domingo, 21 de março de 2010

Mulheres brasileiras encerram a Marcha em alto astral


Mulheres brasileiras encerram Marcha em alto astral!

sábado 20 de março de 2010

Muitos duvidaram que a MMM, no Brasil, conseguiria concluir sua parte na Ação Internacional 2010! Por isso, a vitória foi comemorada com abraços, sorrisos, lágrimas e cantos de luta, no ato de encerramento em 18 de março. Não adiantou a tentativa de frustar a festa, encomendada pela burguesia do Pacaembú, elas prometem continuar marchando!

Terezinha Vicente Ferreira

10 anos de Marcha Mundial das Mulheres (MMM) marcados com uma caminhada que ultrapassou os 100km! 100 anos do 8 de março, “comemorados de forma digna e realmente de luta!” festejou Nalu Faria, da Coordenação, no ato político de encerramento da Ação Internacional 2010 da MMM, no final da tarde desta quinta-feira, 18 de março. “Assim como as companheiras russas deram início à revolução de 1917, queremos caminhar para um processo revolucionário em nosso país!”

“No batuque do tambor (tum tum tum) a revolta social (tum tum tum) nós somos as mulheres (tum tum tum) da Marcha Mundial!”

Batucavam os tambores da Fuzarca Feminista, acompanhados pelo grande coro feminino, das mais de 2 mil mulheres que chegaram à Praça Charles Miller, no Pacaembú, depois de 10 dias caminhando, convivendo, aprendendo, numa experiência única e inesquecível, conforme diversos depoimentos. Lá estavam para nos receber, representações de outros movimentos que não puderam estar na Marcha, trabalhadoras que não puderam acompanhar suas companheiras na contundente atividade. A recepçao emocionante e emocionada, se deu também na estação Barra Funda, da CPTM, por onde desembarcou o formigueiro de mulheres aqui em São Paulo - no único trecho em que não caminhou a pé, vindas da estação Osasco, última cidade por onde passou a Marcha.

“Contra a pobreza e a opressão (tum tum tum) do capitalismo patriarcal (tum tum tum) nós vamos provocar uma revolução mundial!”

Fortes críticas ao modelo de exploração capitalista, sustentado pela opressão, racismo, machismo, lesbofobia, apareceram nas falas de todas aquelas mulheres, externadas por Nalu no encerramento. “Já faz mais de 30 anos que o movimento de mulheres sai às ruas para denunciar a violência contra as mulheres e a impunidade continua! O judiciário continua defendendo apenas seus interesses e os da elite. Não suportamos mais a hipocrisia em relação ao aborto!”

“Se o papa fosse mulher O aborto seria legal! Seria legal e seguro, Seria legal e seguro!”

Bernardete Monteiro, coordenadora da MMM em MG, havia lembrado da dificuldade de muitas mulheres em lutar “até que todas sejamos livres”, eixo central desta ação. A maioria teve que pactuar na familia e no trabalho para se libertar por alguns dias do seu cotidiano e viver essa rica experiência. Olga, da Bahia, falou pelas mulheres indígenas; Kika Bessen, de SP, pelo movimento de mulheres negras, dedicando sua fala às que partiram recentemente. “A luta das mulheres negras seguira junto com a MMM, pois nossos direitos não estão garantidos nem aqui, nem em boa parte do mundo”.

“A violência contra a mulher, não é o mundo que a gente quer”.

“Não sabendo que era impossível, elas foram e fizeram!”, festejou Cinthia Abreu (LBL-SP), falando sobre as reivindicações antigas das lésbicas, e sobre a diversidade presente na marcha. Mulheres guerreiras, libertárias, foram saudadas também por Etelvina Magioli, representando o MST e a Via Campesina, que lembrou a importância da segurança alimentar e a luta contra a criminalização dos movimentos sociais. Falaram ainda no encerramento outras lideranças feministas, como Fabíola, da UNE, Rosane Silva (CUT) e Carmem Foro, da Contag.

Liminar para estragar a festa

Claro que a MMM provocou a ira da burguesia de São Paulo, incluindo muitas famílias paulistas com belas casas em Valinhos e Vinhedo, por onde iniciamos a Marcha. Por todo o trajeto, recebemos saudações e aplausos; entretanto, a comissão de segurança teve muito trabalho com os carros que tentavam furar o formigueiro de mulheres, e com os xingamentos de muitos homens. Mas nada comparável ao trecho que marchamos na Av. Pacaembú, onde a violência se mostrou bem maior. Ao contrário das demais cidades, aqui não tivemos o auxílio da CET, apenas dos soldados da PM.

“Pisa ligeiro, pisa ligeiro, Quem não pode com as mulheres não atiça o formigueiro!”

Ao chegarmos, soubemos que a Associação Viva Pacaembú entrara com pedido na justiça, tentando impedir o ato de encerramento. A associação tem uma liminar da Justiça, desde 2005, que proíbe a realização de espetáculos e shows no estádio. Embora não se tratasse de show algum, da previsão de término ser para as 21h, os ricos moradores daquela região não queriam ouvir os discursos das feministas.

Além dos seus porta-vozes, os barões da mídia comercial, que tentaram ignorar a importante ação das mulheres, a Associação conseguiu impedir a apresentação das três cantoras que encerrariam a comemoração. Ellen Oléria, veio da Bahia para se apresentar em Várzea Paulista - onde fez tremendo sucesso - e todas queríamos ouví-la novamente. Assim como ela, Miriam Maria (SP) e Cátia de França (PB), estas mais conhecidas, são cantoras e feministas militantes, não vendidas aos esquemas comerciais. Mais um desrespeito.

“A nossa luta é todo dia Somos mulheres e não mercadoria. A nossa luta é por respeito Mulher não é só bunda e peito”

Em solidariedade às mulheres do Haiti, as marchantes recolheram contribuição de todas. Foi lembrado ainda, por Nalu Faria, que a Ação 2010 continua em mais de 50 países do mundo, encerrando-se apenas em 17 de outubro, na República Democrática do Congo, na África. “Ao longo destes 10 anos”, disse ela, “temos exercitado este movimento, que existe em todos os continentes. Nossa solidariedade é com as mulheres do mundo inteiro. Enquanto houver uma única mulher oprimida seguiremos marchando!”

Alguns números da Marcha

50 mil copos de água 200 mil litros de água 5 toneladas de legumes 6 toneladas de carne 60 mulheres trabalhando no apoio 100 mulheres na cozinha 200 mulheres trabalhando na limpeza, por revezamento 46 mil quilos de bagagem transportada

Fonte:Ciranda Internacional de Informação Independente

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