sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A construção da Frente Brasil Popular: por mais direitos e em defesa da democracia

A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) tem como estratégia de construção, dois aspectos fundamentais: o fortalecimento da auto-organização das mulheres e a construção de alianças com outros movimentos sociais, com os quais possui identidade e visão comum sobre o um projeto de mudanças da sociedade. Essa aliança é importante para ampliar a perspectiva feminista nas várias organizações, tanto do ponto de vista da agenda, como do fortalecimento das mulheres. Isso leva a um sentido estratégico no que se refere a construir forças para definir mudanças antisistêmicas e essa convergência contribui para a construção de um projeto político global que transcenda a dimensão no setorial ou apenas reivindicativo. Nesse mesmo sentido compreendemos que em vários momentos da conjuntura exige uma aliança mais ampla que junte o maior número possível de movimentos em fóruns, coordenações, articulações. Sempre no sentido de construção de unidade frente as ofensivas conservadoras e também é com a unidade que se pode avançar processos políticos.
Este tem sido nosso percurso. Participamos ativamente da campanha contra a Alca e OMC, do processo FSM, assembleia dos movimentos sociais em nível internacional. No caso do Brasil, em 2003 fomos parte das organizações que propôs a construção da CMS, partindo da compreensão necessidade de unidade e diálogo critico, autonomia dos movimentos em relação aos governos, mesmo sabendo que isso não ocorre da mesma forma em um governo totalmente impopular e quando é um governo que a candidatura foi apoiada por setores progressistas ou de esquerda. Sabemos que um governo do campo de esquerda altera a forma como se dá a luta de classes e coloca possibilidades de disputar mudanças progressistas, mas também acirra o embate. Por outro lado, a relação dos movimentos com o Estado é marcada por tensões, dado o caráter do Estado e é importante a atuação autônoma dos movimentos sociais para que se estabelecer o debate e poder avançar na organização popular em busca de hegemonia de uma projeto de transformações estruturais.
Somos parte da Assembleia Popular e da Plenária de Movimentos Sociais que articulou a proposta do plebiscito e a luta pela constituinte exclusiva pela reforma política e esse é o campo de alianças definido há vários anos pela MMM.
Conjuntura atual e a construção da Frente:
Desde o fim do segundo turno e as reações pela direita – mostraram que embora o embate se dava contra a presidência evidenciava um acirramento da luta de classes e de ofensiva da direita. Uma demonstração disso foi a composição do congresso, na eleição de Cunha e nas pressões sobre a Dilma que resultou na adoção de políticas de ajuste. Os movimentos se viram no duplo objetivo de defender e criticar. Ao mesmo tempo a compreensão de que exigia unificação de amplos setores para ter capacidade de alterar a correlação de forças. E nesse momento o debate colocou a necessidade que inclusive deveria ser uma frente protagonizada pelos movimentos, mas aberta a participação de partidos de esquerda.
N primeiro semestre algumas iniciativas foram tomadas que não se consolidaram, ao mesmo tempo foi um período de muitas mobilizações algumas organizadas por uma articulação de movimentos (embora não unificando todos) como o 13 de março que os movimentos foram as ruas lutar por mais democracia e nenhum direitos a menos. Nessa mobilização se expressou ao mesmo tempo, a rejeição ao golpismo, mas afirmando as críticas as políticas de ajuste colocadas pela presidenta Dilma. Ainda há que se destacar que houve várias mobilizações que colocou com centralidade a crítica ao PL 4330 que trata do tema da terceirização.
No final de junho houve a reunião com a presença várias organizações, intelectuais, lideranças partidárias que deu inicio à proposta de formação da Frente Brasil Popular.
Posteriormente foram realizadas outras reuniões nacionais, incluindo um debate com vários economistas onde se aprofundou o debate sobre a necessidade de mudanças na atual política econômica e onde se propôs a realização de uma conferência nacional em 5 de setembro na cidade de Belo Horizonte. 
Para a Conferência Nacional se elaborou um manifesto de lançamento da Frente Brasil Popular aborda 4 eixos: a defesa dos direitos dos e das trabalhadoras e dos direitos sociais, Defesa da democracia e por outra política econômica, Soberania nacional e processos de integração latino-americana e reformas estruturais e populares. Foram a partir desses temas que se organizaram os grupos de discussão de onde resultará um documento que consolide essa visão.
Um dos primeiros elementos a destacar na avaliação do processo de construção da Frente Brasil Popular até esse momento é em relação ao programa político que toca os principais pontos em questão no embate vivido hoje no Brasil. Tem como ponto de partida a defesa intransigente da democracia, rechaçando as tentativas golpistas e manipulatória da direita que tenta desestabilizar o processo de mudanças e impor retrocessos a classe trabalhadora. A posição política da Frente identifica as mudanças estruturais necessárias para alterar esse quadro de crise institucional com a defesa da reforma política e outras reformas estruturais, inclusive com a fora de atacar as raízes da corrupção.
O programa também identifica a necessidade urgente de alterar a atual política econômica e interromper a recessão e optar por uma política que promova a estabilização econômica recuperando a capacidade de investimento, o crescimento, distribuição de renda e ampliação de políticas sociais.
No aspecto organizativo um elemento a destacar é que a participação no lançamento superou as expectativas dos organizadores e outro elemento é que em vários estados já há articulações que farão parte da frente. E com isso pode –se ter a expectativa que esse é um processo que rapidamente estará enraizado em todos os estados. Com isso espera-se ampliar a capacidade de mobilizações e ações simultâneas como já apontou a definição de um dia nacional de luta e a data marcada da primeira reunião nacional.
Nesse período pós conferência foi realizada uma reunião nacional com dois representantes de cada movimento nacional e frentes estaduais já constituídas, algumas a partir de processo já existentes anteriormente. Nessa reunião foram trabalhados os conteúdos da sistematização dos grupos na Conferência Nacional e definiu-se uma coordenação operativa com a presença de sete movimentos: CUT, MST, CMP, MMM, UNE, CONEM e CTB e na CUT funcionará a secretaria operativa.
No dia 3 de outubro, data do aniversário da Petrobrás houve a primeira mobilização nacional da Frente Brasil Popular com a realização de atos em 17 estados, onde já se formou um espaço estadual e que mostra o rápido processo de enraizamento.

Informativo da MMM RS - Final da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

Companheiras da MMM RS

Finalizamos mais uma Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres.
Aqui no Rio Grande do Sul, nossa 4ª Ação foi memorável. Depois de um final de semana intenso de atividades de formação, trocas entre mulheres e atividades culturais, voltamos pras nossas cidades encharcadas de muita solidariedade feminista.
Nossa Ação tinha como propósito levar o debate da legalização e despenalização do aborto, trazendo para a público todos os entraves que as mulheres sofrem nos três países (Brasil, Uruguai e Argentina).
 Nossa irreverente Primavera do direito ao corpo e a vida das mulheres, finalizou as atividades com uma marcha pela cidade de Santana do Livramento, no RS e Riveira no Uruguai, onde reuniu cerca de 500 mulheres. Mulheres  que levaram às ruas nossas palavras de ordem em português e espanhol, marcando de forma única  o dia 28 de setembro, Dia Latinoamericano e Caribenho pela Legalização do Aborto, como um dos maiores atos da data já ocorridos no Brasil.
Com muita música e cartazes criativos, as mulheres exigiam uma vida livre, reivindicavam a solidariedade e a autonomia de seus corpos e sexualidades e afirmavam que não irão aceitar mais retrocessos no Brasil. O ato se encerrou no Parque Internacional, onde uma grande ciranda feminista ultrapassou as fronteiras geográficas e reforçou a união latino-americana por um mundo de igualdade e liberdade. Documento final, clique aqui.
Agora que retornamos, e após a finalização da 4ª Ação Internacional, neste final de semana no Ceará e Rio Grande do Norte, precisamos fazer um balanço das nossas ações de 2015 e já nos prepararmos para o próximo ano – 2016 promete! Algumas fotos clique aqui:
Durante nossa participação na 4ª Ação de Santana do Livramento, muitas mulheres novas se aproximaram. Em todos os debates que organizamos, em todos os temas, recebíamos testemunhos e denúncias, de mulheres que como nós, querem ser livres e lutar para que outras mulheres também se somem em nossa luta.
Diante destas denúncias e testemunhos de violência contra a mulher, todas nós sabemos que não podemos nos calar. É por isto que, ao ficarmos indignadas, também queremos cada vez mais estar capacitadas para encaminhar as denúncias e ajudar as mulheres.
Este tema é permanente na Marcha Mundial das Mulheres. Assim, em nossa próxima Plenária Estadual da MMM RS estaremos fazendo um momento de formação feminista, sobre as ofensivas e resistências no enfrentamento a todas as formas de violência. Vamos circular alguns textos sobre o tema e orientar os núcleos da MMM a, durante o mês de novembro, momento em que trazemos à reflexão do dia 25 de novembro – dia de enfrentamento à violência contra as mulheres – a organizarem oficinas sobre o tema. Sabemos que a violência vai além da doméstica, e pode ser urbana, rural ou institucional.
Jornada de formação feminista

Queremos trazer para nossas atividades de formação, todos os debates que participamos na 4ª Ação da MMM. Para isto a executiva estará organizando a Jornada de Formação Feminista, a partir deste mês de outubro. A ideia é fazermos uma atividade por mês, e resgatarmos os conteúdos das oficinas da Ação, oportunizando que todas possam debater.

A nossa primeira atividade de formação será Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres, pois além do conteúdo queremos nos preparar para participar da Marcha Nacional das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro, em Brasília.

Organizaremos as atividades de formação feminista com caráter estadual, mas sabemos das dificuldades em todas estarem em Porto Alegre. Neste caso, vamos contribuir com textos para que cada núcleo que quiser também possa organizar sua formação, na própria cidade.

Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres, acontecerá ​dia ​27/10 no ​SINDISERF às 18:30h.
Endereço: Auditório do SINDISERF/RS, na rua: General Bento Martins, 24/9º andar - Conjs. 901/902 - Centro.
Responsável = Cláudia Prates

Marcha das Mulheres Negras – estamos nos preparando  para participar da Marcha das Mulheres Negras que acontecerá dia 18 de novembro em Brasília. Vamos organizar debates em nossos núcleos e participar. É importante que as militantes interessadas procurem os núcleos da Marcha das Mulheres Negras em seu município.
PRÉ-INSCRIÇÃO PARA PARTICIPANTES MARCHA 2015: https://goo.gl/UifWwI
Inscrição para realização de oficinas: https://goo.gl/wPFWmG


Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e a Frente Brasil Popular (FBP) Diante do momento político e econômico que o país tem vivido, o MST, CUT, MTD e outros movimentos sociais, iniciaram movimentos de reação, chamando urgentemente a necessidade do povo ocupar as ruas, avenidas e praças contra o retrocesso, por mais direitos e pelas reformas estruturais. A mobilização chamava ainda  a comemoração aos 62 anos da Petrobrás. Temos assistido ataques à soberania do nosso país, assim como há uma onda de conservadorismo propagado pelos grandes meios de comunicação, em que alguns defendem o impeachment e até ditadura militar para nosso país. E ainda que a sociedade como um todo não aceite retrocessos na vida política e social, e nos direitos sociais e dos trabalhadores e trabalhadoras, conquistados arduamente ao longo de décadas de lutas. Será preciso muita mobilização e povo na rua para defender a democracia e o mandato constitucional da Presidenta Dilma Rousseff.
Nesta conjuntura de ofensiva do conservadorismo e de golpe, e ameaças contra a democracia, algumas militantes da MMM estão participando das reuniões de articulações, chamada por parceiras como a CUT, MST, MTD, MNLM, UNE, UEE livre e Levante da Juventude. No dia 05 /09 ocorreu uma reunião em Porto Alegre, da Frente Brasil Popular  que ​foi ​se articulando por dentro da CMS.

A Marcha Mundial das Mulheres do RS estará organizando uma reunião da MMM RS, até o dia 10 de novembro, para aprofundarmos o debate sobre esta Frente e a participação da MMM em sua articulação e formação/organização.

Em função do machismo presente nesta articulação (e em todas as articulações  mistas), algumas mulheres, incluindo militantes da MMM estão propondo uma reunião de mulheres para se empoderar antes da próxima reunião da FBP, marcada para dia 27 de outubro no Sindipetro, a partir das 19h. Porto Alegre.
  
Prestação de Contas e materiais da lojinha da MMM  - precisamos organizar logo nossa prestação de contas e fazer um planejamento das nossas próximas ações.
Mas precisamos que todos os núcleos que estão com materiais (camisetas, copos etc) façam logo a prestação de contas, lembrando que o ideal é vender tudo o que pegaram e não fazer devolução de materiais, pois ainda temos bastante camisetas do aborto para vender e estamos vendendo agora a 20,00 cada uma.
Se todas que tem materiais fazem suas prestação de contas, podemos fazer outros materiais, diferentes para que todas tenham acesso a mais novidades da Marcha.
Responsável: Francine Barenho (franbarenho@gmail.com) – entre em contato direto com a Fran.

Comunicação da MMM – Estamos concluindo a compilação dos vídeos (são muitas horas de gravação) para fazer um vídeo da nossa Ação, assim como agrupando todas as fotos para disponibilizar a todas, os links de visualização.

Continuaremos disponibilizando nossas informes e convocatórias através das redes sociais como os grupos de e-mails, facebook e o wattsapp para questões mais pontuais e rápidas.

Estamos enviando Carta de agradecimento as/aos apoiadores (as) e parcerias da MMM, tanto pelo apoio financeiro quanto pela parceria de apostar com a MMM na formação de mulheres  no debate do tema do aborto, e de todos os temas que levamos. Nesta carta nos colocando à disposição para contribuir nas atividades de formação das entidades. Cópia em anexo para quem quiser encaminhar para parcerias nos municípios.
Conferências de Políticas Públicas para as Mulheres RS:
Entramos nos aproximando da data da Conferência Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, que se realizará dia 7 e 8 de novembro, em Porto Alegre.
A 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres “Mais direitos, participação e poder para as Mulheres”  tem como objetivo o fortalecimento da Política Nacional para as Mulheres.
O desafio principal  das  Conferências é traçar estratégias para que as políticas públicas de igualdade para as mulheres sejam efetivas em todo o país.

A 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres estabelece quatro eixos centrais:

I. Contribuição dos Conselhos dos Direitos da Mulher e dos movimentos feministas e de mulheres para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios.
II. Estruturas institucionais e políticas públicas desenvolvidas para mulheres no âmbito municipal, estadual e federal: avanços e desafios.
III. Sistema político com participação das mulheres e igualdade: recomendações.
IV. Sistema Nacional de Políticas para as Mulheres: subsídios e recomendações.

Durante a Plenária Estadual não teremos como dedicar muito tempo para falar dos eixos, como contribuição com os municípios que ainda não realizaram a sua Conferência Municipal. Mas poderemos dar um informe político a partir dos debates que já aconteceram.
A Marcha Mundial das Mulheres atua para que a Conferência Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres construa políticas que tenham no seu horizonte a auto-determinação das mulheres, a igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens, negras e brancas, e o fim de toda forma de opressão, discriminação por crença ou religião, orientação sexual  e toda a forma de exploração de seu trabalho.
Neste sentido avaliamos primeiro que:
- Para superar as desigualdades é preciso avançar  com políticas, emancipatórias para as mulheres, onde os homens e o Estado assumam suas responsabilidades e deveres, e não apenas as mulheres  arcarem sozinhas com o trabalho doméstico e o cuidado com filhos e filhas ou pessoas dependentes da família.
- As políticas públicas para as mulheres devem estar  integradas entre as diversas áreas do Estado, além de também serem transversais na linguagem, nos métodos e no tratamento dispensado às mulheres, além de assegurar atendimento a toda a diversidade de mulheres – negras, jovens, idosas, lésbicas, de comunidades tradicionais, camponesas e rurais.
- O Estado não é neutro, tanto em relação às mulheres, do ponto de vista de classe e raça/etnia e deve estar a serviço por ampliar as políticas públicas já conquistadas. Além de colocar em prática políticas já conquistadas em outras Conferências, que fazem parte dos Planos Municipais de Políticas para as Mulheres.




MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES RS.

Marcha Mundial Mulheres <marchamundialrs@gmail.com>
SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

RISCOS E IMPACTOS NEGATIVOS DA APROVAÇÃO DO PL 5069/13

PARA A VIDA DAS MULHERES E MENINAS BRASILEIRAS

Deputados e Deputadas,
É urgente que digam NÃO ao PL 5069/2013, pois sua aprovação significa um enorme retrocesso para a vida de mulheres e meninas.
Com o objetivo inicial de aumentar ainda mais a criminalização da interrupção da gravidez, o substitutivo do PL que agora está sob sua apreciação propõe impedir a prevenção de gravidez para os casos de estupro, ou seja, retroceder no que hoje é um direito.
Aprovar esse projeto é ser conivente com uma grave injustiça que recai sobre as vítimas de violência sexual. O Código Penal de 1940 tinha uma definição limitada quanto ao crime de estupro, que foi aprimorada com o artigo 2º da Lei 12.845, de 2013, que define estupro como “qualquer forma de atividade sexual não consentida”. O PL 5069/2013 propõe a supressão desse importante artigo e, com isso, impõe às mulheres e meninas a necessidade de exame de corpo de delito para comprovar a violência sexual.
Se os senhores aprovarem esse PL, mulheres e meninas serão novamente submetidas à “Via Crucis” da revitimização, da violência do Estado, para que possam “comprovar” os abusos e violências que sofreram.
Este projeto de lei expressa, em sua proposta original e no seu substitutivo, a insensibilidade, o machismo e a truculência legislativa que desconsideram a realidade cruel da violência sexual contra mulheres e meninas. Na prática, serão negados procedimentos de atenção em saúde importantes para que vítimas de violência possam retomar suas vidas, tais como a anticoncepção de emergência e o direito ao aborto legal eseguro nos casos já previstos em lei. Que utilidade pública teria essa nova legislação além de impor ainda mais sofrimento às mulheres e meninas?
A proposta ainda penaliza os (as) profissionais de saúde que realizarem o atendimento. Dessa forma, aqueles (que) que porventura auxiliem nos casos de aborto (mesmo previstos em lei) teriam pena que vai de 5 a 10 anos de prisão. Um verdadeiro absurdo!
Essa proposta é, sem dúvida, inconstitucional, visto que a dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado Democrático de Direito. De maneira complementar, o direito à saúde é garantido na Constituição Federal em sua integralidade, portanto as vítimas de violência têm direito a um atendimento à saúde digno e integral, não lhes podendo ser negado nenhum acesso a meios, métodos ou insumos que visem a melhoria da sua condição de saúde.
Senhores Deputados, negar o atendimento dos casos de violência sexual e/ou abortamento é omissão de socorro e criminalizar os (as) profissionais de saúde que prestam essa assistência é, mais uma vez, colocar em risco a vida das mulheres brasileiras.
Para os devidos esclarecimentos: o método de anticoncepção de emergência (AE) que se pretende proibir, também conhecido por “pílula do dia seguinte”, utiliza compostos hormonais concentrados e por curto período de tempo, nos dias seguintes do contato sexual. Diferente de outros métodos anticonceptivos, a AE tem indicação reservada a situações especiais ou de exceção, com o objetivo de prevenir gravidez inoportuna ou indesejada, como nos casos de estupro. Ou seja, é indicada para que a vítima não seja obrigada ao risco e consequência de uma gravidez advinda de violência sexual.
Esse atendimento em saúde é o que se chama de “profilaxia da gravidez”! Portanto, é importante que se esclareça que profilaxia da gravidez não é aborto.
Por fim, lembramos a Vossas Excelências que, somente 2013, foram notificados 22.914 casos de violência sexual contra pessoas do sexo feminino. Em 33,4% dos casos as vítimas foram meninas de 10 a 14 anos; em 33,4% dos casos, meninas de 15 a 19 anos e; em 23,3% dos casos, mulheres de 20 a 59 anos.
É por razões como esta que o PL 5069/2013 não pode prosperar!
Isso é o que metade desta nação, mulheres e meninas brasileiras, esperam dos/as Deputados e Deputadas.
Assinam esta nota:

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Oficina Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres

2015 - Marcha das Mulheres Negras

Marcha Mundial das Mulheres RS está se preparando para participar daMarcha das Mulheres Negras 2015, que acontecerá dia 18 de novembro em Brasilia.

Para isto estamos convidando a todas as marchantes para a Oficina Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres, que ocorrerá dia 27 de outubro em Porto Alegre. 

Esta atividade faz parte da Jornada de Formação Feminista, onde a MMM RS trará todos os debates que ocorreram em nossa 4ª Ação Internacional, em Santana do Livramento para que outras companheiras que não puderam estar presentes, possam agora também estar participando. Esta atividade estamos construindo em parceria com várias organizações como a CUT, Sindiserf/RS, CMP, Uampa, e é uma construção coletiva onde todas estão convidadas e são bem vindas.

Serviço:
Oficina Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres
Data: 27 de outubro 2015 - Hora: 18:30h
Local: Auditório do SINDISERF/RS, 
Endereço: Rua General Bento Martins, 24/9º andar - Conjs. 901/902 - Centro. Porto Alegre,RS

   


O que é a Jornada de formação feminista:

Queremos trazer para nossas atividades de formação, todos os debates que participamos na 4ª Ação da MMM. Para isto a executiva estadual da MMM RS, estará organizando a Jornada de Formação Feminista, a partir deste mês de outubro. A ideia é fazermos uma atividade por mês, e resgatarmos os conteúdos das oficinas da Ação, oportunizando que todas possam debater.

A nossa primeira atividade de formação será Mulheres Negras em Marcha - Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres, pois além do conteúdo queremos nos preparar para participar da Marcha Nacional das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro, em Brasília.

Organizaremos as atividades de formação feminista com caráter estadual, mas sabemos das dificuldades em todas estarem em Porto Alegre. Neste caso, vamos contribuir com textos para que cada núcleo que quiser também possa organizar sua formação, na própria cidade.


Saudações Feministas

Marcha Mundial das Mulheres RS
-- 
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Virada Feminista: encerramento da 4ª Ação Internacional MMM CE/RN

Nos Polos Culturais as mulheres ocupam a cidade com muita cultura da igualdade

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Desde as 6h da manhã de hoje (17), a cidade de Mossoró (RN) respira feminismo por todos os cantos. Do centro à Lagoa do Mato, do Nova vida ao Santa Delmira, as mulheres estiveram na rua ocupando os espaços públicos e promovendo uma cultura feminista, uma cultura pela igualdade.
As atividades começaram cedinho, no Polo Margarida Alves, no Nova Vida, com a bicicletada feminista percorrendo as ruas do bairro. Em seguida, teve a transmissão ao vivo da sede do Grupo Mulheres em Ação, do programa de rádio Espaço Lilás, com a participação das mulheres da comunidade e das repentistas paraibanas Soledade e Minervina. Este polo teve ainda uma oficina sobre Feminismo e Redes Sociais, debatendo o papel da mulher na mídia convencional e como as redes podem ser uma ferramenta de combate ao que é divulgado nessa grande mídia. As mulheres do bairro estiveram em peso participando de toda a programação. Débora Raquel, militante da Marcha Mundial das Mulheres e moradora do Nova Vida comemora o sucesso do polo: “Foi muito bom ver as mulheres da comunidade envolvidas nessas atividades, ocupando as ruas na bicicletada. É importante que tenhamos atividades assim para que as mulheres possam se sentir mais livres para mostrar sua cultura, sua arte, e até mesmo para poderem andar nas ruas sem medo”.
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Ainda de manhã, simultaneamente às atividades do Polo Margarida Alves, teve o seminário com o tema “Corpos e Territórios: Resistências e Alternativas”, no qual cerca de 700 mulheres do Rio Grande do Norte e do Ceará debateram sobre as experiências das Caravanas Agroecológicas Feministas que percorreram oito municípios do RN e um do Ceará. As atividades aconteceram no polo Nísia Floresta no Centro de Mossoró. Após o seminário, ao meio-dia, as mulheres percorreram as ruas do Centro com um ato público. Conceição Dantas, da coordenação executiva da MMM, explica que “hoje estamos ocupando a cidade de Mossoró com 24 horas de cultura feminista, revertendo a lógica desta sociedade dizendo que o feminismo ocupa campo e cidade construindo cultura para a igualdade”.
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Logo em seguida, às 13h, tiveram início no bairro Lagoa do Mato as atividades do Polo Romana Barros. Lá, as mulheres participaram de uma oficina de Batucada e uma de danças típicas da cultura afro. Com os pés descalços, em contanto com o chão e de olhos fechados para ouvir e sentir o som dos tambores, as mulheres se soltaram ao som da música. Geyse Anne, da MMM do Ceará e do movimento enegrecer, que ministrou a oficina ao lado da artista mossoroense Dayane Léo, falou sobre a importância dessas danças: “A dança também é uma forma de resistência, de mostrar ancestralidade através de nossas manifestações culturais. As danças populares também servem como uma forma de organizar as mulheres, de fazer com que a nossa cultura não se perca”.
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Um exemplo do que Geyse falou pode ser visto na própria oficina, com a participação das mulheres da comunidade quilombola de Jatobá, que fica localizada no município de Patu/RN, Maria Neide, moradora de Jatobá, falou sobre as danças tradicionais da comunidade, em especial de uma intitulada como “concagada”, dança esta que foi apresentada na abertura das atividades do Polo Nísia Floresta e encantou todas as presentes. “E um prazer para nós quilombolas estar aqui, mostrando para vocês a nossa dança, que é passada de geração para geração”.
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Às 15h, simultaneamente ao Polo Romana Barros, que ainda estava rolando, teve início às atividades do polo Pagu, no Bairro Santa Delmira. Neste polo as mulheres tiveram oficinas de poesia, batucada e filtro dos sonhos. Além disso, rolou música ao vivo, com a cantora e militante da Marcha, Everlaine Rocha. E ainda teve Sarau com o coletivo Boca de Bueiro. Daniela Couto, moradora do bairro, que só conhecia a MMM através do facebook disse que ficou encantada com a atividade: “Estou gostando. Muito bom finalmente poder fazer parte dessas atividades que eu só via na internet”.
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Com tudo isso, as atividades da Virada Feminista Agroecológica e Cultural completaram 12h de programação com muito sucesso e muita cultura para a igualdade por todos os cantos de Mossoró. E isso é só metade, porque ainda tem mais 12h de programação no Polo Frida Kahlo, na praça da Catedral, no Centro, pois já está rolando a Feira de Economia Solidária e Feminista, e simultaneamente os shows culturais, que terão artistas locais, regionais e nacionais.

Leia  todas as noticias do encerramento da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres em
http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

500 mulheres em marcha na fronteira Brasil-Uruguai por aborto livre, seguro e gratuito


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Após um final de semana de atividades de formação, intercâmbio, cultura e mobilização, as feministas presentes na Primavera do direito ao corpo e à vida das mulheres, que integra a IV Ação Internacional da MMM no Brasil, saíram em marcha pelas ruas de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul em fronteira com o Uruguai.
O encontro tinha como eixo central o direito à autonomia das mulheres e a legalização e despenalização do aborto, pautando os enfrentamentos feministas no Brasil, Argentina e Uruguai (onde o aborto é legalizado, mas ainda existem obstáculos para a efetivação da lei para todas as mulheres). Seu encerramento marcou o dia 28 de setembro, Dia Latinoamericano e Caribenho pela Legalização do Aborto, com um dos maiores atos da data em todo o Brasil.
Com a presença de mulheres do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Argentina e Uruguai, a concentração do ato reuniu apresentações que evidenciavam as distintas realidades das regiões. Houve a interpretação de relatos de mulheres que abortaram no Brasil, coletados a partir do projeto Somos Todas Clandestinas, bem como de um relato literário sobre aborto na Argentina, produzido pelas Socorristas em Red pela recente publicação do livro Código Rosa. Também se apresentou a rapper e militante uruguaia María Apellído, com músicas sobre combate à violência e feminismo, e a Fuzarca Feminista do Rio Grande do Sul agitava a concentração com uma grande batucada.
O ato, que saiu do Parque Internacional, passou pelas ruas de Santana do Livramento e dialogou com a população, que foi receptiva e apoiou a manifestação. Diversas moradoras e moradores, ao serem questionados sobre o ato, afirmaram ser favoráveis às reivindicações e que as mulheres ainda têm muito a avançar em nosso país.
Com muita música e cartazes criativos, as mulheres exigiam uma vida livre, reivindicavam a solidariedade e a autonomia de seus corpos e sexualidades e afirmavam que não irão aceitar mais retrocessos no Brasil. O ato se encerrou no Parque, onde uma grande ciranda feminista ultrapassou as fronteiras geográficas e reforçou a união latino-americana por um mundo de igualdade e liberdade.