Esse momento para uma mulher com a minha trajetória, tem um significado especial.
Digo isso, por estar vivendo um momento de pertencimento, de minha identidade, enquanto mulher negra feminista.
Tenho
consciência, do grande desafio e compromisso que devo assumir, nesse
lugar que conquistei, com muitos obstáculos superados.
O que
me trás, ao encontro de um dos motivos que me move, responsabilidade de
manter o legado, construído por grandes mulheres negras que me
antecederam.
Derramaram suas lágrimas, muito suor e sangue, para que, nós mulheres pretas tivéssemos a oportunidade de estar
nesse espaço de visibilidade.
Nesse mês de julho, onde comemoramos o dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha Tereza de Benguela. Essa
nossa grande referência, aqui do nosso Brasil, quanto uma líder
quilombola, líder política que transformou o quilombo em que chefiou por
mais de 20 anos, em um lugar de produção. Esse quilombo
tinha uma diferença entre os outros quilombos da época, que era o fato de
ser multiétnico com predomínio de negros, indíos e cafuzos.
É
importante considerar esta característica desse quilombo para a
época, pois possuía uma povoação com quase 200 habitantes livres,
construindo e mantendo uma sociedade alternativa que dizia não a
escravidão da pessoa pela pessoa.
Tereza de Benguela comandou a estrutura política , econômica e administrativa do quilombo.
Isso demonstra a grandiosidade dessa líder quilombola quanto a sua visão feminista de inclusão e organização que ela construiu.
Assim,
com este grande exemplo, nós mulheres pretas, seguimos esse legado de
construção, organização dessa nossa pauta antirracista com muito
acúmulo, e alternativas, para rompermos com essa saga de crueldade que
nossas mulheres pretas ainda são submetidas, por essa grande estrutura
escravocrata, que comanda o sistema capitalista em nosso Brasil.
Tenho
certeza que nesse momento de pandemia está sendo necessário forçar
esse debate entre nós mulheres plurais, reconhecendo e respeitando o
lugar de fala de todas.
Por isso encerro dizendo a todas, o que a grande Conceição Evaristo nos disse.
"Eles combinaram em nos matar "
"Nós combinamos de não morrer"
Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres
*Isis Marques -Secretária de Combate ao Racismo da CUT RS, militante feminista da MMM RS
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