sexta-feira, 20 de março de 2009

REUNIÃO DA MMM PoA e Metropolitana

Gurias de Lutas:
Estamos chamando uma reunião da MMM PoA e Metropolitana para fazermos uma avaliação das nossas atividades do mês de março e planejarmos as próximas ações.

Sabemos que para muitas será difícil pelo recomeço das aulas, mas ainda estamos cumprindo agendas nos sábados, o que tornaria também impossível a nossa articulação.

Sendo assim estamos propondo:

Dia: 24 de março (terça)

Hora: 18 horas

Local: Sala Mauricio Cardoso da Assembléia - PoA


Pauta:


- avaliação das ações do 8 de março em Livramento

- avaliação das atividades no mês de março

- Ação Global para dia 30 de março e ato Fora Yeda

- Fórum de Mulheres e Conselhos que a MMM participa

- Frente Nacional contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto

- 1º de maio e nossa intervenção
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quinta-feira, 12 de março de 2009

SOMOS TODAS CLANDESTINAS



por Sirlanda Selau
Militante da Marcha Mundial das Mulheres











A aliança capitalismo–patriarcado faz de todas nós clandestinas.

Clandestinas, de uma ordem economicamente injusta e socialmente desigual.

E quando inventamos uma economia solidária, quando anunciamos que não pagaremos a conta da crise econômica mundial.

Clandestinas porque amamos uma outra mulher e denunciamos a lesbofobia renegante do direito de amar.

Clandestinas pela criminalização do aborto e quando negamos a função social da reprodução.

Clandestinas porque queremos ser donas dos nossos corpos e nossas vidas.

Clandestinas quando o patriarcado coloca na gaveta nossa produção literária e elaboração cientifica.

Clandestinas porque na desobediência civil denunciamos com ação direta o latifúndio improdutivo e a ameaça dos transgênicos e da monocultura, como uma ameaça à agricultura familiar, a soberania alimentar e a aceleração da degradação ambiental do planeta.

Clandestinas por querer desnaturalizar a hierarquização e valorização das tarefas socialmente definidas para homens e mulheres.

Somos todas clandestinas quando denunciamos a violência sexista e exigimos que a agressão, a violência física e psíquica, seja banida das nossas vidas, como uma condição para a igualdade.

Clandestinas quando cobramos a promessa constitucional de um Estado laico e de direitos sociais, econômicos e culturais, que até hoje não encontraram as mulheres.

Clandestinas quando realizamos o direito de manifestação e expressão e recebidas por um estado policialesco somos noticiadas como criminosas.

Somos clandestinas, porque queimamos na fogueira e porque hoje nossos corpos são vendidos como mais uma mercadoria: nas propagandas de cerveja, nas revistas de moda e nas prateleiras do varejo.

Clandestinas, quando cumprimos uma jornada de trabalho para receber 30% a menos do que os homens. E quando realizamos o trabalho doméstico, de cuidados e de manutenção da família, que fica invisível no cômputo geral da economia dos homens.

Somos clandestinas quando rechaçamos as guerras e hasteamos a bandeira da paz no mundo, contrapondo aqueles que lucram com a indústria bélica e produzem a morte de milhares de inocentes ao redor do planeta. Maioria mulheres e crianças.

Clandestinas porque denunciamos a intolerância, a desigualdade e a submissão entre os sexos.

Esta clandestinidade é o que nos faz marchar!

No 8 de março de 2009 marchamos na fronteira, de mãos dadas: brasileiras, uruguaias e argentinas. Marchamos ao redor do mundo, contra esta clandestinidade imposta, para reafirmar que marchamos para mudá-lo.

As feministas marcham, porque como sujeitas de sua própria história, não se sujeitam a esta condição de clandestinidade socialmente construída.

Que se cuidem os machistas, pois, marcharemos sempre, até que sejamos todas livres!
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terça-feira, 10 de março de 2009

Um Outro Mercosul é Possível: Carta das Mulheres do Cone Sul





No Dia Internacional de Luta das Mulheres, nós, trabalhadoras dos países que constituem o Cone Sul (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai), reunidas na fronteira Brasil/Uruguai, reafirmamos a luta feminista por justiça, em defesa da igualdade entre homens e mulheres e pelo fim da violência contra as mulheres!
O projeto neoliberal implantado ao redor do mundo levou os países a uma crise sem precedentes e os seus efeitos já começam a se fazer presentes, especialmente sobre as mulheres, principais vítimas do desemprego, do trabalho precário e da falta de políticas públicas. Para superar esta crise e os seus efeitos precisamos construir um outro modelo de sociedade, diferente do atual, onde a vida e o corpo das mulheres são tratados como mercadoria, nosso trabalho é o mais precário, a violência sexista continua vitimizando milhares de mulheres cotidianamente e o trabalho reprodutivo e de sustentabilidade da vida humana, ainda é responsabilidade somente da mulher.

Apontamos a necessidade de construirmos um outro modelo, onde a valorização do trabalho seja sinônimo de emancipação e as mulheres tenham autonomia sobre seus corpos e também autonomia econômica.
A situação das mulheres por todo o mundo não é diferente. Nossa jornada de trabalho é cada vez maior, recebemos em média 30% a menos do que os homens, continuamos sendo as únicas responsáveis pela casa, pela família e pelo cuidado e educação dos filhos, além de ainda estarmos distante dos espaços de poder e decisão.

Denunciamos:
A situação das mulheres no mercado de trabalho que apresenta características que se configuram em desigualdades. Os homens recebem 30% a mais que as mulheres em funções iguais (mesmo quando as mulheres têm mais escolaridade). As mulheres também representam 70% dos excluídos da Previdência Social, e são a maioria entre os desempregados. As mulheres são maioria absoluta no mercado informal (aquele exercido de forma mais precária, sem direitos nem regulação). A discriminação no mercado de trabalho reflete-se também em outras práticas discriminatórias, como assédio moral e sexual.

Todas as formas de violência contra as mulheres. Somos constantemente alvos da violência, e na maioria das vezes ela é praticada por pessoas próximas da vítima. Estamos em ato na fronteira Brasil/Uruguai justamente porque este é um local onde ocorrem muitos casos de violência, como estupros e agressões e, por ser um local de fronteira, os agressores acabam por ficar impunes. Denunciamos também o não cumprimento de leis que coíbam a violência, punam dos agressores. Necessitamos da efetiva implantação de Juizados Especiais de Atendimento às Vítimas da Violência Doméstica, Delegacias da Mulher, Redes de Atendimento às mulheres em situação de violência e Casas de Passagem. Necessitamos enfrentar o turismo sexual e o tráfico de mulheres, a exploração sexual, a prostituição, e o trabalho escravo.
O descaso com a saúde integral das mulheres adolescentes, jovens, adultas e na terceira idade. As mulheres que recorrem ao aborto inseguro como única alternativa para interromper uma gravidez não desejada e continuam sendo perseguidas e criminalizadas.
A ausência de creches, que para além de negar um direito da criança, impede o acesso e a permanência das mulheres no mercado de trabalho.
A desvalorização da Economia Solidária e dos valores da solidariedade, da ética, da democracia e da autogestão, da construção coletiva, da transparência, da igualdade de direitos entre os gêneros, e a desvalorização do meio ambiente e do compromisso social;
A inexistência de uma política de Reforma Agrária que ponha fim ao latifúndio improdutivo;
A violação dos direitos humanos das mulheres presas e de jovens em situação de conflito com a lei.
A discriminação das mulheres por sua orientação sexual, pela sua raça ou etnia, idade ou aparência.
A criminalização dos movimentos sociais.

É por isso que lutamos!

Lutamos por um outro Mercosul que seja resultado de um processo de integração produtiva e social e com a participação igualitária das mulheres, em especial com a criação do Instituto do trabalho do Mercosul.
Lutamos para superar as desigualdades de salário e de oportunidades entre homens e mulheres e pelo direito ao trabalho, com garantia de direitos trabalhistas e sociais estendido aos trabalhadores migrantes.
Lutamos por políticas públicas para as mulheres, pelo direito de acesso à terra, por soberania alimentar, pela legalização do aborto e pelo combate à violência contra a mulher em todas as suas formas.

Neste sentido, nós, mulheres do Cone Sul, vimos neste momento de luta do 8 de março exigir dos Governantes de nossos países:
1. Estabelecimento de indicadores de geração de emprego para as mulheres nos diversos setores da economia, tendo como objetivo o trabalho decente, com igualdade de salários, de oportunidades e de tratamento;
2. Indicadores de equidade de gênero para contratação, funções e ascensão profissional nas empresas, com prazos definidos e processos claros de avaliação com a participação dos trabalhadores/as;
3. Criação de um marco legal adequado em matéria de igualdade de oportunidades e de tratamento, que contemple todos os trabalhadores e trabalhadoras, incluindo as trabalhadoras\es domésticas\os, temporários, rurais e imigrantes;
4. Implementação de políticas afirmativas que coíbam a discriminação de gênero, raça/etnia, geração, orientação sexual e deficiência nos espaços do trabalho e da sociedade;
5. Políticas de incentivo à permanência dos jovens nas escolas até a conclusão de sua formação educacional regular;
6. Garantia em lei da ampliação da licença maternidade e paternidade;
7. Ampliação do número de vagas em creches públicas;
8. Implantação de escolas públicas em tempo integral para todas as crianças;
9. Garantia do aborto legal e seguro nas redes públicas de saúde;
10. Ampliação das políticas de combate à violência contra a mulher e estruturação das casas abrigo.
11. Instituição de um protocolo de extradição comum para tratar dos casos de violência sexista nas áreas de fronteiras.
12. Garantia do respeito aos direitos sexuais e reprodutivos, como a livre escolha dos métodos de contracepção, acesso à informação e aos métodos de prevenção às DSTs e Aids;
13. Por Reforma agrária, por políticas públicas de agricultura familiar, e pelo estabelecimento do limite de propriedade privada;
14. A ratificação da Convenção 102 da OIT que trata da Previdência Social.
15. Revisão da Declaração Sócio Laboral para que torne-se de fato um instrumento dos direitos da classe trabalhadora.
16. Ratificação em todos os países do Cone Sul da convenção 156 da OIT que trata das responsabilidades familiares, assim como a criação de instrumentos que viabilizem a sua implementação.

A partir da consigna “outro Mercosul é possível” propomos:
1) promover para o mês de julho de 2009 um encontro de mulheres do Mercosul, com a participação de todas as atuais parlamentares, de ambas as câmaras, federal, estadual e municipal dos países do Mercosul, assim como de todas as organizações sociais, para unificar a legislação sobre gênero no Mercosul.
2) promover que os países do Mercosul tenham os recursos necessários para aplicação das políticas de gênero.
3) aprofundar o debate sobre a paridade de gênero, a partir da proposta de cotas, incluindo as necessárias reformas constitucionais.

Seguiremos em nossa luta por igualdade, e exigimos de nossos Governos políticas de Estados para a efetiva implantação de nossas deliberações!


Fonte: Fórum Estadual das Mulheres no RS

segunda-feira, 9 de março de 2009

somos mulheres de luta!


8 de março de 2009


Ato Internacional na Fronteira Bi-Nacional = Riveira/Livramento

Saímos de Santana do Livramento as 16:30 do dia 8 de março de 2009. Um dia que ficará na história do RS.O ato reuniu cerca de 8 mil pessoas (não temos o número exato), de vários países do Cone Sul, e de vários estados do Brasil. Eramos mulheres e homens de centrais sindicais, movimento feminista e movimentos que tem em sua trajetória a discussão das pautas das mulheres. Do campo e da cidade, estávamos construindo consenso em temas como legalização do aborto, violência contra as mulheres e a impunidade, e igualdade no mundo do trabalho. Um documento foi tirado ao final do encontro que também estaremos reproduzindo em seguida.

As mulheres camponesas da Via Campesina (cerca de 700 mulheres) ocuparam esta madrugada (9) uma fazenda da Votorantim onde cortaram eucaliptos, como forma de denunciar os riscos desta monocultura e o problema da água, porque em muitos lugares não temos água pras pessoas e animais. http://www.mst.org.br/mst/home.php

Abaixo reproduzimos a postagem da Cristina Feio em seu blog, sobre as atividade de Livramento:
Terça-feira, 17 de Março de 2009

8 de Março - Dia Internacional da Mulher na fronteira Brasil-Uruguai

A Marcha Mundial de Mulheres - MMM, o Fórum Estadual de Mulheres, a CUT - Central Única dos Trabalhadores, as demais centrais trabalhistas brasileiras e a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, reunindo a CTA - Argentina e a CTN - Uruguai, mulheres do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do MNLM - Movimento Nacional de Luta pela Moradia, do MTD - Movimento dos Trabalhadores Desempregados, representantes da Economia Solidária e de outras entidades do Movimento Popular e sindical, realizaram no 8 de março, dia Internacional da Mulher, várias atividades na cidade de Santana do Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai.
Na manhã do dia 07 de março, mais de 40 ônibus vindos da capital e de diversos pontos do RS chegaram à cidade trazendo mulheres para tornarem a região o alvo de discussões sobre o fim da impunidade relacionada aos crimes de violência na fronteira.

Desde a manhã do sábado, com a caminhada Binacional, que se iniciou no Brasil e foi até o Uruguai - passando por várias ruas de Rivera, cresceu a visibilidade do movimento unificado das mulheres. A população local foi esclarecida por meio de panfletos - redigidos nas duas línguas: Português e Espanhol - que explicitavam os principais eixos das lutas das mulheres.
- Soberania Alimentar - fim da monocultura e defesa do bioma Pampa
- Igualdade salarial entre homens e mulheres
- Pelo fim da violência contra as mulheres e pela criação de um protocolo conjunto de extradição em regiões de fronteira do Brasil com os demais países do Cone Sul, a fim de garantir o fim da impunidade

Na tarde de sábado, mais de dez Oficinas de Formação e de Debate sobre diversos temas como Economia Solidária, Cooperativismo, Consumo Consciente, Saúde da Mulher, Aborto, Direitos da Mulher, Lesbianidade, Feminismo, troca de experiências sobre a aplicação da Lei Maria da Penha e outras atividades tiveram na Escola Rivadávia Correa a participação maciça de centenas de companheiras.
No domingo, dia 8 de março, realizou-se a Assembléia Geral das Mulheres e o Lançamento da Frente Nacional pela Legalização do Aborto, tendo como palco o lado uruguaio da fronteira, no Teatro Rivera, a partir das 10 horas da manhã.
Dessa assembléia, foi redigida em conjunto o documento: "Carta das Mulheres", contendo o conjunto de reivindicações dos movimentos populares e das Centrais Sindicais presentes. Depois desse momento, a Marcha das Mulheres seguiu até
o Parque Internacional, que marca a fronteira entre os dois países, onde foi realizado o Ato de leitura do documento.

Postado por Cristina Lemos - confira mais materiais no http://mulheresindicalista.blogspot.com/
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sábado, 7 de março de 2009

ATIVIDADES DOS DIAS 7 E 8 de Março em Livramento

ATIVIDADES DOS DIAS 7 E 8 de Março em S. do LIVRAMENTO/RIVERA DIA 07/03:

HORA ATIVIDADE
8:00 Chegada das Caravanas de vários lugares
10:00 Concentração no Parque Internacional da VI Marcha Binacional das Mulheres ;
10:30 Marcha por Livramento e Rivera
14:00 a 18:00 Oficinas autogestionárias -das 14 às 16:30- Escola Estadual Rivadâvia Corrêa – Rua dos Andradas, 797
17 Marcha Mundial das Mulheres: Plenária da MMM Internacional e discussão dos eixos da atividade e preparação para a Ação de 2010.
19:00 Feira de Economia Popular Solidária (Parque Internacional)
20:00 Vigília (Parque Internacional

Mesa Tema Proponentes e Local
1 Mulheres na luta contra o imperialismo e pela paz- Em defesa do Povo Palestino. CEBRAPAZ/SEMAPI y MMM (Escola Rivadavia Correia) 14:30 hrs
2 “Saúde e Gênero”.“O que é Violencia contra às Mulheres”. Grupo Hospitalar Conceição-ANEPS-Set.Mul.PT-Maria Mulher-Sindsaúde- Movimientos de Usuarios de la salud, Uruguay. Esc. Rivadavia Corrêa de 14:00 a 16:00
3 “Economía Solidária na Prevenção à Violência”. CEPPIR/ GHC - Lua Nova/ Guayí - Comisión Departamental de lucha contra la V/D (14:30 a 17 y 30 hrs)
4 Atividade de Auto-organização. Sindiagua (Escola Rivadavia Correa) 17 às 19
5 “Hábitos de consumo como fator de Soberania Alimentar”. Semapi- coletivo Desenvolvimento Sutentável. Colegio Rivadavia Correa. 14:30
6 “Lesbianidade Feminista: Uma ferramenta de fortalecimento de mulheres Lésbicas como Sujeito Político” Liga Brasileira de Lésbicas, Sintrajufe Marcha Mundial das Mulheres. 14 às 16 hs. Salón de actos del Colegio RC.
7 “Igualdade Salarial” Comissão de Mujeres da CCSCS – DIESSE. Esc.Rivadavia Corrêa. 15hs
8 Aborto” el caso Uruguay reciente - Lanzamiento de la campaña para la despenalización del aborto ( Brasil)- “Acciones institucionales en el marco jurídico vigente en Uruguay - Iniciativas Sanitarias” CNS mujeres, MYSU - Marcha Mundial de Mujeres – INMUJERES. IS (15:30-17:30, Salón de actos Colegio RC, Livramento)
9 “Participação das mulheres na política” Comissão de Gênero, Sen.Margarita Percovich (Uruguay) e Dep. Est. Stela Farias (RS). Sala Cultural 14 às 16
10 “Mulheres contra a crise, em defesa do trabalho e soberania nacional” CTB-RS (Escola Rivadavia Correia hr.15)
11 “Mulheres, meio ambiente e saúde: de vítimas a defensoras” APA-Ibirapuitã -Sala Cultural Livramento 17 a 18 hrs.
12 Saúde da Mulher Prefeitura Municipal – Câmara de Vereadores – 10h

DOMINGO 8 DE MARÇO
HORA ATIVIDADES
8:00 Chegada das delegações.
9:30 Lançamento da “Frente Nacional contra a criminalizaçâo das mulheres e pela legalização do aborto”. Entidades de Rio Grande do Sul e nacionais.( Brasil)
10:30 Assembléia das Mulheres e elaboração da “Carta das Mulheres do Cone Sul” Teatro Rivera
10h Oficina de Pintura – Prefeitura Municipal – Parque Internacional – Cely de Almeida
13:00 Ato Central no Parque Internacional: “UM OUTRO MERCOSUL È POSSIVEL”

quinta-feira, 5 de março de 2009

Nota de solidariedade da Marcha mundial ao CISAM

Magnífico Reitor da Universidade de Pernambuco.

Prof. Carlos Calado

Prezado Senhor,

Nesta semana mais uma vez nos indignamos com a violência sofrida por uma menina de 9 anos abusada sexualmente desde os 6 anos(segundo relato da imprensa). Uma criança com uma infância marcada pelo abuso sexual que resultou em uma gravidez indesejada.

Nos solidarizamos com a direção do CISAM e a equipe de atenção à saúde, em especial com os médicos Prof.Olimpio Moraes e Dr. Sergio Cabral, que tiveram coragem e ética para fazer respeitar o direito desta menina de interromper esta gravidez, que se levada adiante seria uma violência a mais na vida desta menina.

Repudiamos com veemência a atitude da Igreja Católica (Arquidiocese de Olinda) que mais uma vez, usa seus métodos violentos de ameaçar, difamar e tentar penalizar as mulheres e aqueles que as apóiam no seu soberano direito de decidir por sua vida e exercer seus direitos.

Esta igreja ao invés de condenar as pessoas que acolheram e apoiaram esta menina e a família, deveria sim prestar sua solidariedade, denunciar a pedofilia e o estupro, crimes que parecem não incomodar muito esta igreja. O que vale para estes senhores é a vida abstrata produto de um estupro que esta menina carregava no ventre, não porque defendam a vida, mas porque defendem radicalmente seus valores: conservadores, autoritários e hipócritas que tentam a todo custo impor para toda sociedade, num fragrante desrespeito a democracia, a pluralidade e os direitos e a autonomia das mulheres.

A vida desta menina vitima desta violência brutal, para eles, parece mesmo que não vale nada.

O que esta menina precisa agora é ser acolhida, assistida em suas necessidades para ainda desfrutar o seu direito de ser criança. Ser Mãe? Ela tem toda uma vida para decidir se quer ou não ser mãe.

A Ação deste centro e demais entidades que apoiaram neste caso fortalece a nossa luta por uma sociedade justa onde todas as mulheres tenham autodeterminação.

“Nenhuma mulher deve ser humilhada perseguida ou condenada por praticar um aborto”

Marcha Mundial das Mulheres.

segunda-feira, 2 de março de 2009

8 de março: Dia Internacional das Mulheres de Luta


8 de março: Dia Internacional das Mulheres de Luta
*Analine Specht

“As feministas burguesas demandam igualdade de direitos sempre e em qualquer lugar. As mulheres trabalhadoras respondem: demandamos direitos para todos os cidadãos, homens e mulheres, mas nós não somos somente mulheres e trabalhadoras, também somos mães; E como mães, como mulheres que teremos filhos no futuro, demandamos um cuidado especial do governo, proteção especial do Estado e da sociedade.” Alexandra Kolontai**

Pensar no 8 de março, Dia Internacional da Mulher nos remete à compreender a luta histórica das mulheres socialistas. A história mostra que a construção de uma data de demarcação e mobilização, de lutas e de conquistas das mulheres tem sua primeira referência na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada na Dinamarca, em 1910, a partir da proposta da revolucionária russa Clara Zetkin, apresentando a resolução de instaurar oficialmente um Dia Internacional das Mulheres.

O Dia Internacional das Mulheres, ao contrário do que o senso comum tenta fazer crer, está intrinsecamente vinculado a ação e mobilização das mulheres de esquerda, especialmente das mulheres socialistas.

Foi a partir da ação política das operárias sufragistas norte americanas, que em 3 de maio de 1908 é proposto o “Woman’s Day” (Dia da Mulher), reivindicando igualdade econômica e política para as mulheres, denunciando a exploração e a opressão das mulheres e pautando especialmente o direito ao voto. Posteriormente o ”Woman’s Day”, ainda sem uma data fixa, ganhou adesão e se expandiu para além das mobilizações sindicais e das mulheres operárias, passando a ser promovido pelos Partidos Socialistas e Comunistas.

Em 1914 o Dia Internacional da Mulher foi comemorado pela primeira vez no 8 de março, sendo a data escolhida por praticidade apenas, sem nenhuma referência maior. A definição do 8 de março tem uma importante relação, também, com a atuação das operárias russas que preparavam a revolução de 1917, com a realização de uma ação política em 23 de fevereiro pelo calendário russo ou 8 de março pelo calendário gregoriano.

Consta que na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas em 1921 "uma camarada búlgara propõe o 8 de março como data oficial do dia internacional da mulher, lembrando a iniciativa das mulheres russas". (textos SOF). O Dia Internacional da Mulher passa a ser celebrado oficialmente em 1922.

Outro fato atribuído ao 8 de março é o incêndio numa fábrica têxtil em 1857 em Nova Iorque, que teria levado a morte de 129 operárias. Sobre este fato não existem referências concretas, entretanto, este episódio não é descartado, pois muitas são as ligações entre as ações e movimentos das mulheres norte americanas de esquerda e a construção do Dia Internacional da Mulher.

Nesse sentido, é fundamental compreender e considerar o processo histórico que culminou com a constituição do Dia Internacional da Mulher, não pautando o mesmo apenas por um fato em determinado momento da história. É Imprescindível analisar que desde o século XIX as mulheres socialistas já denunciam as condições de opressão e de exploração do sistema capitalista patriarcal, já reivindicam o direito a igualdade econômica, política e social.

Hoje em pleno século XXI as bandeiras de luta das mulheres socialistas feministas ainda estão centradas na luta pela superação do sistema capitalista patriarcal, denunciando as mesmas condições de exploração e opressão, só que agora exercidas com novos instrumentos e de forma muito mais violenta. No século XXI para além da exploração do trabalho das mulheres vivemos uma realidade em que a vida e o corpo das mulheres são meras mercadorias, em que a opressão ocorre por meios subjetivos, imateriais que formam a lógica do senso comum da sociedade capitalista.

Os desafios e as lutas das mulheres do século XXI são mais complexos, todavia, hoje contam com uma forte atuação política de novos movimentos sociais. Se no contexto do início do século passado as participação e visibilidade das mulheres ocorria pelos partidos socialistas e comunistas e pelo movimento das operárias, hoje existem várias organização feministas, movimentos altermundistas como a Marcha Mundial das Mulheres.

Recuperar a história e o verdadeiro protagonismo no processo de construção do Dia Internacional da Mulher é de fundamental importância, pois ao longo dos anos o capitalismo patriarcal conservador foi se apropriando desta data como o objetivo de anular o sentido político do 8 de março, buuscando transformar esse dia de luta em mais uma data “comercial”.

Para isso o sistema promove o “Dia da Mulher” como promove o " dia da criança" ou o "Natal", u seja, como se os antagonismos de classe e a exploração das mulheres não tivessem nenhuma importância. Assim sugerem flores e presentes às mulheres (consumidoras) e parabenizam o fato de "ser mulher", conformando um senso comum rasteiro e superficial.

O mesmo senso comum despolitizado que enaltecem as mulheres (porque nasceram com este sexo e não pelo que representam como proposta política), como Yeda Crusius, Mônica Leal, Martha Medeiros, Lya Luft, Rita Camata, Mirian Leitão, Hillary Clinton, Angela Merkel, Condoleezza Raise entre muitas outras que se notabilizam por representar politicamente o conservadorismo neoliberal que condena na atualidade milhares de mulheres trabalhadoras à miséria.

Em sua ação política, sequer conseguem ter uma vaga compreensão do que seja opressão e exploração de gênero, pois são produtos do sistema, que apenas reproduzem a sua lógica burguesa, ocidental, racista, xenófoba e maschista. Mulheres como estas envergonham as verdadeiras mulheres de luta.

Por isso neste 8 de março de 2009, devemos saudar as grandes mulheres que fizeram e fazem a história, que contribuíram e contribuem cotidianamente para transformação social, que lutaram e lutam por uma sociedade realmente emancipada, ou seja, socialista.

Saudemos o exemplo de luta de mulheres como Rosa Luxemburgo, Alexandra Kolontai, Frida Kahlo, Simone de Beuvoir, Patrícia Galvão, Anita Malfati, Tarsila do Amaral, Gertrudis Gómez de Avellaneda y Arteaga, Ana Betancourt Agramonte. Bertolina Sisa, entre outras que fizeram a história, que não se calaram e continuam a nos inspirar.

Saudemos a Maria da Penha, Dilma Rouseff, Rosa Guillen, Marilena Chauí, Renée Coté, Nalu Farias, Rejane Oliveira, Rigoberta Menchú, Luiziane Lins entre muitas outras que fazem do cotidiano o espaço de lutas.

Saudemos a todas as trabalhadoras socialistas assalariadas, servidoras públicas, trabalhadoras autogestionárias da Economia Solidária e as militantes, todas mulheres fortes e de luta que enfrentam duplas, triplas jornadas e não abandonam as trincheiras da ação política ideológica.
Saudações feministas às mulheres de luta!

*militante da Marcha Mundial das Mulheres RS e Rede Economia e Feminismo RS
** fragmento do artigo fragmento do artigo “8 de marzo de 1913, o Dia da Mulher” publicado em 17 de fevereiro de 1913, disponível em http://www.kaosenlared.net/noticia/8-marzo-1913-dia-mujer

Referências:
- 8 de março Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida – SOF, disponível em http://www.sof.org.br/