terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida kahlo, Presente!

Nesse dia 06 de julho de 1907 nascia a feminista Frida Kahlo.

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André Breton dizia de Frida Kahlo: “Não existe [pintura] mais exclusivamente feminina no sentido em que, para ser a mais tentadora, ela consente de bom grado em ser ora a mais pura, ora a mais perniciosa. A arte de Frida é uma fita ao redor de uma bomba”.

Por Tais Machado* via Ofensiva Contra o Machismo.

Assustador, não? Como compreender uma mulher como Frida Kahlo, como compreender uma mulher? E como entender a arte feminina?

Não serei eu de tamanha ousadia para tentar responder a tais questões. Além do mais, não quero estragar essa que pode ser uma aventura para os homens.

Não gosto de receitas prontas, aprecio a singularidade. E há tanto mais… enquanto as ignorâncias e preconceitos permanecem ganhando espaços. Mas, gosto da troca de impressões, do mistério, do refletir, estudar e dialogar.

Considerar as fitas que tentam colocar sobre bombas, ainda hoje, é no mínimo interessante. Em meio às nossas aventuras, vocações e buscas pela transcendência queremos encontrar a beleza. Como dizia Paul Tillich: “As religiões não são as únicas instâncias capazes de oferecer respostas (ou propostas) para lidarmos com a vida. A arte também é capaz, à sua maneira, de reencantar o mundo”.

Beleza, arte, aventuras e travessuras me parecem estar predominantemente ligadas. A própria Frida, em carta a um amigo, disse: “Há pouco, há alguns dias apenas, era uma criança que evoluía num mundo de cores, de formas duras e tangíveis. Tudo era misterioso e alguma coisa estava escondida: adivinhar do que se tratava era uma brincadeira para mim”. Anos mais tarde, Salvador Dali falou: “Em minha arte, obedeço a essa paixão do tesouro escondido”.

Mesmo nos cantos da vida procuramos encantos. Queremos nos aventurar e encontrar. O psiquiatra Paul Tournier escreveu um livro só sobre a aventura humana e coloca como instinto nosso tal sede. Ele comenta sobre as aventuras fictícias e as reais, e olha que nem tinha, à época, vídeogame, internet e todo o aparato tecnológico que apoia e estimula nossos desejos.

As trilhas que cada um segue têm riscos e têm a ver com escolhas pessoais, nem sempre assumidas. Como diria Tournier: “Uma aventura verdadeira tem sempre um caráter eminentemente pessoal e exige uma decisão totalmente pessoal”. Cada um enfrenta o mundo e seus juízos da maneira que acha mais adequada dentro de seu universo particular. Claro, há que se levar em conta o que bem disse Theodore Roszak: “No fim das contas, talvez seja o mau hábito dos gênios criativos de investir-se em extremos patológicos que produza insights notáveis, mas isso acaba não proporcionando nenhum modo de vida duradouro para aqueles que não conseguem traduzir suas feridas psíquicas em arte ou pensamentos expressivos”.

Tem gente que vive só de rascunhos, com medo de expor seus achados. E o medo pode levar pra bem longe a capacidade de bem se divertir. O lúdico escapa ao cotidiano e a vida vai ficando monocromática, de um jeito que só a melancolia ganha. Tem gente que despreza as “pequenas” escolhas e banaliza as oportunidades, perdendo reencantamentos tão próximos e possíveis.

Alguns enterraram o que ainda estava vivo – um verdadeiro crime. Outros não perceberam que o olhar adoeceu e desperdiçam a beleza singela, discreta em nossas esquinas. E há aqueles cuja forma enrijeceu a alma e já nem reverenciam o mistério em suas diversas manifestações.

Ai daqueles que não buscam respostas porque já nem ouvem as perguntas.

Taís Machado é psicóloga e docente em seminários teológicos.

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