Bate-Papo Feminismo na Rio+20:
Mulheres em luta contra o Capitalismo Verde
A atividade tratou de
contextualizar o que é a Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 – para tanto problematizando
seus objetivos e temáticas em discussão: 1) Economia Verde no contexto da erradicação da
pobreza; 2) Estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável no
âmbito das Nações Unidas.
Foram apresentados os principais pontos
do documento de Contribuição Brasileira `a Conferência Rio+20, mas destacando o
ponto “O empoderamento das mulheres”, no qual afirma: Gênero e empoderamento das mulheres
“• Relatório da ONU
demonstra que a persistência das desigualdades entre gêneros
é o maior entrave ao desenvolvimento humano nos países. Essa desigualdade,
segundo a ONU, chega a provocar perdas de até 85% no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e apresenta diferenças entre o meio rural e urbano.
• As mulheres desempenham,
entretanto, papel central para o êxito das políticas de desenvolvimento
sustentável, especialmente na promoção de padrões de produção e consumo
sustentáveis. Responsáveis pela maior parte das decisões de compra e
investimento das famílias, as mulheres devem ser o foco prioritário de
políticas de educação e conscientização para o desenvolvimento sustentável.
• A perspectiva de gênero e as
medidas para a promoção da participação da mulher em posições de poder devem ser consideradas de
forma transversal no desenvolvimento sustentável, perpassando o conjunto das
políticas públicas nacionais e iniciativas internacionais. A importância do
recorte do gênero para o desenvolvimento sustentável deve ser reconhecida tanto nos espaços urbanos
quanto nos rurais, bem como na administração pública e nas atividades
produtivas.”
Diante do material de contribuição
brasileira, fez-se críticas ao restante do conteúdo, uma vez que ignorou
questões como Belo Monte, mudanças do Código Florestal, Reforma Agrária, uso
indiscriminado de agrotóxicos. Além de apresentar referências a um crescimento
ilimitados, com incentivo ao consumo e ao crescimento econômico.
Também houve uma discussão crítica
acerca do Draft Zero (Rascunho Zero) da Rio+20, que se intitula “ O futuro que
queremos”(quem queremos?), no qual propõe 10 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, sendo que um deles é “Gênero e empoderamento das mulheres”.
Destaca-se em tal ponto: A igualdade de gênero
1. Reconhecemos que o desenvolvimento
sustentável está ligado e depende das contribuições econômicas das
mulheres, tanto formal como informal. Observamos com preocupação que
persistentes desigualdades sociais e econômicas, continuam a afetar as mulheres e
crianças, que compõem a maioria das pessoas que vivem na pobreza.
2. Fazemos um apelo para remover
as barreiras que têm impedido as mulheres de serem participantes plenas da economia e
desbloquear o seu potencial como motores do desenvolvimento sustentável e
priorizar medidas para promover a igualdade de gênero em todas as esferas de nossas
sociedades, incluindo a educação, emprego, propriedade dos
recursos , acesso à justiça, representação política, institucional de tomada
de decisão, dando assistência a administração do lar e
da comunidade.
3. Apoiamos o trabalho das
Mulheres das Nações Unidas para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em
todos os aspectos da vida e trazendo uma maior atenção para as ligações entre a
igualdade de gênero e a promoção do desenvolvimento sustentável.”
Quanto ao processo oficial fez-se
críticas aos formato do “Major Groups” no qual envolve a sociedade civil
(mulheres, jovens, indígenas...) incluindo o setor industrial/empresarial. Tal
situação inclui com desigualdade, uma vez que o poder econômico tem maior
capacidade de articulação e interferências nos processos oficiais da ONU e
dentro das delegações nacionais.
Também criticou-se a visão
utilitarista sobre as mulheres, como protagonistas do desenvolvimento
sustentável, uma vez que parece retirar a responsabilidade compartilhada de
homens e mulheres frente a tal processo, remetendo as mulheres tal tarefa. As
responsabilidades são comuns, porém diferenciadas.
Além disso, abordamos, de forma
crítica a proposta de Economia Verde, uma vez que trata de um processo de
reciclagem do Capital especulativo e degradador ambiental, uma vez que busca
traçar um plano de negócios visando financeirizar e mercantilizar a natureza.
Processo que apresenta uma série da falas soluções (ex: geo-engenharia,
pagamento serviços ambientais). Além disso é na escassez que o sistema
capitalista acumula e extrai mais, assim num ambiente de escassez ganha-se
mais, logo se tiver água em abundância não tem porque cobrá-la, mas num
ambiente de escassez...Assim o sistema mantem a mesma lógica de dominação da
natureza, buscando soluções dentro do sistema que ajudou a criar e agravar os
problemas.
Diante de tais problemáticas
falou-se sobre a Cúpula dos Povos, espaço paralelo a Rio+20, promovido
pela/para a sociedade civil para ser o contraponto ao processo oficial.
A Cúpula é um amplo espaço
construído desde a sociedade civil global para propor uma nova forma de vida no
planeta em solidariedade, contra a mercantilização da natureza e em defesa dos
bens comuns.
Dentro da Cúpula, junto a outros
movimentos sociais que compartilham a visão anti-capitalista, anti-patriarcal e
anti-racista, a MMM, estará colocando ênfase na Assembleia Permanente dos Povos
(APP), que será espaço onde, através dos depoimentos e análises, dos
intercâmbios e da solidariedade, da mobilização e das ações concretas, teremos
o desafio de fortalecer as lutas presentes e convocar a novas ações e
iniciativas, geradoras de novas plataformas de unidade. A APP se organizará ao
redor de três eixos:
-As causas estruturais da atual
crise de civilização, a partir de exemplos concretos como das crises
energética, financeira, alimentar e ambiental, e denúncia das falsas soluções
apresentadas pelo mercado.
-A reafirmação das práticas de
resistência, os novos paradigmas e alternativas construídas pelos povos;
-A agenda política de lutas para o
próximo período.
Um grupo de trabalho de
Metodologia está discutindo a melhor forma de organizar este processo de
convergências para a Assembléia dos Povos, para visibilizar e fazer valer
nossos novos paradigmas.
Durante a Cúpula dos Povos,
planejamos ter os seguintes
espaços:
1. Alojamento da MMM para 1.000
mulheres: este
será um espaço de alojamento, organização e intercâmbio, para MMM nacional e de
outros países. Nós do RS temos uma tarefa de organizar um ônibus de mulheres.
2. Participação nos espaços da
Cúpula: organizamos
nossas atividades de forma a potencializar a construção das plenárias de
convergências e da assembleia dos povos, garantindo que a perspectiva feminista
seja parte destes processos.
3. Mobilizações: Com os movimentos sociais
aliados, planejamos ter muita ação nas ruas durante os dias da Cúpula. Estamos
em processo de trabalho para visibilizar a agenda feminista nessas
mobilizações.
No dia 18 de junho, faremos
uma mobilização das mulheres, organizada com o conjunto de movimentos de
mulheres do Brasil e com mulheres de movimentos mistos aliados à MMM. Nesta
mobilização, queremos expressar um forte posicionamento feminista contra o
capitalismo verde.
Além disso, no durante a Rio + 20
prepara-se para o 20 de Junho uma mobilização com forte presença
nacional e internacional.
5 de Junho: dia de mobilização
internacional
Nacionalmente está sendo
construída propostas de ação e também localmente, na última assembleia dos
Movimentos Sociais para a Cúpula dos Povos tirou-se como indicativo organizar
uma intervenção de forma coletiva.
Também em Porto Alegre,
anualmente a MMM-RS envolve-se na Festa da Biodiversidade, que em 2012
ocorrerá no dia 24/05 no Largo Glênio Peres. Tal dia será também de
mobilização e articulação local.
Encaminhamentos:
· 17/05 Fórum Estadual de Economia
Solidária, apresentar visão feminista sobre processo oficial e Cúpula dos
Povos;
. 23/05 Plenária dos Movimentos
Sociais para Cúpula dos Povos;
· 24/05 Festa da Biodiversidade
· 5/06 Dia Mundial do Meio Ambiente - Ação Global
· Organizar debate sobre
antropocentrismo, feminismo, direitos animais
· Houve, entre as presentes,
intenção para viajar ao Rio de Janeiro durante a Cúpula dos Povos, mas tal
processo precisa ser melhor articulada entre as entidades e movimentos
parceiros da MMM;
· Manter grupo formado no facebook
para atualizar as mulheres sobre os últimos debates.
acesse os videos: https://www.facebook.com/events/423486340996120/
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