Chamado a ação
Semana de ação pelo fim da prostituição! Em defesa da liberdade das mulheres!
A semana de 4 a 11 de junho será marcada por ações feministas em defesa da liberdade das mulheres, pelo fim da prostituição.
A Marcha Mundial das Mulheres convoca todas as suas militantes a realizar ações públicas em cada local em que estamos organizadas (no final desta mensagem, enviamos sugestões de ação).
A semana de ação foi definida em nossa última reunião nacional, quando avaliamos coletivamente que a véspera da Copa do Mundo da FIFA é o momento para denunciar a indústria do sexo que gera lucros para empresários e prazer para os homens, as custas do corpo e da sexualidade das mulheres.
Queremos denunciar os circuitos estabelecidos da prostituição, nas cidades sede da Copa mas em todos os cantos do Brasil: nas cidades, nas estradas, nos canteiros das grandes obras.
Queremos propor um diálogo na sociedade sobre o papel estruturante da prostituição no patriarcado, nas relações econômicas e nas hierarquias entre as mulheres, marcadas no Brasil pela desigualdade racial. Queremos denunciar publicamente o papel dos homens, do Estado e do capital no controle do corpo das mulheres.
Nesta semana de ação, estaremos nas ruas para:
- Denunciar a prostituição como parte do atual modelo: Vemos no território brasileiro um grande aumento da prostituição nas áreas de mineração, da construção de usinas hidrelétricas ou nas obras da Copa do Mundo, como no Itaquerão (SP) ou no Castelão (CE). Em uma lógica desenvolvimentista que reduz o desenvolvimento ao crescimento ilimitado, o corpo das mulheres amortece os impactos da superexploração do trabalho e da destruição do território.
- Denunciar o turismo sexual: queremos explicitar que o funcionamento do turismo no Brasil tem a prostituição como um pressuposto e uma base de movimentação de bilhões de reais. Queremos dar visibilidade a como funciona o turismo sexual em cada cidade, seja nas cidades do litoral como em várias praias do Ceará ou Santa Catarina, seja nas cidades que recebem os executivos e incluem a prostituição em pacotes de entretenimento ou nas cidade sede da copa.
- Dar visibilidade à realidade e essência da prostituição: a maior parte das pessoas prostituídas são mulheres, na grande maioria são as mais pobres, as que são expulsas de suas terras, as que são vendidas por suas famílias, as que são prostituídas junto aos canteiros das grandes obras, das mineradoras, das madeireiras, das empresas do agronegócio. Além de serem os homens que demandam a compra de sexo, a grande maioria de quem lucra com a prostituição é composta por homens, que controlam boa parte do que as mulheres prostituídas recebem.
- Explicitar quem se beneficia com a regulamentação da prostituição: As casas de prostituição, mesmo sendo proibidas pela legislação brasileira, anunciam seus serviços em outdoors em Fortaleza e em São Paulo, nos jornais em Florianópolis e em toda a internet. Oscar Maroni, o conhecido (e já condenado) dono de uma das principais casas de prostituição de São Paulo, se apressou em deixar claro qual é sua “jogada de marketing” para o evento: esconder o rosto da mulher prostituída e do cliente que financia a exploração, promovendo sua casa e seu lucro. Nas ruas iremos denunciar a hipocrisia do atual projeto de lei que, ao contrário de promover os direitos e a autonomia econômica das mulheres, o visa suprir uma necessidade da indústria sexual, que juntamente com as grandes corporações, buscam utilizar o corpo das mulheres para faturar altos montantes em grandes eventos como a Copa do Mundo.
- Lutar pela superação dos preconceitos, da marginalização e da estigmatização das mulheres prostituídas. São necessárias ações efetivas do Estado para garantir os direitos das mulheres em situação de prostituição, para por fim à violência e discriminação das mulheres prostituídas quando vão a consultas médicas, ou quando tentam denunciar nas delegacias alguma violência que sofrem. É urgente a garantia de aposentadoria como parte de uma política de seguridade social universal. Assim como são necessárias políticas de ação afirmativa seja no campo econômico ou de direitos sociais. Ou seja, o Estado tem que ser demandado e precisa assumir um papel ativo na transformação da vida das mulheres prostituídas.
- Afirmar a defesa da liberdade das mulheres: Queremos questionar o discurso liberal sobre a prostituição que justifica a banalização da sexualidade e a imposição de novos modelos para a mesma subordinação das mulheres. Esta semana de ação é parte da nossa luta por transformações estruturais na sociedade, inserido na luta para garantir uma vida sem qualquer tipo de violência para todas as mulheres, em que o exercício da nossa sexualidade esteja livre do estigma da mercantilização dos nossos corpos e também do cerceamento e moralismo religioso.Esta perspectiva é, portanto, radicalmente distinta do individualismo liberal que defende a liberdade de cada mulher para fazer o que quiser com seu corpo, sem uma crítica e rompimento com as práticas patriarcais. Reforçamos a vinculação entre liberdade, igualdade e autonomia, buscando realmente decidir sobre nossa vida e sexualidade, sem a indução pela vontade dos outros.
Sugestões de ação:
Além de rodas de conversa e atividades de formação, é preciso aproveitar o momento político que vivemos na véspera da Copa do Mundo da FIFA para sair as ruas em ações públicas. Nas cidades-sede da Copa, ou com um intenso turismo sexual, esse pode ser o mote das ações. É importante que a ação dialogue com a realidade da prostituição em cada local.
Em cada lugar que a Marcha está organizada, sugerimos:
- Intervenções urbanas, como colagem de lambe-lambe. Pode ser legal mapear o circuito do turismo sexual em sua cidade e usar estes locais (hoteis, casas, etc) como espaço de intervenção.
- Manifestações com a batucada feminista
- Panfletagens
- Exibição pública do vídeo “Nosso corpo nos pertence?”. É possível fazer contato com cine-clubes, cine-bairro, coletivos de cultura que possam contribuir para projeção do vídeo em locais públicos.
- Debates abertos com os movimentos sociais aliados em nossa luta.
Até a semana de 4 a 11 de junho, iremos circular mais textos no blog da MMM e é importante que as militantes de vários estados contribuam com textos!
Não esqueçam de enviar informações sobre o que estão planejando em cada lugar!
Estamos em marcha até que todas as mulheres sejam livres!
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