terça-feira, 7 de março de 2017

Reforma da Previdência e as Mulheres


APOSENTADORIA FICA, TEMER SAI! ✊🏽✊🏽✊🏽

Neste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, acontecerão manifestações em todo o Brasil contra a Reforma da Previdência. Neste vídeo, quatro mulheres contam sobre sua rotina de trabalho e quais seriam os impactos desta reforma em suas vidas.

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https://www.facebook.com/sofsempreviva/videos/1852306228373814/
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Precisamos falar do Assédio




Se tem algo que os homens deveriam saber sobre as mulheres, além de muitas outras coisas, é que é muito raro uma mulher não ter sofrido algum tipo de assédio sexual, alguma violência que partiu justamente de homens. Por mais que isso possa parecer estranho, os homens fazem muito algo que a cultura machista impregnada em nossas almas chega a cegar: naturalizar a mulher como um objeto de sua posse, subalterna a seus desejos, estabelecer uma relação de poder desigual em que a violência passa a ser percebida como causada pela mulher. Essa, entre outras questões, foram levantadas a partir do CineDebate após a exibição do projeto-documentário, “Precisamos falar do assédio”, da diretora Paula Sacchetta, na segunda-feira, 6/3, no CineBancários, para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher.

À exibição do documentário, seguiu-se debate no Casual Gastro Bar, no térreo da Casa dos Bancários, mediado pela jornalista da FM Cultura e crítica de cinema Jaqueline Chala, e com a participação da advogada, militante da ONG feminista Themis (http://themis.org.br/) e professora, Denise Dora, e da militante da Marcha Mundial da Mulheres Claudia Prates. Deve-se dizer, o filme representa um passo adiante na luta das mulheres.

Se até agora uma das razões das invisibilidades das múltiplas violências que os homens praticam contra as mulheres se devia ao fato de as vítimas não narrarem as agressões, o tempo passa a ser outro. Muito dessa espécie de catarse mais do que necessária, urgente, se deve à opção do filme pela crueza de sua metodologia e pela simplicidade da produção: na semana da mulher, de 7 a 14 de março de 2016, uma van-estúdio parou em nove locais em São Paulo e no Rio de Janeiro para coletar depoimentos de mulheres vítimas de qualquer tipo de assédio. Ao todo, 140 decidiram falar. Foram ouvidos relatos de mulheres de 14 a 85 anos, de zonas nobres ou periferias das duas cidades.

Jaqueline comparou o fato de “Precisamos falar do assédio” ter sido filmado dentro de uma van escura, com depoimentos de 26 mulheres, de forma espontânea que remete à estética de entrevistas usada pelo cineasta Eduardo Coutinho, morto em 2014. “O que podemos dizer de mais próximo são os filmes do Eduardo Coutinho. Ele cria uma tal intimidade que ele consegue extrair o que normalmente elas não diriam, ainda que em frente à Câmara. Entendi que esse formato em uma van toda escura é uma escolha da realizadora: optar por uma narrativa sem encenação, sem mediação”, diz.

De fato. As 26 narrativas do documentário apresentadas em poucos mais de uma hora de filmes são curtas, duras, difíceis. Mostram que a vida das mulheres sob um machismo estruturante, naturalizado e violento é de muito sofrimento e que não há classe social nem idade para ser vítima. Há mulheres que só conseguem depor sobre o que sofreram com o rosto escondido por máscara. Todos são comoventes, mas há aqueles que marcam pelo absurdo. Uma senhora de 85 anos teve a coragem de contar que, aos 45, portanto 40 anos antes, fora estuprada quando ia para sua casa na periferia de São Paulo. Quando foi à polícia ver retratos de possíveis suspeitos, reconheceu um colega de escola de 18 anos de sua filha como seu algoz.

Há o caso do patrão que só manteria a moça no emprego se ela se tornasse amante dele. O pastor evangélico que trocou cartas com uma menina de 13 anos; ela levou culpa e teve que se mudar por ter sido a “destruidora” da família dele. A moça que foi estuprada pelo irmão aos cinco. A artista que foi abusada pelo melhor amigo depois de uma noite de festa em que ela ficou bêbada. A senhora que foi abusada pelo médico enquanto fazia tratamento de câncer com iodo radioativo. A namorada que levou uma surra do namorado, teve costelas e pernas quebradas, ficou 15 dias na UTI. Apanhara porque havia repreendido o namorado por olhar para uma menina que saia do bar onde os dois foram comemorar três anos de namoro.

Denise lembrou de sua participação na primeira reunião de mulheres feministas no ano de 1980 em Porto Alegre. A militante feminista da ONG Themis diz que a vida das mulheres ainda é muito difícil, apesar de alguns avanços. Só agora, mostram o documentário e o projeto, a luta das mulheres avança no sentido de elas contarem o que sofreram. Parece muito pouco. Porém, ainda há muito o que avançar. Quando elas contam o que sofrem, muitas vezes não são ouvidas e ninguém acredita. E o pior: são consideradas a causa e levam a culpa do abuso que sofrem.

“É um filme muito triste porque aponta duas possibilidades. A entrevistadora produz certo anonimato na fala. A pessoa não quer ser ninguém. O ambiente do anonimato produziu um conforto para poder falar. A não existência de um anonimato pode ter sido a causa dos abusos ser silenciada. Não existia até agora um recurso que permitisse falar sem que aquilo fosse público. A fala opera como elaboradora do que está acontecendo. Esse filme não seria possível há alguns anos”, acrescenta Denise, referindo-se à metodologia da sala escura proporcionada pela van.

Para a militante da Marcha Mundial das Mulheres, Claudia Prates, o ambiente escuro da van faz uma referência a um lugar de contar segredos. “Chega um momento que é quase um autoflagelo ficar ouvindo tantos depoimentos. Podia dar o nome de muitas amigas que eu conheço que passaram pelo que essas 26 mulheres do filme passaram. O meu próprio nome, inclusive. A van escura me remeteu ao confessionário, ao espelho, ao travesseiro. A van fornecia proteção. Esse tipo de violência é socialmente construída. Não existe uma essência masculina ou negra legítima. Os homens acham que podem assumir o poder que eles acham que têm sobre o nosso corpo, vida e sexualidade. Todos esses casos acontecem porque somos mulheres”, acrescenta Claudia, dizendo que é preciso falar em estupro também, porque é o que ocorre em 50% dos casos de assédio.

Homens, não nos sintamos agredidos por um soco com “Precisamos falar do assédio”. Trata-se de uma oportunidade para a reflexão. Porque somos nós que agredimos com socos, com sexo não consentido, com uma agressão verbal na rua, com uma gentileza fajuta que serve apenas para subjugar a mulher e descartá-la ou agredi-la ante uma negativa. Não é não. Mesmo que a mulher esteja bêbada, nua e nós achemos que ela está se oferecendo para nós, não pode. Lembremos sempre que as mulheres podem vestir o que bem entendem, porque o corpo e a vida são delas.  Não nos pertencem e ponto!

É fato que, por trás de uma violência contra a mulher, tem um irmão, um pastor, um pai, um tio, um policial, um primo, o melhor amigo, enfim, sempre homens que podem surgir do nada atrás de uma esquina escura. Lembremos que são as mulheres que acabam enquadradas em crime de aborto quando optam por interromper a gravidez e precisam ir a um hospital para fazer curetagem. São os homens e não a sociedade inteira e muito menos as mulheres que estão doentes. Como diz a militante feminista Denise Dora: “o trabalho com os homens é também o trabalho do feminismo”. Mas, fato, é um trabalho muito mais nosso. Isso porque as mulheres muitas vezes só vão se dar conta de que sofreram algum tipo de abuso muito tempo depois. Leva meses, anos ou uma vida até saber que não teve culpa de nada.

Que tenhamos a mesma coragem de caminhar na direção do reconhecimento da nossa cultura machista e violenta que as 26 mulheres do documentário tiveram, reconhecê-la enfrentá-la e mudá-la. É tarefa para homens de boa e de má vontade. A frase da menina que ficou 15 dias na UTI de um hospital depois de ser espancada pelo namorado, tem muito a ensinar aos homens: “Nós somos mais fortes do que isso”. E muito mais fortes do que nós! Assim como um pequeno fragmento de depoimento de outra menina abusada há três anos: “Se existisse feminismo, há três anos, eu não deixaria passar”.

Para fazer uma exibição pública do filme, siga a orientação do projeto e visite o site https://precisamosfalardoassedio.com

Na semana da mulher, de 7 a 14 de março de 2016, uma van-estúdio parou em nove locais em São Paulo e no Rio de Janeiro. O objetivo era coletar depoimentos de mulheres vítimas de qualquer tipo de assédio. Ao todo, 140 decidiram falar. Ouvimos relatos de mulheres de 14 a 85 anos, de zonas nobres ou periferias das duas cidades, com diferenças e semelhanças na violência que acontece todos os dias e pode se dar dentro de casa, em um beco escuro ou no meio da rua, à luz do dia.

O documentário traz uma amostra significativa dos depoimentos, 26 deles, além de mostrar uma parte importante do processo de filmagens: como as mulheres se sentiam ao contar seus casos? Nos depoimentos puros, sem qualquer tipo de interlocução ou entrevista, acompanhamos um desabafo, um momento íntimo ou a oportunidade de falarem daquilo pela primeira vez. Nas trocas com as meninas da equipe antes e depois dos depoimentos, permitiremos que o espectador entre em contato com uma reflexão da depoente sobre sua própria história, e às vezes sobre o próprio projeto.

Quer fazer uma exibição pública do Precisamos falar do assédio? Escreva para: contato@mirafilmes.net

Fonte: Imprensa SindBancários


Na Semana da Mulher, de 7 a 14 de março, uma van-estúdio visitou nove lugares em São Paulo e Rio de Janeiro, passando pelo centro, zonas nobres e periferias das duas cidades coletando depoimentos de mulheres vítimas de assédio. Dentro da van, as mulheres ficavam sozinhas para falar, sem qualquer tipo de entrevistador ou interlocutor, para se sentirem à vontade e poderem contar o que quisessem. As que preferiram não se identificar, podiam usar uma das quatro máscaras disponíveis que representavam os motivos pelas quais elas não queriam aparecer: medo, vergonha, raiva ou tristeza.



Evento no face: AQUI

segunda-feira, 6 de março de 2017

Nota Pública de Givânia Silva, quilombola, integrante da CONAQ contra declarações racistas de Bolsonaro

A Marcha Mundial das Mulheres se solidariza com a CONAQ, com a população Quilombola e toda a população negra.
Racismo sim é crime e Bolsonaro deve ser punido. Não podemos mais aceitar que uma pessoa racista, homofóbica e misógina, continue ocupando um espaço público e recebendo salários com recursos públicos.

Machistas, Racistas Não Passarão!

TIRAR BOLSONARO DO PARLAMENTO E DA SOCIEDADE: ELE É UMA DOENÇA CONTAGIOSA.

Acordar e visualizar um ataque brutal, por alguém que infelizmente ocupa um lugar de representação do povo no parlamento brasileiro, é experimentar mais uma vez as dores da escravidão. Inconformado por não poder escravizar o povo negro e indígena, se vale do dinheiro público para propagar seu racismo, sua homofobia e seu ódio. Quem faz apologia ao estupro, à violência com declarações criminosas e estimula o genocídio, o etnocídio e elogia aqueles que torturaram e mataram durante a ditadura militar, só pode receber do povo brasileiro e do mundo, o desprezo e o pedido para que a justiça o puna conforme a Lei 7.716 de 5 de janeiro de 1989 que prevê ato de  racismo como crime inafiançável e imprescritível.
Não é possível aceitar que as pessoas ouçam um ataque dessa natureza e ainda o aplaudam. Bolsonaro é uma doença contagiosa e tem que ser retirado imediatamente do meio da sociedade. Dizer que os quilombolas não servem nem pra procriar é engano seu. Resistimos aos navios negreiros, à escravidão e somos hoje cerca de 6 mil comunidades quilombolas em todo território  nacional. Trabalhamos para construir o Brasil, inclusive na condição de escravizados por mais de 300 anos e mesmo com o fim do regime escravista, continuamos sendo explorados. As comunidades quilombolas lutam diuturnamente para manter viva sua cultura e permanecer em seus territórios.  Nós quilombolas não devemos nada a Bolsonaro. É ele e seus descendentes quem nos devem.
Resistiremos sim e não vamos nos calar. BOLSONARO É RACISTA E RACISMO É CRIME INAFIANÇÁVEL E IMPRESCRITÍVEL.

Givânia Silva, quilombola, integrante da CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), ex-secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e doutoranda do curso de sociologia da UNB (Universidade de Brasília).

Vamos falar sobre aborto



sexta-feira, 3 de março de 2017

Declaração Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

8 de março de 2017



Queridas companheiras, amigas, ativistas e lutadoras,

Nós, mulheres da Marcha Mundial das Mulheres, unimos nossas vozes para homenagear as lutas históricas e cheias de vigor das mulheres e dos movimentos feministas de todo o mundo.
Denunciamos o contexto político mundial, marcado pela crescente tomada de governos por parte de partidos de direita, que expressam ódio, racismo, misoginia, intolerância e demais formas de discriminação. Também enfrentamos a radicalização e o aprofundamento da violência militarista usada para controlar nossos territórios: corpos, mente, terra, água, bosques, conhecimento e inclusive nosso passado histórico, nosso presente e futuro retidos dentro do paradigma do patriarcado, do capitalismo neoliberal e do neocolonialismo. Ao mesmo tempo, o discurso do desenvolvimento perde sentido quando as elites políticas acumulam uma riqueza baseada na corrupção e impunidade, e quando as frágeis instituições nunca se dirigem aos povos.

As injustiças climáticas também aumentam em todas as regiões, destruindo formas de subsistência e provocando mortes, sobretudo em comunidades pobres. Os Estados-nação não pretende avançar em seus compromissos com a justiça climática e seguem propondo falsas soluções.
Convocamos o mundo a constranger o presidente dos Estados Unidos pelo retrocesso de seu rechaço do programa de ação para o clima. Igualmente, seu discurso de “Estados Unidos primeiro” concede mais poder às empresas estadunidenses para que sigam contaminando, despejando comunidades locais e explorando mão de obra por todo o mundo, continuando o que foi feito em séculos de escravidão. Como bem sabemos as mulheres do sul, as migrantes, as mulheres negras, indígenas e as que representam uma minoria sexual pagam, com seus próprios corpos e com seu trabalho, o preço do crescimento econômico, sem nenhuma recompensa.

Neste contexto, as mulheres do norte e do sul enfrentam, hoje em dia, uma grande agressão contra seus direitos, que repercutem na crescente violência em forma de feminicídio, migração forçada (que desemboca na exploração de mulheres), traumas e morte.

Estas razões são suficientes para nos solidarizarmos com nossas companheiras e com todas as mulheres que lutam.

• Em toda a África, as mulheres resistem a numerosas formas de violência neocolonial perpetradas por companhias transnacionais do setor extrativista e da agroindústria, que invadem as comunidades, destroem seus meios de sustento e aprofundam a pobreza. Diante dessas realidades, as mulheres e meninas sofrem violações, matrimônios forçados e gravidez precoce, o que limita seu acesso à educação e as distancia de uma vida digna.

• No Mundo Árabe e no Oriente Médio, as mulheres resistem aos grupos fundamentalistas que praticam o terror nas comunidades e expõem as mulheres a numerosas formas de violência e brutalidade, incluindo a escravidão. As mulheres estão respondendo com mecanismos de autodeterminação e autodefesa.

• Nas Américas, a esquerda está sendo substituída por governos de extrema direita que estão destruindo importantes transformações construídas por várias décadas. Voltam à tona as agendas neoliberais, que servem aos interesses capitalistas. As mulheres resistem defendendo os direitos fundamentais e os direitos da natureza e dos bens comuns. Em consequência, enfrentam a criminalização de suas lutas, além de mutilações e assassinatos.

• Ásia sofre historicamente com os efeitos do colonialismo e do neoliberalismo. Na atualidade, enquanto a pobreza aumenta e as multinacionais intensificam o controle territorial, com a proteção das políticas neoliberais globais, as mulheres estão muito mais expostas à exploração de seu trabalho, a violência sexual e ao tráfico de mulheres e meninas.

• Na Europa, em distintas regiões, as mulheres estão se opondo ao retrocesso sobre o direito ao aborto, retrocesso este imposto por forças cada vez mais fundamentalistas, que possuem o controle dos processos de tomada de decisões nos Estados. Essas forças estão utilizando as medidas de austeridade e a seguridade para justificar o renascimento de um nacionalismo radical que provoca intolerância com migrantes e outras minorias.

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, apoiamos a proposta de uma Paralisação Internacional de Mulheres, porque acreditamos na necessidade de construir e reforçar nosso movimento internacional feminista como motor de solidariedade internacional de mulheres. Valorizamos a autogestão das mulheres em seus contextos de luta locais, nacionais e regionais. Nos unimos como mulheres globais, com a mesma voz que entoamos em nosso X Encontro Internacional “Mulheres em Resistência, construindo alternativas para um mundo melhor” porque, como afirmamos, nosso movimento é nossa alternativa. Acreditamos que, ao unir esforços com outros movimentos de mulheres ativos neste chamado, reforçaremos a luta em torno de preocupações comuns e cobraremos mais esperanças!

Além disso, seguimos destacando as Ações Globais que planejamos durante nosso X Encontro Internacional, como:

• 24 de abril - “Rana Plaza está em todos os lados!” - Dia Internacional no calendário da MMM, quando pautamos a economia das mulheres (tendências econômicas mundiais): o mundo do trabalho, a autonomia econômica das mulheres etc.
• 3 de junho - Ação Global - 24 horas de Ação Global sobre Paz e Migração.
• Apoiamos os chamados às ações organizadas em contexto regional para abordar preocupações regionais.

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES
Março 2017