segunda-feira, 13 de maio de 2019

Negação da Violência Obstétrica: mais uma medida machista do Governo Bolsonaro

Violência obstétrica é a recusa de atendimento, intervenções e procedimentos médicos não necessários, além de agressões verbais e ameaças, muitas vezes veladas. Pode ocorrer no pré-natal, no parto ou pós-parto e no atendimento em casos de abortamento. A maioria das mulheres sequer percebe que sofreu a violência, uma vez que são muito comuns os maus-tratos durante o ciclo da gravidez, parto e puerpério.
A prática da violência obstétrica revela a naturalização e obrigação da maternidade, reduzindo a mulher a um útero, a um processo reprodutivo do qual tem de se recuperar facilmente e sem queixas, reproduzindo a “máxima” de que as mulheres são mais tolerantes à dor.
Segundo estudo realizado em 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obstétrica no Brasil. As mulheres negras são as mais afetadas pois predomina a ideia de que são fortes e dão conta de aguentar tudo. 
Negando uma realidade presente na vida da mulher brasileira, uma nova orientação do Ministério da Saúde recomenda que seja evitado e, na medida do possível, abolido o termo” violência obstétrica”. O documento emitido pela pasta (e assinado por uma mulher: Mônica Almeida Neri ) afirma que a definição tem um viés ideológico socialista e que o termo se refere ao uso intencional da força e, portanto, não é aplicável a todos os incidentes que ocorrem durante a gestação, parto ou pós-parto.
Mais uma vez, o Governo Bolsonaro dá um passo atrás no avanço de políticas de saúde e de direito das mulheres, reforçando um atendimento desumanizado em um dos momentos mais difíceis na vida de uma mulher.
A própria Organização Mundial de Saúde reconhece a existência dessas agressões e define o termo violência obstétrica como “uso intencional de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação.

TIPOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Violência por Negligência
Esse tipo de violência impõe à gestante uma peregrinação por atendimento durante o pré-natal e por leito na hora do parto, dificultando o acesso da gestante aos serviços de Saúde. Também diz respeito à privação do direito da mulher em ter um acompanhante, o que é protegido por lei desde 2005.

Violência Física
A violência física é uma das mais comuns na hora do parto, marcada pela prática de intervenções desnecessárias e violentas, tais como lavagem intestinal, posição de parto não escolhida pela mulher, não oferecimento de alívio para dor, uso de fórceps, ruptura artificial da bolsa, pressão sobre a barriga, ponto do marido (para deixar a vagina mais apertada), além da imposição da cesariana, ainda que sem indicação clínica. O Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde, é o segundo país com maior percentual de partos realizados por cesárea.

Violência Verbal
É corriqueiro que as mulheres, durante a gestação e no momento do parto, sofram com agressões verbais por meio de comentários constrangedores, ofensivos e humilhantes, inferiorizando as mulheres por sua raça, idade, orientação sexual ou número de filhos. É comum que no momento do parto as mulheres sejam pressionadas a fazer força porque senão, matarão seu próprio filho. As gestantes também costumam ouvir que “na hora de fazer tava bom, não gritou de dor”.

Violência Psicológica
A violência psicológica é marcada por toda ação que causa na mulher sentimento de inferioridade, vulnerabilidade, abandono, instabilidade emocional e insegurança.

Violência Obstétrica em caso de abortamento
Em casos de abortamento é muito comum que as mulheres sejam humilhadas com a negação ou demora no atendimento, acusação sobre a causa do aborto, procedimentos invasivos, culpabilização e denúncia criminal. A mulher é condenada de antemão por não ter levado a gestação adiante influenciando uma depressão pós-parto e um processo vexaminoso durante o atendimento.
A violência obstétrica pode ser cometida por médico obstetra, por enfermeiras, anestesistas e toda equipe de saúde, inclusive os atendentes do hospital.
Enfrentamento ao Governo Bolsonaro
Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, continuaremos denunciando toda a forma de violência contra a vida, o corpo e os direitos das mulheres. Denunciaremos e enfrentaremos esse governo reacionário, machista, misógino todos os dias!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

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