Foto: Rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) (Corpo de Bombeiros/Divulgação)
A Marcha Mundial das Mulheres do
RS vem por esta nota prestar total solidariedade aos atingidos pelo rompimento
da barragem da Mina Feijão em Brumadinho-MG. Mais um crime cometido pela
empresa Vale, assim como foi em 2015 no município de Mariana com o rompimento
da barragem da Samarco, matando 19 pessoas e um rio. Já se passaram três anos e
não houve justiça, os atingidos não foram indenizados ou assistidos como
deveriam, e o Rio Doce, assim como diversos habitats do entorno, estão
completamente degradados. O crime se repete neste ano de 2019, porém dessa vez
com mais destruição e vidas perdidas. Até agora já são 99 mortos e mais de 270
desaparecidos (30/01/2019), comunidades destruídas e 12 mil m³ de rejeitos
descendo rio abaixo podendo atingir em até 30 dias um dos maiores rios do país,
o Rio São Francisco, impossibilitando o abastecimento de água e comprometendo a
produção de energia para milhares de pessoas.
Sabemos que a atividade de
extração mineral é uma das bases da economia brasileira, sendo um dos países
que mais importam matéria prima mineral. É uma atividade grandiosa de alto
risco e potencial poluidor, que modifica grandes extensões de área, atingindo
flora e fauna e toda natureza direta e indiretamente, além de consumir imensas
quantidades de água para o beneficiamento do minério extraído. Sabemos também
que a Vale é uma das empresas mais ricas do mundo pois seus lucros são
exorbitantes a partir da supra exploração dos minérios e suas exportações.
Anteriormente, quando a Vale era uma empresa estatal, os lucros tinham destinos
estatais, como para políticas públicas, melhorias de infraestrutura para
população, melhorias no setor da saúde e etc... Hoje, sendo uma empresa
privada, vendida nos anos 90 pelo ex-presidente FHC, os destinos dos lucros também
são privados, para empresários e outros profissionais da elite dominante do
capital. Para que os lucros se mantenham altos, mesmo com as quedas dos valores
das matérias primas no mercado internacional, é preciso “cortar gastos” e estes
cortes são geralmente em áreas importantíssimas para garantir a segurança de
todos perante esta atividade como, por exemplo, monitoramentos constantes,
planos de prevenção, projetos mais onerosos, porém mais adequados, e ações e
medidas corretivas. Tudo isso que foi citado demanda muito estudo e custa muito
dinheiro e, em certos casos, valores a cima das multas impostas pelos poderes
públicos. Os cortes de gastos nunca são diretamente nas rendas e salários dos
milionários que lucram com a mineração, mas sim em investimentos que acabam por
precarizar as condições de trabalho. O contrato de serviços terceirizados é uma
maneira de a empresa diminuir os custos com funcionários e a Lei da
Terceirização, aprovada em 2017, veio corroborar e institucionalizar esta
precarização.
Sentimos imensa dor por toda
destruição causada, pelos assassinatos dos trabalhadores e das trabalhadoras,
assim como pelos seus familiares que sofrem, e também por todos os habitats que
foram destruídos com a enxurrada de lama tóxica. Frente o capital, nossas vidas
não valem nada. Frente ao capital, não há sustentabilidade da vida. Também
sentimos muito por todas as mulheres que terão que ser resistentes para garantir
os cuidados da família, dos doentes e das crianças como alimentação e moradia,
pois a ordem patriarcal joga toda essa responsabilidade para as mulheres que
trabalham exaustivamente, sem garantia ou remuneração, pela invisibilidade do
trabalho de cuidados essencial. O modelo capitalista exploratório da natureza e
dos corpos, aprofunda as desigualdades e gera tristeza e morte. Seguiremos na
luta por justiça, por uma sociedade feminista, livre de pobreza e desastres,
pela sustentabilidade de toda a vida, compreendendo os recursos e os limites
naturais e pela autonomia das mulheres com fim do patriarcado capitalista, pois
somos nós que mais sofremos nas crises.
Água, mulheres e energia não são
mercadorias!
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