domingo, 14 de junho de 2009

“98ª Conferência Internacional do Trabalho está muito aquém das necessidades das trabalhadoras e dos trabalhadores.”


Analine Specht - MMM/RS e blog Brasil Autogestionario
Lúcio Uberdan - Blog Brasil Autogestionário

Começou dia 3 e estende-se até dia 19 de junho a 98ª Conferência Internacional do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho(OIT), em Genebra/Suiça. São esperados até o fim do evento mais de 4.000 participantes, entre esses 4 delegados/as de cada um dos 183 países membros da OIT, o evento conta também com a participação de 10 chefes de estados, vice-presidentes, Ministros do Trabalho, Sindicatos e empresários.

Na última sexta-feira o Ministro do Trabalho Brasileiro, Carlos Lupi palestrou no evento (AQUI), amanhã será a vez do Presidente Lula que deve chegar ainda hoje a Genebra. A 98ª Conferência da OIT vai debater a crise mundial e seus efeitos no mundo do trabalho como ponto central, bem como as relações de gênero nos espaços produtivos, o emprego precário e a AIDS.

No discurso de abertura, Juan Somavia, diretor-geral da OIT, alerta que a crise mundial e os reflexos no mundo do trabalho poderão durar de 6 a 8 anos, lembra que a economia deveria gerar 300 milhões de novos empregos até 2015, mas os dados atuais revelam que o desemprego prossegue e tende a aumentar.

Os recentes estudos da OIT divulgados no caderno “Atualização das Tendências Mundiais de Emprego”, divulga que o mundo já convive com uma taxa de desemprego superior a 7%, (de 210 milhões e 239 milhões de pessoas), de 2007 em diante teve-se um acréscimo de 59 milhões de novos desempregados/as. No item sobre a pobreza global, estima-se que 200 milhões de homens e mulheres passarão a incorporar o índice de pessoas que vivem com menos de US$ 2 dólares por dia, ou seja, menos de R$ 120,00 por mês.

Seriam esses números de um fato natural? ou resultados conscientes de ordem econômica liberal ainda vigente?

Acompanhando as diversas notícias sobre a conferência, em especial na Agência Brasil, percebe-se com facilidade as contradições latentes, ou melhor, a nitidez de foco em ver a saída da crise por um misto de ações que não mudam a ordem liberal em curso, resumindo-se a apresentar como compensação pró-trabalho uma pesada conta aos Estados Nacionais sem que os fundamentos gerados da crise sejam corrigidos.

Omite-se o tema da regulação da liberdade do Capital Financeiro, o necessário debate da correção da alta-concentração de riqueza e a necessária diminuição da jornada de trabalho, bem como nada fala-se do necessário controle público dos serviços estratégicos de primeira necessidade, como a comunicação, a água e a energia pelo Estado.

Passa-se totalmente omisso lá como aqui, uma compreensão política profunda da necessidade de garantir-se formas de propriedade coletiva e autogestionárias nacionais, em setores estratégicos, com autogestão plena, ou em parcerias de trabalhadores/as e o Estado, como alternativa real e potente frente a crise mundial e a precariedade do trabalho, desconcentrando os meios de produção e aumentando a democracia econômica.

O caráter tripartite de organização da Conferência da OIT exclui um importante e significativo segmento, os movimentos sociais, num momento histórico de crise estrutural que reflete impactos no meio ambiente e na esfera reprodutiva da vida de milhões de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. Neste contexto não se discute o mundo do trabalho como um todo, mas sim apenas o emprego, numa lógica descontextualizada dos anos de Welfare state. Não seria este o momento de ampliar o debate? de tencionar a participação?

A Conferência pelo que se lê, parece resumir-se a estratégias de salvamento das empresas privadas através do aporte de recurso público, em conjunto com “orientações” sobre políticas de melhores ganhos no salário mínimo, aumento das políticas sociais e o reforço do Seguro-desemprego, esses últimos os melhores avanços da 98ª Conferência Internacional do Trabalho.

Em suma ao que parece nada de novo, a ordem mundial que sofreu abalos começa a reequilibrar-se no mundo mantendo a mesma lógica de mercado.

A responsabilidade do poder público no incentivo à mercantilização do corpo das mulheres.


O período junino representa para o Brasil, e principalmente para o Nordeste, um momento importante, sobretudo de reaproximação da cultura popular, do respeito e do culto às tradições nordestinas como, a canjica, o milho verde, a pamonha, e o forró pé de serra e as quadrilhas juninas.

Andando pelas ruas, caminhando entre casas, barraquinhas sentimos o espírito junino. Animamos nossa audição com as músicas de Luiz Gonzaga, nosso maior representante do forró pé de serra.

Mas, em Mossoró, o que poderia ser um momento de revalorização dessa cultura popular tem se traduzido em mais um instrumento de mercantilização do corpo e da vida das mulheres. Percebemos isso desde as músicas oferecidas ao público durante a Cidade Junina na Estação das Artes e este ano isso também está expresso no cartaz produzido pela própria Prefeitura Municipal de Mossoró.

Esse cartaz da Cidade Junina deveria representar a musicalidade e o colorido dos festejos juninos, mas traz na verdade, um apelo à cultuação do padrão de beleza, a mercantilização do corpo das mulheres e inclusive incentivo a prostituição das jovens quando traz: ”MOSSORÓ CIDADE JUNINA”, com uma bela jovem negra, acompanhada de uma frase dizendo “tem muito mais do que você imagina”. O que nos faz imaginar que Mossoró pode oferecer as suas mulheres como prêmio para quem participar da festa, que os homens, sobretudo turistas, terão de brinde lindas mulheres – como ilustra o cartaz – se vierem para Mossoró, Cidade Junina.

Temos visto constantemente apelos como este em propagandas de cerveja, o que já nos indigna. Porém, estamos falando de ações do poder público, financiado com recurso público, onde deveria combater a violência contra as mulheres, combater a prostituição que no Cidade Junina já vinha acontecendo com as músicas e agora na sua propaganda está utilizando da mesma estratégia do mercado e do machismo para atrair público e turistas.

A Marcha Mundial das Mulheres, manifesta aqui seu protesto ao desrespeito às mulheres e incentivo à mercantilização do corpo e da vida das mulheres.

Propomos a retirada imediata de toda a essa propaganda que nos envergonha e constrange e substitua por uma verdadeira cultura que nos orgulhe e reforce nossa identidade de uma cidade nordestina, lutadora e alegre.

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Maldita todas as cercas da propriedade privada!

Em cada rosto pobre do povo Brasileiro está estampado a vergonhosa realidade de um país onde a vida tem menor valor que o lucro, onde a terra abundante e fértil secularmente tem poucos, e os mesmos donos, enquanto aos milhões as trabalhadoras e trabalhadores se amontoam nas cidades submetidos a todo tipo de exploração e maus tratos.

É esse povo que se levanta e diz não ao latifúndio, ao agronegócio e ao capitalismo patriarcal.

Nos últimos dias temos acompanhado estarrecidas a situação de 98 famílias despejadas no município de Campo do Meio, sul de Minas Gerais, desalojadas com violência, tendo suas casas e plantações destruídas e suas esperanças de uma vida digna novamente soterradas.

Exigimos a desapropriação das terras para fim de reforma agrária, e uma indenização pelas plantações destruídas!
Declaramos nossa total solidariedade ao MST, a luta pela terra e solidariedade as famílias despejadas.

Para isso juntamos nossas vozes e esforços no amparo dessas famílias que nesse momento encontram-se sem alimentos, abrigo, mas que seguem lutando e resistindo.

SOMOS TODAS SEM TERRA!

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

domingo, 31 de maio de 2009

Economia Solidária na Festa da Biodiversidade

Por Eliege Fante do Núcleo Amigos da Terra Brasil.

Hoje (dis 22/05) foi dia de diversidade e de alegria no Largo Glênio Peres: mais de trinta entidades ambientalistas, movimentos sociais e culturais levaram suas campanhas e seus produtos da economia solidária para expôr e se comunicar com a população. Foi a terceira edição da Festa da Biodiversidade, data celebrada em todo o mundo.
A mobilização chamou para o debate em torno da questão “Biodiversidade e clima, o que tenho a ver com isso?”. Para o membro dos Amigos da Terra, bioconstrutor e permacultor Fernando Costa, o equilíbrio do Planeta depende da defesa da biodiversidade. E alerta contra as falsas soluções apresentadas por aqueles que visam ao lucro e consumismo desenfreado, por exemplo, a falsa solução dos agrocombustíveis e o plantio de monoculturas exóticas.
Para a coordenadora dos Amigos da Terra, geóloga Lúcia Ortiz, “esta diversidade de atores reunidos nesta Festa mostra o quanto o tema meio ambiente está na vida das pessoas e o quanto elas se importam com o meio ambiente”.
Dentre as várias atividades, houve a encenação de um ataque da especulação financeira sobre a natureza e o impacto na comunidade. Ambientalistas com máscaras onde lia-se T, de transgênico, representavam uma monocultura de árvores exóticas que se desenvolveu e foi derrubada com uma motosserra. No fim, a comunidade reagiu e replantou árvores nativas, visando permitir a recuperação da biodiversidade.
Materiais foram multiplicados, divulgando iniciativas que geram soluções positivas e solidárias para a crise climática e ambiental. Como:
- celebrando do Dia da Biodiversidade!
- trocando, produzindo e consumindo produtos locais, fortalecendo assim as redes solidárias de economia que trazem benefício para cada região;
- preservando a biodiversidade local e quem cuida dela, como os agricultores ecológicos, os provos indígenas, as abelhas nativas, os morcegos e aves nativas, etc;
- valorizando o que a natureza oferece aqui mesmo na cidade, como sombra, frutas da estação, ervas medicinais, linda paisagem, etc;
- boicotando as transnacionais e seus produtos;
- unindo-se a grupos locais para demandar ao poder público políticas que aliem a preservação da biodiversidade e a qualidade de vida na cidade;
- preferindo andar a pé, de bicicleta ou transporte coletivo.
Veja mais algumas imagens em www.natbrasil.org.br

quarta-feira, 13 de maio de 2009

FORA YEDA, já!!!

CUT e CMS exigem impeachment do Governo Yeda/Feijó


Nesta quinta-feira, 14, a CUT e a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), irão realizar uma grande manifestação exigindo o impeachment do governo Yeda/Feijó. O ato será às 11h, em frente ao Palácio Piratini. Antes, haverá duas marchas de trabalhadores, saindo de pontos distintos da capital.

Às 9h, trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar sairão do Parque Harmonia em caminhada até a Praça da Matriz.

Às 10h, professoras, servidoras (os) públicos e estudantes sairão em marcha, da frente da sede do CPERS/Sindicato, até o local do ato. A Marcha Mundial das Mulheres tb se encontrará em frente ao Cpers.

A CUT e a CMS exigem explicações e o impeachment do governo Yeda/Feijó frente a mais um escândalo de corrupção. A sociedade não merece assistir semanalmente, na imprensa nacional e internacional, escândalos de corrupção que envergonham e maltratam o povo gaúcho.
Ato pelo impeachment do Governo Yeda/Feijó

Quando: Quinta-feira,dia 14, às 11h

Onde: Praça da Matriz, centro de POA

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O primeiro massacre do governo Obama

por Emir Sader

Pode-se ter maior ou menor simpatia pelo novo presidente norte-americano, acreditar-se um pouco mais ou um pouco menos nas suas palavras, valorizar mais ou menos a mudança de tom do governo dos EUA ao tratar suas diferenças com outros governos. Mas há um limite para julgar o caráter de um presidente e de um governo. Esse limite chegou agora, com o massacre de pelo menos 150 civis no Afeganistão.

Já tinha havido mortes, na semana anterior, de algumas centenas de supostos militantes pelo Exército do Paquistão, cuja credibilidade é nenhuma e permite supor que se tratava, na sua grande maioria de população civil, exibida como talibãs, para tentar recuperar minimamente a imagem do exército daquele país. O governo norte-americano pode fingir que acreditava nessa versão.

Mas agora as versões vêm das próprias autoridades do Afeganistão, país ocupado por tropas ocidentais, comandadas pelos EUA. Pelo menos 150 pessoas – na sua grande maioria mulheres e crianças, sintoma claro de que se trata de população civil – foram vitimas de bombardeios de tropas ocidentais. Nada a esconder, nem a duvidar.

Que atitude tomará o novo presidente dos EUA? Considerará essas mortes “efeitos colaterais não desejados”? Ou como “riscos de todo conflito bélico”? Ou como “civis que acobertavam a terroristas”? Ou “abrirá uma rigorosa investigação para apurar responsabilidades”? Ou pedirá “desculpas aos afegãos por esse erro imperdoável”? Ou “mandará auxilio às vitimas involuntárias da guerra”?

Nada servirá como pretexto para Obama. Os massacres são e serão componente inevitável da continuidade da guerra de ocupação do Afeganistão. Vitorioso dentro do Partido Democrata com uma plataforma em geral progressista, Obama passou a enfrentar o opositor republicano, que o acusava de “brando” e despreparado para assumir o que considerava os interesses dos EUA no mundo – sinônimo das “guerras infinitas” desatadas pelo governo Bush contra toda legalidade internacional. Para tentar se livrar dessa acusação, mantendo sua promessa de saída das tropas do Iraque, Obama montou a equação, segundo a qual os EUA deveriam tirar suas tropas do Iraque e transferi-las para o Afeganistão.

Estranho raciocínio. Que diferença pode ser feita entre os dois epicentros das “guerras infinitas”, salvo que no caso afegão, ainda sob o impacto dos atentados que sofreram, os EUA conseguiram o aval do Conselho de Segurança da ONU para a invasão. Mas trata-se de algo diferente, nos dois casos, de invasão e submissão de dois povos a tropas de países estrangeiros? Trata-se de governantes escolhidos livremente pelos povos dos dois países ou de autoridades de ocupação impostas, em ambos casos, pela força das armas? Se faltasse algum elemento de semelhança, este primeiro massacre do governo Obama veio para confirmar a absoluta similaridade dos dois casos.

O caráter de uma pessoa ou de um governo está dado sobretudo pelo seus atos. Conhecemos tantos casos de pessoas materialmente comprometidas com a tortura, que seguiram sendo bons pais de família. Pode-se considerá-los pessoas de bom caráter? As eventuais virtudes privadas podem perdoar os vícios públicos?

Para os que se deixam levar pelo sorriso cativante de Obama e pela elegância de Michelle, este primeiro massacre deve servir de teste do seu caráter, privado e publico. O governo Obama não será o mesmo depois de não poder deixar de encarar a brutalidade do que as tropas do seu país, sob seu comando, está fazendo, no Afeganistão e no Iraque. Nenhum governo é o mesmo, se passa a conviver como massacres como esse, pelo qual é diretamente responsável. Os parentes afegãos mortos, - mulheres, crianças, idosos, seus familiares, o povo afegão, - aguardam e merecem uma palavra de Obama, cujas mortes não remetem a quando era criança, mas a seu governo e à sua decisão de intensificar, em lugar, de terminar, com a brutal ocupação do Afeganistão.

Fonte: Agencia Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=304