sábado, 3 de julho de 2010

A violencia contra a mulher não é o mundo que a gente quer.


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Um comentário:

  1. O CASO 'ELIZA SAMUDIO'
    E O MACHISMO TOTAL


    O caso Eliza Samudio
    Que tem chocado o Brasil
    Emerge como prelúdio
    De um grande desafio:
    Exortar nossa Justiça
    Pra deixar de ser omissa
    Ante o machismo tão vil!

    Trata-se de um momento
    De grande reflexão
    Pois não basta só lamento
    Ou alguma oração
    É hora de provocar
    Propondo um outro olhar
    Sobre processo e ação

    Saiu na televisão
    Rádio, internet e jornal
    Notícia em primeira mão
    Toda manchete é igual:
    Ex-amante de goleiro
    (Aquele cheio de dinheiro!)
    Sumiu sem deixar sinal

    Muita especulação
    - discurso de autoridade-
    Uns dizem que é armação
    Outros dizem que é verdade
    Polícia e delegacia
    Justiça e promotoria:
    Fogueira de vaidades!

    Mei-mundo de advogados
    Investigação global
    Cada um no seu quadrado
    Falando em todo canal
    Subjacente a tudo
    Um peixe muito graúdo:
    Androcentrismo total!









    A mídia fala em Bruno
    Eliza e gravidez
    Flamengo, orgia e fumo
    -esta é a bola da vez!-
    Tem muito 'especialista'
    Em busca de alguma pista
    Pra ser o herói do mês

    E a história se repetindo
    Mudando apenas o nome
    Outra mulher sucumbindo
    Sob ameaça dum homem
    Uma vida abreviada
    Cuja morte anunciada
    A estatística consome

    Assim é a violência
    Lançada sobre a mulher
    Ela pede providência
    E cara faz o que quer
    Mas a Justiça, que é lerda,
    Machista, 'fazendo merda'
    Vem com papo de mané

    E oito meses depois
    Da 'denúncia' inicial
    Que é o feijão com arroz
    Do distinto tribunal
    Nadica de nada existe
    Mas autoridade insiste
    Que isto, sim, é normal:

    “A culpa é do Instituto
    Que não mandou o exame”
    - isto soa como insulto
    e daqueles mais infame-
    Não era caso de urgência?
    -tenha santa paciência!-
    Para que serve um ditame?

    A moça buscou amparo
    Na Justiça do país
    Agiu correto, é claro
    E esperou do juiz
    O tal reconhecimento
    Sobre o pai do seu rebento
    Tendo a vida por um triz





    Também fez comunicado
    Ao campo policial
    Dizendo que o namorado
    Praticou crimes e tal
    Buscou as vias legais
    Enfrentou feras reais
    Terá sido este o seu mal?

    Mesmo com a delegacia
    Dita especializada
    E com toda a apologia
    De uma Lei avançada
    Faltou ter a ruptura
    Com aquela velha cultura
    De que a mulher é culpada

    E o cumprimento legal
    No caso, muito importante
    Seria mais um arsenal
    Para enfrentar o gigante
    Mudar a mentalidade
    De nossas autoridades
    É fator preponderante

    E para que isto ocorra
    Entre outra alternativa
    Antes que mais uma morra
    E o caso fique à deriva
    É preciso compreender
    Que Justiça é pra fazer
    Enquanto a mulher tá viva!

    Sei que nada justifica
    Que haja tanta demora
    E enquanto o caso complica
    A vítima 'já foi embora'
    Sem medida protetiva!
    Sequer prisão preventiva!
    Quanta inoperância aflora!

    Se o exame era necessário
    À elucidação do crime
    O Estado-perdulário
    Neste campo fez regime
    Ficando no empurra empurra
    No velho: ''mulher é burra,
    e joga no outro time”





    Todo crime tem problemas
    De toda diversidade
    Assim como há esquemas
    Também há dificuldades
    Mas pra mim é evidente
    Que o machismo presente
    Premia a impunidade

    Machismo compartilhado
    Por gente de toda cor
    Do goleiro ao empregado
    Do primo ao executor
    Autoridades também
    Implicitamente têm
    Um machismo inspirador

    Cada 'doutor' se expressa
    Centrado no garanhão
    É o mote da conversa:
    Fama, grana e traição
    Ao se referir a ela
    Falam da menina bela
    Que fez filme de tesão

    Falta a compreensão
    Da questão relacional
    Gênero, classe, profissão
    Cor e status social
    O processo é narrativa
    Que emerge da saliva
    Falocêntrica-legal

    E ainda que alguns digam
    “Oh, Eliza, coitadinha”
    E suas doutrinas sigam
    Desvendando pegadinhas
    A escola dogmática
    Do direito-matemática
    Perpetua ladainha

    obs: PARA LER O CORDEL NA INTEGRA VISITE
    Salete Maria
    www.cordelirando.blogspot.com

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