domingo, 26 de abril de 2015

Dia das Trabalhadoras com Feminismo em POA

Nós da Marcha Mundial das Mulheres convidamos para participação do ato do 1º DE MAIO que acontecerá em Porto Alegre.

Vamos estar lá no Gasômetro fazendo picnic, bate-papo sobre o impacto sobre a vida das mulheres e pintando uma faixa contra a exploração do trabalho das mulheres.

O que está em jogo são os nossos direitos trabalhistas e o PL 4330 vem no sentido de retirar direitos e precarizar as relações de trabalho..
Não ao PL da precarização - Não à terceirização!!!!

BASTA DE EXPLORAÇÃO DO NOSSO TRABALHO!

sábado, 25 de abril de 2015

Dia dos Trabalhadores e das trabalhadoras no CineBancários


     No dia 1º de maio, Dia Nacional dos Trabalhadores e das trabalhadoras, na sessão das 15h, o CineBancários homenageia a todas as categorias de trabalhadores e trabalhadoras e promove uma sessão gratuita do filme belga “Dois Dias, Uma Noite”, de Jean -Pierre e Luc Dardenne. O filme conta uma história dramática sobre a solidariedade da classe operária num mundo cada vez mais consumido pela ganância empresarial. Com Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée.


SINOPSE:
 Sandra (Marion Cotillard) perde seu emprego pois outros trabalhadores da fábrica preferiram receber um bônus ao invés de mantê-la na equipe. Ela descobre que alguns de seus colegas foram persuadidos a votar contra ela. Mas Sandra tem uma chance de reconquistá-lo. Ela e o marido (Fabrizio Rongione) têm uma tarefa complicada para o final de semana: eles devem visitar os colegas de trabalho e convencê-los a abrir mão de seus bônus, para que o casal possa manter o seu emprego.

FESTIVAIS E PRÊMIOS:
* Seleção Oficial do Festival de Cannes e indicado ao Palma de Ouro;
* Vencedor do Grand Prix no International Cinephile Society Awards;
* Vencedor do Prêmio do Festival de Cinema de Sidney;
* Indicado ao Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Munique;
* Indicado ao Melhor Filme Europeu pelo Voto Popular no European Film Awards;
* Marion Cotilard indicada ao Oscar de Melhor Atriz

FICHA TÉCNICA:
DOIS DIAS, UMA NOITE
País: Bélgica / Itália / França
Ano: 2014
Gênero: Drama
Duração: 95 minutos
Direção: Jean Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Produção: Luc Dardenne, Denis Freyd e Jean Pierre Dardenne
Roteiro: Luc Dardenne e Jean Pierre Dardenne
Cinematografia: Alain Marcoen
Edição: Marie-Hélène Dozo
Estúdio: Les Films du Fleuve
Elenco: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Olivier Gourmet, Pili Groyne,
Simon Caudry, Catherine Salée e Batiste Sornin


"Machismo, a gente vê por aqui" - Rede Globo - Há 50 anos tratando as mulheres como mercadoria.

Neste domingo, dia 26 de abril, haverá a descomemoração dos 50 anos da Rede Globo: https://www.facebook.com/events/1575324696060964/

A Frente Feminista de Porto Alegre se somará ao evento para que possamos discutir a representação da mulher na mídia.

14h - Roda de Conversa sobre o Machismo na Mídia
15h - Confecção de um varal com frases e artes que denunciam como a Rede Globo contribui com o machismo, o racismo, a homofobia e a lesbofobia.

Venha e traga suas ideias, suas frases, seus desenhos e vamos juntas lutar pelo fim da representação misógina e patriarcal das mulheres.


ATO FORA GLOBO\RBS! A festa acabou: 50 anos de mentira!

 
Data: dia 26 de abril
 
Hora: das 14:00 às 16:00
Local: Redenção
Porto Alegre, RS


 
 

IV AÇÃO INTERNACIONAL MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES/2015

Ação Regional Brasil (RS-SC-PR)
Trinacional: Brasil - Argentina - Uruguai
 Primavera pelo Direito ao Corpo e à vida das Mulheres
 


 Quando? Onde? Quem?

Data: 26, 27 e 28 de setembro de 2015

Local: Santana do Livramento-RS (493 km de Porto Alegre; 941km de Florianópolis-SC; 758km Buenos Aires; 510km Montevideo)

Público: •1000 (mil) Mulheres

Metas

 •500 mulheres do RS; 
•500 Brasil/SC-PR – Argentina – Uruguai



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Folia das Clandestinas

(intervenção cultural durante a Folia das Clandestinas e Lançamento da 4ª Ação Internacional do RS.
com Cláudia Prates na leitura e Nina Fola no atabaque)


Este é um chamamento
À nossa ancestralidade, nossa história.
Somos mulheres!
Nosso canto não é de lamento
É de denúncia, é  de rei-vin-di-ca-ção - DE LUTA !!!!
Lutamos contra o machismo
O racismo, a lesbofobia – a MISOGINIA!
Vivemos o trabalho precarizado,
Mas queremos trabalho digno para todas.
Querem nos enfiar a terceirização goela abaixo,
Mas nós dizemos sim ao trabalho solidário.
A violência quando nos FALA........
MULHER, NÃO CALA!
O capital que nos explora
Transforma tudo em mercadoria....
E somos obrigadas a seguir um padrão de beleza inatingível
Geramos filhas e filhos,
E ainda NÃO temos o ventre livre!
Nós queremos o aborto legal e seguro, porque
SOMOS TODAS CLANDESTINAS – criminalizadas, na prisão, SEM PAI !
QUEM SOMOS?
Jovens, idosas, indígenas, negras, lésbicas, de todas as formas, tantos prantos...
Somos mulheres que lutam por seus territórios, por seu corpo, por liberdade, por justiça.
Cantamos pra ficar juntas, pois nosso canto é feminista, é de resistência, é de alegria – Folia!
UMA FOLIA FEMINISTA
UMA FOLIA DAS CLANDESTINAS
“Companheira me ajude, que eu não posso andar só
Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”
 
Cláudia Prates, militante feminista da MMM de Porto Alegre/RS

CONTRIBUA COM A 4ª AÇÃO INTERNACIONAL DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

Feministas em movimento lutam para mudar o mundo e a vida das mulheres: faça parte desta construção!
Companheiras e companheiros, que acreditam na nossa luta, estamos começando uma campanha com o objetivo de garantir a participação das militantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná da Marcha Mundial das Mulheres na nossa 4ª Ação Internacional, que acontecerá em Santana do Livramento/RS, dias 26, 27 e 28 de setembro de 2015.
Temos várias formas de contribuição:
- adquirindo nossos materiais nas atividades em que estamos presentes - economia solidária!;
- participando de nossas festas, brechós, almoços etc - contribuições festivas!;
- fazendo uma contribuição mensal, com depósito em conta:
Deise Menezes​ (tesoureira)
Fone:  51-97734797
CPF: 468.418.900-78
Dados da conta:
Banco 033 - Santander

Agência 1211 - 
Poupança 60005977-3

- as militantes organizadas da MMM RS podem ainda solicitar uma caderneta de contribuição, onde cada uma pode fazer a coleta entre amigas e amigos e depois depositar em nossa conta.

CHEGARAM OS COPOS, CHINELOS, CADERNETAS E AS CANECAS DA MMM - mais uma forma de contribuição militante!
Encomende já as suas diretamente com a Francine (051) 8225.5191 - ou por email: franbarenho@gmail.com - com o título - ENCOMENDA DE COPOS.





Video das 24 horas de Ação Feminista, no Brasil


Neste dia 24 de abril de 20...
https://youtu.be/73ek1jElCZY

                                             
mulheresemmarcha enviou 24 horas de Solidariedade Feminista - 4ª Ação Internacional da MMM no Brasil
mulheresemmarcha
Neste dia 24 de abril de 2015, nós militantes da Marcha Mundial das Mulheres de todo o mundo nos juntamos em uma grande onda feminista, para denunciar o capitalismo e o patriarcado que exploram e expropriam os corpos e o trabalho das mulheres!

Relembramos o massacre do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, ocorrido há exatos dois anos. Na ocasião, mais de 1000 mulheres ficaram feridas ou perderam suas vidas em um desabamento do edifício onde trabalhavam em condições desumanas em troca de um salário imoral. As roupas produzidas por elas eram vendidas para grandes marcas do mundo inteiro. Por isso perguntamos: você sabe #QuemFezSuaRoupa?

No Brasil, nos colocamos também contra o projeto de terceirização (PL 4330/04) vem ameaçar os direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras, aumentando ainda mais a sobrecarga de trabalho das mulheres.

A mobilização das "24 Horas de Solidariedade Feminista" faz parte da nossa 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mul... (mais)

https://youtu.be/73ek1jElCZY

Tuitaço das 24h de Ação Feminista da Marcha Mundial das Mulheeres


terça-feira, 21 de abril de 2015

Lançamento da 4ª Ação Internacional da MMM no RS


A Festa das Clandestinas >Abril< te convida para o lançamento da 4º Ação Internacional da MMM no RS - Primavera do Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres.

Em setembro de 2015 reuniremos mulheres brasileiras, uruguaias e argentinas, em Santana do Livramento-RS, pelo direito de decidir, de ser mulher, de ser feminista, de ser feliz!

Vai ter comidinhas e ceva gelada!!

A discotecagem será com a feminista Dj Ana Langone 

Clandestinas e Clandestinos venham bailar com a gente!! 
#Feminismo2015 #PelaVidaDasMulheres
PUBLICAÇÕES


EVENTO NO FACEBOOK, VAI LÁ E CONFIRMA TUA PRESENÇA !!!!!! 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

4a. Ação Internacional da MMM: A Primavera pelo Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres.


 A cada 5 anos, a Marcha Mundial das Mulheres realiza uma grande mobilização internacional. Em 2015 faremos nossa 4ª Ação Internacional, que tem como eixo “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”.
No Brasil, diferente de outros momentos em que as mulheres de todo o país se reuniram em uma ação comum, a Ação de 2015 será um processo enraizado em âmbito local. Vamos realizar atividades descentralizadas, para visibilizar as lutas que nós mulheres realizamos em nossos territórios, nossas resistências e nossas práticas que constroem novos paradigmas.

A Ação irá acontecer nas cinco regiões do Brasil, durante todo o ano. A Ação foi lançada no dia 8 de março, Dia de Luta das Mulheres, e se encerra no dia 17 de outubro, Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza.






 AGENDA DA 4ª AÇÃO INTERNACIONAL DA MMM NO BRASIL:

- Lançamento Nacional da Ação – 8 de março.

- Região Norte - Palmas (TO), de 15 a 17 de abril.
A auto-organização como estratégia para mudar o mundo e a vida das mulheres.

- Região Sudeste – Varzelândia (MG), de 17 a 19 de abril
Em defesa da água. Contra as empresas mineradoras que buscam ampliar a exploração de ferro e ouro em seus territórios.

- 24 horas de solidariedade feminista, 24 de abril
Em cada país onde a MMM está organizadas, acompanhando o ciclo do sol ao redor da terra, as mulheres saem às ruas das 12 às 13 horas, para manifestar sua solidariedade internacional, criando assim uma onda feminista.

- Região Sul – Santana do Livramento (RS), de 26 a 28 de setembro
Em luta pela legalização do aborto. Pelo fim da hipocrisia que hoje mata, principalmente, mulheres pobres e negras pela clandestinidade do aborto.

- Região Sudeste - Vale do Ribeira (SP), julho
Autonomia econômica, economia feminista e solidária e agroecologia. Apoio à luta das mulheres quilombolas, indígenas e caiçaras contra a mercantilização da natureza.

- Região Nordeste – Paraíba, julho
Fim da violência contra as mulheres. A auto-organização das mulheres como estratégia de enfrentamento à violência sexista e à impunidade.

- Região Sudeste – Rio de Janeiro (RJ), agosto
“Pela desmilitarização de nossas vidas”. Ocupação do espaço público e intercâmbio entre mulheres.

- Região Centro-Oeste – Brasília (DF), de 11 a 12 de agosto
5ª Marcha das Margaridas. Pauta: “Margaridas seguem em marcha por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade”.

- Região Centro-Oeste – Campo Grande (MS), de 5 a 7 de setembro
Contra a violência do agronegócio. Pelo fim do desmatamento pelo agronegócio, contra a violência sexista através da prostituição e do tráfico de mulheres, e pelo fim da violência contra as mulheres indígenas.

- Região Nordeste – Cariri (CE) e Mossoró (RN), 17 de outubro
“Nossas resistências e alternativas feministas: Corpos e territórios livres!”. Encerramento da Ação Internacional. Fortalecer e visibilizar nossas resistências e alternativas.

domingo, 19 de abril de 2015

24 horas de Ação Feminista - Ato de Solidariedade Feminista por trabalho digno para as mulheres!


Ato de Solidariedade Feminista por trabalho digno para as mulheres! (evento no face, clique aqui)

Dia 24 de abril
das 12 às 13h
Local: Esquina Democrática

Você sabe onde e em quais condições foi confeccionada a roupa que você está vestindo agora?

AÇÃO FEMINISTA DURANTE 24 HORAS! 
Estamos nas ruas para denunciar as condições de trabalho precarizado que vivem muitas mulheres. Queremos ainda falar sobre a terceirização do trabalho e o que nós temos a ver com isto.

Nossa solidariedade deste ano é com as Mulheres de Bangladesh:
Dhaka, capital de Bangladesh, 23 de abril de 2013, edifício Rana Plaza. Um dia antes de cair por terra, uma imensa rachadura se abriu sobre seus andares. Muitas trabalhadoras e trabalhadores das confecções têxteis que ocupavam o prédio se recusaram a adentrar. Porém, a ameaça de perder o emprego obrigou-os a mais um dia de jornada. Então, no dia 24 de abril, Rana Plaza desabou, causando 1138 mortes. 80% dessas pessoas eram mulheres. Das mais de 2500 feridas, muitas perderam permanentemente a capacidade de trabalhar. Essas fábricas de confecção de roupas em Bangladesh e em outros países do sudeste asiático fazem parte de uma cadeia produtiva internacional, onde mulheres e homens trabalham sob a lógica da terceirização.

O que aconteceu em Bangladesh expressa a realidade de milhares de mulheres no mundo, exploradas pela indústria da moda e da beleza. Somos exploradas como trabalhadoras, controladas como consumidoras, e mercantilizadas como mulheres. Sempre obrigadas a seguir um padrão de beleza único, irreal e inatingível.

No Brasil, para agravar mais ainda a situação de trabalho das mulheres, o PL 4330, que regulamenta e amplia as terceirizações, foi aprovado recentemente na Câmara dos Deputados. Sob o falso argumento de maior produtividade e competitividade da indústria nacional, o projeto possibilita que os empresários aumentem suas taxas de lucro mediante a total falta de responsabilidade perante direitos trabalhistas historicamente conquistados.
Segundo dados do DIEESE, no ano de 2014, os contratos de terceirização geraram um ganho de salário 24,7% menor que os contratos diretos. Nesse cenário, as mulheres, que recebem 1/3 a menos que os homens para cumprir a mesma função no mercado, acabam por ser as mais prejudicadas. Além de exercer uma jornada maçante e mal remunerada nos empregos, ainda são obrigadas a administrar os lares, cuidando para que tudo corra da melhor forma possível na vida de seus entes queridos.

As 24 Horas de Solidariedade Feminista fazem parte da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Somos mulheres do mundo inteiro, que, no dia de hoje, do Pacífico ao Atlântico, organizaremos atividades entre 12h e 13h, acompanhando o ciclo do sol.
No Brasil, estamos mobilizadas em diversos estados e municípios na luta por igualdade e melhores condições de trabalho. De 8 de março a 17 de outubro de 2015, a 4ª Ação Internacional da MMM movimentará mulheres de todo o planeta com a máxima: Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Site da Marcha Mundial das Mulheres está no ar!

Está no ar o novo site da Marcha Mundial das Mulheres Brasil!

http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/

Ele será um espaço privilegiado para compartilhar as informações sobre a MMM nos estados, nossas ações e posicionamentos.

No novo site já estão disponíveis noticias sobre as atividades da 4ª Ação Internacional da MMM no Tocantins e em Minas Gerais, além do chamado para as 24 horas de solidariedade feminista, informações sobre a história da Marcha e de atividades e alianças que construímos, como a nossa presença na Cúpula dos Povos.

As comunicadoras da MMM seguem na construção de uma comunicação feminista, autônoma e auto-organizada, nas ruas, nas redes e nos roçados, até que todas sejamos livres!

#Feminismo
#Feminismo2015


sábado, 11 de abril de 2015

Sobre a redução da maioridade penal

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*Por: Iolanda Toshie Ide
É grande o número de adolescentes vítimas de violências e assassinatos. Pelo contrário, o número de jovens acusados de homicídio é muito menor: 4% dos internados na “Fundação Casa”. Em vez da sociedade se preocupar em aprimorar os meios de proteção aos adolescentes, alguns parlamentares buscam instrumentalizar parte da sociedade contra os adolescentes.
As prisões estão superlotadas e seus egressos têm 70% reincidência. Instituições para adolescentes em conflito com a lei, embora não sirvam de exemplo, exibem 25% de reincidência. Colocá-los junto a adultos é, pelo menos, expô-los a uma aprendizagem da criminalidade.
É importante lembrar que adolescentes estão ainda em formação e devem ter chance de elaborar sua personalidade com a ajuda de adultos minimamente sadios. Quando adolescentes entram em conflito com a lei é de se perguntar se adultos com obrigação de educá-los não terão sido pouco responsáveis. Punir com prisão para adultos é desrespeitar o direito de elaboração da própria personalidade desconhecendo o desenvolvimento psico-social de adolescentes.
Não escolhemos a família onde nascer e crescer. Se alguns se comportam de maneira desviante, compete à sociedade oferecer-lhes oportunidades para que não façam ao outro o que não desejma que seja feito para si. A aprendizagem da reciprocidade é longa e complexa: por isso requer a colaboração de adultos/as que eduquem as novas gerações.
As corporações de comunicação hegemônicas, alinham-se aos interesses de fabricantes de armas, divulgando o medo, espetacularizando crimes e acusando quem menos é culpado pela violência. Faz da punição não a busca de justiça, mas a satisfação de desejos sádicos, submetendo-se aos lucros das indústrias de armas.
Países que reduziram a maioridade penal não diminuíram a violência, pelo contrário, acirrou-a. Enquanto em alguns países se considera que a idade adulta começa a partir de 25 anos de idade, no parlamento do Brasil caminha-se na contra-mão. Quanto menor é o nível de reflexão, maior é a adesão à redução da maioridade penal.
*Iolanda Toshie Ide é militante da Marcha Mundial das Mulheres em Campinas.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Somos contra o PL 4330 das terceirizações! Por mais direitos e nenhum a menos para as trabalhadoras!

Por: Maria Júlia Montero e Thaís Lapa*

Desde o início do ano, temos visto uma grande avalanche de retrocessos com relação aos direitos da população no Brasil: a aprovação das medidas provisórias 664 e 665, que reduzem direitos previdenciários, especialmente a pensão por morte, e trabalhistas como o seguro-desemprego; o avanço da PEC 352/2013, apelidada de “PEC da Corrupção” pois prevê uma contrarreforma política que entre outras coisas legaliza o financiamento empresarial de campanhas eleitorais; a possibilidade de estabelecimento de um dia do orgulho heterossexual, o avanço da regulamentação da prostituição. Além disso, e a regulamentação do aborto não parece estar num horizonte próximo – muito pelo contrário.
Para coroar esse processo, foi aprovado nesta quarta-feira (8), por 324 votos a 137, o projeto de lei 4330, que prevê a regulamentação da terceirização do trabalho em nosso país. Apresentado em 2004 por Sandro Mabel (PMDB-GO e herdeiro da indústria fábrica de biscoitos Mabel, uma das maiores da América Latina), o projeto tem como eixo central permitir a terceirização irrestrita, isto é, de todas as atividades nas empresas, inclusive a atividade-fim, a atividade principal da empresa.
Centrais sindicais já vinham se mobilizando contra o projeto e, na noite de 7 de abril, data em que o projeto foi colocado em pauta em caráter de urgência pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, haviam ocorrido em todo o país manifestações e greves contra o PL 4330, bem como contra a retirada de direitos via MPs 664 e 665 e em defesa reforma política através de uma constituinte que acabe com o financiamento empresarial de campanhas, para que a política em nosso país não seja mais sequestrada pelos interesses econômicos dos patrões. Com esta aprovação de um dos maiores retrocessos nos direitos trabalhistas no nosso país, já está prevista manifestação nacional em 15 de abril, convocando a paralisação nos locais de trabalho em protesto contra o PL4330 em conjunto com protestos dos movimentos sociais.
Terceirização4330
Entenda os impactos da terceirização irrestrita para as/os trabalhadoras/es
Embora o trabalho terceirizado não seja regulamentado no país, o enunciado 331 do TST (Tribunal Superior do Trabalho) já permite contratar empresas terceiras para realizar serviços não considerados atividade-fim, ou trabalhos auxiliares, como vigilância, manutenção, preparação ou fornecimento de alimentação, transporte e conservação e limpeza. Como sabemos, as mulheres ocupam os postos de trabalhos mais precarizados do nosso país, especialmente as mulheres negras. São as que têm menor segurança no trabalho, salários menores, e também são as maiores atingidas pela terceirização (70% de cerca de 12 milhões de terceirizadas/os). Como exemplo desta relação íntima entre terceirização e precarização, o trabalho em limpeza terceirizado, em geral realizado por mulheres, dá às empresas a liberdade de demitir com maior facilidade (pode exigir “troca” de funcionárias), desobriga-a da garantia de direitos como férias, creches e escolas para filhos das trabalhadoras e rebaixa os salários, tão baixos a ponto de ser proveitoso para as intermediárias apenas gerir a subcontratação, já que vivem da diferença entre o que recebem da tomadora do serviço e o que pagam à trabalhadora. Sem contar que o caráter coercitivo de vínculo frágil deste trabalho faz as funcionárias, em geral, inibirem-se na resistência e na luta por direitos. Tais elementos, entre uma série de outros, já mostram os efeitos negativos às e aos trabalhadoras/es da terceirização já “permitida”.
Há também casos de contratação de trabalho terceirizado do que é a atividade principal da empresa, o que, até a aprovação do PL 4330, é irregular. Na cadeia de confecções, cujo trabalho de costura é predominantemente feminino, a presença das mulheres é massiva nas pequenas oficinas para onde as fábricas terceirizam parte do processo de costura. O trabalho terceirizado é aí, como em praticamente todos os casos, sinônimo de precarizado: pagamento ínfimo e por peça, o que implica em longas jornadas em geral em condições insalubres para se ganhar o mínimo para a sobrevivência, trabalho de menores de 16 anos, ausência de direitos trabalhistas e de possibilidade de organização sindical. Embora irregulares, tais oficinas costumam sustentar o setor de confecções em diversas regiões do país. Outro exemplo é o de muitas montadoras de celulares e outros produtos eletroeletrônicos, onde também há uma combinação entre terceirização e trabalho realizado por mulheres: as partes do processo de fabricação de eletroeletrônicos que passam a ser terceirizadas – reduzidos na empresa matriz e ampliados nas terceiras – são na montagem e reparo dos celulares, setores majoritariamente femininos. Trabalhadoras das terceirizadas ganham menos para fazer os mesmos trabalhos realizados na empresa matriz, além de terem, também, maiores jornadas maior instabilidade no emprego e maior propensão a sofrerem assédio moral.
Deste modo, embora a prática da terceirização seja apresentada como um meio de contratar especialistas em determinados serviços para que as empresas se foquem em sua atividade principal, o que se evidencia é que esta prática serve para a redução de custos para as empresas por meio do rebaixamento salarial: conforme dados do Dieese, quem trabalha em terceirizadas ganha quase 1/3 a menos do que quem não é, e segundo a Confederação Nacional da Indústria, 91% das empresas terceirizam para reduzir custos, e. A terceirização nada mais é, assim, do que uma forma de baratear a produção colocando os custos nas costas das/dos trabalhadoras/es.
Além disso, a terceirização serve como mecanismo de externalização dos conflitos trabalhistas. Como as/os empregadas/os têm vínculo empregatício direto com a terceira, procura-se colocar para ela a responsabilidade pelos direitos trabalhistas – inclusive quando a terceira somente produz para a contratante. Além disso, a terceirização por implicar em fragmentação sindical: sendo de empresas diferentes, realizam-se manobras para a não sindicalização das/os trabalhadoras/es terceirizados no sindicato da empresa matriz (maior, em geral mais consolidado e com mais força para realizar reivindicações). Em 2011, por exemplo, a Costech Engenharia, contratada exclusiva da Samsung para montagens de celulares em Campinas, retirou-se do complexo Samsung, instalando-se em Valinhos (cidade vizinha), alterou a finalidade estatutária da empresa de “montadora de equipamentos metalúrgicos” para “prestadora de serviços de montagem” e mudou irregularmente o enquadramento sindical de suas/seus funcionárias/os para funcionários de empresas de serviços – quando, sendo metalúrgicas/os e realizando trabalho idêntico ao de funcionárias/os da Samsung, eram representados/as pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas. Tal mudança de enquadramento para externalizar o conflito, neste caso, pôde ser revertida pela resistência das trabalhadoras da terceirizada, que com apoio do sindicato conseguiram garantir a mesma representação sindical os mesmos direitos das trabalhadoras da empresa matriz.
Mas esta é uma situação incomum, ou seja, em geral o elo mais fraco, as/os trabalhadoras/es das empresas subcontratadas, se prejudicam nos processos de terceirização. Assim, a fragmentação sindical resultante muitas vezes das terceirizações é uma forma de fragilizar os sindicatos e o próprio conjunto de trabalhadoras/es de um setor, dificultando a luta da classe trabalhadora por mais direitos, abrindo caminho para as empresas burlarem a legislação trabalhista. A terceirização se evidencia deste modo como um dos mecanismos utilizados pelas empresas, com apoio do Estado (pela omissão da fiscalização), para flexibilizar a gestão da produção de forma favorável às empresas – resultando em diminuição dos direitos trabalhistas, instabilidade no emprego, menor segurança no trabalho e pior remuneração.
Terceirização_EduardoCunhaAs empresas têm todo interesse em aprovar o PL 4330 e houve condições plenamente favoráveis de aprová-lo no Congresso atual, onde bancada do empresariado cresceu substancialmente nas últimas eleições. Não é à toa que a FIESP, representante de patrões industriais no país, reivindica este projeto como benéfico às/aos trabalhadoras/es, como gerador de empregos. Tal defesa oculta que possíveis empregos criados seriam ainda mais precários, assim como que o PL4330 permite que apenas o nome do negócio seja mantido e todo o seu interior seja formado por terceiros Vale dizer que hoje em dia, as empresas já procuram escapar da garantia de direitos previstos na CLT (Consolidação dos Direitos Trabalhistas) “pelas bordas” e com a aprovação deste PL, passam a ter abertamente a liberdade de promover a redução de salários, direitos e possibilidades de resistência da classe trabalhadora.
Considerando que as mulheres já ganham 30% menos que os homens e já são a maioria das funcionárias terceirizadas, que cenário se pode prever para as trabalhadoras brasileiras com a aprovação de uma lei que torna a terceirização uma prática sem restrições, a ser aplicada “ao gosto” e em benefício dos patrões? Por esta razão, é fundamental o engajamento dos movimentos feministas nas lutas contra a terceirização irrestrita colocada pelo PL 4330, um projeto de interesse da empresas, que fere os direitos da classe trabalhadora como um todo, mas de forma especial os das mulheres. Assim como é fundamental o envolvimento na luta sindical e popular mais ampla para que as mulheres tenham condições de trabalho dignas, sem retirada de direitos, com garantia dos direitos já previstos atualmente e com ampliação dos mesmos, aprovando, por exemplo, projetos contra a discriminação salarial por gênero que prevêem salário igual ao dos homens pelo mesmo trabalho (PCL 130/11) – um dos quais Eduardo Cunha, presidente do Congresso mais conservador desde 1964, não tem a menor pressa em colocar em pauta.
Lutar por direitos e por nenhum direito a menos é preciso!
Havia alternativas possíveis para regulamentar a terceirização, como colocar em pauta os projetos apresentados por Vicentinho em 2007 para se contrapor ao PL 4330 ou outro construído em 2009 por centrais sindicais, juntamente com o Ministério da Justiça, o Ministério do Trabalho e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que prevêem a proibição da terceirização da atividade fim das empresas, bem como colocam a garantia da igualdade de condições salariais e de direitos entre os terceirizados e os não terceirizados. O conteúdo de tais projetos é favorável às/aos trabalhadoras/es: já que a terceirização tem entre seus objetivos centrais baratear custos, essa legislação tornaria o processo de terceirizar pouco atrativo para as empresas. Porém, como o interesse do atual congresso não é defender quem é trabalhadora/or, o projeto levado à pauta e aprovado foi o 4330, que fragiliza gravemente os direitos de quem trabalha.
Diante deste cenário, não há outra opção senão resistir! Nos mobilizemos no dia 15 de abril e em quantos dias forem necessários! Barremos a terceirização irrestrita que traz como horizonte ainda mais precarização do trabalho e sejamos firmes contra todo e qualquer projeto de lei que retire direitos das mulheres!!
Nós da Marcha Mundial das Mulheres, sempre em defesa da autonomia econômica das mulheres, seguiremos em marcha até que todas sejamos livres da opressão-exploração do capitalismo-patriarcado!
* Maria Júlia Montero é militante do núcleo Helenira Resende da MMM (São Paulo) e Thaís Lapa é militante do núcleo ABC da MMM (São Paulo)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Trabalhadoras em luta por igualdade, liberdade e autonomia

*Por Letícia Raddatz

Entre os dias 27 e 29 de março de 2015, mais de 500 trabalhadoras de todo o país se reuniram em Brasília, no 8º Encontro Nacional das Mulheres da CUT, que teve como tema “Trabalhadoras em Luta por Igualdade, Liberdade e Autonomia”. No encontro foram debatidas questões como políticas públicas e o papel do Estado para as trabalhadoras da cidade, do campo, da floresta e das águas. O encontro foi aberto para todas as mulheres que quiseram participar, oportunizando para muitas delas o primeiro contato com o feminismo.
O objetivo do encontro foi estabelecer estratégias e ações a serem incorporadas nas pautas e lutas prioritárias da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a aplicação da paridade de gênero nas instâncias da Central e o fortalecimento, organização e mobilização das mulheres para avanços e ampliação de direitos, assim como a construção coletiva com demais movimentos de mulheres.
Esse evento, organizado pela Secretaria Nacional de Mulheres da CUT, foi resultado de um processo de encontros estaduais, nos quais foi debatido um texto base previamente elaborado. Dos debates estaduais resultaram propostas de alterações e emendas para serem debatidas em nível nacional.
Encontro Nacional de Mulheres da CUT
Encontro Nacional de Mulheres da CUT
O texto final, resultado do processo democrático, descentralizado e participativo, contempla os objetivos e as estratégias de luta das mulheres cutistas para o atual período, tocando em temas cruciais para a classe trabalhadora como a democratização da mídia, a reforma política (com o necessário recorte de gênero), além da luta pela legalização do aborto e o direito ao próprio corpo. De maneira estratégica, o centro do debate foi a implementação da paridade de gênero nas direções da CUT em nível nacional e estadual.
Os debates foram fomentados por diversos painéis “Conjuntura nacional e internacional e os impactos para a vida das mulheres”, “Paridade: Por uma nova democracia sindical!”, “Democratização do Estado, reforma política, democratização dos meios de comunicação e a luta feminista”, “Trabalho e Autonomia: A presença das mulheres no mundo do trabalho e a situação das mulheres negras”.
Nós, mulheres da Marcha Mundial das Mulheres estivemos representadas por muitas militantes de diversos segmentos de trabalhadoras. Na noite do dia 28, as militantes da MMM se reuniram para debater sobre a 4ª Ação Internacional de 2015.
Dentro do movimento sindical, como em todos os espaços da sociedade, as mulheres sofrem com o machismo. Mesmo em categorias majoritariamente femininas, o que ocorre é o predomínio dos homens nos cargos de direção dos sindicatos. E quando as mulheres compõem as direções, geralmente é nos cargos de menor poder e visibilidade.
Assim, o dia-a-dia da luta sindical configura-se como um desafio especial para as mulheres. Nos embates políticos típicos das instâncias sindicais, os homens reagem das maneiras mais violentas quando elas argumentam posições contrárias às deles. Vão desde questionar a sua qualificação para o debate até tentar abafar seus argumentos aos gritos.
A participação das mulheres nas atividades sindicais é muitas vezes dificultada pois os horários e locais são pensados sem considerar que ainda são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico, fruto da manutenção machismo e patriarcado. Além disso, para elas as longas viagens para conferências, congressos e outros fóruns, nos quais são debatidas as políticas e as pautas de luta, são mais difíceis porque a educação dos filhos e demais cuidados da família ainda são considerados papel feminino.
Ainda é comum a naturalização de casos de assédio moral, sexual, e demais violências contra a mulher, muitas vezes reproduzidos desde as bases até os ambientes sindicais. Já se registrou até mesmo casos de violência física dos homens contra as mulheres dentro dos sindicatos.
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Mulheres dirigentes da CUT
Para fazer frente a essa situação nós, mulheres cutistas, focamos estrategicamente no debate sobre a paridade de gênero nos cargos de direção da CUT. Entendemos que conquistando a paridade neste âmbito, poderemos avançar apoiando, incentivando e empoderando as mulheres trabalhadoras para que assumam o protagonismo na luta sindical, concorrendo aos cargos de direção dos seus sindicatos e fazendo gestões que contemplem as pautas da mulher trabalhadora.
O feminismo é muito mais amplo e revolucionário do que as pautas sindicais. Mas é importante que as mulheres ocupem o seu espaço dentro da organização sindical, já que são trabalhadoras que ganham comprovadamente menos do que os homens pelo trabalho “produtivo” e sua jornada engloba também o trabalho “reprodutivo” não remunerado no âmbito doméstico e familiar.
Oprimidas duplamente, pelo machismo e pelo capitalismo, as mulheres trabalhadoras não podem esperar que os homens defendam as suas reivindicações. Não esperaremos. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres.
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*Letícia Raddatz, é bancária, dirigente sindical e militante da Marcha Mundial das Mulheres no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Somos todas clandestinas

Por Yara Manolaque

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Diariamente, nas diversas mídias, circulam notícias, relatos e denúncias de inúmeras violências realizadas contra as mulheres. Como nós, mulheres, conseguimos ainda cumprir com nossas tarefas cotidianas, sejam elas domésticas ou não?!
É sofrível levantar da cama, olhar para o espelho e pensar: mais um dia para enfrentar olhares, insultos, fiu-fiu, expressões insinuantes, ruas escuras, piadas machistas, lesbofóbicas, transfóbicas e racistas, violência sexual, violência doméstica, diferença salarial, violência nas redes sociais, ou seja, as mais diversas agressões advindas de indivíduos, do Estado e de instituições, que deveriam prezar pela proteção, valorização e respeito às mulheres.
Quando queremos, geramos filhas e filhos, que venderão sua força de trabalho ou serão exploradxs para a manutenção do sistema capitalista. Somos nós mulheres, do campo ou da área urbana, que, muitas vezes, sustentamos os lares com nosso trabalho doméstico, formal ou informal.
Somos nós que educamos, orientamos, cuidamos, protegemos os indivíduos da instituição família, principalmente nos moldes heterossexual e patriarcal. É muito peso. Muita dor, violências e exploração.
E o que fazer quando não queremos, ou não esperamos e somos mãe? O que fazer?! O Estado não protegeu, não cuidou, não zelou, não educou, não realizou sua função, ao contrário, culpa, incrimina, julga e pune.
Mulheres salvadorenhas são condenadas em até 40 anos de prisão porque abortam. Nós, mulheres salvadorenhas, hondurenhas, nicaraguenses, dominicanas abortamos e somos presas em até 40 anos de prisão.o-ABORTO-EL-SALVADOR
Punidas porque somos mulheres, não somos donas de nossos corpos. Pertencemos ao Estado, aos desconhecidos, aos maridos, aos pais, os quais, em muitos momentos, nos invadem e nos oprimem.
Nós, mulheres da América Central, somos denunciadas por médicos e levadas às prisões, mesmo em situação de aborto espontâneo, complicações obstétricas e partos extra- hospitalares.
Desde 1998, El Salvador mantém a proibição total a qualquer tipo de aborto, incluindo casos nos quais mulheres e meninas sofreram violência sexual ou corriam o risco de perder a vida.
Na tentativa de denunciar o que ocorre em El Salvador, grupos feministas e de direitos humanos lutam pela absolvição das “Las 17”, em referência às 17 mulheres presas e condenadas a 40 anos de prisão por realizarem aborto ou simplesmente por sofrerem aborto natural.
Entre 2000 e 2011, das 119 mulheres processadas, 49 foram condenadas. São feitos em El Salvador, segundo o ministério da Saúde local, cerca de 19 mil abortos clandestinos por ano, mas as estimativas das organizações de direitos das mulheres são de pelo menos o dobro disso.
aborto-legalUm quarto das mulheres que abortam tem menos de 18 anos, a maioria é pobre e vive na região rural. É comum, porém, que mulheres mais abastadas tenham acesso a clínicas de aborto clandestinas particulares, ou que viajem ao México ou à Colômbia para obtê-los.E assim, o sistema de saúde público nos acusa e nos denuncia. A justiça nos nega o amplo direito de defesa.
Não passarão mais por cima dos nossos cadáveres. Legalizar o aborto, direito ao nosso corpo.
*Yara Manolaque é professora e ativista da Marcha Mundial das Mulheres de Pernambuco – Núcleo Agreste