Frida por Beatriz Sallet
Recordar Magdalena Carmen Frida Khalo y Calderon Rivera é recordar também da sua identidade visual, tão chamativa nas cores e formas aos olhos observadores, como descreve Lucile Blanch na frase acima. A pintora mexicana ao longo da sua vida adotou um traje que a tornou uma mulher espirituosa e extravagante, além de fortalecer sua adesão ao momento cultural que tomou conta de artistas do país na década de 20: retorno à arte mexicana, baseada especialmente nas raízes indígenas.
O traje é originário das mulheres do istmo de Tehuantepec (Oaxaca, México), e compreende essencialmente a blusa bordada e a saia comprida. Segundo a história do istmo, as mulheres de Tehuantepec são conhecidas como imponentes, sensuais, inteligentes, corajosas e fortes. Vivem também em uma sociedade matriarcal, onde dirigem, por exemplo, o mercado local.
Para Frida, o traje de índia tehuana tornou-se um elemento tão essencial da sua pessoa, que o pintou sozinho, sem seu corpo, por diversas vezes, como no intrigante quadro Allá cuelga mi vestido (1933). Segundo Hayden Herrera em Frida: a biografia “a vestimenta servia como substituto dela própria, uma segunda pele totalmente assimilada pela pessoa escondida sob ela, mas tão integrada a ela que, mesmo quando era tirada conservava algo da pessoa que a usava”. Frida em seu diário, escrito em sua última década de vida, registrou que o vestido tehuana era “o retrato ausente de uma única pessoa”.
Com o passar dos anos, à medida que o seu estado de saúde tornava-se mais crítico, Frida ressignificou sua roupa como um antídoto contra suas dores. Assim, blusas, fitas, laços, flores ganhavam cada vez mais cores afrontando suas cicatrizes e dor interior. E seu traje assim tornou – se comovente: “era a um só tempo uma afirmação de seu amor pela vida e um sinal de sua consciência – e de sua atitude de desafio e rebeldia – da dor e da morte” conforme a escritora Herrera.
Paula Grassi
Pastoral da Juventude - RS
Militante da MMM-RS
Twitter - @paulinhagpj
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