A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) tem como estratégia de construção, dois aspectos fundamentais: o fortalecimento da auto-organização das mulheres e a construção de alianças com outros movimentos sociais, com os quais possui identidade e visão comum sobre o um projeto de mudanças da sociedade. Essa aliança é importante para ampliar a perspectiva feminista nas várias organizações, tanto do ponto de vista da agenda, como do fortalecimento das mulheres. Isso leva a um sentido estratégico no que se refere a construir forças para definir mudanças antisistêmicas e essa convergência contribui para a construção de um projeto político global que transcenda a dimensão no setorial ou apenas reivindicativo. Nesse mesmo sentido compreendemos que em vários momentos da conjuntura exige uma aliança mais ampla que junte o maior número possível de movimentos em fóruns, coordenações, articulações. Sempre no sentido de construção de unidade frente as ofensivas conservadoras e também é com a unidade que se pode avançar processos políticos.
Este tem sido nosso percurso. Participamos ativamente da campanha contra a Alca e OMC, do processo FSM, assembleia dos movimentos sociais em nível internacional. No caso do Brasil, em 2003 fomos parte das organizações que propôs a construção da CMS, partindo da compreensão necessidade de unidade e diálogo critico, autonomia dos movimentos em relação aos governos, mesmo sabendo que isso não ocorre da mesma forma em um governo totalmente impopular e quando é um governo que a candidatura foi apoiada por setores progressistas ou de esquerda. Sabemos que um governo do campo de esquerda altera a forma como se dá a luta de classes e coloca possibilidades de disputar mudanças progressistas, mas também acirra o embate. Por outro lado, a relação dos movimentos com o Estado é marcada por tensões, dado o caráter do Estado e é importante a atuação autônoma dos movimentos sociais para que se estabelecer o debate e poder avançar na organização popular em busca de hegemonia de uma projeto de transformações estruturais.
Somos parte da Assembleia Popular e da Plenária de Movimentos Sociais que articulou a proposta do plebiscito e a luta pela constituinte exclusiva pela reforma política e esse é o campo de alianças definido há vários anos pela MMM.
Conjuntura atual e a construção da Frente:
Desde o fim do segundo turno e as reações pela direita – mostraram que embora o embate se dava contra a presidência evidenciava um acirramento da luta de classes e de ofensiva da direita. Uma demonstração disso foi a composição do congresso, na eleição de Cunha e nas pressões sobre a Dilma que resultou na adoção de políticas de ajuste. Os movimentos se viram no duplo objetivo de defender e criticar. Ao mesmo tempo a compreensão de que exigia unificação de amplos setores para ter capacidade de alterar a correlação de forças. E nesse momento o debate colocou a necessidade que inclusive deveria ser uma frente protagonizada pelos movimentos, mas aberta a participação de partidos de esquerda.
N primeiro semestre algumas iniciativas foram tomadas que não se consolidaram, ao mesmo tempo foi um período de muitas mobilizações algumas organizadas por uma articulação de movimentos (embora não unificando todos) como o 13 de março que os movimentos foram as ruas lutar por mais democracia e nenhum direitos a menos. Nessa mobilização se expressou ao mesmo tempo, a rejeição ao golpismo, mas afirmando as críticas as políticas de ajuste colocadas pela presidenta Dilma. Ainda há que se destacar que houve várias mobilizações que colocou com centralidade a crítica ao PL 4330 que trata do tema da terceirização.
No final de junho houve a reunião com a presença várias organizações, intelectuais, lideranças partidárias que deu inicio à proposta de formação da Frente Brasil Popular.
Posteriormente foram realizadas outras reuniões nacionais, incluindo um debate com vários economistas onde se aprofundou o debate sobre a necessidade de mudanças na atual política econômica e onde se propôs a realização de uma conferência nacional em 5 de setembro na cidade de Belo Horizonte.
Para a Conferência Nacional se elaborou um manifesto de lançamento da Frente Brasil Popular aborda 4 eixos: a defesa dos direitos dos e das trabalhadoras e dos direitos sociais, Defesa da democracia e por outra política econômica, Soberania nacional e processos de integração latino-americana e reformas estruturais e populares. Foram a partir desses temas que se organizaram os grupos de discussão de onde resultará um documento que consolide essa visão.
Um dos primeiros elementos a destacar na avaliação do processo de construção da Frente Brasil Popular até esse momento é em relação ao programa político que toca os principais pontos em questão no embate vivido hoje no Brasil. Tem como ponto de partida a defesa intransigente da democracia, rechaçando as tentativas golpistas e manipulatória da direita que tenta desestabilizar o processo de mudanças e impor retrocessos a classe trabalhadora. A posição política da Frente identifica as mudanças estruturais necessárias para alterar esse quadro de crise institucional com a defesa da reforma política e outras reformas estruturais, inclusive com a fora de atacar as raízes da corrupção.
O programa também identifica a necessidade urgente de alterar a atual política econômica e interromper a recessão e optar por uma política que promova a estabilização econômica recuperando a capacidade de investimento, o crescimento, distribuição de renda e ampliação de políticas sociais.
No aspecto organizativo um elemento a destacar é que a participação no lançamento superou as expectativas dos organizadores e outro elemento é que em vários estados já há articulações que farão parte da frente. E com isso pode –se ter a expectativa que esse é um processo que rapidamente estará enraizado em todos os estados. Com isso espera-se ampliar a capacidade de mobilizações e ações simultâneas como já apontou a definição de um dia nacional de luta e a data marcada da primeira reunião nacional.
Nesse período pós conferência foi realizada uma reunião nacional com dois representantes de cada movimento nacional e frentes estaduais já constituídas, algumas a partir de processo já existentes anteriormente. Nessa reunião foram trabalhados os conteúdos da sistematização dos grupos na Conferência Nacional e definiu-se uma coordenação operativa com a presença de sete movimentos: CUT, MST, CMP, MMM, UNE, CONEM e CTB e na CUT funcionará a secretaria operativa.
No dia 3 de outubro, data do aniversário da Petrobrás houve a primeira mobilização nacional da Frente Brasil Popular com a realização de atos em 17 estados, onde já se formou um espaço estadual e que mostra o rápido processo de enraizamento.
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