quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NOTA DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SOBRE O JULGAMENTO DO ESTUPRO COLETIVO PRATICADO POR INTEGRANTES DA BANDA NEW HIT


NOTA DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SOBRE O JULGAMENTO DO ESTUPRO COLETIVO PRATICADO POR INTEGRANTES DA BANDA NEW HIT
No dia 26 de agosto de 2012, na cidade de Ruy Barbosa na Bahia, duas adolescentes foram estupradas por 9 homens integrantes da Banda New Hit, dentro do ônibus do grupo. As meninas se dirigiram ao veículo para pedir autógrafos e parabenizar um dos integrantes que fazia aniversário. Lá, foram violentadas de forma brutal e humilhante, com a conivência e também violência de um Policial Militar.
Em virtude do caso, no dia 26 de outubro de 2012, nós, da Marcha Mundial das Mulheres, fomos até a casa de veraneio do estuprador Eduardo Martins, vocalista da Banda New Hit. Afirmamos que enquanto não houver justiça haverá escracho feminista!
Para nós, exigir a punição de todos os estupradores e agressores às mulheres é tarefa fundamental dos que defendem a igualdade e a liberdade. A impunidade incentiva e naturaliza a violência contra a mulher.
Além do sofrimento provocado pelo crime violento, as vítimas estão distantes da sua cidade, afastadas do convívio social e tendo suas liberdades cerceadas. Sofreram violência sexual e encontram-se encarceradas por conta das ameaças de morte. Enquanto isso, os autores do crime estão em liberdade realizando shows pelo Brasil. Uma completa inversão de valores, quando quem comete a violência é consagrado, enquanto quem a sofre é relegada ao silêncio e a ter que se esconder para sobreviver.
Casos como esses são cada vez mais recorrentes em nossa sociedade que convive com a violência às mulheres como forma de dominação e exploração. No geral, a violência é utilizada como controle da vida, do corpo e da sexualidade das mulheres. Muitos estupros tentam ser justificados porque caminhamos sozinhas à noite, porque somos lésbicas, ou quando desobedecemos aos maridos. A lógica da violência funciona como “corretivo” às mulheres consideradas “putas”. Um castigo por desobedecermos as normas que nos são ensinadas/impostas.
No caso do estupro coletivo cometido pelos integrantes da Banda New Hit não foi diferente. As adolescentes foram julgadas como vagabundas e que mereciam o estupro por terem subido no veículo em que estavam 9 homens.
O estupro é talvez a manifestação mais cruel da violência machista, anuncia o fato de que a mulher não tem possibilidade de escolhas sobre o seu próprio corpo, e que nossas vidas estão inscritas no limite da subordinação aos homens.
Vivemos um momento na conjuntura da vida das mulheres em que a classe dominante tenta consolidar a idéia de que a igualdade já foi alcançada e a luta feminista não é mais necessária. Essa idéia tenta ser difundida principalmente nos países que, por exemplo, possuem mulheres na presidência, ou em outros cargos importantes do Estado, porém, os dados relativos aos índices de violência às mulheres da classe trabalhadora são alarmantes.
Segundo o Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil, publicado em 2012 pelo Instituto Sangrari, a cada três minutos uma mulher sofre algum tipo de violência. Entre os anos de 1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país. Nos últimos dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, representando um aumento de 230% em relação ao período anterior. Ademais, sabemos que apenas 2% dos agressores de mulheres são condenados, o que demonstra o completo descaso das autoridades às inúmeras violências sofridas pelas mulheres.
No Brasil, a lei Maria da Penha representa um avanço, fruto da luta do movimento feminista, mas os problemas de precariedade nos órgãos e na rede de atendimento às mulheres, a falta de pessoal especializado, de funcionários capacitados, sucateamento das poucas delegacias de atendimento à mulher e quase inexistência de equipamentos como casas-abrigo públicas, dificultam sua aplicabilidade e o rompimento do ciclo de violência vivido pelas mulheres.
Por tudo isso, convocamos todas e todos ao julgamento dos estupradores que acontecerá nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro de 2013, na cidade de Ruy Barbosa, Bahia. Sabemos que o fato deles serem homens com fama e dinheiro os protegem. Somente com muita pressão social e política os estupradores serão condenados. A prisão de Eduardo Martins e de toda a Banda New Hit será uma vitória das mulheres e homens que defendem uma sociedade justa e igualitária.
Defendemos um Projeto Popular para o Brasil e compreendemos que a eliminação da violência contra a mulher e da mercantilização dos nossos corpos é parte fundamental para a construção de uma sociedade em que a justiça, igualdade e liberdade sejam pilares.
Somos Negra Zeferina, Luiza Mahin, Maria Felippa! Empunharemos nossos corpos como espadas para defender uma sociedade justa e igualitária. Somos mulheres organizadas que não silenciam diante de atrocidades como essa. Até que os integrantes da Banda New Hit sejam julgados e condenados não descansaremos! Temos direito a uma vida sem violência e lutaremos por isso.
Por um Projeto Feminista e Popular seguiremos em Marcha até que todas sejamos LIVRES!
QUEREMOS EDUARDO MARTINS PRESO!
ESTUPRO É CRIME E A CULPA NUNCA É DA MULHER!
NEW HIT NA CADEIA!
Marcha Mundial das Mulheres
Coletivo Maria Maria - Juiz de Fora/MG
Coletivo de Mulheres Feministas de Araras/SP
Terra Roxa - Juiz de Fora/MG
Conselho da Condição Feminina de Cubatão/SP
Centro de Referência da Mulher de Cubatão/SP
Associação da Sociedade Civil "Construindo Gênero" - Cubatão/SP
Kiwi Companhia de Teatro/Cooperativa Paulista de Teatro - São Paulo/SP
União de Mulheres de São Paulo
Coordenação de Promotoras Legais Populares de São Paulo
Projeto Maria, Maria - São Paulo
Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste - MMTR-NE
Marcha das Vadias de São Paulo/SP
Centro Nacional de Resistência e Religiosidade Afro-Brasileira-CENARAB
Fórum de Mulheres Negras do Estado de São Paulo/SP
Oriashé - Coletivo de Mulheres Negras - São Paulo/SP
Marcha Mundial das Mulheres do Paraná/PR
APP Sindicato - Paraná/PR
Cinemulher - São Paulo/SP
CIM - Centro Informação Mulher - São Paulo/SP
Fórum de Mulheres de Torres/RS
Movimento das Mulheres do Sertão do Vale do São Francisco (Bahia e Pernambuco) - Núcleo da MMM
Coletivo de Mulheres do IFRN - Natal/RN
Marcha Mundial das Mulheres - Alagoas/CE
Sindprev - Alagoas/CE
Secretaria de Mulheres de Alagoas/CE
Departamento de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de Hortolandia/SP
CUT Minas Gerais
Grupo Mulheres na Comunicação à Serviço da vida, da Associação Comunitária de Radiodifusão de Independência/CE
Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo
Marcha Mundial das Mulheres - DF
Secretaria de Mulheres do PT-DF
Subvertidas - Blog Feminista
 
 

3 comentários:

  1. Essa Deputada Luiza Maia, Vive Perseguindo os Rapazes da Banda New Hit, Nem sabe o que realmente aconteceu e fica tumultuando, e denegrindo a imagem dos rapazes, chamando de estupradores, eles estao suspeitos e nao podem ser tratados como marginais enquanto nao for exclarecido os fatos! Diferente do caso de Luiza maia e do marido dela que roubaram a prefeitura de Camacari, e foram condenados a devolverem R$ 320 mil e R$ 1.600,000 respectivamente essa dulpa sim pode ser chamados de marginais pois foram condenados a devolver as cofres publicos o dinheiro roubado. Luiza Maia e Caetano Ladroes de dinheiro de Camacari

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    Respostas
    1. Você leu o texto companheira?
      Como defender estupradores? Por mais que você goste da música que eles fazem, concordar com um ato de violência não é justificável em hipótese alguma.
      Cuidado moça você pode estar apoiando e reproduzindo um ato machista.
      Imagine se fosse você? Sua irmã? Sua mãe? Prima?
      Pense bem!

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  2. Você leu o texto companheira?
    Como defender estupradores? Por mais que você goste da música que eles fazem, concordar com um ato de violência não é justificável em hipótese alguma.
    Cuidado moça você pode estar reproduzindo um ato machista.
    Imagine se fosse você? Sua irmã? Sua mãe? Prima?
    Pense bem!

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