever do Estado garantir que este ensino seja público e de qualidade, baseado numa educação inclusiva, não-sexista, não-homofóbica, não-lesbofóbica e anti-racista, livre de qualquer forma de preconceito.
Então, não podemos esquecer: a tarefa do cuidado e da educação deve ser compartilhada. Compartilhada entre as mães, os pais, a família, a sociedade e o Estado. O segundo elemento que deve ser analisado é referente ao próprio ato de culpar as mulheres. Ato este, aliás, que sempre carregamos nas costas. A culpa é da Eva, na mitologia bíblica sobre a criação do universo; a culpa são das bruxas, que não se adequavam aos ditames da sociedade; a culpa é dela que estava com uma roupa curta de demais; a culpa é dela que mereceu apanhar do marido; se ela aceita as que as coisas sejam assim, o problema é dela…
Nós, mulheres, não podemos aceitar essa culpabilização eterna. Não podemos reproduzir esse pensamento formado pela sociedade patriarcal. Sabemos que não é fácil despertar para toda a opressão que existe na nossa sociedade. E também não é simples para as mulheres se desprenderem das obrigações que historicamente lhe foram atribuídas. Nesse sentido, é preciso lembrar a conhecida frase da feminista Rosa Luxemburgo: “quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.
É mais ou menos como o ciclo da violência: uma criança que foi violentada ou que conviveu toda a sua infância com a violência doméstica e familiar, tem grandes chances de reproduzir essa violência quando crescer. Mas esse ciclo pode ser rompido!
Da mesma forma acontece com as mulheres em relação ao machismo. Uma vez que elas despertam para opressão que sofrem, dificilmente continuarão a aceitá-la em suas vidas. Então vamos ajudar as mulheres a enxergarem o machismo e todas as formas de opressão que as cercam.
Não podemos apontar o dedo e dizer que a culpa é das mulheres. Não, a culpa não é delas! Vamos abraçá-las e dizer com toda nossa força: “Companheira me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor!
*Raquel Pereira Duarte – advogada e militante da Marcha Mundial das Mulheres/RS

sábado, 15 de setembro de 2012

Mulheres camponesas


Esther Vivas*

Nos países do Sul, as mulheres são as principais produtoras de comida, as encarregadas de trabalhar a terra, manter as sementes, coletar os frutos, conseguir água... Entre 60 e 80% da produção de alimentos nesses países recai sobre as mulheres; 50% em âmbito mundial.

Elas são as principais produtoras de cultivos básicos, como o arroz, o trigo e o milho, que alimentam as populações mais empobrecidas do Sul global. Porém, apesar de seu papel chave na agricultura e na alimentação, elas são, juntamente com as crianças, as mais atingidas pela fome.

As mulheres camponesas, durante séculos, têm se responsabilizado pelas tarefas domésticas, pelo cuidado das pessoas, pela alimentação de suas famílias, pelo cultivo para o autoconsumo e para a comercialização de alguns excedentes de suas hortas, arcando com o trabalho reprodutivo, produtivo e comunitário e ocupando uma esfera privada e invisível. Em troca, as principais transações econômicas agrícolas estão, tradicionalmente, executadas pelos homens, nas feiras, com a compra e venda de animais, com a comercialização de grandes quantidades de cereais etc.; ocupando a esfera pública camponesa.

Essa divisão de papeis destina às mulheres o cuidado da casa, da saúde, da educação e de suas famílias e outorga aos homens o manejo da terra e da maquinaria e mantém intactos os papeis designados como masculinos e femininos, e que durante séculos, e ainda hoje, perduram em nossas sociedades.

No entanto, em muitas regiões do Sul global, na América Latina, na África subsaariana e no sul da Ásia, existe uma notável "feminização” do trabalho agrícola assalariado. Entre 1994 e 2000, as mulheres ocuparam 83% dos novos empregos no setor da exportação agrícola não tradicional. Porém, essa dinâmica vai acompanhada de uma marcada divisão de gênero: nas plantações as mulheres realizam tarefas não qualificadas, como coletar e empacotar, enquanto que os homens fazem a colheita e a plantação.

Essa incorporação da mulher ao âmbito laboral remunerado implica em dupla carga de trabalho para elas, que continuam realizando tarefas relativas ao cuidado de seus familiares ao mesmo tempo em que trabalham para obter renda extra, majoritariamente, em empregos precários. Elas contam com condições de trabalho piores que a de seus companheiros, recebendo uma remuneração econômica inferior pelas mesmas tarefas e tendo que trabalhar por mais tempo para receber o mesmo pagamento.

Outra dificuldade é o acesso à terra. Em vários países do Sul, as leis lhes proíbem esse direito e naqueles onde legalmente o têm, as tradições e as práticas lhes impedem de usufruí-las. Porém, essa problemática não acontece somente no sul global. Na Europa, muitas camponesas não têm seus direitos reconhecidos, apesar de trabalhar tal qual seus companheiros, a titularidade da terra, o pagamento da previdência social etc., é concentrado nos homens. Como consequência, ao chegar na hora de sua aposentadoria, não contam com nenhuma pensão; não têm direitos a ajudas, quotas etc.

Frente a esse modelo agrícola neoliberal, intensivo e insustentável, que tem se mostrado totalmente incapaz de satisfazer as necessidades alimentares das pessoas e o respeito à natureza, e que é especialmente virulento para com as mulheres, propõe-se o paradigma alternativo da soberania alimentar. Trata-se de recuperar nosso direito a decidir sobre o quê, como e onde se produz aquilo que comemos; que a terra, a água, as sementes estejam em mãos das/os camponeses; de combater o monopólio ao longo da cadeia agroalimentar.

E é necessário que essa soberania alimentar seja profundamente feminista, já que sua consecução somente será possível a partir da plena igualdade entre homens e mulheres e do livre acesso aos meios de produção, distribuição e consumo de alimentos. Temos que reivindicar o papel das camponesas na produção agrícola e alimentar e reconhecer o papel das "mulheres do milho”, aquelas que trabalham a terra.

*Esther Vivas é co-autora de ‘El campo al plato. Los circuitos de producción y distribución de alimentos’ (Icaria ed., 2009), entre outras publicações; é membro do Centro de Estudios sobre Movimientos Sociales da UPF. Tradução: ADITAL
.

+info: http://esthervivas.com/portugues

*Esther Vivas @esthervivas | facebook.com/esthervivas | http://www.esthervivas.com/ 

domingo, 9 de setembro de 2012

2º Encontro Latino Americano e Carine das Mulheres

HOTEL RITTER
(em frente da Estação Rodoviária)
PORTO ALEGRE
RS
BRASIL

PROGRAMAÇÃO
Dia 13 de setembro | quinta-feira
16:00 Acolhida e Abertura com musical de Nanci e Eduardo
     Abertura oficial com Ministras, Governador, Secretários de Estado, representações nacionais e internacionais.
17:30 Peça de teatro: Pois é Vizinha de Deborah Finocchiaro
Dia 14 de setembro | sexta-feira
08:30 Palestra da Representante da Federação de Mulheres de Cuba sobre a realidade das Mulheres, políticas públicas,
         participação e espaços de representação.
09:30 Metodologia - as mulheres se reúnem por setor produtivo e debatem, seguindo três pontos fundamentais:
       - condição de vida e trabalho neste setor produtivo;
        - formas de organização e gestão, especialmente associada e cooperada;
          - proposta de políticas públicas.
13:30 Apresentação da síntese da discussão de cada grupo, debate sobre os trabalhos apresentados e redação da carta.
15:30 Leitura e aprovação da carta das Mulheres da Economia Solidaria.
16:00 Música com Antonio Gringo e Regina.
16:30 Grande caminhada das Mulheres da Economia Solidária até o Palácio para entrega da carta ao Governador.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Grito do/as Excluído/as

O Grito do/as Excluído/as  18º edição
 07 de Setembro.

- 9 h: concentração na Praça Pão dos Pobres e organização de equipes para divulgar a mensagem do Grito junto à população presente ao desfile militar.

- 10 h: Ato e mística na Praça Pão dos Pobres.

- Logo após o desfile militar: A Marcha do 18º Grito, que se encerra no monumento do Expedicionário, onde também fará memória dos que tombaram na luta pela democracia.