O mês de Julho é muito
significativo para nós, mulheres negras, mês que marca nossa luta e resistência
diária. Somos alvos, sofremos com o racismo e machismo estrutural e
institucional, que ascende e vem sendo fortemente legitimado nos últimos anos.
E hoje, dia 25 de Julho, é uma data
importante para as mulheres negras, data que marca a luta e resistência na
Americana Latina, Caribe e no Brasil. É dia de Tereza de Benguela, mulher,
negra, escravizada e líder quilombola, que representa com nitidez a força,
resistência e luta das mulheres negras. Hoje somos Lei.
Mesmo o mês de Julho
sendo marcado pela resistência das mulheres negras, não deixamos de ser alvos,
não deixamos de ser violadas pelo estado opressor, racista, machista,
LGBTfóbico, sexista e capitalista, que nos explora e oprime diariamente. Somos resistência
a tantas décadas e ainda sim precisamos nós reafirmar nos espaços, e mesmo
assim, seguiremos lutando e não deixando que nos calem ou apaguem nossa
história
Historicamente somos
exploradas e desvalorizadas, e o que aconteceu no passado ainda reflete nas nossas
formas de socialização. Segundo o IBGE, apenas 10% de mulheres negras
concluíram o ensino superior em 2018, sendo que as mulheres brancas se formam
2,3% mais que as mulheres negras. Nós, recebemos menos da metade do salário de
um homem branco, o equivalente a 42%. Há muita luta a ser feita para que,
assim, como nossas antepassadas fizeram por nós, assim, como Tereza fez por
nós, que sigamos fazendo pelas mulheres que ainda virão, que sigamos sendo
sinônimo de luta.
Os dados representam
de forma nítida o nosso passado e esse reflexo que, infelizmente, ainda é
violento e excludente. Por isso, ainda seguimos em marcha, por isso ainda é
necessário outros 25 de julhos, por isso é necessário seguirmos lutando pela
nossa permanência na universidade e conclusão dos estudos, por um salário justo.
Seguimos em marcha pela nossa valorização no mercado de trabalho, para que se
avance nas conquistas da população negra. É pela vida das mulheres, das
mulheres negras. Seguimos para quebrar os obstáculos e as sobrecargas que dificultam
a concretização dos planos para nossos futuros.
Seguiremos por Tereza de
Benguela.
Seguiremos por Marielle.
Seguiremos por Agatha.
*Jheiny Carolina é Diretora de Mulheres da UEE RS, militante do Enegrecer e estudante de Geografia na UFSM, Técnica em Eventos pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, militante feminista da MMM RS
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