
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas

quinta-feira, 26 de abril de 2012
Mulheres em luta contra a mercantilização da natureza e da vida!
Mulheres em luta contra a mercantilização da natureza e da vida!

Na Marcha Mundial das Mulheres lutamos para superar a divisão sexual do trabalho e, ao mesmo tempo, pelo reconhecimento de que o trabalho reprodutivo está na base da sustentabilidade da vida humana e das relações entre as pessoas na família e na sociedade. Acreditamos que é possível estabelecer (e em alguns casos reestabelecer) uma relação dinâmica e harmoniosa entre as pessoas e a natureza e que as mulheres com sua experiência histórica têm muito para dizer sobre esse tema.
A Cúpula é um amplo espaço construído desde a sociedade civil global para propor uma nova forma de vida no planeta em solidariedade, contra a mercantilização da natureza e em defesa dos bens comuns. Enquanto a agenda oficial da Rio + 20 privilegia a chamada “economia verde”, as instituições globais, movimentos e organizadores da Cúpula dos Povos – da qual nós da MMM fazemos parte- se posicionam contra essa nova roupa do mesmo modelo de produção e consumo capitalista, este sim responsável pela crise atual do planeta. Mais de 30 mil pessoas são esperadas para estas ações.
Um Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira (CFSC), integrado por movimentos sociais, organizações não governamentais, coletivos e redes, se atém a todos os detalhes (metodologia, comunicação, mobilização, território). O CFSC é coordenado pelo chamado “Grupo de Articulação”, que reúne muitos movimentos sociais e redes nacionais como a MMM, a CUT, a Via Campesina, a Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip), movimentos de jovens e ambientalistas. A partir dos debates nessas instâncias, se chegou ao seguinte desenho para as atividades da Cúpula:
5: Dia de Ação Global contra o Capitalismo
15 e 16: Atividades Autogestionadas de Articulação
17: Plenárias de convergência pré-assembleia
18: Mobilizações e Atividades Autogestionadas de Articulação (manhã), Plenárias de convergência pré-assembleia (tarde)
19: Mobilizações e Atividades Autogestionadas de Articulação (manhã), Assembléia dos Povos – Causas estruturais da crise e Falsas Soluções (tarde)
20: Dia de Mobilização Nacional/Global. Uma grande manifestação no Rio de Janeiro e em várias cidades brasileiras para expressar a luta dos povos contra a mercantilização da natureza e em defesa dos bens comuns.
21: Atividades Autogestionadas de Articulação e mobilizações (manhã), Assembleia dos Povos – Nossas Soluções
22: Assembleia dos Povos – Agendas de luta e campanhas (manhã), Ato cultural de encerramento - Ecoar das vozes dos povos
23: Avaliação
Dentro da Cúpula, junto a outros movimentos sociais que compartilham nossa visão anti-capitalista, anti-patriarcal e anti-racista, nós, da MMM, estamos colocando ênfase na Assembleia Permanente dos Povos (APP), que é o espaço onde, através dos depoimentos e análises, dos intercâmbios e da solidariedade, da mobilização e das ações concretas, teremos o desafio de fortalecer as lutas presentes e convocar a novas ações e iniciativas, geradoras de novas plataformas de unidade. A APP se organizará ao redor de três eixos:
-As causas estruturais da atual crise de civilização, a partir de exemplos concretos como das crises energética, financeira, alimentar e ambiental, e denúncia das falsas soluções apresentadas pelo mercado.
-A reafirmação das práticas de resistência, os novos paradigmas e alternativas construídas pelos povos;
-A agenda política de lutas para o próximo período.
Um grupo de trabalho de Metodologia está discutindo a melhor forma de organizar este processo de convergências para a Assembléia dos Povos, para visibilizar e fazer valer nossos novos paradigmas.
Nosso objetivo com a participação neste processo é conseguir, antes mesmo da Cúpula dos Povos, dar visibilidade aos processos de luta contra as falsas soluções e contra o capitalismo verde que estamos envolvidas desde nossos países. E, a partir de uma posição feminista (anti-sistemica e crítica), provocar um debate aberto para desmascarar as intenções das transnacionais e de muitos governos sobre a economia verde, denunciando o entrelaçamento desta proposta com o aumento da opressão das mulheres. Ao mesmo tempo, queremos dar visibilidade às propostas alternativas das mulheres para o bem viver e conviver através de nossa participação ativa e em aliança com os movimentos sociais.
Temos como ponto de partida os debates e ações organizadas ao longo de nossa história como movimento que estão sintetizados em nossos campos de ação, especialmente em “Bens comuns e serviços públicos”.
(http://74.207.232.136/mmm2010/documentos/MMM_Internacional_bens_comuns.pdf/at_download/file)
Posicionamos o feminismo desde o campo da crítica às falsas soluções à crise ambiental e para afirmar que o novo discurso capitalista, que hoje se traduz no termo “economia verde”, é o mesmo modelo de mercado que mercantiliza nossas vidas, nossos corpos e nossos territórios. Dizemos Não! às falsas soluções propostas pelo mercado e seus agentes, como os créditos de carbono, os agrocombustíveis, os mecanismos de REDD e REDD ++ e a Geoengenharia. Não aceitamos “soluções” que só geram mais negócios e não mudam o modelo de produção, consumo e reprodução social. Mas, também, afirmamos que as alternativas construídas e propostas pelos povos devem integrar uma dimensão geradora de igualdade, enfatizando que, para que as mesmas sejam alternativas globais verdadeiras, devem contemplar a igualdade entre mulheres e homens, o direito das mulheres a uma vida sem violência e a divisão do trabalho doméstico e de cuidados entre homens e mulheres. Para isso, partimos dos conhecimentos que acumulamos a partir da economia feminista, colocando a sustentabilidade da vida humana como objetivo.
Esse debate de crítica ao capitalismo e ao desenvolvimento de alternativas não se realiza nos marcos institucionais da ONU ou em seus espaços de diálogo com a sociedade civil, que muitas vezes se restringem a adicionar cláusulas de gênero em seus tratados, em uma lógica similar ao que tem passado nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Acreditamos que o debate sobre alternativas só pode avançar com muito trabalho de conscientização junto às mulheres e em espaços de aliança com outros movimentos sociais que também se contrapõem e lutam contra o capitalismo, patriarcal e racista. Com esta perspectiva, estivemos presentes em vários espaços dos povos, paralelos às cúpulas oficiais como a COP (Conferencia das Partes) da Convenção sobre mudanças climáticas da ONU realizadas em Bali (2008), Copenhaguen (2009), Cancún (2010) e Durban (2011). Também participamos de processos construídos junto aos povos, em especial, a Cúpula dos Povos sobre Mudanças Climáticas e Direitos da Mãe Terra (Cochabamba, Bolivia, 2010) e no Fórum Social Temático Crises do Capitalismo justiça ambiental e social (Porto Alegre, Brasil, 2012).
Estamos coordenando nossa presença nas atividades e mobilizações em conjunto com os movimentos sociais aliados (Via Camponesa, Amigos da Terra etc).
Durante a Cúpula dos Povos, planejamos ter os seguintes espaços:
1. Alojamento da MMM para 1.000 mulheres: este será um espaço de alojamento, organização e intercâmbio, tanto para a delegação brasileira quanto para as delegadas internacionais da MMM de outros países que possam estar no Rio. Os comitês da MMM nos estados brasileiros já estão organizando atividades de formação, mobilização e de finanças para garantir a presença de suas delegações.
2. Participação nos espaços da Cúpula: organizamos nossas atividades de forma a potencializar a construção das plenárias de convergências e da assembléia dos povos, garantindo que a perspectiva feminista seja parte destes processos.
3. Mobilizações: Com os movimentos sociais aliados, planejamos ter muita ação nas ruas durante os dias da Cúpula. Estamos em processo de trabalho para visibilizar a agenda feminista nessas mobilizações. Por exemplo, na luta contra as minerações (principalmente contra a Vale), queremos denunciar como a ofensiva do capital sobre os territórios avança também sobre nossos corpos, o tema da violência, a prostituição.
No dia 18 de junho, faremos uma mobilização das mulheres, organizada com o conjunto de movimentos de mulheres do Brasil e com mulheres de movimentos mistos aliados à MMM. Nesta mobilização, queremos expressar um forte posicionamento feminista contra o capitalismo verde.
Dentro da MMM, o Comitê e o Secretariado Internacional constituíram um grupo de trabalho interno para compartilhar informações, elaborar documentos que ajudam na formação para a ação e para uma atuação política que consiga uma participação ativa e com visibilidade na Cúpula, e para o acompanhamento e coordenação da nossa atuação nos diferentes países.
Como parte de nossas alianças, reforçamos nossos eixos comuns de lutas, decididos em 2011, em Dakar: contra as empresas transnacionais, pela justiça climática e soberania alimentar, contra a violência contra as mulheres e contra a guerra, o colonialismo, as ocupações e a militarização de nossos territórios.
Para ler a declaração da Assembleia de Movimentos Sociais em Porto Alegre 2012, clique aqui:
http://www.marchemondiale.org/alliances_mondialisation/asamblea-movimientos-sociales/declarations/poa-2012/es
No Brasil, também, durante os dias da Rio + 20 prepara-se para o 20 de Junho uma mobilização com forte presença nacional e internacional.
Nós da MMM Brasil nunca vimos com muito entusiasmo os resultados deste ciclo de conferências. Nos preocupa muito o contrato de acordos amplamente aceitos que criam as bases para novos negócios, como foi, por exemplo, o Acordo de Dublin e a posterior expansão da privatização dos serviços de água.
No processo oficial da Rio+20, há um Major Group de Mulheres. Elas apresentaram suas contribuições para o rascunho zero em novembro de 2011. Neste documento há considerações de medidas concretas com as quais em parte estamos de acordo como, por exemplo, a proposição de medidas concretas para a rápida redução e eliminação dos subsídios a energias não sustentáveis como a nuclear; a afirmação do princípio de precaução; a necessidade de proteção aos sistemas de conhecimento tradicionais das mulheres indígenas frente a sua exploração pelas corporações. O grupo é critico do termo "economia verde", propõe substituí-lo por "economia equitativa e sustentável" e descreve seus princípios. Além disso, chamam a atenção sobre os limites do PIB como medida de bem-estar e propõem indicadores para avaliar os impactos de gênero.
Contudo, todas essas contribuições não aparecem no rascunho zero da ONU, que só faz uma referência genérica à desigualdade de gênero, mencionando que o desenvolvimento sustentável depende da contribuição das mulheres, que é necessário remover barreiras que impedem as mesmas de serem participantes integrais na economia e priorizar medidas que promovam a igualdade de gênero. O rascunho zero também incorpora a necessidade de desenvolver indicadores que contemplem de uma só vez o econômico, o ambiental, e o social.
Consideramos que uma análise restrita aos impactos diferentes de gênero pode se limitar a uma descrição dos impactos positivos e negativos de uma maneira fragmentada. Por exemplo, no ápice da globalização neoliberal, o aumento do trabalho remunerado das mulheres nas máquillas e a agricultura de exportação eram vistos como efeitos positivos: as mulheres tinham um rendimento próprio e por isso era mais provável que tivesse maior autonomia. Porém, havia também impactos negativos, sobretudo nas condições precárias de trabalho. Nessa lógica, se propõem medidas que equilibram os aspectos positivos e negativos. Mas nós priorizamos um olhar que analisa como o capitalismo faz uso de estruturas patriarcais no seu atual processo de acumulação e, por isso, construímos uma luta e resistência feminista e anticapitalista.
Mais informações sobre a Cúpula: www.rio2012.org.br
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
*Documento traduzido para o português por Ana Araújo, militante do núcleo da MMM na USP.
domingo, 22 de abril de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012
Arpilleras da Resistência Política Chilena
Oficina de Arpilleras com a Marcha Mundial das Mulheres no Memorial do Rio Grande do Sul
A oficina de arpilleras aconteceu na quinta feira (12/04) no Memorial do Rio Grande do Sul, organizada com apoio da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Começamos com uma visita guiada pela exposição com o intuito de fazer as participantes se conectarem com as experiências, vivências e histórias das mulheres chilenas, para depois na realização dos trabalhos poderem dar resposta e criar uma rede de memórias que conecte o passado do Chile com o passado e presente do Brasil.
Uma vez no atelier improvisado, Claudia Prates, apresentou para o resto de convidadas o trabalho da MMM, e a sua relação com as arpilleras políticas chilenas, pois a Marcha tem tudo a ver com a Resistência contra qualquer tipo de opressão em qualquer parte do Mundo. Agradeceu o convite para realizar a oficina e esclareceu que não todas as participantes fazem parte da Marcha, mas que desde a secretaria, acharam que era um trabalho tão importante que devia ser espalhado também para outros grupos de mulheres.
Dividimos em dois grupos e cada um foi trabalhando sobre tela de “arpillera” juta, discutindo a problemática local e as soluções e alternativas que podem ser implementadas desde a sociedade civil.
Um dos grupos representou as lutas das mulheres, no cenário de Porto Alegre, com o Gasómetro, o rio e o maravilhoso por de sol. As fachas que as mulheres brasileiras portam clamam pela sustentabilidade, a economia solidária, a autogestão das mulheres e a legalização do aborto.
O outro grupo tratou o tema da saúde, a sua problemática representada com uma longa fila de mulheres que aguardam na porta do consultório médico onde não tem vaga, e as respostas das mulheres para o resgate das formas tradicionais de artesanato como uma forma de contribuir na geração de renda e na sustentação da família.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
A Tirania, o Estado e os Crucifixos
Alexis de Tocqueville escreveu, em 1835, um livro intitulado Da Democracia na América. É um clássico do Estado Burguês. Contudo, há nele um conceito básico, importantíssimo, que é esquecido pela direita sempre que lhe convém: Tirania da Maioria. Essa tirania é a capacidade que um grupo maior tem de impor sua vontade sobre um grupo minoritário baseado na ideia de que decisões tomadas a partir da opinião de um número maior de pessoas são sempre democráticas.
Assim, um das grandes preocupações de sistemas democráticos é garantir que as minorias sejam ouvidas, uma vez que através da lógica “cada cabeça, um voto”, as maiorias podem sufocar os minoritários. Um dos meios para assegurar que isso não ocorra é a construção de leis, de uma constituição e de um sistema político e jurídico que permita que todas e todos possam, de fato, viver com isonomia.
Parece simples, mas não é. O Brasil é um país formado pelos povos indígenas (originários), africanos, europeus. Atualmente, poderíamos afirmar que em terras brasileiras “não há o que não haja”. São centenas de religiões e diversos idiomas para 180 milhões de pessoas. O Brasil possui, segundo a FUNAI, 817 mil índios, distribuídos entre 688 terras indígenas e algumas áreas urbanas, além de 82 referências de grupos indígenas não contatados. Imaginemos que cada uma dessas tribos deve possuir uma forma específica de divindade. Daí você pode concluir a quantidade de crenças que existem nesse país continental. Acrescente na sua lista os islâmicos, os judeus, os muçulmanos, os umbandistas - aliás, acrescente as religiões de matriz africana, pois são diversos rituais diferentes. Coloque, também, todas as outras religiões e crenças que você conhece ou já ouviu falar. Portanto, apesar da maioria da população dizer ao censo que é católica, o Brasil é formado pelos(as) católicos(as) e uma infinidade de minorias.
Portanto, quando ouço os argumentos contra a retirada de crucifixos dos prédios públicos como sendo uma tirania de uma minoria, meu estômago embrulha e meu sangue ferve. Mais furiosa eu fico quando isso parte de gente que deveria, ao menos, conhecer conceitos básicos sobre democracia, tirania e Estado. O Estado Laico é uma das formas de garantir que nenhuma maioria religiosa sufoque o direito de uma minoria de praticar o seu ritual religioso. Ou de não praticar ritual algum e de não crer em nada.
Isso é democracia: o direito de legislar sobre a própria consciência, o próprio corpo, a própria vida. Aliás, o que se pede não é nada além do cumprimento das leis brasileiras, já que no Art. 19 da Constituição Federal está expressamente vedado ao Estado “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.
Portanto, para que os que ainda baseiam suas opiniões no argumento de que a maioria da população é católica, por isso há de ter crucifixo nos locais públicos, não pode legalizar o aborto porque a maioria da população é contra, não pode liberar casamento homoafetivo porque a maioria da população é hétero. A maioria não passa, portanto, de ditadora.
Vanessa Gil
Socióloga - Especialista em Pensamento Marxista- Militante da Marcha Mundial das Mulheres
terça-feira, 10 de abril de 2012
Pela vida das mulheres! Vamos tuitar?
Pela vida das mulheres!
Marcha Mundial das Mulheres
Mulheres na UNE
Fuzarca Feminista
quinta-feira, 5 de abril de 2012
CONVITE: Arpilleras da Resistência Política Chilena em Porto Alegre – RS


CONVITE
A exposição é patrocinada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça por meio do Edital “Marcas da Memória” e será sediada pelo Memorial do Rio Grande do Sul na próxima semana, entre os dias 10 e 17 de abril, com entrada franca.
Serão realizadas visitas guiadas bem como oficinas de confecção de Arpilleras, sendo que no dia 12 de abril, as 14h, no Memorial do RS, a oficina será organizada para as militantes da Marcha Mundial das Mulheres. Inscrições com estelafeminista@gmail.com ou s.feminista@gmail.com.
A entrada é gratuita.
O agendamento de grupos para as visitas guiadas e oficinas de confecção de Arpilleras podem ser feitos através do e-mail agendaddhc@sjdh.rs.gov.br.
- Datas: 10-17 de Abril
- Lugar: Memorial do Rio Grande do Sul
- Endereço: Rua Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega – Centro Histórico
- Horario:
- Terça-Sábado: 10h-18h
- Domingos e Feriados: 13h-17
- Telefone: (51) 3224-7210