Tenda da Solidariedade: “Somos todas Apodi”
A solidariedade entre as mulheres é uma das bases de sustentação do nosso feminismo. Ela nos une através dos continentes e da nossa diversidade. Nossa solidariedade está em movimento, se constrói na prática e nos fortalece como mulheres em marcha até que todas, absolutamente todas, sejamos livres.
“Somos todas Apodi” é a tenda que apresenta ações de solidariedade que realizamos no Brasil e em diversas partes do mundo. Esse nome é uma referência à nossa solidariedade ativa com as companheiras do Rio Grande do Norte que resistem ao agro e hidronegócio em seus territórios.
A programação das rodas de conversa atualiza as demandas de companheiras que vivenciam em seu cotidiano situações extremas de desigualdade econômica, militarização e controle de seus corpos, povos e territórios pelas forças do capitalismo patriarcal.
As rodas de conversa terão tradução consecutiva em português.
Programação
Dia 26, 20h – Tunísia e Marrocos
Na Tunísia, a revolta popular que se iniciou em janeiro de 2011 depôs o ditador Ben Ali e inspirou revoltas em todo o mundo , sobretudo no mundo árabe. Enquanto as organizações progressistas, dentre elas associações feministas como ATFD e a central sindical UGTT, mantiveram-se nas ruas pela radicalização das reformas, o islamismo político e fundamentalista também se organizava ocupando o Congresso, o governo de transição e as ruas, o que colocou em cheque direitos fundamentais das mulheres e acelerou uma política econômica neoliberal. Mais recentemente o assassinato dos líderes políticos de esquerda Chokri Belaid e Mohamed Brahmi evidenciaram o método de sequestro da política pelo terror. Participam da roda de conversa Basma Khalfaoui e Souad Mahmoud, falando em francês.
No Marrocos, a emergência do movimento de contestação, em 20 de fevereiro de 2011, amplificou lutas sociais históricas, como as dos diplomados desempregados ou das mulheres afetadas pelas políticas de micro-crédito. A Monarquia respondeu com forte repressão, prisões políticas e o chamado de uma nova Constituição, que foi boicotado e teve baixa participação. No início deste mês de agosto, novas manifestações contra o rei Mohamed VI atravessaram o país, frente à sua decisão de libertar da prisão um confesso pedófilo espanhol. Participa da roda de conversa Khadija Rhamiri, falando em francês.
Dia 27, 19h30 – Cuba
Por mais de 50 anos, Cuba sofre um criminoso embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos. Esse embargo tem como objetivo enfraquecer e isolar o país e tudo o que ele representa enquanto desafio aos preceitos do capitalismo patriarcal. As tentativas de deslegitimar a experiência cubana, por parte dos países do centro do capitalismo, se dão em meio à grave crise e retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Visibilizar a luta das mulheres cubanas na construção de outro modelo de vida é essencial para reforçar os laços da região e para construir processos de integração regional verdadeiramente calcados na solidariedade e complementariedade. Participam da roda de conversa Elpidia Moreno, Carla López e Maria del Carmen Barroso, falando espanhol.
Dia 28, 13h – Bangladesh
Em 24 de abril de 2013, um edifício onde funcionavam várias oficinas de costura de empresas internacionais desabou, deixando um saldo de mais de 1.000 mortes, a maioria mulheres. As trabalhadoras da indústria têxtil não têm direito à sindicalização, trabalham em péssimas condições, em longas jornadas e com salários baixíssimos (RS$70,00/mês). Ao mesmo tempo, o crescimento do fundamentalismo islâmico ligado ao Talibã ataca as mulheres que trabalham fora de casa, impõe o uso de véu e as punições da sharia. Participa da roda de conversa Salima Sultana, falando em inglês.
Dia 28, 19h30 – Grécia
Desde 2008, a crise econômica afeta severamente o povo na Grécia. E são as mulheres, jovens, pobres e imigrantes, que estão enfrentando a maior parte das consequências: desemprego, redução do investimento em políticas de bem-estar e aumento da violência sexista. Esse país vivenciou manifestações massivas para denunciar as falsas soluções impostas pelas elites e pelo poder financeiro de diversos países da Europa. Para fazer com que as vozes da resistência feminista a essa crise sejam escutadas, Dimitra Spanou participa desta roda de conversa, falando em inglês.
Dia 29, 13h – Sahara Ocidental
A República Árabe Saharaui Democrática tem grande parte de seu território ocupado pela Monarquia Marroquina, justamente a costa de pesca abundante e a zona de produção de fosfato. A população Saharaui divide-se entre a zona ocupada, uma estreita faixa de zona liberada e os acampamentos de refugiados no deserto na Argélia. As mulheres são ativas lutadoras pela autodeterminação de seu povo e de si próprias, inclusive nas zonas ocupadas que se sublevaram no acampamento de Gdeim Izik, no final do ano 2010. Apesar da União Africana e 80 países reconhecerem RASD, o governo brasileiro ainda não a reconhece. Participa da roda de conversa Chaba Siny, falando em espanhol.
Dia 29, 19h30 – República Democrática do Congo (RDC) e República Centro Africana (RCA)
O encerramento da Terceira Ação Internacional da MMM, em 2010, se deu em Bukavu, no leste da República Democrática do Congo. Esta região é marcada por décadas de um conflito armado que tem por trás interesses econômicos no controle das riquezas minerais e florestais da região. A violência sexual contra as mulheres é arma de guerra de uso corrente por todos os grupos armados, rebeldes, exército, e mesmo pelos capacetes azuis das Nações Unidas. Em 2013, a ofensiva de milícia ugandesa e da milícia M23 provocaram novas violações, assassinatos e deslocamentos de população. Participam da roda de conversa Adèle Kagarabi e Eudoxie Nziavake, falando em francês.
Um golpe de estado realizado pelo grupo armado Séléka mergulhou a República Centro Africana no caos, com assassinatos, pilhagens, violações e abusos sexuais e ausência total de Estado de direito. A fome, a sede e a falta de acesso a serviços de saúde, frente ao crescimento da malária, ameaçam milhares de pessoas, sobretudo mulheres e crianças que se refugiam do conflito em meio à floresta. Mais de 200 mil pessoas são refugiadas internas e 60 mil vão para outros países, a maioria para a RDC. A população Centroafricana se sente abandonada pela comunidade internacional frente à grave crise humanitária que enfrentam. Participa da roda de conversa Chantal Manzibahi, falando em francês.
Dia 30, 13h – Palestina
O maior número de refugiados do planeta é formado por palestinos e palestinas, que ocupam hoje apenas 2% de seus territórios originais. A ação do Estado genocida de Israel conta com a conivência, apoio e financiamento de outros Estados poderosos, como os Estados Unidos, e gera muito lucro para a indústria armamentista. Ser militante, neste contexto, é um processo que altera profundamente a vida de cada uma das mulheres. A repressão, a prisão e até a tortura estão no horizonte de quem decide resistir a essa ocupação violenta e lutar pela palestina livre. Participa da roda de conversa Khitam Khatib, falando em inglês.
Dia 30, 19h30 – Guatemala e Haiti
Em abril deste ano, teve início na Guatemala o julgamento do ditador Ríos Montt, acusado de comandar o genocídio do povo indígena ixil, nos anos 1980, incluindo atos sistemáticos de violência sexual. Considerado culpado, a sentença, entretanto, foi anulada pela Corte de Constitucionalidade. A Justiça prometeu retomar os debates e o julgamento até abril de 2014. Enquanto isto, os militares reagem de maneira ofensiva. Criminalizam as e os defensores dos direitos humanos, imputando-lhes crimes que não cometeram, as desqualificam publicamente e as ameaçam. Ao mesmo tempo, se intensifica a criminalização e as ameaças contra as comunidades que defendem seus territórios, e aos trabalhadores que resistem à privatização. Participam da roda de conversa Nancy Delgado, Gloria Esperanza e Sandra Morán, falando em espanhol.
O Haiti vive sob uma ocupação militar, gerando uma terrível ameaça ao direito de soberania. As forças estrangeiras ameaçam e violentam a população, praticam violência sexual contra as mulheres e geram uma situação de constante controle. Por terem imunidade, não são punidos pelos seus atos. A militarização no país, ao invés de melhorar a situação de vida dos haitianos e haitianas, acirra ainda mais as contradições e precariza a vida da população. O terrível terremoto que atingiu o país em 2010 agravou, ainda mais, situação da população, e vitimou muitas pessoas, inclusive algumas de nossas companheiras, que sempre serão lembradas por sua luta. A epidemia de cólera, inoculada pela brigada nepalesa, já fez milhares de mortes e infectados. Nada foi feito para responsabilizar essa força estrangeira por essa atrocidade. Participa da roda de conversa Samia Salomon, falando em francês.
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