sábado, 12 de maio de 2012

Relato bate-papo Feminismo na Rio+20: Mulheres em luta contra o Capitalismo Verde

Bate-Papo Feminismo na Rio+20: Mulheres em luta contra o Capitalismo Verde
A atividade tratou de contextualizar o que é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 – para tanto problematizando seus objetivos e temáticas em discussão: 1) Economia Verde no contexto da erradicação da pobreza; 2) Estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas.
Foram apresentados os principais pontos do documento de Contribuição Brasileira `a Conferência Rio+20, mas destacando o ponto “O empoderamento das mulheres”, no qual afirma: Gênero e empoderamento das mulheres
“•  Relatório da ONU demonstra que a persistência das desigualdades entre gêneros é o maior entrave ao desenvolvimento humano nos países. Essa desigualdade, segundo a ONU, chega a provocar perdas de até 85% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e apresenta diferenças entre o meio rural e urbano.
•  As mulheres desempenham, entretanto, papel central para o êxito das políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente na promoção de padrões de produção e consumo sustentáveis. Responsáveis pela maior parte das decisões de compra e investimento das famílias, as mulheres devem ser o foco prioritário de políticas de educação e conscientização para o desenvolvimento sustentável.
•  A perspectiva de gênero e as medidas para a promoção da participação da mulher em posições de poder devem ser consideradas de forma transversal no desenvolvimento sustentável, perpassando o conjunto das políticas públicas nacionais e iniciativas internacionais. A importância do recorte do gênero para o desenvolvimento sustentável deve ser reconhecida tanto nos espaços urbanos quanto nos rurais, bem como na administração pública e nas atividades produtivas.”
Diante do material de contribuição brasileira, fez-se críticas ao restante do conteúdo, uma vez que ignorou questões como Belo Monte, mudanças do Código Florestal, Reforma Agrária, uso indiscriminado de agrotóxicos. Além de apresentar referências a um crescimento ilimitados, com incentivo ao consumo e ao crescimento econômico. 
Também houve uma discussão crítica acerca do Draft Zero (Rascunho Zero) da Rio+20, que se intitula “ O futuro que queremos”(quem queremos?), no qual propõe 10 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sendo que um deles é “Gênero e empoderamento das mulheres”. Destaca-se em tal ponto: A igualdade de gênero
1. Reconhecemos que o desenvolvimento sustentável está ligado e depende das contribuições econômicas das mulheres, tanto formal como informal. Observamos com preocupação que persistentes desigualdades sociais e econômicas, continuam a afetar as mulheres e crianças, que compõem a maioria das pessoas que vivem na pobreza.
2. Fazemos um apelo para remover as barreiras que têm impedido as mulheres de serem participantes plenas da economia e desbloquear o seu potencial como motores do desenvolvimento sustentável e priorizar medidas para promover a igualdade de gênero em todas as esferas de nossas sociedades, incluindo a educação, emprego, propriedade dos recursos , acesso à justiça, representação política, institucional de tomada de decisão, dando assistência a administração do lar e da comunidade.
3. Apoiamos o trabalho das Mulheres das Nações Unidas para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em todos os aspectos da vida e trazendo uma maior atenção para as ligações entre a igualdade de gênero e a promoção do desenvolvimento sustentável.”
Quanto ao processo oficial fez-se críticas aos formato do “Major Groups” no qual envolve a sociedade civil (mulheres, jovens, indígenas...) incluindo o setor industrial/empresarial. Tal situação inclui com desigualdade, uma vez que o poder econômico tem maior capacidade de articulação e interferências nos processos oficiais da ONU e dentro das delegações nacionais.
Também criticou-se a visão utilitarista sobre as mulheres, como protagonistas do desenvolvimento sustentável, uma vez que parece retirar a responsabilidade compartilhada de homens e mulheres frente a tal processo, remetendo as mulheres tal tarefa. As responsabilidades são comuns, porém diferenciadas.
Além disso, abordamos, de forma crítica a proposta de Economia Verde, uma vez que trata de um processo de reciclagem do Capital especulativo e degradador ambiental, uma vez que busca traçar um plano de negócios visando financeirizar e mercantilizar a natureza. Processo que apresenta uma série da falas soluções (ex: geo-engenharia, pagamento serviços ambientais). Além disso é na escassez que o sistema capitalista acumula e extrai mais, assim num ambiente de escassez ganha-se mais, logo se tiver água em abundância não tem porque cobrá-la, mas num ambiente de escassez...Assim o sistema mantem a mesma lógica de dominação da natureza, buscando soluções dentro do sistema que ajudou a criar e agravar os problemas.
Diante de tais problemáticas falou-se sobre a Cúpula dos Povos, espaço paralelo a Rio+20, promovido pela/para a sociedade civil para ser o contraponto ao processo oficial.
A Cúpula é um amplo espaço construído desde a sociedade civil global para propor uma nova forma de vida no planeta em solidariedade, contra a mercantilização da natureza e em defesa dos bens comuns.
Dentro da Cúpula, junto a outros movimentos sociais que compartilham a visão anti-capitalista, anti-patriarcal e anti-racista, a MMM, estará colocando ênfase na Assembleia Permanente dos Povos (APP), que será espaço onde, através dos depoimentos e análises, dos intercâmbios e da solidariedade, da mobilização e das ações concretas, teremos o desafio de fortalecer as lutas presentes e convocar a novas ações e iniciativas, geradoras de novas plataformas de unidade. A APP se organizará ao redor de três eixos:
-As causas estruturais da atual crise de civilização, a partir de exemplos concretos como das crises energética, financeira, alimentar e ambiental, e denúncia das falsas soluções apresentadas pelo mercado.
-A reafirmação das práticas de resistência, os novos paradigmas e alternativas construídas pelos povos;
-A agenda política de lutas para o próximo período.
Um grupo de trabalho de Metodologia está discutindo a melhor forma de organizar este processo de convergências para a Assembléia dos Povos, para visibilizar e fazer valer nossos novos paradigmas.
Durante a Cúpula dos Povos, planejamos ter os seguintes espaços:             
1. Alojamento da MMM para 1.000 mulheres: este será um espaço de alojamento, organização e intercâmbio, para MMM nacional e de outros países. Nós do RS temos uma tarefa de organizar um ônibus de mulheres.
2. Participação nos espaços da Cúpula: organizamos nossas atividades de forma a potencializar a construção das plenárias de convergências e da assembleia dos povos, garantindo que a perspectiva feminista seja parte destes processos.                           
3. Mobilizações: Com os movimentos sociais aliados, planejamos ter muita ação nas ruas durante os dias da Cúpula. Estamos em processo de trabalho para visibilizar a agenda feminista nessas mobilizações.
No dia 18 de junho, faremos uma mobilização das mulheres, organizada com o conjunto de movimentos de mulheres do Brasil e com mulheres de movimentos mistos aliados à MMM. Nesta mobilização, queremos expressar um forte posicionamento feminista contra o capitalismo verde.
Além disso, no durante a Rio + 20 prepara-se para o 20 de Junho uma mobilização com forte presença nacional e internacional.
5 de Junho: dia de mobilização internacional
Nacionalmente está sendo construída propostas de ação e também localmente, na última assembleia dos Movimentos Sociais para a Cúpula dos Povos tirou-se como indicativo organizar uma intervenção de forma coletiva.
Também em Porto Alegre, anualmente a MMM-RS envolve-se na Festa da Biodiversidade, que em 2012 ocorrerá no dia 24/05 no Largo Glênio Peres. Tal dia será também de mobilização e articulação local.
Encaminhamentos:

·      17/05 Fórum Estadual de Economia Solidária, apresentar visão feminista sobre processo oficial e Cúpula dos Povos;
. 23/05 Plenária dos Movimentos Sociais para Cúpula dos Povos;
·      24/05 Festa da Biodiversidade
·      5/06 Dia Mundial do Meio Ambiente - Ação Global
·      Organizar debate sobre antropocentrismo, feminismo, direitos animais
·      Houve, entre as presentes, intenção para viajar ao Rio de Janeiro durante a Cúpula dos Povos, mas tal processo precisa ser melhor articulada entre as entidades e movimentos parceiros da MMM;
·      Manter grupo formado no facebook para atualizar as mulheres sobre os últimos debates.

acesse os videos: https://www.facebook.com/events/423486340996120/

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