O último dia do Encontro começou cedo. Às 6h da manhã já estávamos todas prontas esperando o transporte coletivo para nos levar até o centro de Manila,
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Foto de Raquel Duarte |
Chegando lá, fomos recepcionadas por centenas de mulheres que se juntaram ao ato público. O tema principal da manifestação foi pela garantia dos direitos sexuais e reprodutivos nas filipinas. As mulheres pediam pela descriminalização e legalização do aborto, por direito ao planejamento familiar, e pelo fim de toda forma de discriminação contra as mulheres.
Cerca de 500 pessoas, fecharam as ruas, e em cerca de 40 minutos de caminhada mostraram à população filipina toda a solidariedade das mulheres do mundo. Através de gritos de ordem, nossas principais bandeiras foram expandidas:
“A violência contra a mulher, não é o mundo que a gente quer”; “Se o papa fosse mulher, o aborto seria legal, seria legal e seguro...”, “Somos mulheres, feministas, anticapitalistas!, "So-so-so-Solidarité, avec les femmes, du monde entier”, entre muitas outras canções e gritos de ordem.
De tarde, o Encontro propiciou um interessante espaço de debates com a população. A atividade aconteceu na Universidade das Filipinas, e contou com duas mesas de debates.
Sob o tema de “paz, desmilitarização e erradicação da violência contra as mulheres”, a primeira mesa contou com a participação de Adèle Safi Kagarabi (MMM/República Democrática do Congo), Liza Gonzales e Virgínia Soares-Pinlac (MMM/Filipinas), Ida Zubaidah (Via Campesina/Indonésia), Khitam Khatib (União das Mulheres Palestinas).
Cada uma contou sobre a realidade de seu país e como a militarização interfere diretamente na vida das mulheres. Falaram sobre a dominação dos corpos das mulheres como território de guerra, sobre estupros em massa, contaminação da população por doenças sexuais transmissíveis.
A segunda mesa, teve o tema de “Igualdade de genro e acesso aos bens comuns” tendo como debatedoras: Gina Lyn e Mary de los Santos (Filipinas), Emilia Castro (MMM/Quebec), Judite Canha Fernandes (MMM/Portugal), Wilhelmina Trout (MMM/África do Sul).
Todas as companheiras, desde a África até a Europa, explanaram sobre a privatização dos bens comuns, especialmente agora em tempos de crise econômica, e o efeito sobre a vida das mulheres.
Ao final, todas clamaram em forma de grito de ordem: “Quando se fere uma mulher, se fere todas as mulheres!”. Demonstra a unidade do nosso movimento, e afirmação do lema: SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRE!!!
Em tempo: O transporte público de Filipinas é particularmente curioso. Os carros japoneses utilizados no país durante a segunda guerra mundial foram adaptados e hoje se transformaram em transporte coletivo. Desde então, os tradicionais JEEPs deixaram de servir a guerra e passaram a servir a população.
*Por Conceição Dantas e Raquel Duarte- militantes da MMM/Brasil
No dia 24 de novembro, as delegadas presentes ao 8º Encontro Internacional da MMM, realizado em Quezon City, nas Filipinas, aprovaram a realização do próximo encontro internacional no Brasil, que está previsto para 2013. Além do Brasil, também o Mali apresentou candidatura para receber a reunião.
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Foto de Corina Muñoz Caris
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No grupo de discussão das Américas, obtivemos total apoio e incentivo à iniciativa. No diálogo com as companheiras do Mali, reforçamos que seria muito importante que o Brasil sediasse o 9º Encontro, uma vez que podemos contribuir muito com a MMM Internacional compartilhando nossa experiência de relação entre a Coordenação da MMM brasileira e o Secretariado Internacional.
Ademais, é importante para Brasil conduzir o processo de transferência do Secretariado Internacional, que ocorrerá no próximo encontro, como forma de fechar um ciclo que foi iniciado com a eleição da C.N brasileira para secretariar internacionalmente, e a indicação de Miriam Nobre como Coordenadora Internacional da MMM .
Nada mais justo, portanto, que depois de tanta dedicação da Coordenação Nacional brasileira para com o movimento internacional, que pudéssemos encerrar esse ciclo realizando o Encontro internacional que elegerá o novo Secretariado Internacional.
Jovens feministas
A inclusão das jovens feministas na construção da MMM foi um tema muito debatido neste encontro. O Brasil tem uma boa experiência para compartilhar com as companheiras dos outros países, sobretudo em relação a Batuca, que é um instrumento político utilizado pelas jovens de todo o país, como forma de mostrar sua irreverência e identidade.
Movimentos Aliados
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Foto de Raquel Duarte |
A conferência com os movimentos aliados foi uma demonstração de fortaleza da Marcha Mundial das Mulheres. Sete movimentos que fazem aliança com a MMM estiveram presentes no nosso Encontro, entre esses, podemos destacar a Via Campesina, Amigos da Terra, KDTM, e o Movimento das Mulheres Sindicalistas.
Entre as diversas agendas e bandeiras apresentadas para o próximo período, uma se fez presente entre todos os movimentos: a luta pelo fim da violência contra as mulheres. Essa informação nos deixou muito contentes, porque significa que nossa estratégia de convencimento para a inclusão de agendas mútuas está ocorrendo no cotidiano.
A MMM sempre dialogou com todos os movimentos sociais parceiros, afirmando que se todos deveriam assumir a luta contra a violência sobre as mulheres, assim, o movimento feminista terá mais tempo para também se dedicar as demais lutas de transformações mundiais. E nas Filipinas os movimentos aliados da MMM demonstraram que respondeu ao chamado.
O novo Comitê internacional
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Foto de Joanne McDermott |
Através das reuniões por região se discutiu as estratégias de ação para o próximo período. Nas Américas além de avaliação e relato das atividades realizadas, destacou-se a importância da política de formação e fortalecimento das coordenações nacionais.
Aprovamos o calendário da região para 212 elegendo as seguintes ações como prioridade: RIO + 20 e Festival das Juventudes em Fortaleza-BR; Encontro feminista que se realizará na Argentina; 24 horas de ação pela paz.
Alem das estratégias de atuação de cada região, foram eleitas as companheiras que irão compor o comitê internacional:
America: Emilia Castro (Quebec) e Sandra Morán (Guatemala), Tamara Columbie (Cuba)
Ásia: Jean Enriquez (Filipinas) e Salima Sultana (Bangladesh), Françoise Caillard (Nova Caledônia)
África: Nana Aicha Cisse (Mali) e Graça (Moçambique)
Europa: Judite Fernandes (Portugal), Yıldız Temürtürkan (Turquia). Suplente: Natasha Dokovska (Macedônia)
Mundo Árabe: Souad Mahmoud (Tunísia)
*Por Conceição Dantas e Raquel Duarte - ambas militantes da MMM/Brasil
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