quinta-feira, 8 de março de 2012

sobre o 8 de março, por Natalia Doria*


Diariamente nós mulheres sofremos variados tipos de opressão de gênero. Somos desrespeitadas, maltratadas, ignoradas. Forçadas a se colocar na frente do roupeiro e se perguntar com que roupa sair na rua para não sermos violentadas, a medir as palavras para sermos respeitadas, a gritar para sermos escutadas.

O 8 de março é um dia, em 365, que os holofotes se viram para nós. Mulheres do mundo se organizam, não só para o 8 de março, mas para que Março seja um mês cheio de programações que denunciem a opressão, a violência, o desrespeito e o descaso da sociedade machista em que vivemos o ano inteiro.

Infelizmente, apesar de todos os esforços de anos de lutas, não só em março, é nesse mês que as grandes lojas usam o dia da mulher para incentivar o consumismo. Lojas fazem propaganda de seus produtos dizendo que a mulher merece tais produtos por seus esforços por cuidar do lar. Mulheres devem ganhar eletrodomésticos porque são muito ocupadas com sua dupla jornada de trabalho e precisam de maquinas que lhes permita fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Empresas de estética investem em “você merece se sentir linda” para outros, quando na verdade você merece ter a certeza que é igual ao homem que trabalha ao seu lado.

Para alcançarmos igualdade de fato, como diz na constituição, ainda tem muito chão. Um estudo do Banco Mundial, sobre desenvolvimento mundial afirma que a inclusão de mulheres no mercado de trabalho no Brasil aumentou, em 30 anos, 22%. Porém o salário pago as mulheres corresponde a 73% do pago aos homens. O Brasil avança em alguns pontos, porém se mantêm estagnado em outros.

O mesmo estudo também afirma que a participação das mulheres na vida política do país melhora a qualidade das políticas publicas. Na Argentina, por exemplo, depois de imposta uma cota de mulheres, a participação das mulheres passou a representar 30% do parlamento do país, enquanto no Brasil, as mulheres são só 8,7% do parlamento. Portanto, a garantia da presença das mulheres em espaços públicos de decisão é fator imprescindível para que haja mais conquistas de políticas publicas para mulheres. Se não fosse as lutas das mulheres brasileiras pela igualdade, não teríamos hoje uma Presidenta da Republica.

É uma data de luta, e deve ser comemorada relembrando os direitos conquistados, para que sejam mantidos e que as tantas mulheres que morreram sem ver essas conquistas, sejam homenageadas.

* Natália Dória é militante feminista da Juventude do PT e da Marcha Mundial das Mulheres de Novo Hamburgo

Leia também: Dia da Mulher: “Para alcançarmos igualdade de fato, ainda há muito chão”, avalia jovem mulher

Representando aquelas que buscam mais semelhanças entre os gêneros, Natália Doria, participante da Marcha Mundial de Mulheres, escreve ao novohamburgo.org e cita alternativas.

Dia Internacional da Mulher em Santa Cruz

é dia de luta contra privatização da água



O Fórum em Defesa da Água Pública promove uma plenária, nesta quinta-feira (8), às 19h, na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. A atividade agrega uma nova bandeira de luta ao Dia Internacional da Mulher: a não privatização da água no município. Há mais de um ano que o Fórum vem lutando contra a privatização dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto em Santa Cruz do Sul, projeto defendido pela administração Kelly Moraes (PTB), que tem o PT na vice-prefeitura (Luiz Augusto Costa Campis).

Entre as painelistas convidadas para o debate desta quinta-feira, estarão presentes Cíntia Barenho, bióloga, integrante da Marcha Mundial das Mulheres e do Centro de Estudos Ambientais, Maria Luiza Castro Smielewsk, professora da rede pública estadual e integrante do Movimento Mulheres em Luta – CSP-Conlutas e uma representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Segundo Célia Zingler, coordenadora do Fórum em Defesa da Água Pública e diretora presidenta da APCEF (Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul), a urgência das duas lutas justifica sua unificação: “Se não mantivermos a água sob controle público, a vida no planeta corre perigo. Além disso, as mulheres seguem sendo vítimas do sistema patriarcal e capitalista, que se beneficia com a desigualdade de gênero”.

O encontro, intitulado de “Mulheres unidas contra a privatização da água”, servirá também para lançar um movimento nacional pela água pública. O grupo pretende levar ao plenário um manifesto em favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que tramita na Assembleia Legislativa gaúcha, e outro endereçado à presidenta Dilma Rousseff, a fim de que ela reverta as concessões já cedidas à iniciativa privada e promulgue uma lei evitando novas ações nesse sentido.

Fonte: RSUrgente

Moção das Mulheres em apoio a Comissão da Verdade


8 de março de 2012

Moção das Mulheres em apoio a Comissão da Verdade.

A gente conta a História como quem conta histórias. Decorrência de nossa tradição oral.

Histórias de Maria, de Rose, de Nair, de Amelinha, de Clara, de Clarice, de Eleonora, de Dilma, e também de João, de Vlado, de Pedro, de Paulo, de Chico, de Márcio, de José...

Durante anos, sombras dominaram o país por um longo período. Tempos em que se restringiu a liberdade de expressão, de reunião, de informação, de ir-e-vir, de pensar e de agir, da população. Tempos em que as pessoas que te visitavam tinham que se identificar com o zelador, que passava a lista à polícia. Tempos em que não se podia votar, eleger, decidir, escolher.

Uma geração de homens e mulheres valorosos dedicaram os melhores anos de sua vida para restabelecer a democracia que vivemos hoje. Escolheram os caminhos mais diversos – a atividade parlamentar (enquanto ainda não proibida), a luta armada, a greve, o exílio ou auto-exílio, o estudo, a discussão, a resistência, a solidariedade, o apoio, a mobilização nas ruas, mesmo que proibidas.

Enquanto isso, nos porões da ditadura militar, eles se valeram de sua posição de autoridade, de representantes do Estado, para prender, torturar, fazer desaparecer.

Neste processo, as mulheres presas políticas aguentaram requintes de crueldade, sofrendo também constrangimentos, estupros, ameaças de ou torturas inomináveis nascidas de mentes perversas, torturas de seus filhos ante os seus olhos.

Foi também das mulheres a iniciativa de construir o Movimento Feminino pela Anistia, que logo foi engrossado pela sociedade e, em pouco tempo, fomos ficando tantos e tantas, que não houve outra saída senão redemocratizar o país e anistiar a todos.

Essa história, não se conta na escola. Ainda.

Muitos anos depois, ouvindo o nosso clamor, o Congresso finalmente aprova a criação de uma Comissão da Verdade, para averiguar as ignomínias não-esclarecidas. A mídia começa a se ocupar do caso.

O general Rocha Paiva, atribuindo-se o papel de porta-voz, se permite ironizar e duvidar do relato de tortura da atual presidenta Dilma, da causa de morte do Wladimir Herzog, e questionar a legitimidade da estruturação da Comissão.

Pronunciamentos de militares sobre duas de nossas ministras – Maria do Rosário e Eleonora Menicucci – bem como questionando a autoridade do Ministro da Defesa, tentam criar um fato e um constrangimento político.

Por isso nós, mulheres reunidas neste 8 de março – dia internacional da mulher – vimos a público afirmar o nosso apoio integral à Comissão da Verdade.

Que nossa história seja finalmente revelada, que a verdade seja estabelecida, que se revele o destino dos desaparecidos, que se iluminem os porões.

Que se restabeleça a memória e a história, para que nunca mais ninguém se permita tentar reinstituir os mesmos mecanismos de exceção e opressão.

Envie email para: marchamulheres@sof.org.br

Assinam

Observatório da mulher

Marcha Mundial das Mulheres

SOF- Sempreviva organização feminista

Articulação Mulher e mídia

Secretaria Municipal de Mulheres do PT

CIM


Peticion online:

http://www.peticaopublica.com.br/Default.aspx

quarta-feira, 7 de março de 2012

O DNA socialista e revolucionário do 8 de março


Vanessa Gil*

Com a proximidade do Dia internacional da Mulher somos bombardeadas (os) com imagens de mulheres reproduzindo os papéis que lhes foram impostos nos espaços privados: mãe, esposa e filha. Na mídia, as propagandas e anúncios dão a impressão de que quase todos poderiam ser reaproveitados para as comemorações do Dia das Mães. No espaço público é valorizada pelas qualidades que adquiriu nos cuidados com a família: a trabalhadora é sensível como as mães, organizada como as donas de casa e assim por diante. Mas esse ideal da mulher cuidadora em nada reflete os reais fatos que levaram ao oitavo dia de março ser dedicado às mulheres. A data foi escolhida por ter sido nela em que as mulheres russas iniciaram aquela que seria, com seus equívocos e acertos, a maior revolução do século 20.

O papel das mulheres na Revolução 1917 foi apagado da história. Durante quase um século tivemos como referência, para o inicio das comemorações do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulheres, o incêndio ocorrido nos Estados Unidos onde trabalhadoras de uma indústria têxtil morreram queimadas. Tal fato realmente ocorreu, mas nada há de ligação entre esse triste dia e o início das comemorações.

A partir de novas pesquisas, sabemos que unificar as comemorações do Dia Internacional da Mulher em 8 de março foi proposto na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, em 1910. Anteriormente, sem dia definido, acontecia em diferentes datas ao redor do mundo. Foram as mulheres russas que fizeram do oito de março um dia tão marcante, conforme conta Trotsky:

“O dia 23 de fevereiro (8 de março no calendário russo, orientado pelo calendário juliano) era o Dia Internacional da Mulher. Os círculos da social-democracia tencionavam festejá-lo segundo as normas tradicionais: reuniões, discursos, manifestos. Na véspera, ainda ninguém poderia supor que o Dia da Mulher pudesse inaugurar a Revolução. Nenhuma organização preconizara greves para aquele dia, tal foi a linha preconizada pelo Comitê na véspera do dia 23, e parecia ter sido aceita por todos. No dia seguinte, pela manhã apesar de todas as determinações, as operárias têxteis de diversas fábricas abandonaram o trabalho e enviaram delegadas aos metalúrgicos, solicitando-lhes que apoiassem a greve. Foi contra a vontade, escreve Kayurov, que os bolcheviques entraram na greve, secundados pelos operários mencheviques e socialistas-revolucionários. Visto tratar-se de uma greve de massas, não havia outro remédio senão fazer com que todos descessem rua e tomar a frente do movimento. Ninguém, absolutamente ninguém, supunha que o dia 23 de fevereiro marcaria o início de uma assalto decisivo contra o absolutismo.” (Gonzalez, 2010, p.55)

Ou seja, foi o protesto e a organização das mulheres contra a guerra que tirava a vida de seus filhos e maridos, aumentava a escassez de alimentos, a fome e o descaso do governo czarista, que levou em dois dias mais de 190 mil mulheres às ruas em Petrogrado. A partir das suas reivindicações, da força de seu protesto, surgiu vitoriosa a Revolução Russa. E como afirma a pesquisadora Ana Isabel Álvarez Gonzalez:

“Foi para relembrar a ação das mulheres na história da Revolução Russa que o Dia Internacional das Mulheres passou a ser comemorado de forma unificada no dia 8 de março. A decisão de unificação da data foi tomada na Conferência de Mulheres Comunistas, coincidindo com o congresso da Terceira Internacional, realizado em Moscou em 1921...” (2010, p. 15)

Sendo a história escrita até hoje pelas mãos dos vencedores, a luta das mulheres nas trincheiras desapareceu. Pouco se fala sobre seu papel na Comuna de Paris, poucos sabem das Marianas, nome dado ao pelotão de mulheres que venceu ao lado de Che Guevara e Fidel Castro, em Cuba. A história apagou a luta feminina do cenário oficial. Mas ela existiu, existe e sempre existirá, uma vez que é improvável que, sendo metade da população mundial, não exista em parte alguma vozes e consciências femininas a reivindicar o reconhecimento de seu protagonismo, sua autonomia, sua liberdade, sua história.

Inventar novas versões para a fatos históricos é, desde muito, umas das principais formas para perpetuar a dominação. Desvendá-los é a melhor forma de rompê-la. Por isso devemos sempre voltar a falar das origens do oito de março.


Vanessa Gil é socióloga, pós-graduada em Pensamento Marxista.

Referência: As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres. Ana Isabel Álvarez González. São Paulo: Expressão Popular ‐ SOF ‐ Sempreviva Organização Feminista, 2010.

terça-feira, 6 de março de 2012

48 horas de ativismo digital e panos roxos nas janelas


48 horas de ativismo digital e coloque panos roxos nas janelas:

Neste 8 de março, além das várias agendas que já estamos programadas, vamos dar visibilidade nas redes sociais e colorir sua cidade.

Por isto, vamos fazer 48 horas de ativismo digital nas redes sociais (emails, twitter, facebook, orkut, msn e blogs) - as frases serão as dos lambes e dos adesivos (abaixo). A partir das 20h do dia 06 até as 20h do dia 8 de março!

Para dar mais colorido na cidade, vamos colocar panos roxos (ou lilás) nas janelas.

Pode ser lenços, bandeiras, toalhas, lençóis, cangas - o que for! O importante é pintarmos a cidade de roxo neste 8 de março.

Ou a revolução será feminista ou não será!

As frases para o ativismo digital:
  • Nem Papas nem Juízes - as mulheres decidem!
  • Mudar o mundo para mudar a vida das mulheres!
  • Feminismo para um mundo sem violência.
  • Direito ao nosso corpo - Legalizar o aborto!
  • Eu aborto, tu abortas - somos todas clandestinas!
  • Essa hipocrisia, dá hemorragia.
  • Aborto não é assunto de papas nem de polícia.
  • Viver sem violência é um direito das mulheres.
  • A violência contra a mulher, não é o mundo que a gente quer.
  • Machismo Mata!
  • O mundo não é uma mercadoria – e as mulheres também não!
  • Se o papa fosse mulher, o aborto seria legal!
  • A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria!
  • A nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito!
  • Eu não sou miss nem avião, minha beleza não tem padrão.
Mande as fotos e notícias das suas atividades.


A coordenação executiva da MMM-RS

segunda-feira, 5 de março de 2012

Declaração Internacional da MMM para o 8 de março


Neste 8 de março, nós, as mulheres da Marcha Mundial das Mulheres, seguimos marchando, resistindo, e construindo um mundo para nós, os outros, os povos, os seres vivos e a natureza. Nossas ações continuam enfrentando embates com o paradigma mortal do capitalismo, com suas falsas soluções para as crises e com a ideologia fundamentalista conservadora.

Vivemos uma crise do sistema capitalista, racista e patriarcal que, para se sustentar, impõe brutais “medidas de austeridade” que obrigam a nós, os povos, a pagar por uma crise que não provocamos: são cortes nos orçamentos de todos os serviços sociais, diminuição de salários e de pensões, estímulo à guerras e avanço da mercantilização de todas as esferas da vida. Nós, as mulheres, pagamos o preço mais alto: somos as primeiras a ser demitidas e, além das tarefas domésticas mais habituais, somos obrigadas a assumir as funções antes cobertas pelos serviços sociais. Tais medidas carregam o peso da ideologia patriarcal, capitalista e racista e são expressão de políticas de incentivo para que voltemos ao mundo privado, ao mesmo tempo que estimulam o avanço da prostituição e da venda das mulheres, o aumento da violência contra nós, o tráfico e as migrações.

Denunciamos a contínua imposição de acordos de livre comércio, que tentam transformar os bens comuns como saúde, educação e água em mercadorias, e aprofundam um mercado de exploração da mão de obra barata nos países do Sul. Recusamos a cultura do consumo que empobrece mais as comunidades, gerando dependência e exterminando as produções locais.

Nos solidarizamos com as mulheres em luta na Europa, especialmente na Grécia mas também em Portugal, Galicia, Estado Espanhol, Itália e Macedonia, que se estão organizando para resistir à ofensiva neoliberal e retrógrada promovida pelas instituições financeiras e políticas, e seus próprios governos, a serviço dos interesses das corporações transnacionais. Nos solidarizamos também com todas as mulheres do Sul que enfrentam a fome, a pobreza, a superexploração do trabalho e a violência, mas que seguem construindo sua resistência.

Denunciamos o avanço da militarização em todo mundo como estratégia de controle dos nossos corpos, vidas, movimentos e territórios. A militarização garante o neocolonialismo, o novo saque e apropriação do capital sobre os recursos naturais e a manutenção do enriquecimento da indústria armamentista frente à crise. Constatamos com temor a ameaça de retorno do militarismo e do autoritarismo como valores na sociedade em diferentes países ao redor do mundo, como: no Oriente Médio, na Tunisia, Líbia e Egito, onde as mulheres e os povos continuam em luta contra todo tipo de ditadura fundamentalista e por uma verdadeira democracia; na Palestina onde as mulheres lutam contra o colonialismo e o sionismo; em diversos países Africanos – como em Senegal onde o governo se utiliza da força do exército por interesses eleitorais, ou no Mali onde grupos armados aterrorizam a população civil em sua luta pelo controle da região norte; em Honduras, México, Guatemala e Colômbia onde há processos de re-militarização; e em diversos países em Ásia-Oceania onde a presença das tropas militares dos Estados Unidos está sendo reforçada.

Nos solidarizamos com as mulheres e os povos em resistência e luta em todos os territórios que estão em guerra, sob controle militar e em risco de serem controlados, ou aqueles que vivem os impactos nefastos da presença militar estrangeira. Apesar disso, nós, mulheres, continuamos defendendo nosso território, corpo e terra da exploração dos exércitos regulares e irregulares, estatais e privados.

Denunciamos a estratégia coordenada dos meios de comunicação globalizados que buscam revigorar dogmas e valores conservadores, e que põem em risco as conquistas e avanços das mulheres em todo o mundo.

Os espaços de participação são fechados, o protesto é criminalizado, e o direito a decidir sobre nossos corpos é cerceado. Nossa autodeterminação reprodutiva está ameaçada onde a conquistamos, como, por exemplo, em diversos países da Europa (como Portugal e Espanha) e da América do Norte, nos quais o aborto é legalizado, mas este direito é atacado na prática por cortes dos orçamentos públicos que têm como alvo os hospitais e os serviços de interrupção da gravidez. Em muitos outros países, como na América Latina e vários países da Ásia-Oceania, as mulheres que abortam seguem sendo criminalizadas, como no Brasil, Japão e Vanuatu. No México, o aborto é legalizado no Distrito Federal e criminalizado no resto do país. Em Honduras, a pilula do dia seguinte foi proibida. Na Nicarágua, o aborto mesmo em situações de risco de vida para a mãe ou em casos de estupro se torna um crime através de uma Reforma Constitucional. A Rússia segue este exemplo com a primeirda dama à frente de campanhas para proibir o aborto em qualquer situação. Grupos auto-intitulados “pró-vida” defendem na realidade a morte das mulheres, insultam a nós e às profissionais de saúde na América do Norte, pressionam o parlamento para rever a lei na África do Sul e impedem qualquer discussão no Paquistão.

Nos solidarizamos com todas as mulheres que seguem lutando e enfrentando conflitos com a polícia, o Estado e o poder judiciário injusto, bem como com aquelas que enfrentam a violência que sofrem.

Frente a estas situações, estamos nas ruas, temos alternativas que já estamos construindo e vivenciando. Reiteramos que seguiremos nos fortalecendo, a partir de nossos corpos e territórios em resistência, aprofundando nossos sonhos de transformações estruturais em nossas vidas e marchando até que todas sejamos livres!

Fazemos um chamado à articulação de nossos movimentos e às alianças com os outros movimentos sociais, pois só assim construiremos um mundo em liberdade.

Em todo o mundo, 8 de março de 2012