terça-feira, 27 de abril de 2021

27 DE ABRIL - DIA NACIONAL DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS

Abadia, em uma mesa de debate com Creuza Oliveira, no seminário sobre mulher e trabalho, 2019.

É mais um dia que as trabalhadoras domésticas denunciam a precarização da vida [i]. No início da pandemia, segundo dados oficiais (PNAD Continua), as domésticas formavam uma categoria de quase 7 milhões de trabalhadoras, mais de 90% mulheres e quase 70% mulheres pretas ou pardas. Na América Latina e no Caribe representam uma média entre 10,5 e 14% do emprego das mulheres, o que significa que uma parte importante da população ativa realiza esse trabalho em condições precárias e sem acesso a proteção social. Os países com maior proporção de mulheres empregadas no serviço doméstico são Paraguai, Argentina e Brasil. Segundo um informe publicado pela ONU Mulheres OIT e CEPAL os rendimentos das trabalhadoras, nessa região, são iguais ou inferiores ao 50% da média de todas as pessoas ocupadas. Isso acontece mesmo que em quase todos os países exista um salário mínimo de referência - como no caso do Brasil. O trabalho doméstico é uma das marcas deixadas pela escravização das pessoas negras num continente marcado pela colonização violenta. Durante a pandemia a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) vem tensionando para que a classe patronal cumpra minimamente o que as autoridades de saúde estão indicando para o conjunto dos empregadores. A luta pelo direito à dispensa remunerada; acesso a equipamentos de higiene e segurança no trabalho; direito aos benefícios em caso de desemprego; auxilio emergencial para todas que estão na informalidade; direito prioritário à vacina, são algumas das questões que continuam a formar a agenda de mobilização pela vida das trabalhadoras domesticas na pandemia. Para essas trabalhadoras, a pandemia se transformou na luta diária pelo direito de existir. O desgoverno na gestão da pandemia transformou cada mulher pobre em alvo fácil para o vírus. Além disso, o desespero da falta de recursos básicos para o sustento de suas famílias. As trabalhadoras domésticas, em suas redes de organização coordenadas pelos sindicatos e FENATRAD, enfrentam a pandemia mobilizando solidariedade de classe, mesmo sendo as primeiras a assistir a morte de suas companheiras. Como no caso da primeira morte de uma trabalhadora doméstica por COVID-19 no Rio de Janeiro, as trabalhadoras choraram com a mãe vítima de negligencia com seu filho em Recife, enxugam as lágrimas e seguem mostrando o quanto ainda temos por fazer num país que mata sua juventude negra, suas mulheres e cria milhões de excluídos para aumentar a riqueza de poucos. Nós, feministas antirracistas anticapitalistas, que marchamos pela vida das mulheres, não vamos parabenizar pelo dia da Trabalhadora Doméstica, vamos parabenizar pela resistência reafirmando nosso compromisso na luta por direitos, na luta pela vida, pela solidariedade como princípio entre nós. Reafirmamos nossa solidariedade feminista antirracista para derrubar o genocida que governa o Brasil, pela vacina para todos e todas; pela taxação das riquezas como forma de pagar a dívida econômica gerada pelos ricos; por auxilio emergencial de 600 reais para todas as pessoas que precisam; pelo fortalecimento do SUS. Pelo fim do racismo, do feminicidio e do extermínio dos povos originários, pelo fim da escravização das mulheres negras nos quartinhos de despejo do capitalismo moderno. A luta é grande, saudamos a resistência das trabalhadoras domésticas. Seguremos em Marcha até que todas sejamos livres!

Se inscreva e acompanhe o canal do youtube da FENATRAD Nacional aqui.


Laudelina Campos Melo, fundadora da primeira associação das trabalhadoras domésticas em 1936.


[i] No texto trabalhamos com a orientação da FENATRAD compreendendo como trabalhadoras domésticas como as pessoas, na maioria mulheres e negras que se deslocam de suas casas para realizar trabalho remunerado em residências particulares.

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