quinta-feira, 30 de julho de 2020

Novo vídeo da SOF retoma lançamento da ação da MMM no 8 de março



No 8 de março deste ano, a Marcha Mundial das Mulheres lançou sua 5ª Ação Internacional, com atividades e mobilizações ao redor do mundo. Em São Paulo, o lançamento aconteceu na rua antes do ato unificado do movimento feminista. O novo vídeo da SOF mostra como foi o dia e todos os preparativos necessários.

A 5ª Ação é um momento de síntese e luta coletiva do movimento, e acontece a cada cinco anos. Em 2020, além de tudo, marca os 20 anos da Marcha. O vídeo mostra trechos da atividade: a batucada feminista; a decoração militante da rua, trazendo o significado político do espaço público; as intervenções culturais, com teatro e poesia; e o piquenique agroecológico, feito a muitas mãos.

Para fazer tudo isso, foi preciso muita organização, que envolveu as militantes da Marcha Mundial das Mulheres, da AMESOL (Associação de Mulheres da Economia Solidária), da RAPPA (Rede de Agricultoras Periféricas Paulistanas) e da RAMA (Rede Agroecólogica de Mulheres Agricultoras do Vale do Ribeira). Elas foram responsáveis por produzir faixas, estandartes, uma grande boneca e toda a alimentação saudável que segurou as mulheres em pé nesse longo dia de mobilização. Por vários dias, o quintal e a cozinha da SOF receberam muita gente para apoiar essa preparação. Os principais alimentos do piquenique vieram da Barra do Turvo (Vale do Ribeira) e da aldeia guarani Tekoa Kalipety, na zona sul da cidade.

O vídeo, realizado em parceria com a MMM, a RAMA e a RAPPA e com apoio da FGC, está disponível no YouTube da SOF. Na semana seguinte ao lançamento, a pandemia do novo coronavírus começou a dar sinais de maior perigo no Brasil, e o intenso calendário da Ação teve que ser alterado de acordo com as necessidades do momento. Ainda assim, o vídeo registra nossa atividade feminista em São Paulo no 8 de março e, mais que isso, registra nossos motivos para lutar, nossas resistências e alternativas, a partir do movimento popular, da agroecologia e da soberania alimentar.



Fonte: https://www.sof.org.br/novo-video-da-sof-retoma-lancamento-acao-mmm-8-marco/

domingo, 26 de julho de 2020

A Juventude negra quer viver, por Estela Balardin*

Somos a maioria, estamos em diversos lugares do nosso país com algo em comum, a vulnerabilidade. Somos a maioria na ocupação de postos de trabalho precarizados e a minoria dentro das universidades. Somos a maioria no sistema carcerário e a minoria nos espaços de poder. Nossas vidas são descartáveis para um sistema que nos coloca a margem de uma sociedade que nos oprime, vulgarizam nossos corpos, criminalizam nossa cultura e tornam invisível a nossa história.
Já na infância o preconceito bate em nossas portas, não nos vemos nas marcas nem na televisão. Aprendemos a sentir vergonha do nosso cabelo, traços e cor de pele. Sabemos e sentimos na pele as dificuldades impostas pelo racismo, um racismo que tira nossas vidas e nossos sonhos. Entrar na universidade é um sonho inexistente para a maioria, pois a nós, cabe trabalhar para ajudar em casa. Os rostos virados, o semblante de medo quando andamos na rua, as drogas e a falta de acesso nos colocam em um papel de inferioridade, que muitas vezes nós mesmos acreditamos, e que nos impõe a não aceitação sobre nós mesmas e por não nos enxergamos, achamos que há lugares que não são para nós.
O racismo quando se junta com o machismo de nossa sociedade esmaga nossa dignidade. Nós jovens, mulheres e negras precisamos passar por um processo de aceitação e de conquista de uma liberdade individual que nunca tivemos, nesse processo a luta coletiva é fundamental, organização de mulheres e negras fortalece a luta e nos fortalece.   É na coletividade que podemos acreditar em nossa capacidade de ocupar espaços, de falar sem medo e de viver rumo a um futuro que nos pertence. Para vencermos o racismo que estrutura nossa sociedade precisamos que a branquitude reconheça seus privilégios e participe desse processo, precisamos de políticas públicas, de uma educação emancipadora, de visibilidade para nossa história, de conhecimento e conscientização.

*Estela Balardin, participa do Enegrecer, movimento estudantil e é minitante feminista da MMM Caxias do Sul RS

25 de julho - Dia da mulher negra latino-americana e caribenha, por Jheiny Carolina*




O mês de Julho é muito significativo para nós, mulheres negras, mês que marca nossa luta e resistência diária. Somos alvos, sofremos com o racismo e machismo estrutural e institucional, que ascende e vem sendo fortemente legitimado nos últimos anos.  E hoje, dia 25 de Julho, é uma data importante para as mulheres negras, data que marca a luta e resistência na Americana Latina, Caribe e no Brasil. É dia de Tereza de Benguela, mulher, negra, escravizada e líder quilombola, que representa com nitidez a força, resistência e luta das mulheres negras. Hoje somos Lei.


Mesmo o mês de Julho sendo marcado pela resistência das mulheres negras, não deixamos de ser alvos, não deixamos de ser violadas pelo estado opressor, racista, machista, LGBTfóbico, sexista e capitalista, que nos explora e oprime diariamente. Somos resistência a tantas décadas e ainda sim precisamos nós reafirmar nos espaços, e mesmo assim, seguiremos lutando e não deixando que nos calem ou apaguem nossa história


Historicamente somos exploradas e desvalorizadas, e o que aconteceu no passado ainda reflete nas nossas formas de socialização. Segundo o IBGE, apenas 10% de mulheres negras concluíram o ensino superior em 2018, sendo que as mulheres brancas se formam 2,3% mais que as mulheres negras. Nós, recebemos menos da metade do salário de um homem branco, o equivalente a 42%. Há muita luta a ser feita para que, assim, como nossas antepassadas fizeram por nós, assim, como Tereza fez por nós, que sigamos fazendo pelas mulheres que ainda virão, que sigamos sendo sinônimo de luta.


Os dados representam de forma nítida o nosso passado e esse reflexo que, infelizmente, ainda é violento e excludente. Por isso, ainda seguimos em marcha, por isso ainda é necessário outros 25 de julhos, por isso é necessário seguirmos lutando pela nossa permanência na universidade e conclusão dos estudos, por um salário justo. Seguimos em marcha pela nossa valorização no mercado de trabalho, para que se avance nas conquistas da população negra. É pela vida das mulheres, das mulheres negras. Seguimos para quebrar os obstáculos e as sobrecargas que dificultam a concretização dos planos para nossos futuros.




Seguiremos até que todas sejamos livres.
Seguiremos por Tereza de Benguela.
Seguiremos por Marielle.
Seguiremos por Agatha.


*Jheiny Carolina é Diretora de Mulheres da UEE RS, militante do Enegrecer e estudante de Geografia na UFSM, Técnica em Eventos pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, militante feminista da MMM RS