NOTA
DE REPÚDIO Á VIOLÊNCIA E
APOIO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
NAS CIDADES DE NOVA PRATA,
NOVA BASSANO, NOVA ARAÇÁ, PARAÍ E SERAFINA CORREA-RS.
Nós, mulheres ativistas do estado do Rio Grande do Sul,
da Marcha Mundial das Mulheres queremos primeiramente trazer NOSSO APOIO às mulheres que tiveram a
coragem de denunciar a violência sofrida por homens destas cidades.
Temos assistido todos os dias a casos de violência contra
mulheres e meninas e às mortes de tantas outras que não tiveram a chance de
seguir suas vidas, livres da opressão e do machismo. Vivemos em um país que passa por crescentes casos de violência contra as
mulheres e feminicídio em isolamento social da Covid-19, somado a um governo
conservador e fundamentalista de extrema-direita, misógino, armamentista, que
propaga discursos de ódio contra as minorias e promove retirada de direitos. Em
2019, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado do país com mais casos de
feminicídio e no início de 2020 já apresentava um aumento de 233%. Aqui
salientamos que o governo estadual fez um repasse de apenas R$20.000,00 para
políticas de enfrentamento a violência contra mulher. Em anos anteriores, como
2014, o investimento chegou a cerca de R$10.000.000,00.
Pode-se observar que dos municípios de Nova Prata e
Paraí registraram casos de estupro conforme dados do Observatório da Violência
Contra Mulheres (Secretaria Estadual de Segurança Pública). Os cinco municípios
(Nova Prata, Nova Bassano, Nova Araçá, Paraí e Serafina Correa) registram casos
de ameaças e lesão corporal contra mulheres. É importante lembrar que em
pesquisa realizada pelo jornal Pioneiro em janeiro de 2019, no período de 2012
a 2018, na serra gaúcha foram registrados 47.190 mil casos de violência contra
mulher e 30 cidades registraram 92% das comunicações de feminicídios e suas tentativas, lesões
corporais, crimes sexuais e ameaças. Dentre as 30 cidades mais violentas estão
Nova Prata (7º), Nova Bassano (27º) e Paraí (30º), além disso, registraram
feminicídios durante o mesmo período Nova Prata (1), Serafina Correa (2) e Nova
Bassano (2).
Agora, chega até
nós que, a partir de um espaço virtual público, um grupo de mulheres abriu
caminho para que outras tantas vítimas trouxessem seus casos de violência
sofrida, fossem casos de assédio, violência psicológica e até estupro. Tão
grave quanto às denúncias é o silêncio de instituições que deveriam proteger
estas jovens, onde não encontraram apoio. Muitas ainda vivem estas violências,
como no caso de um professor de educação física (e já soubemos de outro
professor na mesma escola), que ainda permanece dando aulas e praticando seu
sexismo no interior da escola onde mais casos de adolescentes assediadas são
relatados.
Nenhum profissional de ensino têm o direito de tocar, de
acariciar os corpos das estudantes, pedir seus nudes ou constrangê-las com
piadas de duplo sentido, cantadas e olhares.
O SILÊNCIO
É CÚMPLICE DA VIOLÊNCIA.
Os respectivos conselhos tutelares foram acionados visto
que diversas vítimas são menores de idade. A rede estadual de ensino também
deve se pronunciar e encaminhar as devidas providências junto as autoridades do
Estado, assim como Ministério Público deve proteger estas jovens tanto das
violências quanto das ameaças que estão sofrendo por terem a coragem de
denunciar.
Mas é claro que os agressores não se calaram e tentam
inverter os fatos, culpabilizar as vítimas, além de negar o que ocorreu. O
assédio sexual é uma violência que se perpetua por meio do pacto de silêncio
que protege os agressores. Quando rompido, espera-se que a sociedade, as instituições
e as famílias acolham de modo humano aquelas que ousaram denunciar.
A
CULPA NUNCA É DA VÍTIMA!
Diante da gravidade das denúncias tanto as que envolvem
uma escola da rede estadual como outros casos, nós da MMM RS queremos
demonstrar nosso REPÚDIO aos casos
de assédio sexual e violência vividos pelas jovens da cidade de Nova Prata e
Nova Bassano, assim como repudiamos todas as tentativas de calar as vítimas ou
quem, no intuito de apoiar e não deixar que estas histórias sejam jogadas para
baixo do tapete, estão criando espaços para que mais jovens tragam suas
denúncias à luz de uma investigação e punição de todos os agressores. A escola,
como representante maior da educação, base de qualquer processo transformador,
deveria, no mínimo, aproveitar o contexto e o ensejo das denúncias, para
iniciar um grande projeto de fortalecimento dessas meninas e uma mudança
radical no pensamento do corpo docente e discente no que se refere às
violências de gênero, lesbotransfobia e racismo.
MEXEU
COM UMA MEXEU COM TODAS!
Depois que o espaço de denúncia foi criado, várias outras
chegaram, pois toda a denúncia é direito legítimo e urgente de quem se sente
violada. Quem assiste também tem obrigação de denunciar. Assistir e se calar é
ser conivente com o agressor, é manter o opressor mais forte e encorajado a
seguir derrubando corpos pelo seu caminho.
A
MANUTENÇÃO DA VIOLÊNCIA NÃO SERÁ TOLERADA!
Exigimos que os agressores sejam responsabilizados por
suas ações e que os poderes municipais se comprometam a promover estratégias e
políticas de enfrentamento a todas as violências cometidas contra as mulheres.
O primeiro passo para mudar este cenário de violência é reconhecer que ela
acontece e que pode ser praticada por qualquer homem, dentro ou fora de casa.
Enquanto isso, continuaremos na luta contra o sexismo, o
machismo, a misoginia, as lgbttfobias, o racismo e todas as formas de opressão
e violência contra mulheres e meninas, sempre na luta por transformação,
autonomia e liberdade.
Nova
Prata, 03 de junho de 2020.
Marcha Mundial das Mulheres
– Rio Grande do Sul.
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