segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Marcha Mundial das Mulheres encerra Ação Internacional na República Democrática do Congo

A 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres foi encerrada ontem, 17 de outubro, em Bukavu, na República Democrática do Congo. Segundo Sônia Coelho, que participou das atividades de encerramento da Ação representando a MMM Brasil, o ato final contou com a presença de mais de 20 mil pessoas.


As atividades começaram no dia 13 de outubro e contaram com a participação de mais de mil mulheres vindas de 42 países. Elas estiveram reunidas para discutir a situação das mulheres na região dos Grandes Lagos Africanos, e fizeram visitas em comunidades em que a violência contra a mulher é uma ameaça constante. “No dia 16 estivemos em Moenga, comunidade onde diversas mulheres foram estupradas. Foi chocante”, relatou Sônia.


O encerramento da 3ª Ação Internacional da MMM procurou enfatizar um dos quatro campos de ação que nortearam as mobilizações: paz e desmilitarização. Ações realizadas em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, tiveram como objetivo demonstrar solidariedade às mulheres que vivem em regiões de conflito armado, explicitando que o impacto dessa situação na vida das mulheres é diferente e muito mais aprofundado.


Segundo Sônia, a presença militar na República Democrática do Congo é intensa, e o clima local de muita tensão. Ainda assim, a companheira contou que Bukavu permaneceu ao longo dos quatro dias enfeitada com faixas da Marcha Mundial das Mulheres por todos os cantos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Ato de encerramento da Ação 2010 em Porto Alegre



Feministas da MMM-RS fazem ato, em Porto Alegre, para marcar encerramento das atividades da Ação Internacional 2010.

O Ato foi marcado pela distruibuição de panfletos sobre encerramento da ação, nota de repúdio do uso eleitoral do aborto, plataformas da Ação 2010, adesivos da ofensiva contra o machismo. A batuca feminista animou nossa ação.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Vamos eleger Dilma Rousseff Presidenta do Brasil

No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.

Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra.Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.

Avaliação do 1º turno
As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras.

No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.

Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela Reforma Agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual. Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira.

A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno. A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial.

Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff “é a favor de matar as criancinhas”. Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.

A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.

O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia.

Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.

O 2º Turno
Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.

Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário.

Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.

Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.

Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.Nossa posição nessa conjuntura

Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.

Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.

Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.

Via Campesina Brasil Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB Movimento das Mulheres Camponesas- MMC Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB Assembleia Popular- PE Centro de Estudos Barão de Itararé Fórum Brasileiro de Economia Solidária Marcha Mundial das Mulheres- MMM Movimento Camponês Popular- MCP Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO

Fonte: http://www.sof.org.br/marcha/?pagina=inicio&idNoticia=514

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ato de encerramento da Ação 2010 em Porto Alegre

Convidamos a todas as mulheres para participar conosco de Ato de encerramento da 3ª Ação Internacional da MMM

Estaremos reunidas domingo, 17/10, pós 10hs nos arcos da Redenção em Porto Alegre!


Estaremos com a batucada e panfletação

Contamos com a tua presença

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Nota de repúdio contra o uso eleitoral do debate sobre o aborto

Nota de repúdio contra o uso eleitoral do debate sobre o aborto
Publicada em: 13.10.2010

Fonte: SOF

Mais uma vez, em contextos de disputa eleitoral, o patriarcado por meio de seus representantes na classe política conservadora, explora as necessidades do povo. Mais uma vez é sobre o corpo das mulheres e contra a autonomia das mulheres que a disputa se faz.

Ainda hoje e apesar da Lei do Planejamento Familiar de 1996, pratica-se a troca de votos por laqueadura de trompas. Apela-se para a mentira e o terrorismo para combater a luta por direitos humanos para as mulheres e para chantangear candidaturas.

Desde os anos 1980, o movimento de mulheres adota o 28 de setembro como o Dia Latino-Americano Pela Descriminalização do Aborto. Este ano, nessa data, foi lançada a Plataforma para Legalização do Aborto no Brasil. Na Plataforma estão colocados os termos do debate que queremos fazer com a sociedade brasileira, os movimentos sociais, as associações de classe, os partidos, parlamentares, o Poder Judiciário e o Executivo. Queremos que o debate seja feito de forma politizada e não moralista.

Repudiamos o uso político da questão do aborto, causa tão complexa e importante para a vida das mulheres. Repudiamos as lideranças religiosas que manipulam informações, aterrorizam e mentem para seus fiéis em favor da ampliação de seu próprio poder político.

Exigimos respeito à dignidade das mulheres! Queremos um ambiente democrático para fazer o debate franco e informado sobre o direito à maternidade e à auto-determinação reprodutiva para todas as mulheres, sem discriminação de classe ou de cor.

Nenhuma mulher deve ser presa, punida, perseguida,
maltratada,ou humilhada por ter feito um aborto.

Em, 08 de outubro de 2010.
Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto

Final da 3ª Ação Internacional em 17 de outubro de 2010

Companheiras,

Estamos chegando ao fim da 3a Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres.

As mobilizações começaram em 8 de março, marcando o centenário da proposição do Dia Internacional das Mulheres, e terminam em 17 de outubro.

Ao longo deste ano, mulheres de todas as regiões do mundo realizaram, em mais de quarenta países, atos públicos, marchas, encontros, seminários e muitas outras atividades demonstrando sua força e capacidade de auto-organização.

No Brasil, marchamos com mais de duas mil mulheres, entre as cidades de Campinas e São Paulo, de 8 a 18 de março. Fomos vitoriosas ao realizar essa grande marcha, cujo impacto na vida das participantes será permanente. Durante a Ação, pudemos dialogar com a população das cidades pelas quais passamos, além de apresentar nossa plataforma de luta, com pontos fundamentais para a transformação da vida das mulheres, para toda a sociedade brasileira.

No dia 17 de outubro, para encerrar nossa 3ª Ação Internacional, demonstraremos nossa solidariedade com as mulheres que vivem em países e regiões que enfrentam conflitos armados, e que desempenham papel fundamental para o estabelecimento da paz. Vamos nos juntar em pensamento e ação às companheiras que participarão da atividade de encerramento da Ação de 2010, que será em Bukavu, na República Democrática do Congo, e também às que realizarão ações nacionais nessa data, como as mulheres da Galícia e do Quebec.

Precisamos garantir que o encerramento da Ação no Brasil faça jus ao esforço e à grandeza que caracterizaram nossa marcha. Por isso, chamamos todos os comitês da Marcha Mundial das Mulheres, as organizações parceiras que construíram a ação coletivamente, a realizar atividades que discutam o tema paz e desmilitarização no dia 17 de outubro. Pedimos também que as companheiras procurem informar quais atividades serão realizadas, e que não deixem de enviar fotos e relatos posteriores.


Em solidariedade feminista,


Marcha Mundial das Mulheres


SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS, ABSOLUTAMENTE TODAS, SEJAMOS LIVRES !!!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dilma e o Aborto


Dilma e o aborto

Por Luciana Ballestrin*

Nas sociedades democráticas e plurais com Estado de Direito laico, a luta pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez é uma das maiores reivindicações e/ou conquistas do movimento de mulheres. É um tema que diz respeito à emancipação e libertação feminina, porque toca no direito individual de escolha de cada mulher. Em sociedades com desigualdades sociais e econômicas, o aborto também é um problema de saúde pública: as mulheres que possuem mais recursos financeiros recorrem às clínicas clandestinas particulares. Caríssimas, os seus métodos não provocam dor. As mulheres pobres por seu turno têm de contar com intervenções baratas, arriscadas e doloridas. O popular chá do aborto provoca contrações de dor delirante. É pela consciência de todas essas questões que em vários países desenvolvidos, existe a descriminalização do aborto voluntário. Mesmo Portugal, um país com forte tradição católica e conservadora, avançou no tema aprovado por Referendo Popular em 2007. A questão do aborto, portanto, é uma questão de Justiça, de saúde e de direito da mulher.
A grande inimiga dessa luta tem um nome: religião. Por ser fundada em crença, está afastada das leis, da ciência e da verdade. Obviamente, a fé é algo completamente legítimo, porém não necessariamente justa. Daí é que entra a questão da moral e da ética. Para algumas crenças, interromper uma vida celular de poucos dias é sinônimo de matar uma criança. A ciência prova que não o é. Mas, de que vale a ciência para as pessoas que reproduzem esse raciocínio? Se as mulheres dependessem da religião para figurar suas lutas, a pílula ainda seria proibida.
Nestas eleições, uma forte onda conspiratória atravessada pelos setores mais conservadores e reacionários da sociedade brasileira foi responsável para a ida ao segundo turno. A estratégia de espalhar medo é bastante eficiente pela direita no Brasil: em 1989, Lula desapropriaria apartamentos e fecharia todas as igrejas; em 2005, o desarmamento era um prenúncio de golpe; em 2010, assiste-se a uma demonização inédita de uma mulher. Inédita porque pela primeira vez temos a possibilidade de eleger uma para Presidente do Brasil. Dilma Rousseff está completamente atrapalhada porque sem dúvida não esperava que a campanha contra a sua pessoa fosse tão cruel e caluniosa. Quando se diz que a candidata foi guerrilheira, o que está querendo se dizer? Que ela dará um golpe contra si mesma quando tomar o poder? Que ela fará a revolução? Da mesma forma, os boatos sobre sua posição favorável ao aborto tem qual significado? Que ela no dia primeiro de janeiro baixará um decreto-presidencial liberando a prática?
Dilma está sendo publicamente perseguida inclusive por ser mulher. Uma mulher guerreira, torturada quase até à morte, vencedora de uma luta recente contra o câncer. A onda verde infelizmente não existe. Se Dilma perder pelas campanhas paralelas do medo e do boato, a democracia e o Estado laico estarão em risco no Brasil. É extremamente preocupante se o machismo, o obscurantismo e o moralismo forem os vitoriosos destas eleições.

* Professora de Ciência Política da UFRGS