Em caso de estupro, o
aborto poderá ser feito até a 14.ª semana de gestação
Matt Rubens/Wikimedia
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Aborto: o projeto volta
ao Senado uruguaio, onde não deve ter problemas para sua aprovação
final
Buenos Aires - Por 50
votos a 49, a Câmara do Uruguai aprovou, no fim da noite de
terça-feira (25), um projeto de lei que descriminaliza o aborto até
a 12.ª semana de gestação. Em caso de estupro, o aborto poderá
ser feito até a 14.ª semana; em caso de risco para a mãe, não
haverá prazo limite. Para fazer o procedimento, a mulher terá de
explicar sua decisão para um tribunal.
O texto muda a proposta
que havia sido aprovada pelo Senado em dezembro. Por isso, o projeto
volta ao Senado, onde não deve ter problemas para sua aprovação
final, já que o partido governista da Frente Ampla tem maioria
absoluta. Se o projeto for ratificado, o Uruguai será o primeiro
país da América do Sul a descriminalizar o aborto.
A proposta do partido
do governo foi rejeitada duas vezes. A última delas, a denominada
Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva, foi vetada pelo então presidente
Tabaré Vázquez, em 2008, que citou a justificativa razões
filosóficas e biológicas, provocando uma crise partidária. O
presidente José Pepe Mujica já anunciou que não vetará o projeto.
A Frente Ampla teve o
apoio de um dos deputados do Partido Independiente (PI, de centro),
Iván Posada, que compensou a perda do voto de um deputado
governista, Andrés Lima, autorizado pelo partido a votar contra a
matéria. Tanto a Frente Ampla quanto o Partido Colorado (de
centro-direita) decidiram aplicar a disciplina partidária para o
tratamento da matéria.
A medida fez com que
vários deputados declarassem, antecipadamente, a decisão de se
retirar do plenário na hora da votação, para serem substituídos
por suplentes.
Para seus defensores, a
lei dará à mulher as maiores garantias para realizar o aborto, como
afirmou Posada. Já os contrários, como o Partido Nacional, evocaram
o direito à vida e a defesa dos direitos humanos. O texto estabelece
que toda mulher terá direito a decidir sobre a interrupção
voluntária de sua gravidez durante as primeiras 12 semanas da
gestação.
De acordo com o
deputado governista Juan Carlos Souza, o projeto não legaliza o
aborto, mas abre uma instância importante para que as mulheres
decidam livremente se vão abortar, com adequado apoio médico e
legal, sem que sejam consideradas criminosas.
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