segunda-feira, 30 de maio de 2016

Pornografia, a retroalimentação da indústria/cultura do estupro


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Por Mahara Jneesh*
Muito tem se falado da “cultura do estupro” depois do último acontecimento com a irmã de 16 anos no Rio, as feministas já batem nessa tecla faz algumas décadas, e continuaremos! Algumas coisas precisam ser lembradas nessa realidade bizarra que vivemos dentro da cultura do estupro.
Quero falar sobre a cultura do estupro institucionalizado chamada PORNOGRAFIA, mulheres sendo violentamente agredidas por muitos homens é um dos gêneros mais assistidos na pornografia que circula livremente na internet, é possível encontrar muitos vídeos reais de estupro, existe uma modalidade só pra isso e muito possivelmente os vídeos que circularam do estupro coletivo em questão, já estão nessas listas nos sites pornográficos.
Se o amiguinho acha que faz parte da sua liberdade individual ver um pornozinho as vezes, afinal, não está agredindo ninguém, compartilhar vídeos também… sua semelhança com os 30 estupradores é notória!
Os altos lucros da indústria pornográfica são proporcionais à violência que sofrem as mulheres cotidianamente. Fazemos parte de uma geração que tem iniciado sua vida sexual através de material pornográfico disponível na rede, significa que ao procurar por corpos nus essa pessoa terá acesso logo em seguida ao pornohard que é a modalidade mais assistida/vendida.
Ou seja, a normalização de situações degradantes das quais mulheres são submetidas, tornam se também um ideal de vivencia de uma sexualidade masculina em que cabe às mulheres o papel de submissão. São homens se formando e modelando seus desejos através da pornografia, acreditando em um livre acesso aos corpos das mulheres que devem naturalmente sentir prazer ao sofrerem violência; principalmente aquelas que andam de roupas curtas, ou no escuro, ou sozinhas ou qualquer outra coisa que nunca irá justificar um estupro.
Estes mesmos sites pornográficos que vendem violência, muita violência, também vendem um milhão de coisas além da pornografia, promessas de melhor desempenho sexual e etc, etc… muitas possibilidades de negócio são criadas através da apropriação do corpo das mulheres, capitalismo e patriarcado continuam de mãos dadas reinventando maneiras de dizer que somos livres enquanto nos aprisionam cada vez mais. “Pornografia não é um amontoado de imagens aleatórias, não é fantasia – fantasia acontece na cabeça, pornografia acontece nos bancos internacionais do capitalismo. Dois lugares completamente diferentes.” Gail Dines
*Mahara Jneesh é militante da Marcha Mundial das Mulheres em Minas Gerais.

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