sexta-feira, 12 de março de 2021

12 de março - Ação Internacional Mulheres em Solidariedade com as companheiras presas políticas de todo o mundo

 Semana de Luta Feminista em Nossa América (8-13 de março)












12 de março - Ação Internacional


Mulheres em Solidariedade com as 

companheiras presas políticas de todo o mundo

 

Companheiras de nossa articulação,

 

Queremos convocar todas as organizações da Alba Movimentos para esta ação de solidariedade internacionalista e feminista pela libertação de nossas companheiras que estão encarceradas por lutar contra o imperialismo e o capitalismo em diferentes lugares do mundo. A ação será realizada como parte da Semana de Luta Feminista em Nossa América.

 

No dia 12 de março, buscaremos dar visibilidade à luta de um conjunto de companheiras da América Latina, África, Ásia e Europa que foram presas injustamente.

 

Lore-Elisabeth Blumenthal - EUA

 

Ativista da Filadélfia acusada de atear fogo em dois carros da polícia durante os protestos de maio de 2020 contra o racismo e a violência policial nos EUA. Se encontra presa no Centro de Detenção Federal em Center City, sem fiança, e enfrenta uma sentença mínima obrigatória de sete anos, caso seja condenada. No entanto, pode pegar uma pena máxima de 80 anos.

 

Milagro Sala - Argentina

 

Líder da Organização de Bairro Tupac Amaru, na província de Jujuy. Está em detenção arbitrária há 5 anos sem uma acusação clara. Milagro Sala está presa por ser uma líder política que enfrentou o poder. Está presa por ser mulher, indígena e lutadora.

 

Khitam Saafin - Palestina

 

Uma das principais referências da luta palestina. Foi presa em 2 de novembro de 2020 pelo Exército de Israel. É membra da Secretaria Geral da União Geral de Mulheres Palestinas e líder dos Comitês da União de Mulheres Palestinas. Está em prisão administrativa - sem acusação - há 4 meses, com possibilidade de prorrogação por mais tempo.

 

Khalida Jarrar - Palestina

 

Membra da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). Está detida na prisão israelense de Damon desde outubro de 2019. Já havia sido presa várias vezes pelas autoridades de Israel. Várias dessas prisões sem apresentação de acusações.

 

Sudha Bharadwaj - Índia

 

Advogada, defensora dos Direitos Humanos. Sudha é parte do movimento operário iniciado nas minas de ferro. Defensora dos direitos do povo Adivasi (indígena) da Índia.

 

Em 28 de agosto de 2018, cinco defensores de direitos humanos foram presos e acusados sem provas, como se fossem "terroristas".

 

Gültan Kışanak - Turquia

 

Líder do Partido da Paz e da Democracia (HDP) do povo curdo na Turquia. Kışanakfoi presa pelo Estado turco e, em fevereiro de 2019, foi condenada a 14 anos e 3 meses de prisão com acusações forjadas por "ser membra de uma organização terrorista" e de "propaganda de uma organização terrorista".

 

Em solidariedade às companheiras presas por sua luta, propomos realizar as seguintes ações:

 

·         Ação nas redes sociais

Publicação de fotos, vídeos - individuais ou coletivas - com nomes destas companheiras e velas acesas.

Utilizar o Hashtag #LibresLasQueremos e marcar no Twitter e Instagram as embaixadas dos países onde as companheiras estejam presas.

Propomos utilizar a frase final: "Seguiremos em vigília e em luta, até que todas estejam livres".

 

·         Ação simbólica

Entrega de cartas em embaixadas e consulados dos países que mantêm presas as companheiras, exigindo a libertação destas mulheres e de todas as presas políticas do mundo.

 

·         Ações de rua

Concentrações em embaixadas de algum dos países que mantêm presas as companheiras e/ou na embaixada dos Estados Unidos.

 

 

"Seguiremos em vigília e em luta, até que todas estejam livres"


#LibresLasQueremos


Vozes Feministas: Festival Internacional Anti-imperialista


 ESTÁ CHEGANDO!

Vozes Feministas: Festival Internacional Anti-imperialista

Festival Feminista e Anti-imperialista está chegando! Este sábado, 13 de março, a Jornada Internacional de Luta Anti-imperialista apresentará “Vozes Feministas: Festival Internacional Anti-imperialista”. Vamos conectar no YouTube da Jornada de Luta Anti-imperialista (https://youtu.be/M3cNrQrVFzE) e celebrar a luta feminista internacional! 

Depois de um ano de uma pandemia devastadora e do aprofundamento da crise, este festival será uma celebração de nossas lutas como mulheres e feministas de todos os lugares do mundo, com foco nas vitórias e na esperança.

O festival apresentará as vozes das mulheres e dos movimentos antipatriarcais em luta em todo o mundo. Teremos mensagens políticas, vídeos de mobilizações e, claro, música, poesia e outras expressões culturais. Escutaremos a música de Cecília Todd da Venezuela, Aja Black dos Estados Unidos e Nina Uma da Bolívia. Além disso, saudações de mulheres em luta como Ama Pra TV de Gana, Nalu Faria da Marcha Mundial das Mulheres e Karla Revés do Partido pelo Socialismo e pela Libertação.

Convidamos todas e todos para, virtualmente, celebrarmos a luta feminista e ecoarmos nossas vozes em unidade por um futuro livre do patriarcado, do capitalismo e do imperialismo!

Um dia antes, na sexta-feira, dia 12 de março
, faremos uma Ação de Solidariedade Internacionalista e Feminista pela Libertação de Nossas Companheiras que estão encarceradas por lutar contra o imperialismo e o capitalismo em diferentes lugares do mundo.

NA SEXTA-FEIRA, 12 DE MARÇO – AÇÃO DE SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA FEMINISTA:

 

Convocamos todas as organizações da Alba Movimentos para se juntarem a  neste dia 12/03 na Ação de Solidariedade Internacionalista e Feminista pela Libertação de Nossas Companheiras que estão encarceradas por lutar contra o imperialismo e o capitalismo em diferentes lugares do mundo. A ação será realizada como parte da Semana de Luta Feminista em Nossa América. Buscaremos dar visibilidade à luta de um conjunto de companheiras da América Latina, África, Ásia e Europa que foram presas injustamente:

 

Lore-Elisabeth Blumenthal – EUA: Ativista da Filadélfia acusada de atear fogo em dois carros da polícia durante os protestos de maio de 2020 contra o racismo e a violência policial nos EUA. Se encontra presa no Centro de Detenção Federal em Center City, sem fiança, e enfrenta uma sentença mínima obrigatória de sete anos, caso seja condenada. No entanto, pode pegar uma pena máxima de 80 anos.

 

Milagro Sala – Argentina: Líder da Organização de Bairro Tupac Amaru, na província de Jujuy. Está em detenção arbitrária há 5 anos sem uma acusação clara. Milagro Sala está presa por ser uma líder política que enfrentou o poder. Está presa por ser mulher, indígena e lutadora.

 

Khitam Saafin – Palestina: Uma das principais referências da luta palestina. Foi presa em 2 de novembro de 2020 pelo Exército de Israel. É membra da Secretaria Geral da União Geral de Mulheres Palestinas e líder dos Comitês da União de Mulheres Palestinas. Está em prisão administrativa - sem acusação - há 4 meses, com possibilidade de prorrogação por mais tempo.

 

Khalida Jarrar – Palestina: Membra da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). Está detida na prisão israelense de Damon desde outubro de 2019. Já havia sido presa várias vezes pelas autoridades de Israel. Várias dessas prisões sem apresentação de acusações.

 

Sudha Bharadwaj – Índia: Advogada, defensora dos Direitos Humanos. Sudha é parte do movimento operário iniciado nas minas de ferro. Defensora dos direitos do povo Adivasi (indígena) da Índia.

 

Em 28 de agosto de 2018, cinco defensores de direitos humanos foram presos e acusados sem provas, como se fossem "terroristas".

 

Gültan Kışanak – Turquia: Líder do Partido da Paz e da Democracia (HDP) do povo curdo na Turquia. Kışanak foi presa pelo Estado turco e, em fevereiro de 2019, foi condenada a 14 anos e 3 meses de prisão com acusações forjadas por "ser membra de uma organização terrorista" e de "propaganda de uma organização terrorista".

 

Em solidariedade às companheiras presas por sua luta, propomos realizar as seguintes ações:

Ação nas redes sociaisPublicação de fotos, vídeos - individuais ou coletivas - com nomes destas companheiras e velas acesas.

Utilizar o Hashtag #LibresLasQueremos e marcar no Twitter e Instagram as embaixadas dos países onde as companheiras estejam presas.

Propomos utilizar a frase final: "Seguiremos em vigília e em luta, até que todas estejam livres".


Desenhos em espanhol e português das companheiras neste link: https://drive.google.com/drive/folders/1z15NR39rfXV9IuiyCspxrBOMnCZnkP5m?usp=sharing

 

Ação simbólicaEntrega de cartas em embaixadas e consulados dos países que mantêm presas as companheiras, exigindo a libertação destas mulheres e de todas as presas políticas do mundo.

Ações de ruaConcentrações em embaixadas de algum dos países que mantêm presas as companheiras e/ou na embaixada dos Estados Unidos.

 

NO SÁBADO, 13 DE MARÇO – Acompanhem a transmissão ao vivo do FESTIVAL que começa às 11:00 (horário de Brasília): https://youtu.be/M3cNrQrVFzE 

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"Seguiremos em vigília e em luta, até que todas estejam livres"


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Resistimos para viver, Marchamos para transformar

segunda-feira, 8 de março de 2021

Dia 8 de março é dia de luta. Hoje, a luta é pela vida, por vacina e por Fora Bolsonaro!






A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Nessa crise sistêmica em que vivemos, as primeiras a serem atingidas são as mulheres, principalmente as negras e empobrecidas. Com a pandemia, mais da metade das mulheres ficaram fora do mercado de trabalho. Somam 8,5 milhões de mulheres que ficaram sem trabalho remunerado, apenas no terceiro trimestre de 2020, segundo dados do PNAD. A responsabilidade atribuída às mulheres pelos cuidados, o chamado trabalho não remunerado, é um dos fatores que contribui para esse aumento do desemprego entre as trabalhadoras. O contexto de ampliação do desemprego, o aumento do preço dos alimentos, do gás, e o corte do auxílio afetam principalmente as mais de 11 milhões de famílias chefiadas por mulheres. Não é justo que paguemos a conta da crise. Recuperação justa frente ao COVID-19!
É urgente a necessidade de vacinação para todas as pessoas e do auxílio emergencial de R$600,00. Com a inflação que estamos vendo semana a semana aprofundar é difícil projetar um futuro de esperança e sabemos que as mulheres são e serão as mais afetadas por esse contexto. Agora, a gestão genocida de Bolsonaro tenta passar a PEC 186 que retira recursos do SUS e educação para manter o auxílio de forma capenga, atendendo metade da população em necessidade, com o valor de apenas R$ 250,00.
Que os super ricos paguem a conta! O momento que vivemos escancara a face mais cruel das classes dominantes que ignoram o colapso da saúde e a ampliação da fome no país, por isso defendemos a importância da retomada e fortalecimento da política do Programa de Aquisição de Alimentos para a população não passar fome! Soberania alimentar é o primeiro passo para que a população possa ter saúde para lutar contra essa doença.
A pandemia traz realidades muito distintas de proteção da vida quando se trata do isolamento social, que em alguns casos pode ser estar em casa com seu abusador. O contexto aprofundou a violência de gênero, com um aumento de 40% nos casos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os casos de estupro e estupro de vulnerável com vítimas mulheres aumentaram e as denuncias caíram em até 50%, conforme os dados levantados pelo FBSP. Que as mulheres possam ter direito a uma cidade inclusiva, que respeite integralmente suas necessidades, entre elas o direito à moradia, ao acesso às políticas públicas e sociais, ao emprego e à renda digna!
Se antes da pandemia os serviços que garantem o aborto legal já sofriam com a omissão, agora a situação se aprofunda com um governo conservador com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Damares Alves, agiu nos bastidores para impedir que uma criança de 10 anos estuprada pelo tio fosse submetida ao procedimento. Enquanto Argentina aprovou a lei de regulamentação do aborto, o Brasil anda a passos largos para o corte dos direitos das mulheres com uma ministra que afirma que o Brasil está firme na defesa “da vida a partir da concepção”.
Gravidez forçada é tortura! A luta das mulheres é, antes de mais nada, para ter direito a decidir sobre seus corpos. A reprodução não pode ser compulsória, pelo direito a ter filhos se quiser e no momento em que for propício. Para não morrer, aborto legal e seguro já!
A luta das mulheres está em cada casa, em cada comunidade, nas ruas, nos campos e nas cidades. A todas aquelas que vieram antes de nós e nos mostraram o caminho de luta, nossa reverência. Amigos daTerra, MMM e MTST RS estão em aliança construindo #FeminismoPopular por entendermos que juntas somos mais fortes.
A crise sistêmica mostra que é hora de transformação social baseada no ambientalismo popular e na economia feminista. Por um sistema de solidariedade e em defesa da vida. A economia não pode estar à frente das nossas vidas. Vacina para todes, auxílio emergencial de R$600,00 e #ForaBolsonaro para barrar o genocídio.
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sábado, 6 de março de 2021

Declaração internacional da Marcha Mundial das Mulheres para o 8 de março de 2021

 

Declaração internacional da Marcha Mundial das Mulheres para o 8 de março de 2021

 

Exatamente um ano depois que o mundo inteiro enfrentou o início da primeira pandemia do século 21, nós, mulheres, nos encontramos em um novo 8 de março, que ganha um significado especial em 2021. Há 111 anos esta data é uma referência para as mulheres em movimento, mulheres que ousam fazer ecoar suas vozes, resistindo e garantindo a sustentabilidade da vida.

 

Somos mulheres de todos os povos, de diferentes culturas e realidades, e denunciamos a violência e a opressão que as crises deste modelo capitalista, heteropatriarcal, racista e destruidor da natureza provoca em nossas vidas. A pandemia da covid-19 revelou as desigualdades e armadilhas deste sistema que, ao aprofundar o neoliberalismo, precariza cada vez mais a vida das mulheres, dos povos e do planeta. A urgência em defender a vida trouxe a tona o que há muito tempo exigimos: a ruptura com este sistema é urgente!

 

E somos nós, mulheres da classe trabalhadora de todos os povos, que continuamos a apontar possíveis horizontes, enquanto nos colocamos na linha de frente da resistência aos ataques do capital contra a vida. Nossa luta é internacionalista. Ao mesmo tempo, nossa auto-organização concretiza a solidariedade feminista e popular nas ações cotidianas em nossos territórios. Unidas, marchamos e reescrevemos nossas histórias!

 

As desigualdades no acesso à saúde deixaram clara a necessidade de resistir ao avanço violento do mercado e de suas transnacionais. Nos endividam, tomam nossas terras, destroem e vendem a natureza, atacam nossa soberania alimentar e o bem viver. O lucro das empresas está em uma intensa batalha contra tudo o que sustenta a vida - como vimos recentemente com a morte de trabalhadoras em uma fábrica clandestina espanhola no Marrocos.

 

Mesmo com as novas dinâmicas impostas pela pandemia, nosso feminismo está se mobilizando contra as investidas do imperialismo, contra a militarização e as tentativas de destruir a soberania dos povos e criminalizar os e as lutadoras sociais. Denunciamos as prisões políticas! Condenamos as políticas dos governos que violam os direitos dos povos, e também os bombardeios imperialistas que são permanentes em territórios como a Síria. Em todo o mundo, lutamos contra a militarização e a ocupação de territórios, e expressamos solidariedade com nossas companheiras venezuelanas, palestinas e saarauís, que resistem diariamente a bloqueios, sanções e violência. Marchamos em defesa de nossa autonomia e em solidariedade com nossas companheiras perseguidas, assassinadas e privadas de sua liberdade.

 

Nossos corpos, vozes e ideias têm força nas ruas, nas redes e nos roçados, e combatem a violência da direita e seus fundamentalismos - que, cada vez mais radicais, expressam ódio, racismo, misoginia, intolerância e outras formas de opressão e discriminação. A violência patriarcal é uma engrenagem neste sistema que combatemos todos os dias. A luta pela autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidades é fundamental em nossa luta por outra sociedade.

 

O dia 8 de março faz parte dos nossos processos coletivos de resistência que enfrentam a lógica neoliberal de destruição do Estado, privatização, competitividade e individualismo. Nosso feminismo constrói a economia feminista, a solidariedade, a reciprocidade, a soberania e o poder popular.

 

Em todo o mundo, lutamos neste 8 de março, e todos os dias, por um mundo sem exploração e hierarquias.

 

Resistimos para viver, marchamos para transformar!

 

VEM PRO ATO VIRTUAL UNIFICADO! Domingo, 07/03 A partir das 13h (horário de Brasília)

 


VEM PRO ATO VIRTUAL UNIFICADO!

Mulheres na luta pela vida! Fora Bolsonaro, vacina para toda a população e auxílio emergencial já!

Para abrir a nossa Jornada Nacional Feminista do 08 de março, Dia Internacional de Luta das mulheres, dezenas de organizações, coletivos, partidos e entidades de todo o país vão realizar no próximo domingo, 07 de março, um ato político virtual exigindo FORA BOLSONARO! VACINA PARA TODA A POPULAÇÃO! AUXÍLIO EMERGENCIAL JÁ! PELO FIM DAS VIOLÊNCIAS CONTRA AS MULHERES!

Participe você também!

Domingo, 07/03
A partir das 13h (horário de Brasília)
No Facebook da Marcha Mundial das Mulheres, das organizações construtoras do ato e de organizações parceiras.





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Resistimos para viver, Marchamos para transformar

8 de março, dia de luta feminista por #ForaBolsonaro

 

8 de março, dia de luta feminista por #ForaBolsonaro

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Em 2021, em um contexto de pandemia, que impõe restrições às mobilizações de rua, as mulheres não estarão em silêncio e nem desconectadas - Elaine Campos / SOF
Bolsonaro tem atuado para desmontar o Estado e as instituições públicas

Por Maria Fernanda Marcelino*

Há 111 anos, durante uma conferência socialista, as mulheres propunham a realização de um Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. 111 anos depois, no Brasil de 2021, vivendo há um ano sob o caos impulsionado pela pandemia, nos vemos diante da urgência de destacar as origens do 8 de Março como Dia Internacional de Luta das Mulheres. É uma história feminista, trabalhadora e socialista que, ao longo dos anos, tem sido negligenciada e se perdido no tempo, graças aos interesses do mercado.

A inspiração para o dia 8 de março tal como o conhecemos hoje surge de uma série de eventos iniciados a partir de 1908, pelas mulheres socialistas dos Estados Unidos, pelo direito ao voto. A partir de 1911 passa ser realizado internacionalmente ainda sem uma data fixa. As mulheres socialistas pautavam o direito ao voto, denunciavam a exploração capitalista e exigiam melhores condições de vida e trabalho. Mas precisamente no dia 08 de março de 1917, as mulheres russas vão além do que estava sendo proposto nos eventos anteriores e iniciam a greve que se tornou a revolução de fevereiro (para saber mais sobre essa história, sugerimos a leitura de As origens e a comemoração do dia internacional das mulheres, de Ana Isabel Álvarez Gonzáles). Em 1921, há exatos cem anos, outra conferência de mulheres propõe fixar a data no dia 8 de março, em homenagem à luta das revolucionárias russas.

:: Movimentos populares divulgam manifesto do 8 de março; conheça as pautas centrais ::

A organização das mulheres tem, desde os primórdios, um caráter internacionalista e comprometido com a transformação da sociedade como um todo. Com o passar dos anos, o 8 de março se manteve como a principal data unificada do calendário de luta feminista. É uma referência de mobilização no mundo inteiro e parte do calendário de lutas do conjunto dos movimentos sociais e setores de esquerda.

111 anos depois, as mulheres brasileiras vêm pautando o enfrentamento ao avanço do neoliberalismo predatório, do imperialismo, de um Estado antidemocrático, de políticas de morte e extermínio do povo.

Aqui no Brasil, foram as mulheres as primeiras a se levantar para denunciar o golpe contra a primeira presidenta eleita do país, Dilma Rousseff. Foram as mulheres as primeiras a sentirem a crescente ofensiva da direita conservadora e neoliberal na América Latina, que em 2016 levou a cabo um processo ilegítimo de impeachment. Um golpe político, jurídico e midiático, carregado de violência patriarcal, contra a democracia brasileira e contra uma mulher eleita com 54 milhões de votos.

O golpe levantou uma “ponte para o passado”, desfazendo conquistas importantes para a vida do povo e para a democracia. Também abriu caminho para uma eleição baseada na mentira, na desinformação, no conluio organizado pelos ricos desse país - e também de fora - e colocou no poder o que há de pior no Brasil. Bolsonaro é sinônimo do machismo, do racismo, do autoritarismo e da subserviência ao capital internacional.

:: Filme "Abraço" discute a desvalorização da educação pública ::

Agora, sentimos na pele os resultados: Bolsonaro atuou para disseminar um vírus mortal entre a população que hoje está desamparada e contando com um SUS (Sistema Único de Saúde) fragilizado e com a própria sorte para sobreviver. Sua ação de desestruturação do Estado nas áreas da saúde e assistência jogam milhares de pessoas para o desemprego, especialmente as mulheres e população negra que já viviam na informalidade e subempregos, e há uma escalada da violência e do feminicídio.

A violência contra as mulheres é estrutural, autorizada e naturalizada diariamente na nossa sociedade. Os assédios e abusos físicos e psicológicos, a violência doméstica, o feminicídio e a cultura do estupro tornam a vida mais perigosa para as mulheres. Há uma autorização “velada” para matar as mulheres, a juventude negra e pobre, os povos tradicionais, pessoas LGBTQI+. A isso se somam as garantias de acesso fácil a armas e o fim de políticas de prevenção e combate a violência sexista.

Em 2021, em um contexto de pandemia, que impõe restrições às mobilizações de rua, as mulheres não estarão em silêncio e nem desconectadas. Há um exército delas atuando para unificar e construir forças para derrubar Bolsonaro.

Uma amostra disso são as ações construídas nacionalmente para o dia 8 de março, que conectam mulheres do campo, cidade, águas e florestas. As ações de solidariedade se conectam à exigência do auxílio emergencial e da vacinação para toda a população. Esse é o cotidiano das mulheres que sustentam, ao mesmo tempo, a luta e a sobrevivência.

Por que dizemos “Fora Bolsonaro”?

Bolsonaro é o responsável por esse fundo do poço em que nos encontramos: sem saúde, sem segurança, sem direitos, sem dignidade. Bolsonaro faz tudo isso com amplo apoio de setores políticos e econômicos reacionários e de fundamentalistas religiosos, além da bancada ligada a militares e aos latifundiários. Avançam sobre nosso trabalho, nossa terra, nossos corpos. Os mesmos que cortam os direitos das e dos trabalhadores são os que tentam dificultar e impedir até que meninas e mulheres recorram ao aborto nos casos previstos em lei.

A portaria nº 2.282, que cria barreiras para o procedimento abortivo, atenta contra os direitos humanos. Enquanto retrocessos como esse tomam lugar no Brasil, nossas hermanas argentinas mostraram que, com muita mobilização e organização feminista, é possível avançar na construção da igualdade e da autonomia. No fim de dezembro de 2020, a Argentina legalizou o aborto até a 14ª semana, uma vitória para todas as mulheres da América Latina.

Bolsonaro tem atuado para desmontar o Estado e as instituições públicas de saúde, educação, assistência, entre outros serviços que são direito da população. E mesmo com os ataques, nosso Sistema Único de Saúde (SUS) segue salvando vidas e as universidades e institutos garantem a pesquisa, tratamentos, medicação e vacinação para crianças e adultos.

Saiba mais: Artigo | A PEC do Teto de Gastos

Sofremos com desmontes e privatizações nas áreas da saúde, educação, assistência, bem como nas empresas públicas e bens comuns, como temos visto com a Eletrobrás, Petrobras, Correios. Essa é uma política sistemática desde a aprovação da Emenda Constitucional 55 (a PEC do Teto de Gastos, também conhecida como PEC da Morte), que foi votada por partidos como o PSDB, DEM, MDB e outros mais em 2016.

Todos eles são responsáveis pelo caos que estamos “vivendo”. Colaboraram para o avanço do negacionismo, mas agora tentam se distanciar de Bolsonaro e surfar na onda da conquista da vacina produzida pelo Instituto Butantã, como faz o PSDB – aliás, não nos esqueçamos de que Dória incluiu o Instituto em seu pacote de privatizações. Por isso, nossa saída é à esquerda: só com organização popular, feminista e antirracista intensa, poderemos tirar a direita do poder e reorganizar a economia, colocando a vida no centro das preocupações e das políticas.

Como sempre, as mulheres são que mais sofrem os impactos provocados pela pandemia, mas são as que garantem a sustentabilidade da vida. Não paramos um segundo durante a pandemia, assumindo tarefas domésticas e de cuidado redobradas. São mulheres, sobretudo negras e pobres, a maioria das profissionais da linha de frente do enfrentamento à covid-19, seja na saúde ou nos serviços.

As mulheres exigem: vacina já para todas as pessoas e manutenção do auxílio emergencial!

Leia também: Artigo | Tributar super-ricos garante auxílio emergencial sem condicionantes 

Estamos falando de mais de 250 mil óbitos! Não é falta de informação ou planejamento, é um plano de extermínio da população pobre, indígena, quilombola e outros povos tradicionais que vivem em terras que ele deseja entregar para mineradoras, madeireiras, latifundiários.

O governo Bolsonaro, na figura de seu ministro do Meio Ambiente, já disse com todas as letras que seu plano nesse contexto de pandemia é “passar a boiada”. Trata-se de um governo que desmonta todas as políticas de incentivo à agroecologia e à soberania alimentar, privilegiando o latifúndio, o plantio de transgênicos, o uso liberado de venenos em larga escala, o desmatamento dos nossos biomas, a privatização e financeirização da nossa natureza, a poluição de nossas águas com lama e substâncias tóxicas.

Dos milhares de mortos no Brasil, 58 mil viviam no estado de São Paulo, que também não foi capaz de proteger a vida das pessoas, propor políticas de alimentação e combate à pobreza, garantir condições para a pesquisa e a autonomia na produção de vacina. Dória e Covas, priorizaram a garantia do lucro das empresas privadas com o discurso de proteger a economia. Há economia sem vidas? A vida do povo não pode ser tratada como descartável.

Há apenas um caminho para estancar a morte, a fome e o desemprego que nos assombra e é realidade de milhares de lares brasileiros: o impeachment imediato de Bolsonaro e de todo seu governo militarizado e corrupto.

Seguimos em marcha no Brasil e no mundo

Em todo o mundo, as mulheres seguem lutando e criando condições práticas para que a vida exista. Há inúmeros exemplos inspiradores: hortas comunitárias, restaurantes coletivos, campanhas de solidariedade e denúncia, ações simbólicas, entre tantas que ainda carecem de visibilidade.

Após 111 anos, seguimos lutando por nosso direito à vida, com vacina e auxilio emergencial. Estamos em marcha até que não exista mais fome e que a vida possa ser vivida sem violência, com direito de decidir sobre nosso próprio corpo. A força e o protagonismo do movimento de mulheres posiciona o feminismo como uma perspectiva essencial na construção de uma nova sociedade.

Neste 8 de Março de 2021, todas nós nos mobilizaremos com indignação e fúria feminista para exigir o impeachment do governo genocida. Precisamos tirar Bolsonaro para poder construir alternativas de vida, recuperar a democracia, colocar o cuidado e a vida digna no centro da política.

 

*Maria Fernanda Marcelino é historiadora, integra a equipe da SOF Sempreviva Organização Feminista e é militante da Marcha Mundial das Mulheres.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rebeca Cavalcante