Nota da Marcha Mundial das Mulheres contra a pedofilia
A naturalização da violência contra meninas e mulheres nos indigna. Foi com indignação que acessamos o conteúdo da entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao podcast e canal do Youtube “Paparazzo Rubo-Negro”. Na entrevista, o atual presidente do país afirmou que, em certa ocasião, ele estava andando de moto por Brasília, avistou meninas em uma esquina e que, após “pintar um clima”, teria pedido para entrar na casa delas. De acordo com ele, elas tinham em média 14 anos e eram “bonitinhas”.
Dando sequência à história, o candidato à reeleição diz que, ao entrar na casa, ele encontrou outras garotas na mesma faixa etária, que seriam venezuelanas. Bolsonaro ainda sugere que elas estavam arrumadas, em um sábado de manhã, porque supostamente fariam programas.
Após a repercussão negativa do caso, Michelle Bolsonaro disse que Jair Bolsonaro costuma utilizar a expressão “pintou um clima” para tudo, em uma clara tentativa de mascarar a gravidade da situação e descaracterizar sua atitude. Contudo, de acordo com as notícias, em nenhuma das 128 lives feita por ele a expressão foi usada.
Um “clima” com meninas de 14 anos tem um nome e é crime: pedofilia. A pedofolia é um problema grave no Brasil, que atinge meninas e meninos. Sabemos que a sexualização de meninas, entretanto, é uma violência ainda mais recorrente. Da indústria pornográfica que utiliza imagens infantilizadas à adultização sexualizada de meninas, a mensagem que as relações patriarcais transmitem à sociedade é que elas podem e devem estar disponíveis como objetos de consumo.
Sabemos também que a pobreza, o racismo e outros fatores de vulnerabilização social aumentam o risco de diversos tipos de violência. Na entrevista, Jair Bolsonaro se refere a uma série de meninas venezuelanas, em um país estrangeiro. Uma situação de vulnerabilidade sobre a qual ele, enquanto presidente, tem enorme responsabilidade. Ao invés de assumi-la, ele tem atitudes e falas perversas como a que vemos nessa ocasião.
Se Bolsonaro desconfiou que elas iriam “ganhar a vida”, utilizando suas palavras, era o seu papel denunciar e tomar providências para que a situação fosse corrigida. Prostituição infantil é crime no Brasil, sujeito à pena de até 20 anos.
O episódio repugnante se soma às inúmeras declarações machistas, racistas, violentas, preconceituosas e criminosas que Jair Bolsonaro fez durante sua vida política, em especial nos últimos quatro anos, na condição de presidente.
No dia 30 de outubro, vamos às urnas votar pelo fim desse governo e pelo combate ao bolsonarismo: o movimento conservador e criminoso que assola o país e a vida de meninas e mulheres. Vamos eleger Lula presidente e construir um projeto popular, feminista e antirracista para o Brasil. Um projeto em que meninas são protegidas, não violentadas.
Nas ruas, estamos e seguiremos permanentemente em marcha. Até que sejamos livres de todas as formas de violência!
19 de outubro de 2022,
Marcha Mundial das Mulheres.
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