Por Mahara Jneesh*
Muito tem se falado da “cultura do
estupro” depois do último acontecimento com a irmã de 16 anos no Rio, as
feministas já batem nessa tecla faz algumas décadas, e continuaremos!
Algumas coisas precisam ser lembradas nessa realidade bizarra que
vivemos dentro da cultura do estupro.
Quero falar sobre a cultura do estupro
institucionalizado chamada PORNOGRAFIA, mulheres sendo violentamente
agredidas por muitos homens é um dos gêneros mais assistidos na
pornografia que circula livremente na internet, é possível encontrar
muitos vídeos reais de estupro, existe uma modalidade só pra isso e
muito possivelmente os vídeos que circularam do estupro coletivo em
questão, já estão nessas listas nos sites pornográficos.
Se o amiguinho acha que faz parte da sua
liberdade individual ver um pornozinho as vezes, afinal, não está
agredindo ninguém, compartilhar vídeos também… sua semelhança com os 30
estupradores é notória!
Os altos lucros da indústria pornográfica
são proporcionais à violência que sofrem as mulheres cotidianamente.
Fazemos parte de uma geração que tem iniciado sua vida sexual através de
material pornográfico disponível na rede, significa que ao procurar por
corpos nus essa pessoa terá acesso logo em seguida ao pornohard que é a
modalidade mais assistida/vendida.
Ou seja, a normalização de situações
degradantes das quais mulheres são submetidas, tornam se também um ideal
de vivencia de uma sexualidade masculina em que cabe às mulheres o
papel de submissão. São homens se formando e modelando seus desejos
através da pornografia, acreditando em um livre acesso aos corpos das
mulheres que devem naturalmente sentir prazer ao sofrerem violência;
principalmente aquelas que andam de roupas curtas, ou no escuro, ou
sozinhas ou qualquer outra coisa que nunca irá justificar um estupro.
Estes mesmos sites pornográficos que
vendem violência, muita violência, também vendem um milhão de coisas
além da pornografia, promessas de melhor desempenho sexual e etc, etc…
muitas possibilidades de negócio são criadas através da apropriação do
corpo das mulheres, capitalismo e patriarcado continuam de mãos dadas
reinventando maneiras de dizer que somos livres enquanto nos aprisionam
cada vez mais. “Pornografia não é um amontoado de imagens aleatórias,
não é fantasia – fantasia acontece na cabeça, pornografia acontece nos
bancos internacionais do capitalismo. Dois lugares completamente
diferentes.” Gail Dines
*Mahara Jneesh é militante da Marcha Mundial das Mulheres em Minas Gerais.
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