Outro mundo só é possível com feminismo
O
Fórum Social Mundial surge no início dos anos 2000 como espaço da
sociedade civil organizada em luta contra a ofensiva neoliberal e a
globalização. É fruto dos movimentos antiglobalização,
anticapitalista e anti-imperialistas para ser um espaço de
convergência democrática de ideias e reflexões, aprofundamento de
análises, e formulação de propostas, troca de experiências e
articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras
organizações da sociedade civil.
Após
o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, se configurou como um
processo permanente de busca e construção de alternativas às
políticas neoliberais. Esta definição está na Carta de
Princípios* , principal documento do FSM. Tal documento
explicita o caráter do FSM quando afirma ser esse “um espaço
aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate
democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de
experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e
movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao
domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo,
e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária
orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com
a Terra”.
O
Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização e se
caracteriza também pela pluralidade e pela diversidade, tendo um
caráter não confessional, não governamental e não partidário.
Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada
e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas,
do nível local ao internacional, pela construção de um outro
mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da
sociedade civil mundial.
A
Marcha Mundial das Mulheres e o Fórum Social Mundial
Nossa
constituição está intimamente ligada ao FSM, pois já na primeira
edição em 2001, estivemos presentes com uma delegação de mulheres
de vinte países. Em 2002, pautamos no FSM a violência contra as
mulheres e como o machismo e o sexismo se expressam no cotidiano de
cada uma de nós. Juntamente com a Rede Mulheres Transformando a
Economia debatemos e formamos novas estratégias para combater a
aliança perversa e tão nociva à vida das mulheres que é a aliança
do capitalismo com o patriarcado. E assim seguiu nossa participação,
sempre pautada na luta anticapitalista, antiglobalização e na busca
de reforçar os laços de solidariedade com os demais movimentos que
acreditavam que um outro mundo é possível.
Atuamos
no Fórum Social Mundial desde o início por ser um espaço
privilegiado para levar a cabo nosso projeto de mudar o mundo e para
estabelecer alianças com outros movimentos sociais. Somos um
movimento antiglobalização e antipatriarcal, e tornamos públicas
nossas resistências e alternativas através de mobilizações de
rua, da educação popular, da produção de conhecimento e da
construção coletiva de novas formas de expressão.
Conectamos
as feministas de diferentes partes do mundo que acreditam na
necessidade de se organizarem localmente e atuar juntas para combater
as realidades globais, que são o patriarcado, imperialismo, o
machismo, a lesbofobia, o racismo, o neoliberalismo e o
neoconservadorismo.
A
história dos movimentos sociais está entrelaçada com a do Fórum
Social Mundial (FSM)
O
fortalecimento dos movimentos que encontram seus pares em outras
partes do mundo e a articulação ao redor de agendas comuns, como
foi o caso da oposição à guerra e ao imperialismo, são
frequentemente afirmadas como resultados positivos do FSM. Mas além
disto, uma das principais contribuições do FSM tem sido mudar o
ambiente onde são realizadas as ações e os debates políticos além
de promover uma nova aproximação entre os diversos campos dos
movimentos sociais, construindo um terreno intermediário. Este novo
território evitou (provavelmente) o isolamento de alguns destes
movimentos e ampliou a agenda política de outros.
Foi
com esse espírito que participamos do Fórum Social Temático, Crise
Capitalista Justiça Social e Ambiental preparatório à Cúpula dos
Povos na Rio + 20 no início desse ano. Estivemos presentes no Rio de
Janeiro durante a Cúpula dos Povos reafirmando nossa luta contra o
capitalismo verde e a favor da soberania alimentar, e a garantia dos
bens comuns com a água e a terra.
E
dessa forma que, a Coordenação dos Movimentos Sociais do RS e
Nacional junto com vários movimentos pró Palestina Livre, reuniram
esforços na construção, em Porto Alegre, do FSM Palestina Livre,
ocorrido no mês de novembro último, denunciando o imperialismo do
Estado de Israel e buscando ampliar a solidariedade internacional com
o povo palestino. Nós da Marcha Mundial das Mulheres estivemos
presentes desde o início dessa construção na afirmação da
Soberania da Palestina como um tema permanente na nossa luta e
elaborações.
Estaremos
participando do Fórum Social Mundial 2013, entre 26 e 30 de março,
em Tunís, na Tunísia. Como sabemos, em anos pares se realiza
em Porto Alegre o Fórum Social Mundial Temático, abordando sempre
um tema de importância internacional e que esteja dentro dos
princípios do FSM. Nos anos ímpares, acontecem as edições
centralizadas, sempre em um continente diferente e em países onde se
faça necessário o fortalecimento da solidariedade internacional,
como nesse momento na Tunísia.
Os
Movimentos Sociais podem se reconhecer mais e se unir uns aos outros
se o ritmo do Fórum não for um obstáculo à ação em si. A
experiência do Dia de Ação Global foi expressiva e nos leva a
propor claramente uma alternância entre FSM local, temático/regional
e internacional, como uma forma de reforçar o processo e torná-lo
realidade em mais países.
Não
à institucionalização do FSM
Há
várias “forças” que, recorrentemente, tentam institucionalizar
o processo FSM. E no caso de Porto Alegre, transformando em lei para
ficar sob batuta do poder público, da Prefeitura Municipal.
Para
quem não sabe, está em tramitação na Câmara de Vereadores um
projeto de lei do executivo que estabelece a anuidade do evento. Isto
agrada apenas à “indústria Fórum”, e claro ao capital, ao
oportunismo e a despolitização.
Não
vamos compactuar com esta manobra política e queremos contribuir
para o restabelecimento de uma efetiva agenda política de crítica
global do sistema.
Desta
forma, não reconhecemos o evento que está sendo chamado de Fórum
Social Mundial Temático 2013/Porto Alegre, por estar na contra mão
das lutas históricas contra o neoliberalismo e o imperialismo, o
conservadorismo, a institucionalização, orquestrada por governos ou
por determinado setor.
Para
todas as militantes feministas:
Orientamos
a todas as militantes feministas a NÃO participarem deste evento,
por entender que ele fere a Carta de Princípios do Fórum Social
Mundial, uma vez que não apresenta uma agenda política
internacional de contraponto à Davos, ao ao imperialismo, ao
neoliberalismo e ao capital. Nossa luta é de resistência ao modelo
capitalista patriarcal, representado pelos setores que apoiam este
evento de janeiro em Porto Alegre.
Celebramos
a derrota do neoliberalismo no campo das ideias e de que contribuímos
para isso. Contudo, observamos que “alguns dos temas trazidos pelo
alter-mundialismo, têm sido apropriados pelo discurso do capital e
apresentados, cada vez mais, como novas mercadorias para servir ao
capital. Não vamos permitir que a luta dos povos seja transformada
em mercadoria política.
Nós,
da Marcha Mundial das Mulheres, estamos comprometidas em construir
processos para a convergência de lutas e alternativas. Nossa
referencia é a Carta Mundial das Mulheres à Humanidade, embasada na
igualdade, liberdade, justiça, solidariedade e paz; e atualmente nos
focamos na desmercantilização e desmilitarização do mundo.
Conclamamos
as todas as mulheres a construirmos juntas um outro mundo possível,
que passa obrigatoriamente pelo feminismo – numa ação conjunta
contra o capitalismo patriarcal, o machismo, o racismo e a
lesbofobia. Por um mundo livre de muros e laico.
Seguimos
afirmando que, para mudar a vida das mulheres, o mundo precisa mudar;
mas que também, para mudar o mundo, a vida das mulheres precisa
mudar. Tudo ao mesmo tempo e agora!
Marcha
Mundial das Mulheres RS
Bom dia, a COOPERATIVA AFRO-BRASILEIRA DE GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA; É solidaria a esta corajosa e oportuna manifestação.
ResponderExcluirLUIZ ALBERTO PIRES
( COORDENADOR )