Outro mundo é possível: Sem violência contra as mulheres.
Esta semana nos deparamos com duas notícias sobre violência contra mulheres que nos causa indignação por serem atos de violência, mas que nos deixa perplexas pela naturalidade como são tratadas. O dois episódios ocorreram na região Sul e têm em comum o fato dos agressores serem pessoas que exercem atividades de poder social , político e econômico: um é técnico em enfermagem de rede pública de saúde conceituada, um adolescente filho de um dos proprietários da RBS, a maior rede de comunicação da região sul e o filho de um delegado de polícia.
O primeiro ocorrido em 30 de junho de 2010, numa clínica de gastroenterología, situada em Porto Alegre envolve um técnico de enfermagem . A vítima, que por medida de segurança pediu sigilo do seu nome, relatou que após o procedimento de endoscopia acordou da anestesia e percebeu que estava sendo “bulinada”. Neste momento, o estuprador informou que daria uma nova dose de remédio, para passar o efeito do sedativo, em seguida a vítima dormiu e quando acordou estava sem uma perna da calça, com a calcinha enrolada para o lado e ele saindo de cima dela.
O segundo, que trouxe à tona o estupro de uma menina de 13 anos, em Florianópolis, Santa Catarina, foi descoberto a partir da troca de mensagens entre dois adolescentes em um site de relacionamento da internet. O crime aconteceu há 40 dias, mas a confissão do jovem de 14 anos, suspeito de ser um dos estupradores, foi o estopim para a história se espalhar pela cidade.
O jovem, que confirmou o estupro pela internet, é filho de Sérgio Sirotsky, diretor da RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação), que controla jornais, rádios e as emissoras de tevê afiliadas da Rede Globo em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além dele, outros dois adolescentes, um filho de um delegado da cidade e outro não identificado também teriam participado do estupro.
A repercussão do caso levou a RBS a divulgar uma nota, dia 2 de julho, publicada nos jornais do grupo. Assinada pelo presidente emérito do grupo, Jayme Sirotsky, e pelo presidente da RBS, Nelson Sirotsky, a nota reconhece o envolvimento “em ocorrência policial” de um adolescente “membro da terceira geração da família” e “lamenta a forma irresponsável, maldosa e fantasiosa pela qual o episódio vem senso propagado, principalmente em alguns sites e blogs na internet”.
E por fim, mas não pra encerrar o assunto, o Sr. Nivaldo Rodrigues, diretor da Polícia Civil de Florianópolis declarou numa entrevista gravada que: "Eu não posso dizer que houve estupro. Houve conjunção carnal. Houve o ato. Agora, se foi consentido ou não, se foi na marra, ou não, eu não posso fazer esse comentário, porque eu não estava presente". Afinal, todas sabemos que é crime manter relações sexuais com menores e a legislação afirma que é “estupro presumido” mesmo que, não é o caso, tivesse sido consentido.
Diante disso, nós, organizações do movimento feminista, de movimentos sociais mistos vimos, por meio desta nota, manifestar nosso repúdio a todo e qualquer ato de violência contra as mulheres e exigir que as autoridades se empenhem na apuração dos acontecimentos e na punição dos responsáveis.
É deplorável que um homem com o poder que tem enquanto dono da RBS em vez de criticar a atitude de um membro de sua família que comete um estupro se preocupe em lamentar “a forma irresponsável, maldosa e fantasiosa pela qual o episódio vem senso propagado, principalmente em alguns sites e blogs na internet”.
É preocupante ver como os setores conservadores ao mesmo tempo em que se empenham para aprovar leis retrógadas como o estatuto do nascituro que, entre outras, proíbe o aborto em casos de estupro se mantém em silêncio sobre casos como estes.
Por isso:
Denunciamos o descaso das autoridades com a palavra das mulheres, deixando impune a violência contra as mulheres;
Denunciamos a violência sexista, a mercantilização do corpo das mulheres, além da exploração que os meios de comunicação comerciais fazem da imagem da mulher;
Exigimos que o Conselho Regional de Enfermagem se empenhe na apuração deste caso, e tome as medidas cabíveis para que outras mulheres não sejam violentadas e estupradas;
Exigimos que a Lei Maria da Penha e o Pacto Nacional pelo Fim da Violência Contra as Mulheres sejam efetivamente colocados em prática;
Exigimos que os governos e os judiciários atuem de forma incisiva e imparcial para prevenir e punir a violência contra as mulheres;
Marcharemos pelo fim de todas as formas de violência contra as mulheres.
Violência contra as mulheres: tolerância nenhuma!
SECRETARIA DA MULHER TRABALHADORA DA CUT
SECRETARIA DE MULHERES DA CUT/RS
MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES/RS
Sindicato dos Bancários do RS
Federação dos Bancários do RS
Sintrajufe RS
Urgeirm RS
Simpe RS
Sidisepe RS
O CASO 'ELIZA SAMUDIO'
ResponderExcluirE O MACHISMO TOTAL
O caso Eliza Samudio
Que tem chocado o Brasil
Emerge como prelúdio
De um grande desafio:
Exortar nossa Justiça
Pra deixar de ser omissa
Ante o machismo tão vil!
Trata-se de um momento
De grande reflexão
Pois não basta só lamento
Ou alguma oração
É hora de provocar
Propondo um outro olhar
Sobre processo e ação
Saiu na televisão
Rádio, internet e jornal
Notícia em primeira mão
Toda manchete é igual:
Ex-amante de goleiro
(Aquele cheio de dinheiro!)
Sumiu sem deixar sinal
Muita especulação
- discurso de autoridade-
Uns dizem que é armação
Outros dizem que é verdade
Polícia e delegacia
Justiça e promotoria:
Fogueira de vaidades!
Mei-mundo de advogados
Investigação global
Cada um no seu quadrado
Falando em todo canal
Subjacente a tudo
Um peixe muito graúdo:
Androcentrismo total!
p:s PARA LER O CORDEL NA ÍNTEGRA VISITE www.cordelirando.blogspot.com