domingo, 6 de março de 2016

Agenda feminista em tempos de ataques, ameaças e retrocessos

por Maria do Carmo Bittencourt*
 
Neste o 8 de março de 2016, o movimento de mulheres e feminista costuma reavaliar suas bandeiras de luta para o próximo período. Depois de um ano, onde vimos os direitos das mulheres, da juventude e dos trabalhadores e trabalhadoras duramente atacados por projetos retirados das “gavetas” mais obscuras do Congresso Nacional.  2015 , ano em que a mídia atacou, e continua atacando, duramente a ordem democrática do governo recém-eleito, numa aliança com as elites locais e internacionais com objetivos de administrar a crise econômica internacional com a crise política e institucional, distribuindo assim as perdas pelas classes médias e populares e tornando a crise do capitalismo em mais uma forma de ganho.
Dentro desta análise de conjuntura, as feministas da Marcha Mundial de Mulheres apresentam nossas lutas históricas e respostas aos desafios colocados e recolocados na vida das mulheres.
Aborto legal, seguro e gratuito, garantindo o direito de decisão autônoma das mulheres. Com o debate da microcefalia e a possibilidade de novas decisões do STF sobre abrir mais um caso de aborto legal por decisão judicial, as feministas retornam as ruas e rechaçam a redução do debate da legalização a uma ação de eugenia. Vemos faixas e cartazes pelo Brasil inteiro dizendo: Educação Sexual para decidir / Anticoncepcional para prevenir / Aborto Legal e Seguro para não morrer.
Apontamos também a centralidade da luta contra a Reforma da Previdência Social. Esta ameaça veiculada pela imprensa burguesa e, também, na fala concreta de setores do governo de que existe já uma reforma pronta e orientada pela visão do mercado. Defendemos que a Previdência Social seja universal, um direito de todos e todas não só dos que contribuem diretamente, solidária, amplie e se assente como uma forma de transferência de renda e inclusão social e redistributiva, como uma forma eficaz de redistribuir a riqueza acumulada dentro do sistema capitalista.
Para as feministas a liberdade e a igualdade só existem de verdade se atingir a todas e todos. A desigualdade e a violência andam juntas, isso é visível nos dados recentes de violência aqui no RS, apesar do número de casos de violência contra mulher terem diminuído (verdade Sartori?), vemos o número de assassinatos aumentando, em todas as cidades. Crescem os índices nos pequenos municípios ao mesmo tempo que diminuem os serviços públicos, muitas mulheres sofrem com a violência doméstica, assédio e com a sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidados, com o racismo, a falta de creches, de acesso a saneamento básico, moradia, alimentação adequada e transporte público de qualidade.
Somos mulheres em luta, em marcha e mobilizadas contra a violência machista no campo e nas cidades, nas casas, nas ruas, nas empresas e roçados, em luta para compartilhar o trabalho doméstico e pela socialização dos cuidados. Em luta por autonomia econômica e social, para romper as engrenagens do patriarcado, do racismo e do capitalismo, estruturas que andam juntas, coordenadas e articuladas num sistema complexo de dominações que e exigem de nós muita clareza e a construção de novas alianças e formas de lut.

 Maria do Carmo Bittencourt é militante da Marcha Mundial das Mulheres e Assessora da Rede de Economia Solidária e Feminista
Publicado no JornalismoB

Nenhum comentário:

Postar um comentário