*Por Sarah de Roure
Há algum tempo nós feministas temos falado que uma onda conservadora cresce em todo o mundo promovendo politicas de austeridade, fomentando discursos e politicas xenofóbicos, e aprofundando o controle sobre os corpos. Aqui no Brasil essa onda chega em forma de golpe e de ameaça aos nossos direitos históricos. Não por acaso, os que advogam pelo fim do mandato da presidente são os mesmos que protagonizam essa onda de ataques às mulheres, aos trabalhadores, ao povo negro, e a juventude.
Temos denunciado que Moros, Cunhas, Temer, Aécios, Bolsonaros, sequestram nossa democracia assim como as grandes empresas,conglomerados de comunicação e empreiteiras que compram e vendem as grandes decisões do país financiando campanhas milionarias e os votos de parlamentares.
Essa avalanche conservadora se dá de forma coordenada entre a política, a economia, a cultura e a sociedade e se manifesta nos espancamentos públicos de jovens negros, na militarização da vida cotidiana e da ordem pública; ou na cultura do estupro presente nas redes sociais e nas ruas.
Os conservadores apostam por uma crise politica e economica no país como forma de derrotar qualquer agenda de direitos e de transformação. A chamada crise economica internacional impede as mudanças exigidas por amplos setores da sociedade, derrota o governo e garante a concentração da riqueza.
Os conservadores apostam por uma crise politica e economica no país como forma de derrotar qualquer agenda de direitos e de transformação. A chamada crise economica internacional impede as mudanças exigidas por amplos setores da sociedade, derrota o governo e garante a concentração da riqueza.
O capitalismo não pode conviver com uma democracia que de fato aprofunde direitos e reparta a riqueza por isso precisa nos criminalizar, precisa da lei antiterrorismo, de retirar direitos das mulheres, ocupar os territórios indígenas e quilombolas além de retirar conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Ao compreender que o patriarcado também é um sistema que estrutura o capitalismo, vemos que o avanço do conservadorismo é funcional e essencial à reorganização da vida demandada pela crise econômica. Em outras palavras, a engrenagem do capitalismo e do patriarcado precisa se reajustar a partir da crise que se instala no país, e o conservadorismo azeita essa dinâmica.
Nesse sentido é que a luta pela democracia precisa ser uma luta anti capitalista, indissociável da luta pela igualdade. Alguns tem afirmado que primeiro vencemos o golpe e depois discutimos como alterar o rumo das politicas do governo. Entretanto defender a democracia e aprofundar nas transformações são parte de um mesmo processo. Além das fronteiras do patriarcado nossa luta é para que a democracia reconheça as mulheres, tanto em suas políticas como nos espaços de decisão e representação. Reivindicar a democracia não é portanto lutar pela manutenção da ordem mas defender a igualdade e a liberdade.
O movimento de mulheres está nas barricadas de ontem e de hoje fazendo frente ao avanço do conservadorismo. Nossa história se confunde com a dos que lutam por radicalizar na participação seja na luta das sufragistas pelo direito ao voto no século XIX, na mobilização das operarias por condições de trabalho e pelo direito de se organizarem politicamente, até na história das que resistiram à ditadura no Brasil e em outros países da America Latina.
Ocupamos as ruas, as redes e os roçados para fortalecer as mulheres como sujeito político coletivo afirmando que nossa luta é pela democracia transforma e constrói a vida que valha a pena ser vivida.
*Sarah de Roure é militante da Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo
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