sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008



Gurias do Rio Grande do Sul:

Abaixo as agendas que reunimos sobre as ações da MMM pelo Estado do Rio Grande do Sul, para socializarmos a todos os municípios e enviarmos um quadro geral de onde nossas militantes estão mobilizadas para as atividades do mês de março:

Porto Alegre
02 de março
Lançamento do Calendário para o 8 de março no RS
Oficina da Marcha e Batucada
09h às 15h
Local: Brique da Redenção - nos Arcos
06 de março
19h Lançamento e aula inaugural do Curso de Formação Política para as Mulheres
Local: Plenarinho da AL/RS.
Responsável: - Gab. Dep. Stela Farias
07 de março
Seminário Mulher, mídia e ações feministas
8h30 – "As ações do movimento feminista na última década e as estruturas de apoio às mulheres" com Eleutéria da Silva da Casa da Mulher Trabalhadora do RJ e Militante da Marcha Mundial das Mulheres-RS
14h - A Imagem da Mulher na Mídia com Raquel Moreno – Observatório da Mulher e Mulher e Mídia
Painel sobre 8 de março – Sind. Bancários (MMM, Sindbancários e Federação bancários)
Promoção: Federação dos Bancários
Local: Casa dos Bancários - Rua General Câmara, 424 - Centro Fone 34331200, Porto Alegre
MARCHA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PELO 8 DE MARÇO 2008
07 de março - em Porto Alegre
15h Concentração para a Caminhada Unificada do RS
16h Entrega simultânea do Manifesto das Mulheres aos 3 poderes
Local: Praça da Matriz
17h Caminhada em direção ao Largo Glênio Peres
18h Início do Ato para as Mulheres
18h30 Atividades Culturais
Local: Largo Glênio Peres
19h Sarau Feminista
Histórico da Luta das Mulheres
Local: Sindicato dos Bancários - Rua General Câmara, 424 - Centro Fone 34331200, Porto Alegre
Responsáveis: Sindicato dos Bancários, Sintrajufe, Marcha Mundial das Mulheres e Mundo Paralelo

08 de março
manhã
10h Fórum Municipal de Mulheres
Distribuição de materiais e folder paras as mulheres
Feira do Jd. Do Salso
tarde
15h Marcha Mundial Das Mulheres - "Mulheres Feministas Anticapitalistas em Luta Por: Igualdade, Autonomia e Soberania Popular"
Distribuição de materiais e folders para as mulheres
Feira da Esplanada da Restinga
11 DE MARÇO

Seminário “O Papel da Mulher dentro da Universidade”
“Mulheres em Movimento para Modificar a Universidade”
LOCAL: PAV.4 SALA 408 – CAMPUS CARREIROS
HORÁRIO: 14h
INFORMAÇÕES: (53) 3230 5417 - APTAFURG 84168534 – Josiara Novôa

Encerramento do projeto Performance Negr@ na Semana da Mulher

11.03.08 - Memorial do RS
11h às 13h (escadarias)
18h - Centro Cultural Dança Teatro Thonny Marques Ballethumano
Rua General Câmara 52 - 7º Andar
Coletivo de Angoleiras Teresa de Benguela e Convidad@s na "Quinta da Mulher" 13.03.08 - Mundo Paralelo Bar/Café - Rua General Câmara 424
25 de março 13h30 às 17h30
Debate: Aborto: Uma Questão de Saúde Pública
Local : Instituto da Criança com Diabetes – Rua Álvares Cabral, 529
Bairro Cristo Redentor
Apoio: Marcha Mundial das Mulheres
Promoção: Ceppir/GHC
Pelo interior do Estado do RS

Alegrete
9ª Semana Municipal da Mulher - Mulheres em Movimento: consolidando direitos
02/03- domingo- coleta de assinatura com uma mateada no parque junto com outras atividades e entidades
03/03- segunda- segue a coleta de assinaturas no centro, calçadão, lojas
04/03- terça - atividade da Câmara de Vereadores e Sindicato dos Bancários e Comércio
05/03- quarta segue a atividade do dia 04/03
06/03 9h quinta - atividade da marcha com o grupo das mulheres artesãs/ economia popular solidária- no calçadão
07/03- sexta- um grupo irá a POA para a entrega de assinaturas
08/03- sábado- programa de rádio, pela manhã – e a noite seção solenidade na Câmara de Vereadores para o encerramento da semana
8 de março a 16 de março, serão abordados os temas de saúde, segurança, trabalho entre outros.
Caxias
Dia 7
9h ás 17h dia de mutirão de defensores públicos na Câmara de.Vereadores e estaremos acompanhando;
19h Gab Ver Ana Corso chama uma audiência sobre a Lei Maria da Penha
Dia 8
10h panfleteação na praça com possibilidade de roda de batuque
14h UAB palestra e confraternização com as mulheres do movimento comunitário; 16h possibilidade de bate papo com Alcione que estará fazendo show
18h peça teatral Eva Ave Maria no centro de cultura Ordovás;
noite
participação no show da Alcione que estará cantando a música Maria da Penha
Tendo em vista um projeto da Festa da Uva de pintar os muros da cidade a Marcha pintou no dia 17 um muro. O tema da festa é Uma vez imigrante sempre brasileiro e a frase escrita pelo movimento foi: UMA VEZ IMIGRANTE SEMPRE BRASILEIRA INSERIDA NA SOCIEDADE E COM DIREITO A OPÇÃO.
Charqueadas
12 de março
14h - Conversando sobre a História do Movimento Feminista
Organização da MMM na Região
Apoio: Vereadora Rosângela Dorneles
Promoção: Marcha Mundial das Mulheres
Passo Fundo
Do dia 03 a 08 de Março.
I – Durante toda a semana teremos postos de coleta de assinatura, em pontos centrais da cidade, para tornar a pedofilia crime hediondo;
II – Dia 03/03 - Panfleteação na Vila Bom Jesus, e às 17h. reunião com os pais da Creche Municipal;
III – Dia 04/03 – Panfleteação no Bairro Alexandre Zacchia e às 18h.reunião com os pais da Creche Municipal;
IV – Dia 05/03 – 16.30h. ato de assinatura do Projeto de Lei, que cria o Conselho Municipal de Direitos da Mulher, no gabinete do Prefeito Municipal Airton Dipp.
Às 17h. na Câmara Municipal de Vereadores, espaço de 15 minutos de comunicação, com explanação da agenda da semana e pedido de apoio aos vereadores para aprovação do projeto que cria o Conselho;
V – Dia 06/03 - Panfleteação no Bairro Leonardo Ilha, às 19h. reunião com os pais do Centro de atendimento a criança e adolescente;
VI – Dia 07/03 – Durante toda o dia cursinhos e palestra com as mulheres do PAC, na SENCAS;
VII - Dia 08/03 - 10h. Ato Público na Praça do Teixeirinha e caminhada no centro da cidade..
Pelotas
8 de março
Atividades com a ONG Gesto- Grupo pela educação, saúde e Cidadânia, que estarão executando projeto SOS Maria que visa a autônomia da mulher a prevenção das DST’s, elevação da auto-estima.
Rio Grande
"Políticas públicas para mulheres - conheça seus direitos"
Marcha Mundial das Mulheres e
Conselho Municipal da Mulher
- Ações descentralizadas pela cidade, que está dividida em zonas.7 de março
panfletagem na Praça Dr. Pio, no início do calçadão, para distribuição da agenda de eventos do mês.
11 de março - Panfletagem nos bairros Getúlio Vargas e Santa Tereza
14 de março - Panfletagem na Zona Oeste
19 de março Panfletagem na Querência, abrangendo todo o Cassino
27 de março Panfletagem na Vila da Quinta, com participação de moradores deste local, do Povo Novo e da Palma.
A partir do tema geral (Políticas públicas – conheça seus direitos), serão trabalhados os subtemas "Violência – Lei Maria da Penha" e "Mercado de trabalho".
Salvador das Missões
08 de março
Oficina sobre Segurança Alimentar
Oficina sobre Violência contra a Mulher
Responsável: Lisiane Cunha
Santa Vitória do Palmar
1ª Semana Mulheres em Movimento, de Santa Vitória do Palmar/RS, que abre com o Lançamento do Livro: Nas Redes da Pesca Artesanal .
Dia: 03/03: Lançamento do Livro: Nas Redes da Pesca Artesanal
Hora: 18 horas
Local: Sectur (Antigo Clube Caixeral)
Dia: 04/03: Peça de Teatro: "Nem a pau, Nicolau"
Hora: 20 horas
Local: Theatro Independência
Dia: 05/03: Painel: "A Mulher e o Trabalho"
Hora: 14 horas
Local: Theatro Independência
Painelistas:
Agricultora: Mari Elaine de Sosa Terra, da ATLA
Pescadora: Gilca Rodrigues, presidenta da APEVA
Frente de Trabalho: Patrícia Pereira
ASCAMTER: Eva Rosário Pereira
Secretária de Educação: Maria Hilma Azambuja Castro
Clarivani Collovini de Abreu
Dia 06/03: Show de Música "É preciso ter Garra"
Hora: 21 horas
Local: Theatro Independência
Cantoras: Shãla, Marlene, Shirlei
Dia: 07/03: 24 Horas de Acampamento : "Igualdade, Justiça e Solidariedade"
Início: 18 horas do dia 07/03
Término: 18 horas do dia 08/03
Local: Praça General Andréia
Sarau de Poesias, Músicas, Dinâmicas, Gincana, Karaokê e muita diversão.
Dia 08/03: Marcha: "Mulheres em Movimento"
Hora: 10 horas
Trajeto: Saída do Acampamento na Praça, Rua Mirapalhete, João de Oliveira Rodrigues, Geribatu, retorno pela Barão do Rio Branco até o Acampamento, com entrega do documento "Mulheres em Movimento" para o Prefeito Municipal Cláudio Brayer Pereira e demais autoridades presentes.
Organização: Marcha Mundial das Mulheres – Santa Vitória do Palmar
Apoios:
Prefeitura Municipal – Secretaria de Turismo, Gabinete da Primeira Dama, Programa Alimentar, Departamento de Ação Social
Emater
Santo Ângelo - "Mulheres e Meio Ambiente: transformações necessária",
15/03 - III Edição da Marcha Mundial das Mulheres - II Fórum Social Missões (Fronteira Noroeste e Missões)
Local: na Praça do Brique, em Santo Ângelo
Contará com a participação de delegações do Brasil, Argentina Paraguai e discutirão os temas: "Mulheres e Economia Solidária", "Mulheres e Previdência Social", "Mulheres e a Lei Maria da Penha", "Mulheres e Saúde", "Mulheres e Soberania Alimentar", bem como mostra artística e cultural.
Programação:
Período da Manhã: Participação das delegações nas conferências do Fórum Social Missões;
Período da Tarde:
13h e 30 min - Integração e apresentação das delegações
14h – Teatro e apresentações artísticas
14h e 20 min – Abertura oficial do evento com apresentação de artistas regionais
15h – Troca de experiências em grupos sobre os seguintes temas:
* Vida e luta das Mulheres no Brasil, Argentina e Paraguai
* Previdência urbana e rural
* Mulheres e Saúde
* Economia Popular e Solidária
* Lei Maria da Penha
* Sementes e soberania alimentar
16h – Apresentações musicais e dança
16h 30 min – Construção coletiva da Colcha de Fuchicos e retalho (solicitamos que cada participante traga um ou mais fuxico)
17h – encerramento do ato com shows e debates culturais.
Uruguaiana
2 de março – Coleta de assinaturas no documento resultante da semana municipal da mulher de 2007, em praça pública, que trata de exigências relacionadas as políticas públicas para as mulheres em especial a efetivação de instrumentos legais para a prática da Lei Maria da Penha.
02/03-14h-Instituto Estadual Paulo Freire
02/03-17h-E.E.Ernesto Dornelles.
Seminário Discutindo Políticas Públicas para Mulheres no Município de Uruguaiana-
06/03-19h-Participação no Curso de Formação Políticas para Mulheres
07/03-Participação na Caminhada em POA
7 de março – participação das atividade de Porto Alegre, reunindo os municípios de Barra do Quarai, Alegrete, Manoel Viana, Rosário, São Gabriel – que comporão a delegação da Fronteira para também entregarem suas demandas aos 3 poderes. Viamão
8 DE MARÇO-DIA INTERNACIONAL DA MULHER
"Mulheres de Atitude Transformam a Vida"
06/03-Quinta 17h30-"Debatendo a Saúde da Mulher"
Local:Câmara de Vereadores
Secretaria da Saúde, Conselho Municipal da Saúde,Coordenadoria da
Mulher,Rede de Atenção a Mulher,Ministério Público,Hospital de Viamão.
07/03-Sexta 14hs-O papel dos Clubes de Mães,na organização comunitária.
Conselho Municipal de Clube de Mães-Sede Pda 44
Apresentação Artística Cantora Maria Soza
07/03-Sexta-16hs-V Caminhada das Mulheres,concentração (ao lado Nacional Centro)
Tema: "Mulheres de Atitude Transformam a Vida"
17h- V "Mulheres na Praça"-Show com Artistas Locais
Apresentação Joveline Rodrigues -Rádio Sta.Isabel
08/03-Sábado 15h-Atividade Integrada-Pça Sta.Isabel
Roda de Chimarrão e distribuição de materiais
14/03-Sexta-14h-"Programa de Atendimento as Mulheres Vítimas de Violência
Atividade de abertura do Atendimento Descentralizado
Região Rural-Águas Claras.
Parceria: Coordenadoria da Mulher,U.S., PSF Águas Claras
E CAR.
Local: Salão da Igreja- Aguas Claras
19/03-Quarta 14h-Reescrevendo as Relações de Gênero Através da Arte
Igreja Nossa Senhora Medianeira.
Local: Pça.Vila Estalagem
20/03-Quinta 14h - A mulher e a Economia Solidária
Diálogos e Testemunhos.
Feira da Economia Solidária Praça Central-Centro Viamão
Parceria: Coordenadoria da Mulher e Fórum da Economia Solidária.
24/03-Segunda-14h-Apresentação Projeto "Usina da Moda Social"
Instituto Travessias-Viamão
Local: Câmara de Vereadores
27/03 Quinta- Dia do Teatro-Abertura espaço Viandantes
31/03-Segunda-14h -Gestão Democrática e Popular
Prestação de Contas Coordenadoria da Mulher
Local: Câmara de Vereadores

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

8 de março
Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida

A referência histórica principal das origens do Dia Internacional da Mulher é a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, quando Clara Zetkin propôs uma resolução de instaurar oficialmente um dia internacional das mulheres. Nessa resolução, não se faz nenhuma alusão ao dia 8 de março. Clara apenas menciona seguir o exemplo das socialistas americanas. É certo que a partir daí, as comemorações começaram a ter um caráter internacional, expandindo-se pela Europa, a partir da organização e iniciativa das mulheres socialistas.

Essa e outras fontes históricas intrigaram a pesquisadora Renée Coté, que publicou em 1984, no Canadá, sua instigante pesquisa em busca do elo ou dos elos perdidos da história do dia internacional das mulheres.

Renée, em sua trajetória de pesquisa, se deparou com a história das feministas socialistas americanas que tentavam resgatar do turbilhão da história de lutas dos trabalhadores no final do século XIX e início do século XX, a intensa participação das mulheres trabalhadoras, mostrar suas manifestações, suas greves, sua capacidade de organização autônoma de lutas, destacando-se a batalha pelo direito ao voto para as mulheres, ou seja, pelo sufrágio universal. A partir daí, levanta hipóteses sobre o por quê de tal registro histórico ter sido negligenciado ou se perdido no tempo.

O que nos fica claro, a partir de sua pesquisa das fontes históricas é que a referência de um 8 de março ou uma greve de trabalhadoras americanas, manifestações de mulheres ou um dia da mulher, não aparece registrada nas diversas fontes pesquisadas no período, principalmente nos jornais e na imprensa socialista.

Houve greves e repressões de trabalhadores e trabalhadoras no período que vai do final do século XIX até 1908, mas nenhum desses eventos até então dizem respeito à morte de mulheres em Nova York, que teria dado origem ao dia de luta das mulheres. Tais buscas revelam, para Coté, que não houve uma greve heróica, seja em 1857 ou em 1908, mas um feminismo heróico que lutava por se firmar entre as trabalhadoras americanas. Em busca do 8 de março retraçou a luta pela existência autônoma das mulheres socialistas americanas.

As fontes encontradas revelam o seguinte:
Em 3 de maio de 1908 em Chicago, se comemorou o primeiro "Woman's day, presidido por Lorine S. Brown, documentado pelo jornal mensal The Socialist Woman, no Garrick Theather, com a participação de 1500 mulheres que "aplaudiram as reivindicações por igualdade econômica e política das mulheres; no dia consagrado à causa das trabalhadoras". Enfim, foi dedicado à causa das operárias, denunciando a exploração e a opressão das mulheres, mas defendendo, com destaque, o voto feminino. Defendeu-se a igualdade dos sexos, a autonomia das mulheres, portanto, o voto das mulheres, dentro e fora do partido.

Já em 1909, o Woman's day foi atividade oficial do partido socialista e organizado pelo comitê nacional de mulheres, comemorado em 28 de fevereiro de 1909, a publicidade da época convocava o "woman suffrage meeting", ou seja, em defesa do voto das mulheres, em Nova York.

Coté apura que as socialistas americanas sugerem um dia de comemorações no último domingo de fevereiro, portanto, o woman's day teve, no início, várias datas mas foi ganhando a adesão das mulheres trabalhadoras, inclusive grevistas e teve participação crescente.

Os jornais noticiaram , o woman's day em Nova York, em 27 de fevereiro de 1910, no Carnegie Hall, com 3000 mulheres, onde se reuniram as principais associações em favor do sufrágio, convocado pelas socialistas mas com participação de mulheres não socialistas.

Consta que houve uma greve longa dos operários têxteis de Nova York (shirtwaist makers) que durou de novembro de 1909 a fevereiro de 1910, 80% dos grevistas eram mulheres e que terminou 12 dias antes do woman's day. Essa foi a primeira greve de mulheres de grande amplitude denunciando as condições de vida e trabalho e demonstrou a coragem das mulheres costureiras, recebendo apoio massivo. Muitas dessas operárias participaram do woman's day e engrossaram a luta pelo direito ao voto das mulheres ( conquistado em 1920 em todo os EUA).

Clara Zetkin, socialista alemã, propõe que o woman's day ou women's day se torne "uma jornada especial, uma comemoração anual de mulheres, seguindo o exemplo das companheiras americanas". Sugere ainda, num artigo do jornal alemão Diegleichheit, de 28/08/1910, que o tema principal seja a conquista do sufrágio feminino.

Em 1911, o dia internacional das mulheres, foi comemorado pelas alemãs, em 19 de março e pelas suecas, junto com o primeiro de maio etc. Enfim, foi celebrado em diferentes datas.
Em 1913, na Rússia, sob o regime czarista, foi realizada a Primeira Jornada Internacional das Trabalhadoras pelo sufrágio Feminino. As operárias russas participaram da jornada internacional das mulheres em Petrogrado e foram reprimidas. Em 1914, todas as organizadoras da Jornada ou Dia Internacional das Mulheres na Rússia foram presas, o que tornou impossível a comemoração.

Em 1914, o Dia Internacional das Mulheres, na Alemanha foi dedicado ao direito ao voto para as mulheres. E foi comemorado pela primeira vez no dia 8 de março, ao que consta porque foi uma data mais prática naquele ano.

As socialistas européias coordenavam as comemorações em torno do direito ao voto vinculando-o à emancipação política das mulheres, mas a data era decidida em cada país.
Em tempos de guerra, o dia internacional das mulheres passou a segundo plano na Europa.

Outra referência instigante, que leva a indicação da origem da fixação do dia 8 de março, foi a ligação dessa data com a participação ativa das operárias russas em ações que desencadearam a revolução russa de 1917. Portanto, uma ação política das operárias russas no dia 8 de março, no calendário gregoriano, ou 23 de fevereiro, no calendário russo, precipitou o início da ações revolucionárias que tornaram vitoriosa a revolução russa.

Alexandra Kolontai , dirigente feminista da revolução socialista escreveu sobre o fato e sobre o 8 de março, mas, curiosamente, desaparece da história do evento. Diz ela: " O dia das operárias em 8 de março de 1917 foi uma data memorável na história. A revolução de fevereiro acabara de começar". O fato também é mencionado por Trotski, dirigente da revolução, na História da Revolução Russa. Nessas narrativas fica claro, que as mulheres desencadearam a greve geral, saindo corajosamente, às ruas de Petrogrado, no dia internacional das mulheres, contra a fome, a guerra e o czarismo. Trotski diz: " 23 de fevereiro ( 8 de março) , era o dia internacional das mulheres estava programado atos, encontros etc. Mas não imaginávamos que este "dia das mulheres" viria a inaugurar a revolução. Estava planejado ações revolucionárias mas sem data prevista. Mas pela manhã, a despeito das diretivas, as operárias têxteis deixam o trabalho de várias fábricas e enviam delegadas para solicitarem sustentação da greve... o que se transforma em greve de massas.... todas descem às ruas".

Constata-se que a revolução foi desencadeada por elementos de base que superaram a oposição das direções e a iniciativa foi das operárias mais exploradas e oprimidas, as têxteis. O número de grevistas foi em torno de 90.000, a maioria mulheres. Constata-se que o dia das mulheres foi vencedor, foi pleno e não houve vítimas.

Renée Coté encontra, por fim, documentos de 1921 da Conferência Internacional das Mulheres Comunistas onde " uma camarada búlgara propõe o 8 de março como data oficial do dia internacional da mulher, lembrando a iniciativa das mulheres russas".

A partir de 1922, o Dia Internacional da Mulher é celebrado oficialmente no dia 8 de março.

Essa história se perdeu nos grandes registros históricos seja do movimento socialista, seja dos historiadores do período. Faz parte do passado histórico e político das mulheres e do movimento feminista de origem socialista no começo do século.

Algumas feministas européias na década de 70, por não encontrarem referência concreta às operárias têxteis mortas em um incêndio em 1857, em Nova York, chegaram a considera-lo um fato mítico. Mas essa hipótese foi descartada diante de tantos fatos e eventos vinculando as origens do dia internacional da mulher às mulheres americanas de esquerda.

Quanto aos elos perdidos dos fatos em torno do dia 8 de março, levantam-se várias hipóteses, em busca de mais aprofundamento.

É certo que, nos EUA, em Nova York, as operárias têxteis já denunciavam as condições de vida e trabalho, já faziam greves . E esse momento de organização das trabalhadoras fazem parte de todo um processo histórico de transformações sociais que colocaram as mulheres em condições de lutarem por direitos, igualdade e autonomia participando do contexto social e político que motivaram a existência de um dia de comemoração que simbolizasse suas lutas, conquistas e necessidade de organização. É preciso, pois, entretecer os fios da história desse período.

Desse contexto, surge um dos relatos a ser precisado em suas fontes documentais, sintetizado por Gládis Gassen, (em texto para as trabalhadoras rurais da FETAG), nos indicando que, em março de 1911, dezoito dias após o woman's day, não em 1857, " numa mal ventilada indústria têxtil, que ocupava os 3 últimos andares de um edifício de 10 andares , na Triangle Schirwaist Company, de New York, estalou um incêndio que envolveu 500 mulheres jovens, judias e italianas imigrantes, que trabalhavam precariamente, com o assoalho coberto de materiais e resíduos inflamáveis, o lixo amontoado por todas as partes, sem saídas em caso de incêndio, nem mangueiras para água... Para " impedir a interrupção do trabalho", a empresa trancava à chave a porta de acesso à saída. Quando os bombeiros conseguiram chegar onde estavam as mulheres, 147 já tinham morrido, carbonizadas ou estateladas na calçada da rua, para onde se jogavam em desespero. Após essa tragédia, nomeou-se a Comissão Investigadora de Fábricas de New York, que tinha sido solicitada há 50 anos! E se iniciram, assim, as legislações de proteção à saúde e à vida das trabalhadoras. A líder sindical Rosa Scneiderman organizou 120.000 trabalhadoras no funeral das operárias para lamentar a perda e declarar solidariedade a todas as mulheres trabalhadoras".

Assim, embora, seja necessário continuar a procurar o fio da meada, é certo que todo um ciclo de lutas, numa era de grandes transformações sociais, até as primeiras décadas do século XX, tornaram o dia internacional das mulheres o símbolo da participação ativa das mulheres para transformarem a sua condição e a transformarem a sociedade.

Estamos nós assim, anualmente, como nossas antecessoras comemorando nossas iniciativas e conquistas, fazendo um balanço de nossas lutas, atualizando nossa agenda de lutas pela igualdade entre homens e mulheres e por um mundo onde todos e todas possam viver com dignidade e plenamente.

SOF - Sempreviva Organização Feminista

Referências Bibliográficas:
- Cote, Renée. (1984) La Journée internationale dês femmes ou les vrais dates des mystérieuses origines du 8 de mars jusqu'ici embrouillés, truquées, oubliées : la clef dês énigmes .La vérité historique. Montreal: Les éditions du remue ménage.

- Gassem, Gladis. (2000) Ato de solidariedade a mulher trabalhadora Ou, Afrodite surgindo dos mares. 8 de Março de 2000. Organização das trabalhadoras rurais. FETAG/RS.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Programação Curso de Formação Política para as mulheres

Relato da Participação da MMM/RS no estágio de vivência do MST MG


À convite da Marcha Mundial de Mulheres de Minhas Gerais, núcleo Belo Horizonte, a Marcha Mundial de Mulheres RS, pelo coletivos de jovens, Marilise Fróes, participou, de 25 de janeiro à 01 de fevereiro, da 1° Etapa do 5° Estágio Interdisciplinar de Vivência com o MST. O Evento aconteceu em Belo Horizonte e teve a participação de 150 estudantes de diversos Estados do país, (SP, MA, RJ, CE, GO, PA, BA, e PB) e também 15 internacionalistas, da Colômbia, Argentina e Chile.

Os debates centrais desta primeira etapa de formação foram a questão agrária, a questão energética / hidroelétricas e o feminismo. Dentro da Metodologia do MST, os estagiários e convidados foram distribuídos em Brigadas, que eram acompanhadas pelo os integrantes da CPP – Comissão Político Pedagógica. A companheira da MMM /RS ficou junto a uma das Brigadas, fomentando os debates internos gerados a partir dos painéis realizados e com o compromisso de trazer o feminismo como tema transversal às demais questões.

Foram realizados os seguintes painéis, distribuídos em dois turnos, com tempo de trabalhos em Brigadas/ debates internos para retomada das pautas em plenária. Estes foram os seguintes painéis da primeira etapa: Histórico, Objetivos, Princípios e Metodologia do EIV; Como funciona a sociedade através do método marxista – com Reinaldo Antonio Carcanholo; Feminismo na Luta de Classes – Ticiana Studart da Marcha Mundial de Mulheres do Ceará;. Questão Agrária com João Pedro Stédile; Universidade e Matriz tecnológica, com Sebastião Pinheiro e Roberto Leher; Cultura e alteridade, com Corisco e Pereira da Viola; Mídia e poder, com Hamilton Octávio de Souza; Questão energética e Justiça Ambiental, com Dorival, do MAB; e Realidade Latino Americana – com Diva Braga, Bernadete Esperança e estagiários internacionalistas.

No dia da realização do painel sobre o feminismo, a Escola onde estava sendo realizado o EIV foi ornamentada com questões e frases machistas, bem como questionamentos sobre a violência contra mulher, espalhadas por todos os espaços, propiciando que os estagiários fossem lendo as questões, e depois no momento de debate pudessem levantar outras questões. O painel ministrado pela companheira Ticiana, foi muito interessante e suscitou diversas dúvidas e fez com que os (as) participantes do curso tivessem mais informações acerca do feminismo e quanto as ações da Marcha e também tivessem a oportunidade de refletir sobre diversas ações do dia-a-dia, falas e posturas machistas, que acabam sendo naturalizadas. Outro dado interessante, é que 70% dos (as) estagiários (as) eram mulheres.

A MMM BH tirou como estratégia, convidar outras integrantes da Marcha para estarem no EIV no dia do debate, para que cada brigada, que eram 11, pudesse ter uma integrante da Marcha para contribuir com os debates, durantes os trabalhos internos, antes de retomar o debate em plenário.

No período da tarde, na retomada dos trabalhos também foi realizada uma intervenção com a Batucada, que foi muito bem recebida e teve a participação de diversas estagiárias. O saldo deste primeiro processo, na avaliação de todas as integrantes da Marcha que estiveram presentes, foi bem positivo, tendo algumas meninas de BH e também do interior interessadas em se inserirem na Marcha e também se articularem em suas cidades, as que ainda não conheciam o movimento.

Após o dia 01/02 os estagiários se deslocaram para as áreas do MST e do MAB e seguiu-se com o núcleo da Marcha de BH, reunindo sobre o 8 de Março e a retomada da intervenção da MMM, no terceira e última etapa do 5° EIV – A Retomada de Luta, que se realizaria de 12 à 17 de fevereiro, e também conversando com alguns grupos de Economia Solidária que são identificados com a Marcha. Foi realizada visita à uma feira de EPS, promovida pelo Condim, com mais de 50 expositoras, onde foi possível colaborar com a MMM regional na construção de um painel sobre geração de trabalho e renda para mulheres, no viés da economia solidária, a ser realizado dentro da programação do 8 de Março e também com perspectiva de realizar outro com mais fôlego dentro das atividades do 1° de Maio, dia do trabalhos, junto às atividades que a Marcha venha a realizar na cidade de Belo Horizonte e região Metropolitana.

Deste processo, também ficou o indicativo de uma das companheiras da Economia Solidária, que integra a Marcha estar puxando este debate com mais força para dentro do Movimento feminista local e também seguir dentro do Fórum Metropolitano de Economia Solidária (BH), porém como Marcha Mundial de Mulheres, efetivando um convite que o movimento já havia recebido.

Este é um breve relato das atividades que a MMM/RS esteve representada em Belo Horizonte/MG, no período de 24 de janeiro à 09 de fevereiro, tendo sido o deslocamento e a participação da Marilise, viabilizada pelo Sintrajufe, e já havendo sido prestado contas à Direção Sindicato, do uso do recurso com passagens rodoviárias para Belo Horizonte, bem como relatório da atividade, referente ao apoio recebido.

O Coletivo de Jovens da MMM quer organizar o mais breve possível uma atividade de socialização da experiência que a companheira Marilise teve o privilégio de vivenciar em Minas Gerais.

Marilise Fróes (Nenê)

Legalizar o Aborto! Pelo Direito à Vida das Mulheres

Analine Specht e Cláudia Prates, da Marcha Mundial de Mulheres, questionam a valorização da vida defendida pela Campanha da Fraternidade de 2008.

ANALINE SPECHT e CLÁUDIA PRATES

O silêncio que existe sobre o aborto esconde a verdadeira realidade. Mais mulheres do que se pode imaginar já tiveram que recorrer ao aborto diante de uma gravidez indesejada. Todas e todos conhecemos casos de prática do aborto motivados por várias razões como estupro, condição de vida, condição econômica, idade, saúde, relação com o companheiro entre outros. O aborto pode ser involuntário quando ocorre de forma espontânea, sem que a mulher queira, ou ocorre por sua decisão diante de uma gravidez indesejada.

Quando as mulheres precisam fazer aborto correm dois riscos: de serem consideradas criminosas e por isso é feito clandestinamente. E o segundo é o risco de morte e seqüelas que podem ocorrer, uma vez que a maioria dos abortos é realizada de forma insegura.

Esta situação demonstra que não é reconhecido o direito das mulheres de decidirem sobre suas vidas, seus corpos, sua sexualidade. A obrigação das mulheres é cumprir seus papéis de mães e esposas, tendo como função e espaço de realização pessoal a estrutura da família. Estrutura esta que reproduz e mantém a subordinação e dependência da mulher, assegurando, desta forma, um reduto da supremacia do homem, como provedor e detentor do poder. Essa construção está ligada a lógica cristã ocidental que atribui à função social da mulher a geração e preservação da vida como mãe. Com base nesses pressupostos católicos, a CNBB lançou a Campanha da Fraternidade de 2008 – com o lema "Fraternidade e Defesa da Vida" reafirmando a condição da mulher acima descrita. Entre as várias formas de “defesa da vida” pautadas pela campanha está o aborto. A legalização do aborto é colocada como um ato de atentado à vida, como prática “imoral, cruel e trágica”, relegando a responsabilidade da maternidade e das relações sexuais somente às mulheres.

A Marcha Mundial das Mulheres, movimento de caráter feminista, defende e atua pelo direito à autodeterminação e autonomia das mulheres frente a todas as formas de opressão. O tema do aborto sempre foi discutido de maneira ampla, compreendendo a defesa da necessidade que todas tenham direito à informação e à anticoncepção. Mas também compreendendo que as relações de poder que existem no campo da sexualidade fazem com que, na maioria das vezes, as mulheres não possam decidir livremente. A criminalização do aborto condena milhões de mulheres a viver com culpa, vergonha e medo. Sentimentos estes construídos e legitimados pela ética cristã, com base no castigo e punição subjetivos que formam as matrizes do senso comum e da pressão social. O movimento feminista defende que as mulheres decidam sobre sua reprodução e sexualidade livres da intervenção dos homens, do Estado ou da Igreja. A garantia de liberdade e direito de decisão das mulheres sobre a maternidade quebrará um pilar fundamental de sua opressão. As mulheres têm o direito de definir como querem viver suas vidas: como casadas ou não, com ou sem filhos, lésbicas ou heterossexuais.

Nesse sentido, defendemos o Estado de direito laico baseado na igualdade e na liberdade individuais, permitindo que as mulheres tomem suas próprias decisões de acordo com suas vontades e princípios. Lutamos todos os dias pela ampliação de políticas públicas de saúde que atendam de forma integral as mulheres, com políticas que respeitem os direitos sexuais e os direitos reprodutivos com respeito ao direito de decisão autônoma sobre seu corpo.

Para a Marcha Mundial das Mulheres no Brasil o desafio é como colocar o protagonismo da luta pelo aborto na organização das mulheres e na articulação com outros movimentos, enfocando a autonomia de decisão, por um projeto de lei centrado no direito das mulheres decidirem sobre o aborto e na garantia de atendimento no serviço público. O aborto só será discriminalizado e legalizado se de fato construirmos um amplo movimento social que defenda essa bandeira e a conduza às devidas instâncias.

Reforçamos que a luta pela discriminalização e legalização do aborto só será vitoriosa quando houver uma forte radicalização na luta feminista que possibilite um avanço de conscientização e de ruptura com valores conservadores e opressores.

Analine Specht e Cláudia Prates integram a Marcha Mundial das Mulheres no RS. Contato: mmm_rs2004@yahoo.com.br

Disponível em: www.agenciachasque.com.br