domingo, 27 de julho de 2008

25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana





Na luta por um mundo livre de capitalismo, machismo, homofobia e racismo, a Marcha Mundial das Mulheres reafirma seu compromisso com a luta pela igualdade entre mulheres e homens de todas as raças e etnias.
Viva a luta das mulheres Negras!



Um pouco da história ...

A Rede de Mulheres Afro-latinoamerican a Afro-caribenha e da Diáspora nasceu no ano de 1992, em São Domingo, capital da República Dominicana, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino- Americana e Afro-Caribenha, contou com a participação de organizações e mulheres negras de trinta e três países da região. Este primeiro encontro permitiu discutir, trocar e avaliar a situação de discriminação, violação de direitos humanos, pobreza e subordinação cultural que vivem as mulheres negras na América Latina e Caribe, se conclui que a situação de exclusão sistemática contra as mulheres afro-caribenhas e afro-latinoamerican as é generalizada de modo que a articulação regional é um instrumento estratégico para encontrar soluções.

Neste encontro ficou estabelecida a data de 25 de Julho como o marco internacional da luta e resistência da Mulher Negra. Desde então, as mulheres negras organizadas nos movimentos sociais e feminista têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres latino-americanas e caribenhas.

Obs. Aproveitamos mais uma vez para fazer uma homenagem a todas as companheiras que se foram, mas deixaram seu exemplo de vida como fonte de inspiração e alimento para nossa luta.

Saudações Feministas,

Marcha Mundial das Mulheres

terça-feira, 22 de julho de 2008

Dirce Margarete Grosz , presente!

Sempre viva na memória e na luta feminista!

Nós da Marcha Mundial das Mulheres informamos com muito pesar a morte da companheira Dirce Grosz, nesta terça feira, no Rio Grande do Sul, em um trágico acidente entre o ônibus que se encontrava e uma carreta.
A trajetória de Dirce nos mantém na luta e fortalece nossa ação militante.
Nossa companheira fará falta a nossa construção cotidiana, que une mulheres urbanas e rurais, por uma outra sociedade, sem opressores e oprimidas, na defesa de justiça e dos direitos das mulheres.
Atuava na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) desde 2003 além de compor a Secretaria Nacional de Mulheres do PT.
Em sua última atividade junto à SPM, Dirce atuou mantendo o compromisso com projetos que pudessem representar esta trajetória e luta.
Esta energia de vida estará presente na nossa caminhada e será força para impulsionar nossos sonhos e lutas na defesa das mulheres, na dignidade e igualdade de todas e todos.

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES - RS

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Carta contra criminalização dos movimentos sociais no RS

Carta contra criminalização dos movimentos sociais no RS

No dia 24 de junho, foi lida a Carta dos Movimentos Socais, onde ouvimos a dor da verdade numa leitura de emoção de Eliane de Moura Martins, liderança do MTD .
Uma denúncia coletiva de diversos movimentos sociais gaúchos, onde registramos um momento da dolorosa história que temos a tristeza de viver, mas que o povo organizado se mantém lutando, ao lado da verdade, em favor da vida acima do lucro.

Assista vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=-rogHIQuMow

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Resgate ou libertação???

Analine Specht*

Essa é a questão do dia. Informações contraditórias, fragmentadas e superficiais tomaram conta da mídia mundial e levantaram muitos questionamentos acerca da condição de liberdade da senadora colombiana Ingrid Betancourt, que estava em poder das FARC por anos.

A mídia golpista não chegou, até o momento, a um consenso sobre a versão a ser apresentada nas informações, ora trata como operação de "resgate militar" (usando o aparato estatal militar com sentido de uso da força), ora trata como "libertação", com base numa negociação feita por uma organização fictícia (por pessoas infiltradas). Sabemos que os aparelhos conservadores mundiais, orquestrados pelos EUA, se esforçam em classificar as FARC como terroristas e narcotraficante. Embora as FARC gerem muitas questões e se configurem como movimento social complexo, estas são constantemente marginalizadas e estigmatizadas numa nítida tentativa de desarticular o apoio popular e mitificar o movimento organizado. No Brasil as FARC estão sendo utilizadas (no pior sentido de utilitarismo), como elemento de criminalização ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST. O Conselho do Ministério Público do Rio Grande do Sul em relatório divulgado na semana passada pede a dissolução do MST e que este passe a viver na ilegalidade. Um dos pressupostos que serviu de base ao tal "relatório" (neste blog maiores informações sobre o relatório do MP/RS abaixo) seria a suposta articulação do MST com as FARC, considerando ambos movimentos "subversivos e de caráter político que atentam contra a ordem estabelecida", remontando há décadas de ditadura militar, censura e tolhimento da liberdade de expressão, manifestação e organização social.

A América Latina atualmente representa perigo aos países dominantes, em especial aos EUA que historicamente mantiveram importantes aliados políticos no continente. Com a ascensão e sucesso de governos esquerdistas como Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Lula e com a forte articulação e mobilização dos movimentos sociais latinos, o reduto ainda sob influência norte americana é a Colômbia, personificado por Álvaro Uribe. Vivenciamos tempos de perseguição política, atentados violentos à democracia e manipulação das informações.

Abaixo avaliação do contexto colombiano, disponível em: http://www.aporrea.org/actualidad/a59804.html

* Analine é militante da Marcha Mundial das Mulheres do RS e integrante da Rede Economia E feminismo

quinta-feira, 3 de julho de 2008

NOTA DE SOLIDARIEDADE AO MST

A Marcha Mundial das Mulheres manifesta todo apoio e solidariedade às companheiras e companheiros que numa luta diária constroem o MST e a luta contra o capitalismo patriarcal.
Repudiamos a ação de criminalização impetrada pelo Ministério Público gaúcho que anda de mãos dadas com os interesses de grandes corporações e com governos que se aliam a esses interesses.
No momento em que há ameaça da crise de alimentos provocada pela concentração de terras, monocultivo, monopólio das sementes e a promessa do aumento da produção dos agrocombustíveis para a manutenção do consumo dos países ricos do norte, a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais é uma estratégia do neoliberalismo para exercer o controle social e manter a lógica do capital na manutenção do controle dos territórios.
Denunciamos a forma como a grande imprensa constrói um imaginário na população de que aquelas (es) que lutam são violentas (os), que a pobreza é um problema individual e, assim, desqualificam as lutas coletivas por direitos.
Os meios de comunicação são parte do poder dominante e instrumento para manutenção do modelo neoliberal. Por isso são os primeiros a julgar e promover o linchamento dos movimentos e suas lideranças, impedindo as ações de solidariedade e adesão à luta.
Cerramos nossas fileiras ao lado das e dos que lutam!
Total solidariedade ao MST e aos movimentos que compõem a Via Campesina.
Marcha Mundial das Mulheres

sábado, 28 de junho de 2008

QUE VERDE É ESTE????

QUE VERDE É ESTE?

de Pedro Munhoz*

1.
QUE VERDE É ESTE,
QUE PLANTA A FOME,
QUE BEBE O RIO,
QUE NOS CONSOME,
QUE VEM E COME,
TODO O PLANTIO?

2.
QUE VERDE É ESTE,
QUE NOS SUPLANTA,
QUE RASGA O CÉU,
QUE CRUZAM TANTAS,
QUE NASCEM PLANTAS
MORREM PAPEL?

3.
QUE VERDE É ESTE,
CAMINHO INCERTO,
QUE SOBE A SERRA,
VIRA DESERTO,
RONDA DE PERTO,
POVO SEM TERRA?

4.
QUE VERDE É ESTE
TÃO OBSCURO,
SEM ESPERANÇA,
TÃO SEM FUTURO,
QUE DESCONJURO
TUA LEMBRANÇA?

5.
QUE VERDE É ESTE?
TOMBA MADEIRA,
TRATO DE MORTE,
OUTRA BANDEIRA,
BALA CERTEIRA,
VINDA DO NORTE!

*Nosso cantor e compositor gaúcho, Pedro Munhoz, compôs esta letra e musica em homenagem ás lutas da via campesina contra o monocultivo do eucalipto.

Abaixo assinado EM DEFESA DA REFORMA AGRÁRIA

EM DEFESA DA DEMOCRACIA
EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO


Ilustríssima Senhora Yeda Crusius
M.D.Governadora do Estado do Rio Grande do Sul

Palácio Piratini,
Praça Marechal Deodoro s/n CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS
Gabinete-governador a@gg.rs.gov. br


Nós abaixo-assinados, vimos, à presença de Vossa Excelência manifestar nosso mais vêemente repúdio à iniciativa do Estado Maior da Brigada Militar do RS – PM 2, à iniciativa do Conselho Superior do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, e à iniciativa do Ministério Público Federal, pelos motivos a seguir indicados.

No dia 20 de setembro de 2007 o então Subcomandante Geral da BM Cel. QOEM – Paulo Roberto Mendes Rodrigues, encaminhou o relatório n. 1124-100-PM2- 2007 cuja elaboração havia sido por ele determinada, ao comandante geral da BM, onde emite parecer sugerindo sejam tomadas todas as medidas possíveis para impedir que as três colunas do MST que rumavam ao Município de Coqueiros do Sul, fossem impedidas de se encontrar. No relatório houve uma investigação secreta sobre o MST, seus líderes, número de integrantes e atuação no RS. O relatório foi remetido ao Ministério Público do Estado do RS e ao Ministério Público Federal.

O relatório da força militar do RS caracteriza o MST e a Via Campesina como movimentos que deixaram de realizar atos típicos de reivindicação social mas sim atos típicos e orquestrados de ações criminosas. Na conclusão do relatório é condenada a “corrente que defende a idéia de que as ações praticadas pelos movimentos sociais não deveriam ser consideradas crimes, mas sim uma forma legítima de manifestação”. As investigações também foram dirigidas sobre a atuação de deputados estaduais, prefeitos, integrantes do INCRA e supostos estrangeiros.

Em função desta ação da Brigada Militar, o MPE ingressou com ACP impedindo as colunas do MST de entrarem nos quatro municípios da comarca de carazinho no RS, e foram ingressadas com várias ações para retirar as crianças das famílias que marchavam.

As iniciativas da Brigada Militar não ocorriam no Brasil deste o término da ditadura militar brasileira e são atentatórias a constituição federal de 1988 que proibiu as policias militares de atuarem na investigação de infrações penais e de movimentos sociais ou partidos políticos. O art. 144 da constituição federal estabelece que às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. A brigada militar invadiu a competência da policial civil e da polícia federal.

No dia 3/12/07 o Conselho Superior do Ministério Público aprovou o relatório elaborado pelo promotor Gilberto Thums (processo nº 16315-09-00/ 07-9), referente ao procedimento administrativo instaurado pela Portaria 01/2007.

O grupo de investigadores tinha por objetivo fazer um levantamento das informações sobre o MST.

O relatório final do grupo de investigadores merece repulsa de toda a sociedade. Uma das decisões tomadas pelo Ministério Público foi no “ (...) sentido de designar uma equipe de Promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e declaração de sua ilegalidade (...)”

Como não bastasse a tentativa de declarar o MST ilegal, o Ministério Público decidiu “ (...) pela intervenção nas escolas do MST a fim de tomar todas as medidas que serão necessárias para a readequação à legalidade, tanto no aspecto pedagógico quanto na estrutura de influência externa do MST.”.

A decisão do Ministério Público ofende o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, especialmente o artigo 22, nº 1. Este pacto foi reconhecido pelo Governo brasileiro através do Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992.

A decisão também ofende a Constituição Federal. O artigo 5º, inciso XVII, diz que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.”

No dia 11 de março de 2008, o Ministério Público Federal denunciou oito supostos integrantes do MST por “integrarem agrupamentos que tinham por objetivo a mudança do Estado de Direito, a ordem vigente no Brasil, praticarem crimes por inconformismo político, delitos capitulados na Lei de Segurança Nacional da finada ditadura brasileira, referindo na sua denúncia que os acampamentos do MST constituem “Estado paralelo” e que os atos contra a segurança nacional estariam sendo apoiados por organizações estrangeiras como a Via Campesina, as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, além de estrangeiros que seriam responsáveis pelo treinamento militar.

As teses constantes na denúncia foram formuladas pelo proprietário da Fazenda Guerra, integrante da FARSUL em 2005, e ratificadas pelo Coronel da Brigada Militar Valdir Cerutti Reis, que participou da ditadura militar brasileira, tendo inclusive, atuado como infiltrado por dois, no acampamento natalino, sob o codinome de Toninho, onde tentava convencer acampados a abandonar o movimento e aceitares lotes de terra oferecidos em Lucas do rio vede, no mato grosso, pela ditadura militar.

A ação do MPF foi impetrada contrariamente as conclusões do inquérito penal da Polícia Federal que investigou o MST durante todo o ano de 2007, e concluiu inexistirem vínculos do movimento com as FARC, presença de estrangeiros realizando treinamento de guerrilha nos acampamentos e inexistir a pratica de crimes contra a segurança nacional.

O MST vem se notabilizando como um dos movimentos sociais mais importantes da nossa história, justamente pela sua opção de luta utilizando a não-violência.

Portanto, receba nosso mais veemente repúdio pela decisão tomada no Conselho Superior do Ministério Público, pelo seu Estado Maior da Brigada Militar e pela decisão do Ministério Público Federal.

Declaramos nosso apoio à luta do MST.

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES - RS