As Feministas da Marcha Mundial
das Mulheres e dos Movimentos Populares e Sociais que assinam esta
nota, querem manifestar seu apoio a jovem, e sua familia, da cidade
de Rio Grande/RS que sofreu violência sexista por parte de seu
namorado no sábado/domingo de Carnaval.
Conforme noticiado pela imprensa
regional, o namorado a dopou e introduziu em sua boca e vagina, sem
seu conhecimento ou autorização, medicamentos que induzem o aborto.
Sabemos por relatos de amigas da jovem que ela já tinha manifestado
o desejo de levar a gravidez a termo, o que por si só a nós já
basta para caracterizar os atos deste homem como criminosos e como
violência sexista.
Violencia por que temos uma
invasão no corpo e no desejo de uma jovem adulta que tem o direito
de decidir de forma independente, sem a intervenção direta de seu
companheiro, namorado ou marido, consideramos que ela teve seus os
direitos sexuais e reprodutivos violados.
Solicitamos que este homem, que a
imprensa qualifica como universitário, também seja enquadrado na
Lei Maria da Penha, por estupro e tentativa de feminicidio. Estupro,
por ter manipulado seu corpo e sua vagina de forma não consentida
quando ela estava desacordada de acordo com o Artigo 213 do Código
Penal com reclusão de 6 a 10 anos; tentativa de homicídio com a
qualificadora do feminicídio de acordo com o Artigo 121 parágrafo
2º Inciso VI, por ter ministrado medicamentos e drogas que poderiam
te-la levado a óbito, por ter problemas cardiacos. Enquadramento na
Lei Maria da Penha para que ela e sua familia tenham acesso a todas
as medidas protetivas que possam se fazer necessárias devido ao
relacionamento afetivo, de evidente desigualdade de gênero e pela
dimensão da violencia sofrida. Apesar de não termos uma
tipificação legal específica para “tentativa” de aborto sem
consentimento autônomo da mulher, temos a pena de aborto quando
ocorrido sem o consentimento da gestante, tipificado no Código Penal
em seu artigo 125, com reclusão de 3 a 10 anos, visto que o aborto
não ocorreu por circunstâncias alheias a vontade do agressor, e
além disso, ainda não sabemos de possíveis sequelas no feto ou na
vítima, em decorrência da introdução de medicamentos diretamente
na vagina da vítima. Em fatos graves como este, sabemos que se faz
necessária a ação do movimento feminista e de todos os movimentos
sociais, que nos apoiam, para que este crime seja investigado,
julgado e o criminoso sofra a ação legal cabível sem que a jovem
seja exposta a revitimização que a violencia sexista e nossa
cultura machista expõem todas as mulheres.
Saudamos a prisão do criminoso e
pedimos que ele seja tratado com todo o rigor da lei, que não sejam
admitidos atenuantes de conduta moral ou social, pois não estamos
diante de um doente ou de um simples infrator, mas sim, de um
criminoso machista autorizado por uma sociedade patriarcal que ainda
trata as mulheres como “propriedade”, “seres inferiores que
precisam ser tuteladas pelos privilegiados”.
Esclarecemos a todas e todos que a
luta pelo direito ao aborto livre e seguro continua sendo uma das
mais importantes para o movimento feminista e que não aceitaremos
que estes caso de violência seja usado contra nós ou nossas
reivindicações legítimas.
Reiteramos que, para o feminismo,
o crime não é o fato de o aborto ser ilegal no Brasil, mas a ação
violenta de um homem sobre uma mulher, que ele considerava “sua”
propriedade e que, por este motivo, poderia decidir unilateralmente
pelo aborto.
Nossas
reivindicações continuarão sendo:
Educação
Sexual para escolher;
Acesso
aos métodos contraceptivos para prevenir;
Aborto
Legal e Seguro para não morrer!
SEGUIREMOS
EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES
LIVRES
da violencia sexista
LIVRES
para escolher quando, como e onde teremos nossos filhos
LIVRES
…
Quem
quiser saber mais sobre o ocorrido, links com a noticia na imprensa
local
Assinam esta nota:
Marcha Mundial das Mulheres
Coletivo Feminino Plural
Rede
Feminista de Saúde/RS
Secretaria
de Mulheres do PT/RS
Deputada
Estadual Stela Farias - PT/RS
UEE
– Livre/RS
CLADEM
– Comitê Latino Americano e do Caribe em Defesa dos Direitos das
Mulheres
Coordenadora
da Coordenadoria de Politicas Públicas para Mulheres de Rio
Grande/RS – Maria de Lourdes Lose
Associação
Ilê Mulher
Conselho
Estadual dos Direitos da Mulher do RS
Rede
de Economia Solidária e Feminista – RESF
Secretaria de Juventude do PT de Porto Alegre/RS
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre/RS
Mulheres do PSOLConselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre/RS
Intersindical Central
Coletivo Rosas de Março
Vereadora Fernanda Melchionna - PSOL
Juntas/RS
Mulheres da Insurgência/RS
Coletivo Rosas de Março
Vereadora Fernanda Melchionna - PSOL
Juntas/RS
Mulheres da Insurgência/RS
É pela liberdade e não a violência de gênero a Nós Mulheres!!
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