sexta-feira, 4 de julho de 2008

Resgate ou libertação???

Analine Specht*

Essa é a questão do dia. Informações contraditórias, fragmentadas e superficiais tomaram conta da mídia mundial e levantaram muitos questionamentos acerca da condição de liberdade da senadora colombiana Ingrid Betancourt, que estava em poder das FARC por anos.

A mídia golpista não chegou, até o momento, a um consenso sobre a versão a ser apresentada nas informações, ora trata como operação de "resgate militar" (usando o aparato estatal militar com sentido de uso da força), ora trata como "libertação", com base numa negociação feita por uma organização fictícia (por pessoas infiltradas). Sabemos que os aparelhos conservadores mundiais, orquestrados pelos EUA, se esforçam em classificar as FARC como terroristas e narcotraficante. Embora as FARC gerem muitas questões e se configurem como movimento social complexo, estas são constantemente marginalizadas e estigmatizadas numa nítida tentativa de desarticular o apoio popular e mitificar o movimento organizado. No Brasil as FARC estão sendo utilizadas (no pior sentido de utilitarismo), como elemento de criminalização ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST. O Conselho do Ministério Público do Rio Grande do Sul em relatório divulgado na semana passada pede a dissolução do MST e que este passe a viver na ilegalidade. Um dos pressupostos que serviu de base ao tal "relatório" (neste blog maiores informações sobre o relatório do MP/RS abaixo) seria a suposta articulação do MST com as FARC, considerando ambos movimentos "subversivos e de caráter político que atentam contra a ordem estabelecida", remontando há décadas de ditadura militar, censura e tolhimento da liberdade de expressão, manifestação e organização social.

A América Latina atualmente representa perigo aos países dominantes, em especial aos EUA que historicamente mantiveram importantes aliados políticos no continente. Com a ascensão e sucesso de governos esquerdistas como Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Lula e com a forte articulação e mobilização dos movimentos sociais latinos, o reduto ainda sob influência norte americana é a Colômbia, personificado por Álvaro Uribe. Vivenciamos tempos de perseguição política, atentados violentos à democracia e manipulação das informações.

Abaixo avaliação do contexto colombiano, disponível em: http://www.aporrea.org/actualidad/a59804.html

* Analine é militante da Marcha Mundial das Mulheres do RS e integrante da Rede Economia E feminismo

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