Porto Alegre - A Marcha
Mundial das Mulheres (MMM) participou nesta segunda-feira, 24 de setembro, do seminário
de formação promovido pela Coordenação de Movimentos Sociais de preparação rumo
ao Fórum Social Mundial Palestina Livre, que contou com a participação da professora
Analucia Pereira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e da
deputada Haneen Zoabi, deputada palestina no Knesset (parlamento israelense).
Analucia recuperou como a intervenção imperialista européia
na região do Oriente Médio, promovida principalmente pela Grã-Bretanha e a
França, levou à situação atual. Alguns marcos nessa história foram o acordo
Sykes-Picot, em 1916, e a criação da organização sionista mundial, em 1897, com
objetivo de criar um estado judeu. “O sionismo começou tímido porque os judeus
estavam espalhados por vários países da Europa, mas conquistou apoio importante
dos banqueiros e estabeleceu um fundo nacional judaico, que permitiu compra de
terras na Palestina. A combinação entre os interesses britânicos e os do
movimento sionista se aprofundou e, em 1948, logo após a 2ª Guerra Mundial,
resultou na partilha do território para a criação de dois estados, na qual se
previa que 57% das terras seriam destinadas aos judeus e o restante para os palestinos,
cuja população era infinitamente maior, além do estabelecimento das nações
árabes como se conhece hoje”.
Formado já em 1948, o Estado de Israel inicia nesse mesmo ano
uma série de guerras que avançaram sobre a área destinada ao estado Palestino (não
reconhecido até hoje). A partir da Nakba (como é reconhecido esse primeiro
período de limpeza étnica promovida pelos sionistas), os palestinos se viram envolvidos
em um abraço mortal por parte de Israel que continuou a avançar com várias
guerras, como a Guerra dos 6 dias, em 1967, a guerra do Yom Kipur, em 1973, e a
guerra do Líbano, em 1982 (quando ocorreu o massacre de palestinos nos campos
de Shabra e Shatila – clique para ver imagens em: http://www.youtube.com/watch?v=XXab_tNjj4I)
A Palestina saiu da pauta das grandes discussões
internacionais mas a partir da maturação do movimento político dos palestinos,
com a criação da OLP – Organização pela Libertação da Palestina, as intifadas
(revoltas populares na Cisjordania e em Gaza) e em função da primavera árabe,
palestinos tomaram iniciativa de retomar a criação do Estado Palestino, tema
que estará novamente na agenda da ONU na assembléia que se realiza a partir do
dia 25 de setembro.
Unir esforços para
denunciar o estado racista de Israel
“Mais terras para os judeus e menos palestinos”: assim a
deputada Haneen Zoabi sintetiza o que é a política racista e colonialista
promovida pelo estado de Israel em relação aos palestinos, seja em Israel, seja
nos territórios ocupados. Ela faz parte da geração de palestinos que nasceu no
território ocupado em 1948 e chama atenção que só será possível acabar com a
impunidade trazendo a público os detalhes de como Israel se organiza em termos
legais essa contínua opressão.
“Israel se autoafirma como um estado democrático e diz que
promove a ocupação e constrói um muro para isolar a Palestina do restante de
Israel por questões de auto-defesa”. A realidade, no entanto, é bem diferente.
Há um conjunto de 33 leis que regulam todos os aspectos da vida – educação,
planejamento urbano, legislação, partidos políticos etc. – que excluem, ignoram
e discriminam os cidadãos de origem palestina e que caracterizam o racismo
praticado pelo estado de Israel. Para conhecê-las visite o site www.adalah.org (somente em inglês e árabe).
Tais leis proíbem, por exemplo, que as crianças palestinas
que estudam em escolas árabes conheçam sua história e o que acontecia antes de
1948; que qualquer oganização ou entidade que receba recursos públicos fale
sobre a ocupação da Palestina; e retira a cidadania de israelenses que casem
com palestinos que vivem fora de Israel, por exemplo na Cisjordânia, Brasil ou
qualquer outra parte do mundo. “Israel quer nos apagar da história, e para isso
renomeia cidades palestinas com nomes judeus e nos identifica como
árabes-israelenses, muçulmanos ou não-judeus, nunca como palestinos, buscando
desconectar-nos de nossa história”. Além disso, Israel impede nosso acesso ao
mercado de trabalho: somos 18% da população em Israel, mas pouco mais de 7% no
funcionalismo público e apenas 1% no setor privado”. Ela destacou que o bom
árabe frente ao estado israelense é aquele que perdeu sua identidade, esqueceu
sua história e dá legitimidade ao estado judeu.
Haneen criticou os acordos assinados em Oslo, em 2000, que
desconsideram os direitos dos palestinos que vivem nos territórios ocupados em
1948. Ela fez um chamado para que se unifique a luta em solidariedade aos
palestinos, não apenas em torno ao fim da ocupação como também em relação ao
direito de retorno dos palestinos. Destacou que o mundo inteiro se uniu para
derrubar o apartheid na África do Sul com boicotes ao país africano, traduzidos
em impedimentos de participação em eventos internacionais e rompimentos
diplomáticos e comerciais. Ela destacou que Israel busca legitimar suas
políticas pressionando para que a ONU o reconheça como estado judeu, e afirmou
que essa é uma estratégia para legitimar sua política racista.
A deputada ressaltou que antes de lutar pelos direitos
palestinos, os movimentos sociais brasileiros devem lutar pelo seu próprio
direito à informação e pela democratização dos meios de comunicação como a Rede
Globo, que é controlada pelo lobby sionista e impede a sociedade de ter acesso
a esse conjunto de informações. Por fim, Haneen chamou atenção para os acordos
militares e comerciais assinados entre o governo brasileiro e o governo de
Israel: “se somos a favor dos palestinos, é preciso dizer não a tais acordos.
Sua assinatura apenas dificulta ainda mais a luta palestina”.
A luta das mulheres
palestinas
A Marcha Mundial das Mulheres é integrante ativa do Comitê
de Organização do FSMPL e também da secretaria nacional. Perguntamos à deputada
qual a participação das mulheres na luta de resistência palestina e ela nos
explicou que, em que pese sua maior escolarização, as mulheres vêem seu espaço
reduzido pois têm que lidar com a sobrecarga de trabalho diário, resultado da completa destruição da infra
estrutura em decorrência das ocupações promovidas por Israel. Pessoalmente, por
ser mulher, ela sente que sua opinião é menos escutada em seu partido e no
parlamento. “Como em vários outros países do mundo, as mulheres participam das
lutas, mas não as lideram”. Por isso, "A luta pela emancipação do povo
palestino não é separada da luta feminista", completa a Haneen.
Tarso Genro afirma
compromisso do governo brasileiro com direitos do povo palestino
Em coletiva de imprensa realizada na manhã do dia 24, o
governo do estado do Rio Grande do Sul ressaltou que o governo brasileiro
defende o direito de existência de um estado palestino nos patamares mínimos
instituídos a partir dos acordos de Oslo. “A luta é muito dura, contra
determinações econômicas, financeiras, globais. O povo brasileiro também não é
estranho a essas pressões. À medida em que começamos a mudar o modelo de
desenvolvimento e nos libertamos da tutela do capital financeiro internacional,
recebemos da mídia vinculada a esse sistema toda sorte de ataques. Estamos
formando uma nação democrática e soberana, e esse é um processo muito difícil.
Felizmente, graças à sabedoria do povo brasileiro de saber escolher seus
dirigentes, está em implementação uma revolução democrática hoje em nosso país,
social, dentro de estado de direito. Que o povo palestino recupere seu estado,
instaure plenitude do direito democrático.Mais informações:
O Fórum Social Mundial Palestina Livre acontece de 28 de novembro a 1º de dezembro de 2012, Porto Alegre - RS (Brasil)
Os organizadores:
O comitê preparatório no Brasil constitui-se de uma grande coalizão de 36 movimentos, sindicatos, ONGs e etc., além de comunidades palestinas no Brasil. A CUT e a Marcha Mundial de Mulheres atuam como secretaria e ponto de contato do evento.
O Comitê Nacional Palestino une forças políticas da Palestina, em sua maioria da sociedade civil. É formado por palestinos na Faixa de Gaza e da Cisjordânia, cidadãos e cidadãs palestinos (as) em Israel e refugiados (as).
O Comitê Internacional foi articulado no Conselho Internacional do FSM. Reúne organizações de varias regiões do mundo e é responsável pela mobilização internacional para o evento.
Site: www.wsfpalestine.net
O Fórum Social Mundial Palestina Livre acontece de 28 de novembro a 1º de dezembro de 2012, Porto Alegre - RS (Brasil)
Os organizadores:
O comitê preparatório no Brasil constitui-se de uma grande coalizão de 36 movimentos, sindicatos, ONGs e etc., além de comunidades palestinas no Brasil. A CUT e a Marcha Mundial de Mulheres atuam como secretaria e ponto de contato do evento.
O Comitê Nacional Palestino une forças políticas da Palestina, em sua maioria da sociedade civil. É formado por palestinos na Faixa de Gaza e da Cisjordânia, cidadãos e cidadãs palestinos (as) em Israel e refugiados (as).
O Comitê Internacional foi articulado no Conselho Internacional do FSM. Reúne organizações de varias regiões do mundo e é responsável pela mobilização internacional para o evento.
Site: www.wsfpalestine.net
Fonte: Marcha Mundial
das Mulheres - RS
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