domingo, 26 de julho de 2020

25 de julho - Dia da mulher negra latino-americana e caribenha, por Jheiny Carolina*




O mês de Julho é muito significativo para nós, mulheres negras, mês que marca nossa luta e resistência diária. Somos alvos, sofremos com o racismo e machismo estrutural e institucional, que ascende e vem sendo fortemente legitimado nos últimos anos.  E hoje, dia 25 de Julho, é uma data importante para as mulheres negras, data que marca a luta e resistência na Americana Latina, Caribe e no Brasil. É dia de Tereza de Benguela, mulher, negra, escravizada e líder quilombola, que representa com nitidez a força, resistência e luta das mulheres negras. Hoje somos Lei.


Mesmo o mês de Julho sendo marcado pela resistência das mulheres negras, não deixamos de ser alvos, não deixamos de ser violadas pelo estado opressor, racista, machista, LGBTfóbico, sexista e capitalista, que nos explora e oprime diariamente. Somos resistência a tantas décadas e ainda sim precisamos nós reafirmar nos espaços, e mesmo assim, seguiremos lutando e não deixando que nos calem ou apaguem nossa história


Historicamente somos exploradas e desvalorizadas, e o que aconteceu no passado ainda reflete nas nossas formas de socialização. Segundo o IBGE, apenas 10% de mulheres negras concluíram o ensino superior em 2018, sendo que as mulheres brancas se formam 2,3% mais que as mulheres negras. Nós, recebemos menos da metade do salário de um homem branco, o equivalente a 42%. Há muita luta a ser feita para que, assim, como nossas antepassadas fizeram por nós, assim, como Tereza fez por nós, que sigamos fazendo pelas mulheres que ainda virão, que sigamos sendo sinônimo de luta.


Os dados representam de forma nítida o nosso passado e esse reflexo que, infelizmente, ainda é violento e excludente. Por isso, ainda seguimos em marcha, por isso ainda é necessário outros 25 de julhos, por isso é necessário seguirmos lutando pela nossa permanência na universidade e conclusão dos estudos, por um salário justo. Seguimos em marcha pela nossa valorização no mercado de trabalho, para que se avance nas conquistas da população negra. É pela vida das mulheres, das mulheres negras. Seguimos para quebrar os obstáculos e as sobrecargas que dificultam a concretização dos planos para nossos futuros.




Seguiremos até que todas sejamos livres.
Seguiremos por Tereza de Benguela.
Seguiremos por Marielle.
Seguiremos por Agatha.


*Jheiny Carolina é Diretora de Mulheres da UEE RS, militante do Enegrecer e estudante de Geografia na UFSM, Técnica em Eventos pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, militante feminista da MMM RS



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