Durante
o FSMPL (Fórum Social Mundial Palestina Livre), no dia 30 de
novembro, a MMM (Marcha Mundial das Mulheres), realizou a atividade
“Construindo a solidariedade na ação”. Participaram ativistas
da Argentina, México, Itália, Canadá, Tunísia, Palestina, África
do Sul ... e, para surpresa de muitas, Ângela Yvonne Davis dos
Estados Unidos. Declarou-se militante pelos direitos das mulheres e
contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos.
Nascida
a 26 de janeiro de 1944, em Birmingham, Alabama, um dos estados mais
racistas do sul dos Estados Unidos, lia muito desde a adolescência e
participou de um intercâmbio que oferecia bolsa de estudos para
negros na região norte. Estudou, pois, em Nova Iorque e, em
Massachussets, com Herbert Marcuse. Na década de 60 iniciou
militância em partido de esquerda, a seguir participou do movimento
Black Power, aliando-se aos Panteras negras. Ângela
Davis tinha vivas as imagens de jovens afrodescendetes
americanos, inclusive, meninas, mortos no bombardeio da igreja de
Birmingham em 1963. Desde a graduação, militou no Clube
Che-Lumumba, ramo negro do partido comunista.
Foi alvo
dos holofotes ao se lançar em defesa de três negros em cujo
julgamento, pela parcialidade ancorada no racismo, já se previa a
injusta condenação. Três jovens, inclusive o irmão de um dos
réus, invadiram o recinto do júri, seqüestraram o juiz e o
promotor e fugiram num veículo. O tiroteio da polícia resultou na
morte de dois dos jovens, na paralisia do promotor; o juiz foi
esfaqueado e faleceu. Acusada de cumplicidade, Ângela Davis ficou
foragida durante dois meses, mas acabou capturada. Pela sua
libertação, os Rolling Stones e John Lennon & Yoko Ono lhe
dedicaram canções que ganharam o mundo. Absolvida e libertada,
passou um tempo em Cuba.
Aguerrida
lutadora pela abolição da pena de morte e pela extinção dos
cárceres terceirizados que abrigam um milhão de negros/as, por sua
militância de esquerda, foi demitida da cátedra na Universidade da
Califórnia. Lutou nos tribunais e reconquistou o cargo. Viajou o
mundo fazendo palestras. Ainda hoje leciona História da Consciência
na mesma universidade: insiste na importância da
interdisciplinaridade do feminismo acadêmico e da militância,
enfatizando a necessidade dos estudos se inspirarem na metodologia
das lutas.
Sobre as
ações afirmativas para negros/as, declarou que o Brasil está bem à
frente dos Estados Unidos, considerando que as cotas nas
universidades gradativamente desembocarão em substanciais
transformações.
Afirma
enfaticamente que, embora os louros tenham recaído sobre Martin
Luther King, foram as mulheres negras que, na década de 50,
iniciaram o movimento pelos direitos de negros e negras: as anônimas
trabalhadoras domésticas e lavadeiras que trabalhavam na casa dos
brancos.
Iolanda
Toshie Ide
Militante feminista da Marcha Mundial das Mulheres, Lins/SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário