quarta-feira, 19 de outubro de 2022


 

Nota da Marcha Mundial das Mulheres contra a pedofilia

A naturalização da violência contra meninas e mulheres nos indigna. Foi com indignação que acessamos o conteúdo da entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao podcast e canal do Youtube “Paparazzo Rubo-Negro”. Na entrevista, o atual presidente do país afirmou que, em certa ocasião, ele estava andando de moto por Brasília, avistou meninas em uma esquina e que, após “pintar um clima”, teria pedido para entrar na casa delas. De acordo com ele, elas tinham em média 14 anos e eram “bonitinhas”.


Dando sequência à história, o candidato à reeleição diz que, ao entrar na casa, ele encontrou outras garotas na mesma faixa etária, que seriam venezuelanas. Bolsonaro ainda sugere que elas estavam arrumadas, em um sábado de manhã, porque supostamente fariam programas.


Após a repercussão negativa do caso, Michelle Bolsonaro disse que Jair Bolsonaro costuma utilizar a expressão “pintou um clima” para tudo, em uma clara tentativa de mascarar a gravidade da situação e descaracterizar sua atitude. Contudo, de acordo com as notícias, em nenhuma das 128 lives feita por ele a expressão foi usada.


Um “clima” com meninas de 14 anos tem um nome e é crime: pedofilia. A pedofolia é um problema grave no Brasil, que atinge meninas e meninos. Sabemos que a sexualização de meninas, entretanto, é uma violência ainda mais recorrente. Da indústria pornográfica que utiliza imagens infantilizadas à adultização sexualizada de meninas, a mensagem que as relações patriarcais transmitem à sociedade é que elas podem e devem estar disponíveis como objetos de consumo.


Sabemos também que a pobreza, o racismo e outros fatores de vulnerabilização social aumentam o risco de diversos tipos de violência. Na entrevista, Jair Bolsonaro se refere a uma série de meninas venezuelanas, em um país estrangeiro. Uma situação de vulnerabilidade sobre a qual ele, enquanto presidente, tem enorme responsabilidade. Ao invés de assumi-la, ele tem atitudes e falas perversas como a que vemos nessa ocasião.


Se Bolsonaro desconfiou que elas iriam “ganhar a vida”, utilizando suas palavras, era o seu papel denunciar e tomar providências para que a situação fosse corrigida. Prostituição infantil é crime no Brasil, sujeito à pena de até 20 anos.


O episódio repugnante se soma às inúmeras declarações machistas, racistas, violentas, preconceituosas e criminosas que Jair Bolsonaro fez durante sua vida política, em especial nos últimos quatro anos, na condição de presidente.


No dia 30 de outubro, vamos às urnas votar pelo fim desse governo e pelo combate ao bolsonarismo: o movimento conservador e criminoso que assola o país e a vida de meninas e mulheres. Vamos eleger Lula presidente e construir um projeto popular, feminista e antirracista para o Brasil. Um projeto em que meninas são protegidas, não violentadas.


Nas ruas, estamos e seguiremos permanentemente em marcha. Até que sejamos livres de todas as formas de violência!


19 de outubro de 2022,

Marcha Mundial das Mulheres.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Nota pública de repúdio da Marcha Mundial das Mulheres contra a Casa de Eventos Provocateur Poa, por atitude RACISTA e MACHISTA contra uma jovem negra

 


 

A Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Sul vem expressar seu veemente repúdio à forma racista e machista expressa pela Casa de Eventos Provocateur Poa, localizada rua Silva Jardim, bairro Mont Serrat, em Porto Alegre/RS, contra uma jovem negra de 18 anos, estudante de Direito na FMP (Fundação Escola Superior do Ministério Público), ocorrido na última sexta-feira, dia 11 de março. Mesmo no mês que marca da luta e resistência das mulheres, mais uma jovem sofreu com o racismo e o machismo estruturais em um espaço que deveria ser para se divertir.

A jovem foi convidada por amigas para uma festa nesta casa de eventos onde permaneceu por quase 1 hora no camarote das amigas. A partir deste momento, um dos seguranças da casa a puxou pelo braço e disse que aquele espaço não era lugar para ela estar, e a retirou da casa dizendo que ela tinha que ir embora naquele momento. A jovem ficou muito assustada e nervosa ao perceber que ela foi a única jovem chamada a ir embora, uma jovem negra. Ela está realmente traumatizada com esta truculência machista e racista da qual foi vítima.

O patriarcado, o machismo e o racismo atuam baseados em comportamentos simbólicos, falas discriminatórias que mostram a gigante desigualdade em que as mulheres vivem, e que com as mulheres negras é ainda mais profunda.

O que ocorreu é violência racista e machista, que são estruturais em nossa sociedade, onde as mulheres negras tem sofrido desde a diáspora neste país e seguimos sofrendo. Mas não vamos nos calar, pois precisamos denunciar e dizer basta – chega!!!

A violência que sofremos no cotidiano não deve ser banalizada e precisamos estar unidas e denunciar estes estabelecimentos que desqualificam, humilham e agridem as mulheres negras. Precisamos lutar para que, em qualquer espaço, sejamos tratadas com respeito e dignidade. Temos o direito de estar onde quisermos, vestir o que quisermos - todas as mulheres têm o direito de se divertirem sem sofrer qualquer importunação ou opressão. Ninguém vai nos selecionar pela cor da nossa pele, por nossa orientação sexual ou pela classe social que pertencemos.

Nós mulheres lutamos contra o sistema capitalista-patriarcal-racista que nos condena ao espaço privado e nos exclui dos espaços públicos. Repudiamos toda forma de manifestação racista, machista e misógina que nos desconstrói como pessoas e nos oprimem.

Na semana do 8 de março, Dia Internacional de luta das Mulheres, quando milhares de mulheres estiveram nas ruas denunciando todas as formas de violência contra as mulheres negras, a enorme desigualdade entre homens e mulheres e exigindo condições iguais, nos deparamos com mais este ato de violência racista e misógina.

 

“Nos opomos a todas as formas de violência: no trabalho, em sindicatos, nas organizações políticas, em escolas, em bairros urbanos, comunidades e áreas rurais – onde quer que estejamos.” Declaração Internacional da Marcha Mundial das Mulheres para o 8 de março de 2022

 

 

Reafirmamos a liberdade, a igualdade, a justiça, a paz e a solidariedade como nossos valores fundamentais.

Nós, mulheres, devemos continuar em marcha,

Resistindo juntas, marchando juntas.

Resistimos para viver, marchamos para transformar!

 

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES